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quarta-feira, janeiro 17, 2024

Poesia adequada à data...


Inocência
    
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
    
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.
 
    
    
in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

Miguel Torga morreu há vinte e nove anos...


Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

   

 

Exortação a Sancho

Senhor meu, Sancho Pança enlouquecido
Servo vencido
Na terra sonhada
Olha esta Ibéria que te foi roubada,
E que só terá paz quando for tua.

Ergue a fronte dobrada
E começa a façanha prometida!
Cumpre o voto da nova arremetida,
Feito aos pés de quem foi
O destemido herói
Da batalha de ser fiel à vida!

Nega-te a ser passiva testemunha
Do amor cobiçoso
Que os falsos namorados
Fazem crer impoluto e arrebatado
Àquele que reflecte o céu lavado
Nos olhos confiados.

Venha o teu grito de transfigurado:
Ai, no se muera!... E a Donzela acorda
E renega o idílio traiçoeiro.
Venha o Sancho da lança e do arado,
E a Dulcineia terá, vivo a seu lado,
O senhor D. Quixote verdadeiro!



in Poemas Ibéricos (1965) - Miguel Torga

sábado, agosto 12, 2023

Miguel Torga nasceu há 116 anos

(imagem daqui)

 

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

   

 

Inocência
    
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
    
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.
 
    
    
in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

terça-feira, janeiro 17, 2023

Poesia adequada à data...


Da Realidade

Que renda fez a tarde no jardim,
Que há cedros que parecem de enxoval?
Como é difícil ver o natural
Quando a hora não quer!
Ah! não digas que não ao que os teus olhos
Colham nos dias de irrealidade.
Tudo então é verdade,
Toda a rama parece
Um tecido que tece
A eternidade.
  

  
in Nihil Sibi
(1948) - Miguel Torga

Miguel Torga morreu há vinte e oito anos...

(imagem daqui)

 

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

   

 

Inocência
    
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
    
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.
 
    
    
in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

sexta-feira, agosto 12, 2022

Miguel Torga nasceu há 115 anos...

(imagem daqui)

 

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

     

 
   
REGRESSO
  
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
  
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
  
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
  
    
     

in Diário VI (1953) - Miguel Torga

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Poesia adequada à data...


 

REGRESSO

Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.



 

in Diário VI (1953) - Miguel Torga

Miguel Torga morreu há vinte e sete anos...

(imagem daqui)

 

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

   

 

Inocência
    
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
    
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.
 
    
    
in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

quinta-feira, agosto 12, 2021

Poema adequado à data...

(imagem daqui)
    
Inocência
    
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
    
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.

    
    
in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

Miguel Torga nasceu há 114 anos

(imagem daqui)

 

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

     

 
REGRESSO
  
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
  
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
  
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
    
     

in Diário VI (1953) - Miguel Torga

quarta-feira, agosto 12, 2020

Poema de aniversariante de hoje...

(imagem daqui)
  
   
REGRESSO
  
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
  
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
  
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
    
     

in Diário VI (1953) - Miguel Torga

sexta-feira, janeiro 17, 2020

O poeta Miguel Torga deixou-nos há um quarteirão de anos

Memorial Miguel Torga (1907-2007), próximo da ponte de Santa Clara, Coimbra
  
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.
   

     
(imagem daqui)

Inocência
  
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
  
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.
   
 
in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

Miguel Torga morreu há vinte e cinco anos...

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995) foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.
  
Primeiros anos e educação
Nasceu na localidade de São Martinho de Anta, no distrito de Vila Real, a 12 de agosto de 1907. Oriundo de uma família humilde de Sabrosa, era filho de Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros.
Em 1917, aos dez anos, foi para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918 foi mandado para o seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida. Estudou Português, Geografia e História, aprendeu latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil em 1920, ainda com treze anos, para trabalhar na fazenda do tio, proprietário de uma fazenda de café em Minas Gerais. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais no Ginásio Leopoldinense, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, convicto de que ele viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal e concluir os estudos liceais.
   
