terça-feira, agosto 13, 2013

O Evento do Curuçá, também conhecido como Tunguska brasileiro, foi há 83 anos

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O Tunguska brasileiro, ou evento do Curuçá, são os termos pelo qual ficou conhecido o evento de impacto ocorrido no estado brasileiro do Amazonas no dia 13 de agosto de 1930, análogo ao evento de Tunguska. Trata-se de uma queda cósmica que teria ocorrido na região do Rio Curuçá, localizada no município brasileiro de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. À época, ribeirinhos e indígenas da região afirmaram que viram "bolas de fogo" caindo do céu, tendo estas atingido a margem direita do rio Curuçá.

O fenómeno ficou esquecido por mais de cinquenta anos, tendo sido "reavivado" após o astrónomo inglês M. E. Bailey ter encontrado nos arquivos do Vaticano uma edição de 1931 do L'Osservatore Romano que continha registos do monge capuchinho-franciscano Fedele d'Alviano, que visitou a região apenas cinco dias após o ocorrido. Na época, Fedele d'Alviano entrevistou diversas pessoas da região, que lhe disseram que ficaram assustadas com o ocorrido. Segundo Bailey, o evento do Rio Curuçá foi uma das quedas cósmicas mais importantes do século XX. Investigando a data do evento, acredita-se tratar de um meteorito proveniente da chuva de meteoros das Perseidas, que riscam os céus no mês de agosto.
Inspirado no artigo de Bailey e baseado em imagens dos satélites LANDSAT, o astrofísico brasileiro Ramiro de la Reza conseguiu identificar um astroblema de 1 km de diâmetro, localizado a sudeste da localidade de Argemiro, nas seguintes coordenadas geográficas: 5° 11 S, 71° 38 W.
Na primeira semana de junho de 1997, de la Reza liderou uma expedição organizada pela Rede Globo e co-financiada pela ABC-TV da Austrália, até a região onde ocorreu o fenómeno. A suposta cratera realmente foi encontrada, mas no entanto ainda faltam provas que atestem o facto de que ela surgiu a partir do impacto do meteorito relatado em 1930. No entanto um registo do Observatório Sismológico San Calixto em La Paz e interpretado por A. Vega, da mesma instituição, mostrou que aquela cratera poderia ter sido criada na mesma data, sugerindo que o sinal sísmico estaria relacionado ao impacto de um meteorito daquele tamanho. No entanto um grupo mexicano recentemente contestou que a cratera e o registo sísmico estariam relacionados ao evento.
O governo brasileiro poderia, como fez o governo russo no evento de Tunguska, disponibilizar uma equipa qualificada para pesquisar, e, de facto, caracterizar o que pode ter sido o segundo maior evento observado no mundo moderno. Até o momento apenas um missionário religioso e uma pequena expedição financiada pela TV avaliaram o evento.

segunda-feira, agosto 12, 2013

Schrodinger nasceu há 126 anos

Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger (Viena-Erdberg, 12 de agosto de 1887 - Viena, 4 de janeiro de 1961) foi um físico teórico austríaco famoso por suas contribuições à Mecânica Quântica, especialmente a Equação de Schrödinger, pela qual recebeu o Nobel de Física em 1933. Propôs a famosa experiência mental conhecida como o Gato de Schrödinger e participou da IV, V, VII e VIII Conferências de Solvay.
Deu ainda grande atenção aos aspectos filosóficos da ciência, bem como a conceitos filosóficos, à ética e às religiões orientais e antigas. Sobre a sua visão religiosa, ele era ateu.
   
Início de vida
Schrödinger nasceu em 1887 em Viena, Áustria, filho de Rudolf Schrödinger (produtor de mortalhas e botânico) e Georgine Emilia Brenda (filha de Alexander Bauer, professor de Química na Universidade de Tecnologia de Viena).
A sua mãe era meio austríaca e inglesa. O lado inglês da sua família veio de Leamington Spa. Schrödinger aprendeu inglês e alemão quase ao mesmo tempo, devido ao facto de que ambas as línguas eram faladas na sua família. O seu pai era católico e a sua mãe luterana.
Em 1898, frequentou o Akademisches Gymnasium em Viena, e entre 1906 e 1910 estudou em Viena como aluno de Franz Serafin Exner (1849 - 1926) e Friedrich Hasenöhrl (1874 - 1915). Também realizou trabalhos experimentais com Karl Wilhelm Friedrich Kohlrausch.
Em 1911, Schrödinger tornou-se assistente de Exner. Numa idade precoce, foi fortemente influenciado por Schopenhauer. Como resultado de sua leitura extensiva das obras de Schopenhauer, tornou-se profundamente interessado por toda a sua vida na teoria da cor, filosofia, percepção e religião oriental, principalmente a hindu Vedanta.

Adulto
Em 1914, Erwin Schrödinger obteve a habilitação (venia legendi), equivalente a um doutoramento. Entre 1914 e 1918 participou do esforço da guerra como um funcionário comissionado na artilharia em fortalezas austríacas (Gorizia, Duino, Sistiana, Prosecco, Viena). Em 6 de abril de 1920, casou-se com Annemarie Bertel. No mesmo ano, tornou-se assistente de Max Wien, em Jena, e em setembro de 1920 alcançou a posição da Ausserordentlicher Professor, aproximadamente o equivalente a professor adjunto, em Stuttgart. Em 1921, tornou-se Ordentlicher Professor, ou seja, professor titular, na Universidade de Breslau (atual Wrocław, Polónia).
Em 1921, transferiu-se para a Universidade de Zurique. Em janeiro de 1926, Schrödinger publicou no Annalen der Physik o trabalho "Quantisierung als Eigenwertproblem" (Quantização como um Problema de Autovalor) em mecânica de ondas e que hoje é conhecido como a equação de Schrödinger. Neste trabalho ele deu uma "derivação" da equação de onda para sistemas independentes de tempo, e mostrou que fornecia valores de energia possíveis para os átomos (isótopos) do hidrogénio. Este trabalho tem sido universalmente considerado como uma das conquistas mais importantes do século XX, criando uma revolução na mecânica quântica, e na verdade em toda a física e a química. Um segundo documento foi apresentado apenas quatro semanas depois e que resolveu o oscilador harmónico quântico, o rotor rígido e a molécula diatómica, e dá uma nova derivação da equação de Schrödinger. Um terceiro documento em maio mostrou a equivalência da sua abordagem à de Heisenberg e deu o tratamento do efeito Stark. Um quarto trabalho de sua série mais marcante mostrou como tratar os problemas nos quais o sistema muda com o tempo, como nos problemas de dispersão. Estes trabalhos foram os principais de sua carreira e foram imediatamente reconhecidos como tendo grande importância pela comunidade científica.
   
