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sexta-feira, abril 19, 2024

Há 518 anos houve um pogrom em Lisboa...

 
No Massacre de Lisboa de 1506, também conhecido como Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, uma multidão perseguiu, violou, torturou e matou centenas de pessoas, acusadas de serem judias. Isto sucedeu antes do início da Inquisição e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1497, durante o reinado de D. Manuel I.
 
(...)
  
A historiografia situa o início da matança no Mosteiro de São Domingos (Santa Justa), no dia 19 de abril de 1506, um domingo, quando os fiéis rezavam pelo fim da seca e da peste que tomavam Portugal, e alguém jurou ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado - fenómeno que, para os católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de misericórdia do Messias - um milagre.
Um cristão-novo que também participava da missa tentou explicar que a luz era apenas o reflexo do sol, mas foi calado pela multidão, que o espancou até a morte.
A partir daí, os judeus da cidade, que anteriormente já eram vistos com desconfiança, tornaram-se o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre sucederam-se, incitados por frades dominicanos que prometiam absolvição dos pecados dos últimos cem dias para quem matasse os "hereges", e que juntaram um grupo de mais de quinhentas pessoas, incluindo marinheiros da Holanda, da Zelândia e de outras terras, com as suas promessas.
A corte encontrava-se em Abrantes - onde se instalara para fugir à peste - quando o massacre começou. D. Manuel I tinha-se posto a caminho de Beja, para visitar a mãe. Terá sido avisado dos acontecimentos em Avis, logo mandando magistrados para tentar pôr fim ao banho de sangue. Entretanto, mesmo as poucas autoridades presentes foram postas em causa e, em alguns casos, obrigadas a fugir.
Como consequência, homens, mulheres e crianças foram torturados, massacrados, violados e queimados em fogueiras improvisadas no Rossio. Os judeus foram acusados entre outros "males", de deicídio e de serem a causa da profunda seca e da peste que assolava o país. A matança durou três dias - de 19 a 21 de abril, na Semana Santa de 1506 - e só acabou quando foi morto um cristão-novo que era escudeiro do Rei, João Rodrigues Mascarenhas, e as tropas reais afinal chegaram para restaurar a ordem.
 

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

O pogrom de Sumgait foi há 36 anos...


O pogrom de Sumgait (também conhecido como massacre de Sumgait) teve lugar no final de fevereiro de 1988, no subúrbio industrial homónimo, situado a norte da capital do Azerbaijão, Baku, e está intimamente ligado com o movimento secessionista do Nagorno-Karabakh - que acabaria por levar à guerra, entre arménios e azeris, em 1992.

A 22 de fevereiro de 1988 nas proximidades da vila de Askeran (em Nagorno-Karabakh, na estrada que liga Agdam a Stepanakert), um confronto entre membros destes grupos terminou em violentos incidentes que deixaram cerca de 50 arménios feridos. Durante os combates, um polícia local, supostamente arménio, alvejou mortalmente dois jovens azeris. Dias depois, a 27 do mesmo mês, enquanto falava na televisão central de Baku, o delegado do ministério público soviético Alexander Katusev mencionou a nacionalidade dos feridos.

O conflito de Askeran foi o prelúdio para os pogroms de Sumgait, onde os ânimos, já exaltados pelas notícias acerca da crise em Karabakh, exaltaram-se ainda mais numa série de protestos iniciados a 27 de fevereiro. Falando em comício, refugiados azeris da vila arménia de Ghapan acusaram os arménios de "assassínios e atrocidades incluindo o rapto de mulheres a quem cortaram os seios". Posteriormente provou-se que estas alegações eram falsas e que muitos dos oradores eram afinal agentes provocadores. Poucas horas depois da intervenção, iniciou-se um pogrom dirigido contra os residentes arménios na cidade de Sumgait, situada a 25 quilómetros a norte de Baku, onde residia uma comunidade de aproximadamente 2.000 refugiados azeris provenientes da Arménia. Gangues azeris armadas atacaram os bairros arménios, desencadeando uma caçada humana que durou dois dias e só esmoreceu após a chegada das forças de segurança, no dia 28 de fevereiro, à noite. O resultado do pogrom foi a morte de 32 pessoas, de acordo com as pobres estatísticas soviéticas oficiais. Os arménios foram espancados, violados e assassinados nas ruas e apartamentos em que viviam, durante três dias de violência que só terminaram quando as forças armadas da União Soviética entraram na cidade e, a 1 de março, conseguiram controlar a situação.