Carreira profissional e literária
Em 1928, entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro de poemas, Ansiedade. Em 1929, com vinte e dois anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema Altitudes. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca era bandeira literária do grupo modernista e bandeira libertária da revolução modernista. Em 1930 rompe definitivamente com a revista Presença, junto com Edmundo Bettencourt e Branquinho da Fonseca, por «razões de discordância estética e razões de liberdade humana», assumindo uma posição independente. Nesse ano, publica o livro Rampa, lançando, no ano seguinte, Tributo e Pão Ázimo, e, em 1932, Abismo. Em colaboração com Branquinho da Fonseca, funda a revista Sinal, de efémera duração, e, em 1936, lança, junto com Albano Nogueira, o periódico Manifesto. Nesse ano, publica O Outro Livro de Job.
A obra de Torga traduz sua rebeldia contra as injustiças e seu inconformismo diante dos abusos de poder. Reflete a sua origem aldeã, a experiência médica em contato com a gente pobre e ainda os cinco anos que passou no Brasil (dos 13 aos 18 anos de idade), período que deixou impresso em Traço de União (impressões de viagem, 1955) e em um personagem que lhe servia de alter-ego em A criação do mundo, obra de ficção em vários volumes, publicada entre 1937 e 1939. As críticas que fez aí ao franquismo resultaram em sua prisão (1940). Publica os livros A Terceira Voz em 1934, aonde pela primeira vez empregou o seu pseudónimo, Bichos em 1940, Contos da Montanha em 1941, Rua em 1942, O Sr. Ventura e Lamentação em 1943, Novos Contos da Montanha e Libertação em 1944, Vindima em 1945, Sinfonia em 1947, Nihil Sibi em 1948, Cântico do Homem em 1950, Pedras Lavradas em 1951, Poemas Ibéricos em 1952, e Orfeu Rebelde em 1958.
Crítico da praxe e das restantes tradições académicas, chama depreciativamente «farda» à capa e batina. Ama a cidade de Leiria, onde exerce a sua profissão de médico, a partir de 1939 até 1942, onde escreve alguns dos seus livros. Em 1933 concluiu a licenciatura em Medicina pela Universidade de Coimbra. Começou a exercer a profissão nas terras agrestes transmontanas, pano de fundo de grande parte da sua obra. Dividiu seu tempo entre a clínica de otorrinolaringologia e a literatura.
Após a Revolução dos Cravos que derrubou o Estado Novo em 1974, Torga surge na política para apoiar a candidatura de Ramalho Eanes à presidência da República (1979). Era, porém, avesso à agitação e à publicidade e manteve-se distante de movimentos políticos e literários.
Autor prolífico, publicou mais de cinquenta livros ao longo de seis décadas e foi várias vezes indicado para o Prémio Nobel da Literatura.
  
Casamento e últimos anos
Casou-se com Andrée Crabbé em 1940, uma estudante belga que, enquanto aluna de Estudos Portugueses, com Vitorino Nemésio em Bruxelas, viera a Portugal fazer um curso de verão na Universidade de Coimbra. O casal teve uma filha, Clara Rocha, nascida a 3 de outubro de 1955, e divorciada de Vasco Graça Moura.
Torga, sofrendo de cancro, publicou o seu último trabalho em 1993, vindo a falecer em Janeiro de 1995. A sua campa rasa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra ao poeta.
   
A origem do pseudónimo
Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia Rocha cria o pseudónimo "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.
  
A obra de Torga
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude).
Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é-lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à natureza, como os trabalhadores rurais transmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras. E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a natureza, mal-grado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga, fazem do homem único ser digno de adoração.
 