in Wikipédia
   
O Gato de Schrödinger: Um gato, junto com um frasco contendo veneno, é posto em uma caixa fechada protegida contra incoerência quântica induzida pelo ambiente. Se um contador Geiger detectar radiação então o frasco é quebrado, libertando o veneno que mata o gato. A mecânica quântica sugere que algum tempo depois o gato está simultaneamente vivo e morto. Mas, quando se olha para dentro da caixa, apenas se vê o gato ou vivo ou morto, não uma mistura de vivo e morto.
   
O Gato de Schrödinger é uma experiência mental (da expressão alemã Gedankenexperiment) frequentemente descrito como um paradoxo, desenvolvido pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935. Isso ilustra o que ele observou como o problema da interpretação de Copenhaga da mecânica quântica sendo aplicado a objetos do dia-a-dia, no exemplo de um gato que pode estar vivo ou morto, dependendo de um evento aleatório precedente. No curso desse experimento, ele criou o termo Verschränkung (entrelaçamento).
Ele propôs um cenário com um gato em uma caixa fechada, onde a vida ou morte do gato está dependente do estado de uma partícula subatómica. De acordo com Schrödinger, a interpretação de Copenhaga implica que o gato permanece vivo e morto até que a caixa seja aberta. Schrödinger não desejava promover a ideia de gatos vivos-e-mortos como uma séria possibilidade; a experiência mental serve para ilustrar a complexidade extrema da mecânica quântica e da matemática necessária para descrever os estados quânticos. Entendida como uma crítica da interpretação de Copenhaga – a teoria prevalecente em 1935 – a experiência mental do gato de Schrödinger permanece um tópico padrão para todas as interpretações da mecânica quântica; a maneira como cada interpretação lida com o gato de Schrödinger é frequentemente usada como meio de ilustrar e comparar características particulares de cada interpretação e os seus pontos fortes e fracos.
   
  
NOTA: o Google Doodle de hoje homenageou Schrödinger e o seu famoso gato:

Mark Knopfler - 64 anos

Mark Knopfler (nascido em 12 de agosto de 1949 em Glasgow, Escócia) é um guitarrista, cantor e compositor britânico. Considerado por muitos um génio da guitarra, é bastante idolatrado principalmente pelo seu estilo alternativo de tocar. É mais conhecido pelo seu trabalho com a extinta banda Dire Straits, que liderou de 1978 até 1994, do que pela sua carreira solo, embora continue a dar concertos por todo o mundo e esgote consecutivamente salas de espetáculos históricas como o Royal Albert Hall de Londres. Paralelamente, lançou álbuns a solo, o seu primeiro foi Golden Heart (de 1996) poucas cópias dele foram produzidas, sendo, hoje, raríssimas. Escreveu também algumas bandas sonoras e criou ainda uma outra banda: The Notting Hillbillies. Participou também no trabalho de outros artistas, como Bob Dylan, Eric Clapton e B. B. King, e produziu álbuns para Tina Turner, Randy Newman e, novamente, Dylan. Ao longo da sua carreira, fez mais de quatrocentos concertos em mais de trinta países, além de ser considerado um dos melhores guitarristas e compositores de todos os tempos. Apesar de canhoto, ele toca como destro, e de uma forma totalmente inovadora: toca com a combinação principalmente do polegar, do indicador e do dedo médio, sem o uso de palhetas.
Foi considerado o 44º melhor guitarrista de todos os tempos pela revista norte-americana Rolling Stone.

Tanita Tikaram - 44 anos

Tanita Tikaram (born 12 August 1969) is a British pop/folk singer-songwriter, best known for the hits "Twist in My Sobriety" and "Good Tradition" from her 1988 debut album, Ancient Heart.

Tikaram was born in Münster, Germany, the daughter of a Malaysian mother, Fatimah Rohani, and an Indo-Fijian father, Pramod Tikaram. Her father's military career meant that she spent her early life in Germany before moving to Basingstoke, Hampshire, England when she was in her early teens. She is the younger sister of the actor Ramon Tikaram and the great-niece of Sir Moti Tikaram, who was the first Lord Chief Justice of an independent Fiji and the world's longest-serving national ombudsman.

Tikaram started singing in nightclubs while she was still a teenager and came to the attention of WEA Records. Her debut album, Ancient Heart, produced by Rod Argent and Peter Van Hooke, was released in September 1988 when she was 19 years old.
1992 saw the release of Eleven Kinds Of Loneliness. On this album she ceased collaborating with Argent and Van Hooke and produced the album entirely by herself. It was her worst seller yet, not charting at all in the UK.