A forma como os arménios foram assassinados causou grande indignação aos seus compatriotas, que consideraram que o pogrom tinha sido avalizado pelas autoridades soviéticas, visando intimidar os membros do movimento de Nagorno-Karabakh. A violência tornou a aumentar depois dos acontecimentos de Sumgait, até que Gorbachev decidiu finalmente intervir, enviando à Arménia tropas do Ministério do Interior, em setembro de 1988. Em outubro do ano seguinte, estimavam-se em mais de 100 as pessoas assassinadas desde que a ideia da unificação tinha nascido, em fevereiro de 1988. Todos estes eventos foram esquecidos temporariamente depois de um grande sismo - o terramoto de Spitak - ter assolado as cidades de Leninakan (atualmente Gyumri) e Spitak, a 7 de dezembro de 1989, provocando a morte de mais de 25.000 pessoas.

As tentativas de Gorbachev para estabilizar a região revelaram-se infrutíferas, dada a intransigência de ambos os lados. Os arménios não se conformaram com a promessa do governo central de destinar 400 milhões de rublos para revitalizar a língua arménia, criando livros escolares e um canal de televisão para Karabakh, enquanto os azeris não estavam dispostos a ceder qualquer território à Arménia. Além do mais, os onze membros que compunham o recém-formado Comité de Karabakh (do qual participava o futuro presidente da Arménia, Levon Ter-Petrosian) foram detidos por ordem do Kremlin durante o caos que seguiu ao terramoto. Essas ações polarizaram as relações entre Moscovo e os arménios, visto estes últimos terem perdido a sua fé em Gorbachev, condenando-o ainda mais pela má condução da ajuda às vítimas do terramoto e por sua falta de empenho em tratar a questão do Nagorno-Karabakh.

 

in Wikipédia

quinta-feira, junho 01, 2023

O Massacre de Tulsa foi há 102 anos...


O tumulto racial de Tulsa (mais corretamente chamado de Massacre de Tulsa, Massacre de Greenwood ou Massacre de Black Wall Street) ocorreu em 31 de maio e 1 de junho de 1921, quando multidões de moradores brancos atacaram negros e suas residências e comércios no distrito de Greenwood, em Tulsa, Oklahoma. Foi chamado de "o pior incidente de violência racial da história norte americana". O ataque, realizado em solo e a partir de aviões particulares, destruiu mais de 35 quarteirões do distrito - na época a comunidade negra mais rica dos Estados Unidos, conhecida como "Black Wall Street". Mais de 800 pessoas foram internadas em hospitais e mais de 6.000 residentes negros foram presos e detidos, muitos por vários dias. O Departamento de Estatísticas de Oklahoma registou oficialmente 36 mortos, mas a Cruz Vermelha Americana recusou-se a fornecer uma estimativa. O exame de eventos da comissão estadual de 2001 estimou que entre 100 e 300 foram mortos durante os distúrbios.

O massacre começou no fim de semana do Memorial Day, depois que Dick Rowland, 19 anos, um sapateiro negro, foi acusado de agredir Sarah Page, a operadora branca de 17 anos do elevador do edifício Drexel. A multidão de brancos irritados do lado de fora do tribunal onde Rowland estava sendo preso e a disseminação de rumores de que ele havia sido linchado assustaram a população negra local, alguns dos quais chegaram ao tribunal armados. Tiros foram disparados e doze pessoas foram mortas: dez brancos e dois negros. Quando a notícia dessas mortes se espalhou pela cidade, a violência da multidão explodiu: milhares de brancos invadiram o bairro negro naquela noite e no dia seguinte, matando homens, mulheres e crianças, queimando e saqueando lojas e casas: cerca de 10.000 pessoas negras ficaram sem abrigo e os danos materiais totalizaram mais de 1,5 milhão de dólares em imóveis e 750.000 dólares em bens pessoais (32 milhões, em valores de 2019).