Poesia
  • 1928 - "Ansiedade" (fora do mercado)
  • 1930 - Rampa
  • 1931 - Abismo
  • 1936 - O outro livro de Job
  • 1943 - Lamentação
  • 1944 - Libertação
  • 1946 - Odes
  • 1948 - Nihil Sibi
  • 1950 - Cântico do Homem
  • 1952 - Alguns poemas ibéricos
  • 1954 - Penas do Purgatório
  • 1958 - Orfeu rebelde
  • 1962 - Câmara ardente
  • 1965 - Poemas ibéricos
  • 1997 - Poesia Completa, volume I
  • 2000 - Poesia Completa, volume II
  
Prosa
  • 1931 - Pão Ázimo
  • 1931 - Criação do Mundo
  • 1934 - A Terceira Voz
  • 1937 - Os Dois Primeiros Dias
  • 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo
  • 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo
  • 1940 - Bichos
  • 1941 - Contos da Montanha
  • 1941 - "Diário I"
  • 1942 - Rua
  • 1943 - O Senhor Ventura 
  • 1943 - "Diário II"
  • 1944 - Novos Contos da Montanha
  • 1945 - Vindima
  • 1946 - "Diário III"
  • 1949 - "Diário IV"
  • 1950 - Portugal'
  • 1951 - Pedras Lavradas 
  • 1951 -"Diário V"
  • 1953 - "Diário VI"
  • 1956 - "Diário VII"
  • 1959 - "Diário VIII"
  • 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo
  • 1976 - Fogo Preso
  • 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo
  • 1982 - Fábula de Fábulas
  • 1999 - "Diário: Volumes IX a XVI"(1964-1993), Publicações Dom Quixote e Herdeiros de Miguel Torga, 2.ª edição integral, ISBN 972-20-1647-4

Peças de teatro
  • 1941 - "Terra Firme" e "Mar"
  • 1947 - Sinfonia
  • 1949 - O Paraíso
  • 1950 - Portugal
  • 1955 - Traço de União
  
Ensaios e Discursos
Ensaios e Discursos, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001, ISBN 972-20-1681-4 , ‘’tomou por base, respectivamente,os textos da 6.ª edição de Portugal, Coimbra, 1993; da 2.ª edição revista de Traço de União, Coimbra, 1969; e da edição de Fogo Preso, Coimbra, 1989”. 
  
Traduções
Os seus livros foram traduzidos em diversos idiomas, algumas vezes publicados com um prefácio seu: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.
  
Prémios e homenagens
   
in Wikipédia
   
(imagem daqui)

  
REGRESSO
  
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
  
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.
  
Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.
  
  

in Diário VI (1953) - Miguel Torga

quinta-feira, janeiro 17, 2019

Torga morreu há 24 anos

Adolfo Correia da Rocha é o verdadeiro nome de Miguel Torga. Este escritor e médico nasceu em São Martinho de Anta, a 12 de agosto de 1907, e morreu em Coimbra, a 17 de janeiro de 1995, com 87 anos.
Miguel Torga, o seu pseudónimo, foi um dos poetas e escritores portugueses mais influentes do século XX.
Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.
   
   
Pátria

Serra!
E qualquer coisa dentro de mim se acalma…
Qualquer coisa profunda e dolorida,
Traída,
Feita de terra

E alma.

Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
- Sob a garra dos pés e fraga dura,
E o bico a picar estrelas verdadeiras…
 
      
Gerês, Pedra Bela, 20 de agosto de 1942 - Diário II

domingo, agosto 12, 2018

Miguel Torga nasceu há 111 anos

Adolfo Correia da Rocha é o verdadeiro nome de Miguel Torga. Este escritor e médico nasceu em São Martinho de Anta, a 12 de agosto de 1907, e morreu em Coimbra, a 17 de janeiro de 1995, com 87 anos.
Miguel Torga, o seu pseudónimo, foi um dos poetas e escritores portugueses mais influentes do século XX.
Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.
  
  
Inocência
  
Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!
  
Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.
  

in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

sábado, janeiro 17, 2015

Miguel Torga morreu há vinte anos...

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995) foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.