As Perseidas são (sobretudo) na próxima noite (de 2ª para 3ª)

Uma perseida sobre o fundo da Via Láctea

As Perseidas são uma prolífica chuva de meteoros associada ao cometa Swift-Tuttle. São assim denominadas devido ao ponto do céu de onde parecem vir, o radiante, localizado na constelação de Perseu. As chuvas de meteoros ocorrem quando a Terra atravessa um rasto de meteoros. Neste caso o rasto é denominado de nuvem Perseida e estende-se ao longo órbita do cometa Swift-Tuttle. A nuvem consiste em partículas ejectadas pelo cometa durante a sua passagem perto do Sol. A maior parte do material presente na nuvem actualmente, tem aproximadamente 1.000 anos. No entanto, existe um filamento relativamente recente de poeiras neste rasto proveniente da passagem do cometa em 1862. Em 1992 (o cometa Swift-Tuttle dá uma volta completa em torno do Sol a cada 130 anos) a nuvem que dá origem às Perseidas foi reabastecida, tendo nos últimos anos havido algumas chuvas de meteoros bastante boas. Como a Terra, nessa noite, viaja pelo espaço em direção à constelação de Perseu, as estrelas cadentes parecem provir desse ponto (chamado de radiante) para aonde a Terra se dirige; marcando (e prolongando essa linha) num mapa celeste, as estrelas cadentes perseidas ir-se-ião cruzar no radiante.

Observação
O fenómeno é visível anualmente a partir de meados de julho, registrando-se a maior atividade entre os dias 8 e 14 de agosto, ocorrendo o seu pico por volta do dia 12. Durante o pico, a taxa de estrelas cadentes pode ultrapassar as 60 por hora. Podem ser observadas ao longo de todo o plano celeste, mas devido à trajectória da órbita do cometa Swift-Tuttle, são observáveis essencialmente no Hemisfério Norte.
A famosa chuva de estrelas das Perseidas tem sido observada ao longo dos últimos 2.000 anos, com a primeira descrição conhecida deste fenômeno registrada no Extremo Oriente no ano 36. Na Europa recém cristianizada, as Perseidas tornaram-se conhecidas como Lágrimas de São Lourenço.
De forma a viver esta experiência ao máximo, a chuva deverá ser observada numa noite limpa e sem lua, a partir de um ponto afastado das grandes concentrações urbanas, onde o céu não se encontre afectado pela poluição luminosa. As Perseidas possuem um pico relativamente grande, pelo que o fenómeno pode ser observado ao longo de várias noites. Em qualquer uma destas, a actividade começa lentamente ao anoitecer, aumentando subitamente por volta das 23h, quando o radiante atinge uma posição celeste relativamente elevada. A taxa de meteoros aumenta de forma contínua ao longo da noite, atingindo o pico pouco antes do amanhecer, aproximadamente 1½ a 2 horas antes do nascer do sol.

Previsão para 2013
De entre as três chuvas de meteoros mais fortes previstas para este ano, apenas as Perseidas desfrutarão de um céu sem Lua perto no seu pico, previsto para entre os dias 12 e 13 de agosto. Observações recentes do IMO encontraram para 2013 o máximo entre os dias 12 de agosto, às 13.15 horas e no 13 de agosto, às 01.45 horas, UT. Picos adicionais não estão previstos para este ano.


NOTA: este ano não irei observar o fenómeno (há anos em que o faço em Leiria, na Senhora do Monte, perto de Cortes). É fácil de observar - basta olhar, sem telescópio, para uma vasta zona de NE do céu, à volta da constelação de Perseu (que fica por baixo da Cassiopeia, uma constelação bem visível, com forma de M ou W, entre as 00.30 e 03.00 horas). Aqui fica um mapa do céu com o radiante desta chuva de estrelas:

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Miguel Torga nasceu há 106 anos

(imagem daqui)

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995) foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.


Cântico de Humanidade

Hinos aos deuses, não.
Os homens é que merecem
Que se lhes cante a virtude.
Bichos que lavram no chão,
Actuam como parecem,
Sem um disfarce que os mude.

Apenas se os deuses querem
Ser homens, nós os cantemos.
E à soga do mesmo carro,
Com os aguilhões que nos ferem,
Nós também lhes demonstremos
Que são mortais e de barro.

 

in Nihil Sibi (1948) - Miguel Torga

Pat Metheny - 59 anos

Patrick Metheny (Patrick Bruce Metheny) (Kansas City, Missouri, 12 de agosto de 1954) é um guitarrista de jazz norte-americano.