O massacre foi amplamente omitido nas histórias locais, estaduais e nacionais: "O tumulto racial de Tulsa de 1921 raramente era mencionado em livros de história, salas de aula ou mesmo em conversas particulares. Negros e brancos cresceram até à meia-idade sem saber o que havia acontecido". Em 1996, setenta e cinco anos após o tumulto, um grupo bipartidário na legislatura estadual autorizou a formação de uma comissão para estudar o caso. Os membros foram nomeados para investigar eventos, entrevistar sobreviventes, ouvir testemunhos do público e preparar um relatório de eventos. Houve um esforço de educação pública sobre o massacre durante o processo. O relatório final da comissão, publicado em 2001, dizia que o governo da cidade conspirou com a multidão de brancos contra os cidadãos negros e recomendou um programa de reparações aos sobreviventes e seus descendentes. O estado aprovou uma legislação para estabelecer algumas bolsas de estudos para descendentes de sobreviventes, incentivando o desenvolvimento económico de Greenwood e de um memorial em Tulsa, em homenagem às vítimas do motim. 

  


  

quarta-feira, abril 19, 2023

O Pogrom de Lisboa foi há 517 anos...

 
No Massacre de Lisboa de 1506, também conhecido como Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, uma multidão perseguiu, violou, torturou e matou centenas de pessoas, acusadas de serem judias. Isto sucedeu antes do início da Inquisição e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1497, durante o reinado de D. Manuel I.
 
(...)
  
A historiografia situa o início da matança no Mosteiro de São Domingos (Santa Justa), no dia 19 de Abril de 1506, um domingo, quando os fiéis rezavam pelo fim da seca e da peste que tomavam Portugal, e alguém jurou ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado — fenómeno que, para os católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de misericórdia do Messias - um milagre.
Um cristão-novo que também participava da missa tentou explicar que a luz era apenas o reflexo do sol, mas foi calado pela multidão, que o espancou até a morte.
A partir daí, os judeus da cidade que anteriormente já eram vistos com desconfiança tornaram-se o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre se sucederam, incitados por frades dominicanos que prometiam absolvição dos pecados dos últimos 100 dias para quem matasse os "hereges",e que juntaram um grupo de mais de quinhentas pessoas incluindo marinheiros da Holanda, da Zelândia e de outras terras com as suas promessas.
A corte encontrava-se em Abrantes - onde se instalara para fugir à peste - quando o massacre começou. D. Manuel I tinha-se posto a caminho de Beja, para visitar a mãe. Terá sido avisado dos acontecimentos em Avis, logo mandando magistrados para tentar pôr fim ao banho de sangue. Entretanto, mesmo as poucas autoridades presentes foram postas em causa e, em alguns casos, obrigadas a fugir.
Como consequência, homens, mulheres e crianças foram torturados, massacrados, violados e queimados em fogueiras improvisadas no Rossio. Os judeus foram acusados entre outros "males", de deicídio e de serem a causa da profunda seca e da peste que assolava o país. A matança durou três dias - de 19 a 21 de abril, na Semana Santa de 1506 - e só acabou quando foi morto um cristão-novo que era escudeiro do Rei, João Rodrigues Mascarenhas, e as tropas reais afinal chegaram para restaurar a ordem.
 

terça-feira, fevereiro 28, 2023

O pogrom de Sumgait foi há 35 anos


O pogrom de Sumgait (também conhecido como massacre de Sumgait) teve lugar no final de fevereiro de 1988, no subúrbio industrial homónimo situado ao norte da capital do Azerbaijão, Baku, e está intimamente ligado com o movimento secessionista do Nagorno-Karabakh - que acabaria por levar à guerra, entre arménios e azeris, em 1992.

A 22 de fevereiro de 1988 nas proximidades da vila de Askeran (em Nagorno-Karabakh, na estrada que liga Agdam a Stepanakert), um confronto entre membros destes grupos terminou em violentos incidentes que deixaram cerca de 50 arménios feridos. Durante os combates, um polícia local, supostamente arménio, alvejou mortalmente dois jovens azeris. Dias depois, a 27 do mesmo mês, enquanto falava na televisão central de Baku, o delegado do ministério público soviético Alexander Katusev mencionou a nacionalidade dos feridos.