Primeiros anos e educação
Nasceu na localidade de São Martinho de Anta, em Vila Real, a 12 de agosto de 1907. Oriundo de uma família humilde de Sabrosa, era filho de Francisco Correia Rocha e Maria da Conceição Barros.
Em 1917, aos dez anos, foi para uma casa apalaçada do Porto, habitada por parentes. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918 foi mandado para o seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida. Estudou Português, Geografia e História, aprendeu latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil em 1920, ainda com treze anos, para trabalhar na fazenda do tio, proprietário de uma fazenda de café em Minas Gerais. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais no Ginásio Leopoldinense, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, convicto de que ele viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal e concluir os estudos liceais.

Carreira profissional e literária
Em 1928, entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro de poemas, Ansiedade. Em 1929, com vinte e dois anos, deu início à colaboração na revista Presença, folha de arte e crítica, com o poema Altitudes. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca era bandeira literária do grupo modernista e bandeira libertária da revolução modernista. Em 1930 rompe definitivamente com a revista Presença, junto com Edmundo Bettencourt e Branquinho da Fonseca, por «razões de discordância estética e razões de liberdade humana», assumindo uma posição independente. Nesse ano, publica o livro Rampa, lançando, no ano seguinte, Tributo e Pão Ázimo, e, em 1932, Abismo. Em colaboração com Branquinho da Fonseca, funda a revista Sinal, de efémera duração, e, em 1936, lança, junto com Albano Nogueira, o periódico Manifesto. Nesse ano, publica O Outro Livro de Job.
A obra de Torga traduz sua rebeldia contra as injustiças e seu inconformismo diante dos abusos de poder. Reflete a sua origem aldeã, a experiência médica em contato com a gente pobre e ainda os cinco anos que passou no Brasil (dos 13 aos 18 anos de idade), período que deixou impresso em Traço de União (impressões de viagem, 1955) e em um personagem que lhe servia de alter-ego em A criação do mundo, obra de ficção em vários volumes, publicada entre 1937 e 1939. As críticas que fez aí ao franquismo resultaram em sua prisão (1940). Publica os livros A Terceira Voz em 1934, aonde pela primeira vez empregou o seu pseudónimo, Bichos em 1940, Contos da Montanha em 1941, Rua em 1942, O Sr. Ventura e Lamentação em 1943, Novos Contos da Montanha e Libertação em 1944, Vindima em 1945, Sinfonia em 1947, Nihil Sibi em 1948, Cântico do Homem em 1950, Pedras Lavradas em 1951, Poemas Ibéricos em 1952, e Orfeu Rebelde em 1958.
Crítico da praxe e das restantes tradições académicas, chama depreciativamente «farda» à capa e batina. Ama a cidade de Leiria, onde exerce a sua profissão de médico, a partir de 1939 até 1942, onde escreve alguns dos seus livros. Em 1933 concluiu a licenciatura em Medicina pela Universidade de Coimbra. Começou a exercer a profissão nas terras agrestes transmontanas, pano de fundo de grande parte da sua obra. Dividiu seu tempo entre a clínica de otorrinolaringologia e a literatura.
Após a Revolução dos Cravos que derrubou o Estado Novo em 1974, Torga surge na política para apoiar a candidatura de Ramalho Eanes à presidência da República (1979). Era, porém, avesso à agitação e à publicidade e manteve-se distante de movimentos políticos e literários.
Autor prolífico, publicou mais de cinquenta livros ao longo de seis décadas e foi várias vezes indicado para o Prémio Nobel da Literatura.

Casamento e últimos anos
Casou-se com Andrée Crabbé em 1940, uma estudante belga que, enquanto aluna de Estudos Portugueses, com Vitorino Nemésio em Bruxelas, viera a Portugal fazer um curso de verão na Universidade de Coimbra. O casal teve uma filha, Clara Rocha, nascida a 3 de outubro de 1955, e divorciada de Vasco Graça Moura.
Torga, sofrendo de cancro, publicou o seu último trabalho em 1993, vindo a falecer em Janeiro de 1995. A sua campa rasa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra ao poeta.