Iniciando-se com o trompete,  já aos 8 anos de idade, Metheny trocou para a guitarra ao 12 anos. Aos 15 anos, já estava trabalhando com os melhores músicos de jazz do Kansas, adquirindo experiência em bandas já muito jovem. O seu primeiro sucesso no meio internacional do jazz foi em 1974. Com o lançamento do seu primeiro álbum, Bright Size Life (1976), segundo a crítica, ele reinventara "o som tradicional da guitarra jazz" para uma nova geração de guitarristas. Durante sua carreira, continuou a redefinir o género utilizando novas tecnologias e trabalhando constantemente para refinar sua capacidade sonora e de improvisação no seu instrumento.
Planeando a sua carreira com sabedoria, trabalhou primeiro com uma gravadora de grande prestígio na música moderna (ECM), depois em uma gravadora com ligações ao pop (Geffen) e finalmente com a multi-nacional (Warner Bros). Namorou com o jazz-rock, com grande sucesso, e chegou mesmo a ter videoclipes exibidos na MTV. Segundo os críticos Richard Cook e Brian Morton, "Metheny tornou-se uma figura-chave na música instrumental dos últimos 20 anos".
Durante os anos, atuou com músicos tão diversos como Steve Reich, Ornette Coleman, Herbie Hancock, Brad Mehldau, Jim Hall, Milton Nascimento e David Bowie. Formou uma parceria de composição com o teclista Lyle Mays durante mais de vinte anos - uma parceria que foi comparada às de Lennon/McCartney e de Ellington/Strayhorn por críticos e por ouvintes igualmente. O trabalho de Metheny inclui composições para guitarra solo, instrumentos elétricos e acústicos, grandes orquestras, e peças para ballet, com passagens que variam do jazz moderno ao rock e ao clássico.
Metheny atuou também, na área académica, como professor de música. Aos 18, foi o professor mais novo da história na universidade de Miami. Aos 19, transformou-se no professor mais novo da história na Berklee College of Music, onde recebeu também o título de doutor honoris causa vinte anos mais tarde (1996). Ensinou também em workshops de música em várias partes do mundo, desde o Dutch Royal Conservatory ao Thelonius Monk Institute of Jazz. Foi também um dos pioneiros da música eletrónica, e foi um dos primeiros músicos do jazz que usou o sintetizador seriamente. Anos antes da invenção da tecnologia de MIDI, Metheny usava o Synclavier como uma ferramenta de composição. Também tem participação no desenvolvimento de diversos novos tipos de guitarras tais como a guitarra acústica soprano, a guitarra de 42-cordas Pikasso, a guitarra de jazz Ibanez Pm-100, e uma variedade de outros instrumentos, feitos sob encomenda.
Metheny é um músico que estuda e escreve muito, está aberto a inúmeras influências, e principalmente toca e grava muito. Nesse processo, atira em várias direções, e é inegável que acaba produzindo alguns trabalhos de caráter mais comercial, ainda que agradáveis e perfeitamente bem executadas.
Durante anos, Metheny ganhou vários concursos como o "melhor guitarrista de jazz" e prémios, incluindo discos de ouro para os álbuns Still Life (Talking), Letter from Home e Secret Story. Ganhou também quinze prémios Grammy numa variedade de categorias diferentes incluindo "Best Rock Instrumental", "Best Contemporary Jazz Recording", "Best Jazz Instrumental Solo", "Best Instrumental Composition". O Pat Metheny Group ganhou sete Grammies consecutivos, com sete álbuns consecutivos.
Metheny dedica a maior parte da sua vida a turnês e viagens, calculando-se uma média entre 120 a 240 viagens por ano, desde 1974. Continua a ser uma das estrelas mais brilhantes da comunidade do jazz, dedicando tempo aos seus próprios projetos, a novos músicos e aos veteranos, ajudando-lhes a alcançar suas audiências tão como realizar suas próprias visões artísticas.



domingo, agosto 11, 2013

Há novidades na luta contra a malária...!

Nova vacina contra a malária protege humanos em ensaio clínico inicial

O Plasmodium falciparum irradiado entra no fígado e não se replica

Novo tratamento profiláctico foi 100% eficaz quando dado em cinco doses.
A primeira fase de ensaios em seres humanos de uma nova vacina da malária, que utiliza parasitas submetidos a radiação para ficarem enfraquecidos, foi bem sucedida. Seis pessoas receberam centenas de milhares de parasitas adormecidos, em cinco doses diferentes, e depois foram infectadas com o Plasmodium falciparum, mas nenhuma desenvolveu malária. A descoberta publicada hoje na edição impressa da revista Science é mais um passo para o combate desta doença, mas há muitos desafios a serem superados para que, um dia, esta vacina chegue às pessoas que vivem nas regiões endémicas da malária.
Nas últimas décadas, muitos investigadores tentaram produzir uma vacina contra este parasita, só que a desilusão seguiu-se aos primeiros resultados promissores, comprovando a complexidade de uma doença que, anualmente, continua a matar entre 650 mil e 1,2 milhões de pessoas no mundo. O último grande revés foi em 2012: os resultados da promissora vacina RTS,S/AS01 mostrava que, passados cinco meses desde a última dose, apenas 22% da população vacinada se mantinha imune contra a malária.
A nova vacina produzida pela equipa de Stephen Hoffman - investigador de doenças tropicais que criou a empresa norte-americana de biotecnologia Sanaria com esse objectivo específico - é única na forma como funciona. Ao contrário das vacinas à base de moléculas, estes cientistas utilizaram parasitas vivos para desencadear a imunidade à malária.
A ideia não é de hoje e já provou funcionar. Na década de 1970, investigadores dos Estados Unidos irradiaram o mosquito Anopheles gambiae, que transmite o Plasmodium falciparum, a espécie de parasita que provoca a malária mais agressiva. Os mosquitos irradiados serviram depois para picar soldados norte-americanos.
Na presença destes parasitas irradiados, os militares ganhavam imunidade ao Plasmodium e, quando eram picados por um insecto infectado, o seu sistema imunitário reagia contra o parasita, travando a doença.
Quando o parasita da malária é injectado por um mosquito num humano, dirige-se para o fígado, onde acaba por se instalar numa célula hepática. Aqui, replica-se milhares de vezes, ganha uma nova forma e sai do fígado para a corrente sanguínea. Então, ataca os glóbulos vermelhos, onde se multiplica mais algumas vezes. É quando os parasitas rebentam com milhares de glóbulos vermelhos ao mesmo tempo que as pessoas infectadas têm febres altas, sentem fortes dores de cabeça e dores corporais, e podem até morrer.
No caso dos mosquitos irradiados, como agora se fez, os parasitas deixaram de causar a doença: apesar de estarem vivos quando infectaram o organismo, e mesmo sendo capazes de se instalar numa célula do fígado, já não conseguiram multiplicar-se aí. Especula-se que esta paragem na infecção dê uma oportunidade ao sistema imunitário para "estudar" o Plasmodium e reconhecê-lo numa próxima vez que o organismo seja infectado pelo parasita na natureza.
A nova vacina replicou este processo aplicados nos anos de 1970, retirando os mosquitos da equação. Primeiro, esta equipa retirou das glândulas salivares do mosquito os esporozoítos (a fase do parasita que vai para o fígado) e depois, "pela primeira vez, conseguiu limpar os esporozoítos e criopreservá-los" vivos, explica ao PÚBLICO Miguel Prudêncio, do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa, que investiga a malária.
A equipa já tinha tentado realizar ensaios clínicos (em humanos) com este processo, mas a vacina era subcutânea ou intradérmica, como costumam ser dadas as vacinas. Dessa vez, não teve sucesso e as pessoas vacinadas não adquiriram imunidade à malária, por isso os cientistas experimentaram injectar a vacina directamente no sangue, algo que já tinha dado resultado em experiências semelhantes em primatas.
No total, 40 pessoas receberam a vacina, em doses diferentes, neste ensaio clínico de fase 1: 12 dos 15 voluntários vacinados com as doses mais altas ficaram imunizados.
Estes 15 voluntários estavam divididos em dois grupos. Nove pessoas receberam quatro doses da vacina, cada uma com 135 mil parasitas atenuados: neste grupo, três pessoas adoeceram. Mas no grupo dos seis participantes, que receberam cinco doses da vacina com a mesma quantidade de parasitas, todos ficaram imunizados. Não se sabe ainda qual é a razão para a dose extra fazer a diferença.
Mas como funcionará a vacina? A equipa especula que ela estimula o sistema imunitário a reconhecer mais de mil moléculas (antigénios) que estão à superfície do esporozoíto, dizem os autores no artigo da Science. A vacina RTS,S/AS01, que em 2012 se mostrou não funcionar, só provocava a imunidade a um destes antigénios do Plasmodium.
"Neste pequeno estudo, mostrou-se que a vacina é segura e bem tolerada, sem efeitos negativos sérios", diz por sua vez Robert Seder, um dos autores do trabalho, que pertence ao Centro de Investigação de Vacinas do Instituto Nacional para as Alergias e as Doenças Infecciosas, em Maryland, nos EUA. "Este estudo prova que o número de doses é crítica para a imunização e que conseguimos alcançar um grande nível de protecção", acrescenta, numa entrevista num podcast da Science.
Apesar de garantir que este desenvolvimento é "muito importante", Miguel Prudêncio defende que há vários "limitações" e "etapas a ultrapassar" para a vacina chegar a quem mais precisa. "Ter uma vacina que depende de cinco tomas é um problema", diz o cientista, acrescentando que é um desafio pensar em dar vacinas intravenosas a bebés nas populações das regiões afectadas.
Além disso, a preservação destes parasitas nas vacinas requer um sistema de refrigeração que em África, uma das regiões mais afectadas pela malária, é difícil de manter. O cientista português lembra ainda que a produção em massa tem de garantir que nenhum parasita irradiado está suficientemente saudável para causar a malária: "Não haverá uma vacina já amanhã."