O conflito de Askeran foi o prelúdio para os pogroms de Sumgait, onde os ânimos, já exaltados pelas notícias acerca da crise em Karabakh, exaltaram-se ainda mais numa série de protestos iniciados a 27 de fevereiro. Falando em comício, refugiados azeris da vila arménia de Ghapan acusaram os arménios de "assassínios e atrocidades incluindo o rapto de mulheres a quem cortaram os seios". Posteriormente provou-se que estas alegações eram falsas e que muitos dos oradores eram afinal agentes provocadores. Poucas horas depois da intervenção, iniciou-se um pogrom dirigido contra os residentes arménios na cidade de Sumgait, situada a 25 quilómetros a norte de Baku, onde residia uma comunidade de aproximadamente 2.000 refugiados azeris provenientes da Arménia. Gangues azeris armadas atacaram os bairros arménios, desencadeando uma caçada humana que durou dois dias e só esmoreceu após a chegada das forças de segurança, no dia 28 de fevereiro, à noite. O resultado do pogrom foi a morte de 32 pessoas, de acordo com as pobres estatísticas soviéticas oficiais. Os arménios foram espancados, violados e assassinados nas ruas e apartamentos em que viviam, durante três dias de violência que só terminaram quando as forças armadas da União Soviética entraram na cidade e, a 1 de março, conseguiram controlar a situação.

A forma como os arménios foram assassinados causou grande indignação aos seus compatriotas, que consideraram que o pogrom tinha sido avalizado pelas autoridades soviéticas, visando intimidar os membros do movimento de Nagorno-Karabakh. A violência tornou a aumentar depois dos acontecimentos de Sumgait, até que Gorbachev decidiu finalmente intervir, enviando à Arménia tropas do Ministério do Interior, em setembro de 1988. Em outubro do ano seguinte, estimavam-se em mais de 100 as pessoas assassinadas desde que a ideia da unificação tinha nascido, em fevereiro de 1988. Todos estes eventos foram esquecidos temporariamente depois de um grande sismo - o terramoto de Spitak - ter assolado as cidades de Leninakan (atualmente Gyumri) e Spitak, a 7 de dezembro de 1989, provocando a morte de mais de 25.000 pessoas.

As tentativas de Gorbachev para estabilizar a região revelaram-se infrutíferas, dada a intransigência de ambos os lados. Os arménios não se conformaram com a promessa do governo central de destinar 400 milhões de rublos para revitalizar a língua arménia, criando livros escolares e um canal de televisão para Karabakh, enquanto os azeris não estavam dispostos a ceder qualquer território à Arménia. Além do mais, os onze membros que compunham o recém-formado Comité de Karabakh (do qual participava o futuro presidente da Arménia, Levon Ter-Petrosian) foram detidos por ordem do Kremlin durante o caos que seguiu ao terramoto. Essas ações polarizaram as relações entre Moscovo e os arménios, visto estes últimos terem perdido a sua fé em Gorbachev, condenando-o ainda mais pela má condução da ajuda às vítimas do terramoto e por sua falta de empenho em tratar a questão do Nagorno-Karabakh.

 

in Wikipédia

quarta-feira, junho 01, 2022

O inacreditável Massacre de Tulsa foi há 101 anos


O tumulto racial de Tulsa (mais corretamente chamado de Massacre de Tulsa, Massacre de Greenwood ou Massacre de Black Wall Street) ocorreu em 31 de maio e 1 de junho de 1921, quando multidões de moradores brancos atacaram negros e suas residências e comércios no distrito de Greenwood, em Tulsa, Oklahoma. Foi chamado de "o pior incidente de violência racial da história norte americana". O ataque, realizado em solo e a partir de aviões particulares, destruiu mais de 35 quarteirões do distrito - na época a comunidade negra mais rica dos Estados Unidos, conhecida como "Black Wall Street". Mais de 800 pessoas foram internadas em hospitais e mais de 6.000 residentes negros foram presos e detidos, muitos por vários dias. O Departamento de Estatísticas de Oklahoma registou oficialmente 36 mortos, mas a Cruz Vermelha Americana se recusou a fornecer uma estimativa. O exame de eventos da comissão estadual de 2001 estimou que entre 100 e 300 foram mortos durante os distúrbios.

O massacre começou no fim de semana do Memorial Day, depois que Dick Rowland, 19 anos, um sapateiro negro, foi acusado de agredir Sarah Page, a operadora branca de 17 anos do elevador do edifício Drexel. A multidão de brancos irritados do lado de fora do tribunal onde Rowland estava sendo preso e a disseminação de rumores de que ele havia sido linchado assustaram a população negra local, alguns dos quais chegaram ao tribunal armados. Tiros foram disparados e doze pessoas foram mortas: dez brancos e dois negros. Quando a notícia dessas mortes se espalhou pela cidade, a violência da multidão explodiu: milhares de brancos invadiram o bairro negro naquela noite e no dia seguinte, matando homens, mulheres e crianças, queimando e saqueando lojas e casas: cerca de 10.000 pessoas negras ficaram desabrigadas e os danos materiais totalizaram mais de 1,5 milhão de dólares em imóveis e 750.000 dólares em bens pessoais (32 milhões, em valores de 2019).