A origem do pseudónimo
Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia Rocha cria o pseudónimo "Miguel" e "Torga". Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.

A obra de Torga
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude).
Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é-lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à natureza, como os trabalhadores rurais transmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras. E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a natureza, mal-grado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga, fazem do homem único ser digno de adoração.

Poesia
  • 1928 - "Ansiedade" (fora do mercado)
  • 1930 - Rampa
  • 1931 - Abismo
  • 1936 - O outro livro de Job
  • 1943 - Lamentação
  • 1944 - Libertação
  • 1946 - Odes
  • 1948 - Nihil Sibi
  • 1950 - Cântico do Homem
  • 1952 - Alguns poemas ibéricos
  • 1954 - Penas do Purgatório
  • 1958 - Orfeu rebelde
  • 1962 - Câmara ardente
  • 1965 - Poemas ibéricos
  • 1997 - Poesia Completa, volume I
  • 2000 - Poesia Completa, volume II
  • 1931 - Pão Ázimo
  • 1931 - Criação do Mundo
  • 1934 - A Terceira Voz
  • 1937 - Os Dois Primeiros Dias
  • 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo
  • 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo
  • 1940 - Bichos
  • 1941 - Contos da Montanha
  • 1941 - "Diário I"
  • 1942 - Rua
  • 1943 - O Senhor Ventura 
  • 1943 - "Diário II"
  • 1944 - Novos Contos da Montanha
  • 1945 - Vindima
  • 1946 - "Diário III"
  • 1949 - "Diário IV"
  • 1950 - Portugal'
  • 1951 - Pedras Lavradas 
  • 1951 -"Diário V"
  • 1953 - "Diário VI"
  • 1956 - "Diário VII"
  • 1959 - "Diário VIII"
  • 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo
  • 1976 - Fogo Preso
  • 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo
  • 1982 - Fábula de Fábulas
  • 1999 - "Diário: Volumes IX a XVI"(1964-1993), Publicações Dom Quixote e Herdeiros de Miguel Torga, 2.ª edição integral, ISBN 972-20-1647-4
Índice dos volumes
  1. Diário IX (15-1-1960/20-9-1963)
  2. Diário X (5-10-1963/30-7-1968)
  3. Diário XI (2-8-1968/6-4-1973)
  4. Diário XII (17-5-1973/22-6-1977)
  5. Diário XIII (8-7-1977/20-5-1982)
  6. Diário XIV (21-5-1982/11-1-1987)
  7. Diário XV (20-02-1987/31-12-1989)
  8. Diário XVI (11-1-1990/10-12-1993)
O seu Diário (1941 - 1994), em 16 volumes, mistura poesia, contos, memórias, crítica social e reflexões. No último volume, diz: "Chego ao fim, perplexo diante de meu próprio enigma. Despeço-me do mundo a contemplar atónito e triste o espetáculo de um pobre Adão paradoxal, expulso da inocência sem culpa sem explicação."

Peças de teatro

  • 1941 - "Terra Firme" e "Mar"
  • 1947 - Sinfonia
  • 1949 - O Paraíso
  • 1950 - Portugal
  • 1955 - Traço de União

Ensaios e Discursos
Ensaios e Discursos, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2001, ISBN 972-20-1681-4 , ‘’tomou por base, respectivamente,os textos da 6.ª edição de Portugal, Coimbra, 1993; da 2.ª edição revista de Traço de União, Coimbra, 1969; e da edição de Fogo Preso, Coimbra, 1989”.

Traduções

Os seus livros foram traduzidos em diversos idiomas, algumas vezes publicados com um prefácio seu: espanhol, francês, inglês, alemão, chinês, japonês, croata, romeno, norueguês, sueco, holandês, búlgaro.

Prémios e homenagens

REGRESSO

Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.