in Público - ler notícia

O grande matemático Pedro Nunes morreu há 435 anos

Pedro Nunes (Alcácer do Sal, 1502 - Coimbra, 11 de agosto de 1578), com o nome latinizado Petrus Nonius, foi um matemático português.
Foi um dos maiores vultos científicos do seu tempo. Contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da navegação teórica, tendo-se dedicado, entre outros, aos problemas matemáticos da cartografia. Foi ainda inventor de vários instrumentos de medida, incluindo o "anel náutico", o "instrumento de sombras", e o nónio (nonius, o seu sobrenome em latim, mas também, erradamente, conhecido como vernier).
Traduziu para a língua portuguesa o Tratado da Esfera de Johannes de Sacrobosco (1537), os capítulos iniciais das Novas Teóricas dos Planetas de Georg von Peuerbach (por vezes referido como Jorge Purbáquio) e o livro primeiro da Geografia de Ptolomeu.
Em 1544 foi-lhe confiada a cátedra de matemática da Universidade de Coimbra, a maior distinção que se podia conferir, no país, à época, a um matemático.
Subsistem ainda hoje dúvidas sobre a origem familiar de Pedro Nunes. Judeu ou não, o certo é que os seus netos Matias Pereira e Pedro Nunes Pereira foram detidos, interrogados e condenados pelo Santo Ofício, sob a acusação de judaísmo. O primeiro esteve detido de 31 de maio de 1623 a 4 de junho de 1631; o segundo, em Lisboa, de 6 de junho de 1623 a 1632.

Biografia
A infância de Pedro Nunes é pouco conhecida. Estudou na Universidade de Salamanca talvez de 1521 a 1522, e na Universidade de Coimbra (que então ainda estava em Lisboa) onde obteve a graduação em Medicina em 1525. No século XVI a Medicina recorria à Astrologia, vindo assim a dominar as disciplinas de Astronomia e Matemática. Posteriormente prosseguiu os seus estudos de Medicina, mas também lecionou várias disciplinas na Universidade de Coimbra, incluindo Moral, Filosofia, Lógica e Metafísica. Quando, em 1537, a universidade retornou para Coimbra, ele transferiu-se para lá, para lecionar matemática, cargo que manteve até 1562. À época, esta era uma disciplina nova naquela instituição, tendo sido criada com o intuito de fornecer as instruções técnicas necessárias para a navegação, que se tornara um tópico vital no país, à época. A matemática tornou-se uma disciplina independente em 1544.
Além de se dedicar ao ensino, foi nomeado Cosmógrafo Real em 1529 e tornou-se o primeiro Cosmógrafo-mor do Reino em 1547, cargo que exerceu até ao seu falecimento.
Em 1531, El-Rei D. João III de Portugal encarregou-o da educação dos seus irmãos mais novos, Luís e Henrique. Anos depois, foi também responsável pela educação do neto de Sua Majestade (e também futuro rei), D. Sebastião.
É possível que durante a sua estadia em Coimbra, Christopher Clavius tenha assistido às aulas de Pedro Nunes, sendo assim influenciado pelo seu trabalho.