O massacre foi amplamente omitido nas histórias locais, estaduais e nacionais: "O tumulto racial de Tulsa de 1921 raramente era mencionado em livros de história, salas de aula ou mesmo em conversas particulares. Negros e brancos cresceram até a meia-idade sem saber o que havia acontecido". Em 1996, setenta e cinco anos após o tumulto, um grupo bipartidário na legislatura estadual autorizou a formação de uma comissão para estudar o caso. Os membros foram nomeados para investigar eventos, entrevistar sobreviventes, ouvir testemunhos do público e preparar um relatório de eventos. Houve um esforço de educação pública sobre o massacre durante o processo. O relatório final da comissão, publicado em 2001, dizia que o governo da cidade conspirou com a multidão de brancos contra os cidadãos negros e recomendou um programa de reparações aos sobreviventes e seus descendentes. O estado aprovou uma legislação para estabelecer algumas bolsas de estudos para descendentes de sobreviventes, incentivando o desenvolvimento económico de Greenwood e de um memorial em Tulsa em homenagem às vítimas do motim. 

  


  

terça-feira, abril 19, 2022

O Pogrom de Lisboa foi há 516 anos

 
No Massacre de Lisboa de 1506, também conhecido como Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, uma multidão perseguiu, violou, torturou e matou centenas de pessoas, acusadas de serem judias. Isto sucedeu antes do início da Inquisição e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1497, durante o reinado de D. Manuel I.
 
(...)
  
A historiografia situa o início da matança no Mosteiro de São Domingos (Santa Justa), no dia 19 de Abril de 1506, um domingo, quando os fiéis rezavam pelo fim da seca e da peste que tomavam Portugal, e alguém jurou ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado — fenómeno que, para os católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de misericórdia do Messias - um milagre.
Um cristão-novo que também participava da missa tentou explicar que a luz era apenas o reflexo do sol, mas foi calado pela multidão, que o espancou até a morte.
A partir daí, os judeus da cidade que anteriormente já eram vistos com desconfiança tornaram-se o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre se sucederam, incitados por frades dominicanos que prometiam absolvição dos pecados dos últimos 100 dias para quem matasse os "hereges",e que juntaram um grupo de mais de quinhentas pessoas incluindo marinheiros da Holanda, da Zelândia e de outras terras com as suas promessas.
A corte encontrava-se em Abrantes - onde se instalara para fugir à peste - quando o massacre começou. D. Manuel I tinha-se posto a caminho de Beja, para visitar a mãe. Terá sido avisado dos acontecimentos em Avis, logo mandando magistrados para tentar pôr fim ao banho de sangue. Entretanto, mesmo as poucas autoridades presentes foram postas em causa e, em alguns casos, obrigadas a fugir.
Como consequência, homens, mulheres e crianças foram torturados, massacrados, violados e queimados em fogueiras improvisadas no Rossio. Os judeus foram acusados entre outros "males", de deicídio e de serem a causa da profunda seca e da peste que assolava o país. A matança durou três dias - de 19 a 21 de abril, na Semana Santa de 1506 - e só acabou quando foi morto um cristão-novo que era escudeiro do Rei, João Rodrigues Mascarenhas, e as tropas reais afinal chegaram para restaurar a ordem.
 

terça-feira, junho 01, 2021

O vergonhoso Massacre de Tulsa foi há um século


O tumulto racial de Tulsa (mais corretamente chamado de Massacre de Tulsa, Massacre de Greenwood ou Massacre de Black Wall Street) ocorreu em 31 de maio e 1 de junho de 1921, quando multidões de moradores brancos atacaram negros e suas residências e comércios no distrito de Greenwood, em Tulsa, Oklahoma. Foi chamado de "o pior incidente de violência racial da história norte americana". O ataque, realizado em solo e a partir de aviões particulares, destruiu mais de 35 quarteirões do distrito - na época a comunidade negra mais rica dos Estados Unidos, conhecida como "Black Wall Street". Mais de 800 pessoas foram internadas em hospitais e mais de 6.000 residentes negros foram presos e detidos, muitos por vários dias. O Departamento de Estatísticas de Oklahoma registou oficialmente 36 mortos, mas a Cruz Vermelha Americana se recusou a fornecer uma estimativa. O exame de eventos da comissão estadual de 2001 estimou que entre 100 e 300 foram mortos durante os distúrbios.