 

in Diário VI (1953) - Miguel Torga

segunda-feira, abril 28, 2014

Pequeno sismo em Portugal continental (na zona de Vinhais)...

Recebido via e-mail do IPMA:

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) informa que no dia 28.04.2014 pelas 13.25 (hora local - UTM-1) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 2,6 (na escala de Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 12 km a Noroeste de Vinhais.

Até à elaboração deste comunicado não foi recebida nenhuma informação confirmando que este sismo tenha sido sentido.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IPMA na Internet (www.ipma.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto da Autoridade Nacional de Proteção Civil (www.prociv.pt). 

NOTA: a notícia no site da TVI24 e o o sismograma, feito pelo geofone de Manteigas:


Sismo sentido em Vinhais

Não há registo de danos e a população local afirma que ninguém «sentiu nada»

Um pequeno sismo ocorreu hoje na zona de Vinhais, no Nordeste Transmontano, sem que haja registos de que tenha sido sentido pela população, divulgou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

De acordo com informação do instituto, «foi registado nas estações da Rede Sísmica do continente um sismo de magnitude 2.6 na escala de Richter com epicentro a cerca de 12 quilómetros a Noroeste de Vinhais», no Distrito de Bragança.

A Lusa contactou os bombeiros de Vinhais que adiantaram que no local ninguém «sentiu nada» e que não lhes chegou qualquer pedido ou eco por parte da população relativamente à ocorrência.

O IPMA dá conta também, no comunicado, de que «não foi recebida nenhuma informação confirmando que este sismo tenha sido sentido».

«Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados», acrescenta o instituto.

O IPMA disponibiliza uma página na Internet com a listagem dos sismos ocorridos por todo o país, a maioria dos quais de pequena intensidade e impercetíveis à população.

Na mesma página pode constatar-se que, que nos últimos dias registaram-se vários pequenos abalos na zona de Vinhais, todos, com a exceção do de hoje, abaixo dos 2,0 na escala de Richter.

Com estes valores, os tremores de terra são considerados micro nesta escola que qualifica como «forte» os abalos a partir dos 6,0.
in TVI24

sexta-feira, janeiro 17, 2014

Miguel Torga morreu há 19 anos

Adolfo Correia da Rocha é o verdadeiro nome de Miguel Torga. Este escritor e médico nasceu em São Martinho de Anta, a 12 de agosto de 1907, e morreu em Coimbra, a 17 de janeiro de 1995, com 87 anos.
Miguel Torga, o seu pseudónimo, foi um dos poetas e escritores portugueses mais influentes do século XX.
Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.
Inocência

Vou aqui como um anjo, e carregado
De crimes!
Com asas de poeta voa-se no céu...
De tudo me redimes, Penitência De ser artista!
Nada sei,
Nada valho,
Nada faço,
E abre-se em mim a força deste abraço
Que abarca o mundo!

Tudo amo, admiro e compreendo.
Sou como um sol fecundo
Que adoça e doira, tendo
Calor apenas.
Puro,
Divino
E humano como os outros meus irmãos,
Caminho nesta ingénua confiança
De criança
Que faz milagres a bater as mãos.

 

in Penas do Purgatório (1954) - Miguel Torga

segunda-feira, agosto 12, 2013

Miguel Torga nasceu há 106 anos

(imagem daqui)

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995) foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.


Cântico de Humanidade

Hinos aos deuses, não.
Os homens é que merecem
Que se lhes cante a virtude.
Bichos que lavram no chão,
Actuam como parecem,
Sem um disfarce que os mude.

Apenas se os deuses querem
Ser homens, nós os cantemos.
E à soga do mesmo carro,
Com os aguilhões que nos ferem,
Nós também lhes demonstremos
Que são mortais e de barro.

 

in Nihil Sibi (1948) - Miguel Torga

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Miguel Torga morreu há 18 anos

Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de agosto de 1907 - Coimbra, 17 de janeiro de 1995) foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios.


Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

in
Diário XII (1977) - Miguel Torga