Nónio original de Pedro Nunes

Contributos para a Ciência
Pedro Nunes viveu num período de transição, onde a ciência mudou de uma índole teórica (e onde o principal papel dos cientistas era comentar os trabalhos dos autores precedentes), para a provisão de dados experimentais, ambos como forma de informação e método de confirmar as teorias existentes. Nunes foi, acima de tudo, um dos últimos grandes comentadores, como mostra o seu primeiro trabalho publicado, mas também reconhecia a importância da experimentação.
Nunes acreditava que o conhecimento científico devia ser partilhado. Assim, o seu trabalho original foi impresso em três línguas diferentes: português, latim - para atingir a comunidade académica europeia -, e ainda um (Livro de algebra en arithmetica y geometria) em espanhol, o que foi considerado surpreendente por alguns historiadores, dado que a Espanha era então o principal adversário de Portugal no domínio dos mares.
Muito do seu trabalho está relacionado com a navegação. Foi ele o primeiro a perceber por que um navio que mantivesse uma rota fixa não conseguiria navegar através de uma circunferência, o caminho mais curto entre dois pontos na terra, mas deveria antes seguir a "linha de rumo" por um rota em espiral chamada loxodrómica. A posterior invenção dos logaritmos permitiram a Gottfried Leibniz estabelecer a equação algébrica para a loxodrómica.
No seu Tratado em Defensão da Carta de Marear, 300 anos antes de Mauritus Cornelius Escher, argumenta que uma carta náutica deveria ter circunferências paralelas e meridianos desenhados como linhas rectas. Ele também mostrava-se capaz de resolver todos os problemas que isto causava, uma situação que durou até Gerardo Mercator desenvolver a chamada "projecção de Mercator", sistema que é usado até hoje.
É no mesmo "Tratado de Defensão da Carta de Marear" que Pedro Nunes exalta as navegações portuguesas: "E fizeram o Mar tão chão, que não há hoje quem ouse dizer que achasse novamente alguma pequena Ilha, alguns Baixos ou sequer algum Penedo, que por nossas navegações não seja já descoberto".
Nunes debruçou-se sobre vários problemas práticos de navegação respeitantes à correcção da rota, ao mesmo tempo que tentava desenvolver métodos mais precisos para determinar a posição de um navio. Os seus métodos para determinar as latitudes e corrigir os desvios das agulhas magnéticas foram empregados com sucesso por D. João de Castro nas suas viagens a Goa e ao mar Vermelho.
Ele criou o nónio para melhorar a precisão dos instrumentos. A sua adaptação ao quadrante foi utilizada por Tycho Brahe que, contudo, o considerava demasiado complexo. Mais tarde foi aperfeiçoado por Pierre Vernier para a sua forma actual.
Pedro Nunes também trabalhou em diversos problemas mecânicos, de um ponto de vista matemático. Ele foi provavelmente o último grande matemático a fazer aperfeiçoamentos significativos ao sistema de Ptolomeu (um modelo geocêntrico), contudo isso perdeu importância devido ao novo modelo de Nicolau Copérnico, o heliocêntrico, que o substituiu.
Nunes conheceu o trabalho de Copérnico, mas só lhe fez uma pequena referência nos seus trabalhos publicados, afirmando que era um matematicamente correcto. Ao fazer isto, aparentemente estaria a evitar opinar sobre a questão se seria a Terra ou o Sol o centro do sistema.
Ele também resolveu o problema de encontrar o dia com o menor crepúsculo, para qualquer posição, bem como a sua duração. Este problema per se não teria grande importância, mas serve para demonstrar o génio de Nunes, usado mais de um século depois por Johann e Jakob Bernoulli com menos sucesso. Eles conseguiram encontrar a solução para o menor dia, mas não conseguiram determinar a sua duração, possivelmente porque perderam-se em detalhes de cálculo diferencial, que era um campo recente da matemática naquele tempo. Isto também mostra que Pedro Nunes era um pioneiro na resolução de problemas de máximos e mínimos, que só se popularizaram no século seguinte, com o uso do cálculo diferencial.
Em agosto de 2009, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Academia de Ciências de Lisboa (re)publicaram as obras completas de Pedro Nunes.


Traduções comentadas e expandidas
Trabalhos originais
  • Tratado em defensão da carta de marear (1539)
  • Tratado sobre certas dúvidas da navegação (1547)
  • De crepusculis (Sobre o Crepúsculo) (1542)
  • De erratis Orontii Finei (Sobre os erros de Orontii Finei) (1546)
  • Petri Nonii Salaciensis Opera, (1566) - expandido, corrigido e reeditado como De arte adqueratione navigandi (1573)
  • Livro de algebra en arithmetica y geometria
Homenagens
  • A efígie de Pedro Nunes aparecia nas antigas moedas de 100 escudos.
  • O asteróide 5313 Nunes foi batizado em sua honra.

Joe Jackson - 59 anos

David Ian Jackson, mais conhecido como Joe Jackson, é um cantor e músico britânico, nascido em 11 de agosto de 1954, em Staffordshire, Inglaterra. Fez modesto sucesso no início dos anos 80, com a canção "Steppin' out", extraída do álbum Night and Day, de 1982.


Joe Jackson (born David Ian Jackson, 11 August 1954) is an English musician and singer-songwriter now living in Berlin, whose five Grammy Award nominations span from 1979 to 2001. He is probably best known for the 1979 hit song and first single "Is She Really Going Out with Him?", which still gets extensive US FM radio airplay; for his 1982 Top 10 hit, "Steppin' Out"; and for his 1984 success with "You Can't Get What You Want (Till You Know What You Want)". He was popular for his pop/rock and New Wave music early on before moving to more eclectic, though less commercially successful, pop/jazz/classical hybrids. Joe Jackson has been nominated for induction into the Rock & Roll Hall Of Fame numerous times.


O poeta luso-brasileira Tomás António Gonzaga nasceu há 269 anos

Tomás António Gonzaga (Miragaia, Porto, 11 de agosto de 1744 - ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu, foi um jurista, poeta e ativista político luso-brasileiro. Considerado o mais proeminente dos poetas dos Arcadismo português e brasileiro, é ainda hoje estudado em escolas e universidades pelo seu "Marília de Dirceu" (versos vincadamente arcádicos, feitos para a sua amada).

Ele nasceu no Porto, na freguesia  de Miragaia, em prédio hoje devidamente assinalado. Era filho de mãe portuguesa (de ascendência inglesa, Tomásia Isabel Clarque) e pai nordestino (João Bernardo Gonzaga). Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro, para Pernambuco em 1751 e depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal, para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em Leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, no qual enfocava o tema sob o ponto de vista tomista, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura. Exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, então conheceu a adolescente de apenas dezasseis anos Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília em uma das possíveis interpretações dos seus poemas, que teria sido imortalizada em sua obra lírica (Marília de Dirceu) - apesar de ser muito discutível essa versão, tendo em vista as regras retórico-poéticas que prevaleciam no século XVIII, época em que os poemas foram escritos.
Durante sua permanência em Minas Gerais, escreve Cartas Chilenas, poema satírico em forma de epístolas, uma violenta crítica ao governo colonial. Promovido a desembargador da relação da Bahia em 1786, resolve pedir em casamento Maria Doroteia dois anos depois. O casamento é marcado para o final do mês de maio de 1789. Como era pobre e bem mais velho que ela, sofreu oposição da família da noiva.
Por seu papel na Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira (primeira grande revolta pró-independência do Brasil), trabalhando junto de outros personagens dessa revolta como: Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto, é acusado de conspiração e preso em 1789, cumprindo a sua pena de três anos na Fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, tendo os seus bens confiscados. Foi, portanto, separado da sua amada, Maria Doroteia. Permanece em reclusão por três anos, durante os quais, teria escrito a maior parte das liras atribuídas a ele, pois não há registos de assinatura em qualquer uma de suas poesias. Em 1792, sua pena é comutada em degredo, a pedido pessoal da Rainha D. Maria I de Portugal e o poeta é enviado a costa oriental da África, a fim de cumprir, em Moçambique, a sentença de dez anos.
No mesmo ano é lançada em Lisboa a primeira parte de Marília de Dirceu, com 33 liras (nota-se que não houve participação, portanto, do poeta na edição desse conjunto de liras, e até hoje não se sabe quem teria feito, provavelmente irmãos de Maçonaria). No país africano trabalha como advogado e hospeda-se em casa de abastado comerciante de escravos, vindo a casar, em 1793, com a filha dele, Juliana de Sousa Mascarenhas ("pessoa de muitos dotes e poucas letras"), com quem teve dois filhos: Ana Mascarenhas Gonzaga, filha de D.ª Juliana anterior ao seu casamento com Tomás António Gonzaga, a quem este deu seu nome, e Alexandre Mascarenhas Gonzaga, vivendo depois disso, durante quinze anos, rico e considerado, até morrer em 1810, acometido por uma grave doença. Em 1799, é publicada a segunda parte de Marília de Dirceu, com mais 65 liras. No desterro, ocupou os cargos de procurador da Coroa e Fazenda, e o de juiz de Alfândega de Moçambique (cargo que exercia quando morreu). Gonzaga foi muito admirado por poetas românticos como Casimiro de Abreu e Castro Alves. É patrono da cadeira de número 37 da Academia Brasileira de Letras.
As suas principais obras são: Tratado de Direito Natural; Marília de Dirceu (coleção de poesias líricas, publicadas em três partes, em 1792, 1799 e 1812 - hoje sabe-se que a terceira parte não foi escrita pelo poeta); Cartas Chilenas (impressas em conjunto em 1863). A data de sua morte não é uma data certa, mas sabe-se que ele veio a falecer entre 1809 e 1810.

Caraterísticas literárias
A poesia de Tomás António Gonzaga apresenta as típicas características árcades e neoclássicas: o pastoril, o bucólico, a Natureza amena, o equilíbrio etc. Paralelamente, possui características pré-românticas (principalmente na segunda parte de Marília de Dirceu, escrita na prisão): confissões de sentimento pessoal, ênfase emotiva estranha aos padrões do neoclassicismo, descrição de paisagens brasileiras, etc.
O convívio com o Iluminismo põe em seu estilo a preocupação em atenuar as tensões e racionalizar os conflitos.
Tomás António Gonzaga escreveu versos marcados por expressão própria, pela harmonização dos elementos racionais e afetivos e por um leve toque de sensualidade. Segundo Alfredo Bosi, Gonzaga está acima de tudo preocupado em "achar a versão literária mais justa dos seus cuidados". Assim, "a figura de Marília, os amores ainda não realizados e a mágoa da separação entram apenas como 'ocasiões' no cancioneiro de Dirceu", o que diferencia o autor dos seus futuros colegas românticos.

Marília de Dirceu
As liras a sua pastora idealizada refletem a trajetória do poeta, na qual a prisão atua como um divisor de águas (a segunda parte do livro é contada dentro da prisão). Antes da prisão, num tom de fidelidade, canta a ventura da iniciação amorosa, a satisfação do amante, que, valorizando o momento presente, busca a simplicidade do refúgio na natureza amena, que ora é europeia e ora mineira. Depois da reclusão, num tom trágico de desalento, canta o infortúnio, a injustiça (ele se considera inocente, portanto, injustiçado), o destino e a eterna consolação no amor da figura de Marília. São compostas em redondilha menor ou decassílabos quebrados. Expressam a simplicidade e gracioso lirismo íntimo, decorrentes da naturalidade e da singeleza no trato dos sentimentos e da escolha linguística. Ao delegar posição poética a um campesino, sob cuja pele se esconde um elemento civilizado, Gonzaga demonstra mais uma vez suas diferenças com a filosofia romântica, pois segue o descrito nas regras para a confecção de éclogas nos manuais de poética da época, que instruem aos poetas que buscam a superação dos antigos, imitando-os, a utilizações de eu-líricos que se aproximem as figuras de pastores, caçadores, agricultores e vaqueiros.
Marília é ora morena, ora loira. O que comprova não ser a pastora, Maria Doroteia na vida real, mas uma figura simbólica que servia à poesia de Tomás António Gonzaga. É anacronismo destinar ao sentimento existente entre o poeta e Maria Doroteia a motivação para a confecção dos poemas, tendo em vista que esse pensamento só surgiu com o pensamento romântico, no século XIX. É mais aceitável a teoria de inspiração no ideal de emulação, que configurava o sentimento poético da época, baseado nas filosofias retórico-poéticas vigentes, em que o poeta, seguindo inúmeras regras de confecção, "imitava" os poetas antigos procurando superá-los. Muitos pouco conhecedores de literatura podem acreditar que o poeta cai em contradições, ora assumindo a postura de pastor que cuida de ovelhas e vive numa cabana no alto do monte, ora a do burguês Dr. Tomás António Gonzaga, juiz que lê altos volumes instalados em espaçosa mesa, mas o fazem por analisar os poemas com critérios anacrónicos à época, analisam com pensamentos surgidos após o romantismo, textos que o precedem.
É interessante atentar para alguns aspectos dessa obra de Gonzaga. Cada lira é um dialogo de Dirceu com sua pastora Marília, mas, embora a obra tenha a estrutura de um diálogo, só Dirceu fala (trata-se de um monólogo), chamando Marília em geral com vocativos. Como bem lembra o crítico António Cândido, o melhor título para a obra seria Dirceu de Marília, mas o patriarcalismo de Gonzaga nunca lhe permitiria pôr-se como a coisa possuída, sem esquecer que Tomás António Gonzaga morreu de paixão. Ele foi mandando para a ilha das Cobras no Rio de Janeiro, depois para Moçambique na África. Casando-se com uma filha de um mercador de escravos, o que, diga-se de passagem, é notável e estranho: Logo ele que era totalmente contra a escravidão.

Representações nos media
Tomás António Gonzaga já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Gianfrancesco Guarnieri na telenovela Dez Vidas (1969), Luiz Linhares no filme Os Inconfidentes (1972) e Eduardo Galvão no filme Tiradentes (1999).


Lira III

Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro
do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia.

Não verás derrubar os virgens matos,
queimar as capoeiras inda novas,
servir de adubo à terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas.

Não verás enrolar negros pacotes
das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.

Verás em cima da espaçosa mesa
altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros,
e decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus consultos,
tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da poesia.

Lerás em alta voz, a imagem bela;
eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
gostoso tornarei a ler de novo
o cansado processo.

Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
que tens quem leve à mais remota idade
a tua formosura.

Clara de Assis morreu há 760 anos

A fresco de Santa Clara (Simone Martini, 13121320) na Basílica de São Francisco, Assis

Santa Clara de Assis (em italiano, Santa Chiara d'Assisi) nascida como Chiara d'Offreducci, em Assis (Itália), no dia 16 de julho de 1194, e falecida em Assis, no dia 11 de agosto de 1253, foi a fundadora do ramo feminino da ordem franciscana, a chamada Ordem de Santa Clara (ou Ordem das Clarissas).

Pertencia a uma nobre família e era dotada de grande beleza. Destacou-se desde cedo pela sua caridade e respeito para com os pequenos, tanto que, ao deparar-se com a pobreza evangélica vivida por São Francisco de Assis, foi tomada pela irresistível tendência religiosa de segui-lo.
Enfrentando a oposição da família, que pretendia arranjar-lhe um casamento vantajoso, aos dezoito anos Clara abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isto foi ao encontro de São Francisco de Assis na Porciúncula e fundou o ramo feminino da Ordem Franciscana, também conhecido por "Damas Pobres" ou Clarissas. Viveu na prática e no amor da mais estrita pobreza.
O seu primeiro milagre foi em vida, demonstrando a sua grande fé. Conta-se que uma das irmãs da sua congregação havia saído para pedir esmolas para os pobres que iam ao mosteiro. Como não conseguiu quase nada, voltou desanimada e foi consolada por Santa Clara que lhe disse: "Confia em Deus!". Quando a santa se afastou, a outra freira foi pegar no embrulho que trouxera e não conseguiu levantá-lo, pois tudo havia se multiplicado.
Em outra ocasião, aquando da invasão de Assis pelos sarracenos, Santa Clara apanhou o ostensório com a hóstia consagrada e enfrentou o chefe deles, dizendo que Jesus Cristo era mais forte que eles. Os agressores, tomados de repente por inexplicável pânico, fugiram. Por este milagre Santa Clara é representada segurando o Ostensório na mão.
Um ano antes de sua morte, em 1253, Santa Clara assistiu à Celebração da Eucaristia sem precisar sair do seu leito. Neste sentido é que é aclamada como protetora da televisão.
Diversos episódios da vida de Santa Clara e São Francisco compõem os Fioretti de São Francisco. Escritos muitos anos após a morte de ambos, é difícil atestar a correção destes relatos, mas, com certeza, retratam bem o espírito de ambos e os primeiros acontecimentos a quando da criação das duas Ordens Franciscanas iniciais.