O massacre começou no fim de semana do Memorial Day, depois que Dick Rowland, 19 anos, um sapateiro negro, foi acusado de agredir Sarah Page, a operadora branca de 17 anos do elevador do edifício Drexel. A multidão de brancos irritados do lado de fora do tribunal onde Rowland estava sendo preso e a disseminação de rumores de que ele havia sido linchado assustaram a população negra local, alguns dos quais chegaram ao tribunal armados. Tiros foram disparados e doze pessoas foram mortas: dez brancos e dois negros. Quando a notícia dessas mortes se espalhou pela cidade, a violência da multidão explodiu: milhares de brancos invadiram o bairro negro naquela noite e no dia seguinte, matando homens, mulheres e crianças, queimando e saqueando lojas e casas: cerca de 10.000 pessoas negras ficaram desabrigadas e os danos materiais totalizaram mais de 1,5 milhão de dólares em imóveis e 750.000 dólares em bens pessoais (32 milhões, em valores de 2019).

O massacre foi amplamente omitido nas histórias locais, estaduais e nacionais: "O tumulto racial de Tulsa de 1921 raramente era mencionado em livros de história, salas de aula ou mesmo em conversas particulares. Negros e brancos cresceram até a meia-idade sem saber o que havia acontecido". Em 1996, setenta e cinco anos após o tumulto, um grupo bipartidário na legislatura estadual autorizou a formação de uma comissão para estudar o caso. Os membros foram nomeados para investigar eventos, entrevistar sobreviventes, ouvir testemunhos do público e preparar um relatório de eventos. Houve um esforço de educação pública sobre o massacre durante o processo. O relatório final da comissão, publicado em 2001, dizia que o governo da cidade conspirou com a multidão de brancos contra os cidadãos negros e recomendou um programa de reparações aos sobreviventes e seus descendentes. O estado aprovou uma legislação para estabelecer algumas bolsas de estudos para descendentes de sobreviventes, incentivando o desenvolvimento económico de Greenwood e de um memorial em Tulsa em homenagem às vítimas do motim. 

  


  

in  Wikipédia

segunda-feira, abril 19, 2021

O Pogrom de Lisboa foi há 515 anos

 
No Massacre de Lisboa de 1506, também conhecido como Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, uma multidão perseguiu, violou, torturou e matou centenas de pessoas, acusadas de serem judias. Isto sucedeu antes do início da Inquisição e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1497, durante o reinado de D. Manuel I.
 
(...)
  
A historiografia situa o início da matança no Mosteiro de São Domingos (Santa Justa), no dia 19 de Abril de 1506, um domingo, quando os fiéis rezavam pelo fim da seca e da peste que tomavam Portugal, e alguém jurou ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado — fenómeno que, para os católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de misericórdia do Messias - um milagre.
Um cristão-novo que também participava da missa tentou explicar que a luz era apenas o reflexo do sol, mas foi calado pela multidão, que o espancou até a morte.
A partir daí, os judeus da cidade que anteriormente já eram vistos com desconfiança tornaram-se o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre se sucederam, incitados por frades dominicanos que prometiam absolvição dos pecados dos últimos 100 dias para quem matasse os "hereges",e que juntaram um grupo de mais de quinhentas pessoas incluindo marinheiros da Holanda, da Zelândia e de outras terras com as suas promessas.
A corte encontrava-se em Abrantes - onde se instalara para fugir à peste - quando o massacre começou. D. Manuel I tinha-se posto a caminho de Beja, para visitar a mãe. Terá sido avisado dos acontecimentos em Avis, logo mandando magistrados para tentar pôr fim ao banho de sangue. Entretanto, mesmo as poucas autoridades presentes foram postas em causa e, em alguns casos, obrigadas a fugir.
Como consequência, homens, mulheres e crianças foram torturados, massacrados, violados e queimados em fogueiras improvisadas no Rossio. Os judeus foram acusados entre outros "males", de deicídio e de serem a causa da profunda seca e da peste que assolava o país. A matança durou três dias - de 19 a 21 de Abril, na Semana Santa de 1506 - e só acabou quando foi morto um cristão-novo que era escudeiro do rei, João Rodrigues Mascarenhas, e as tropas reais afinal chegaram para restaurar a ordem.
 

sexta-feira, novembro 09, 2018

A Kristallnacht foi há oitenta anos

Uma loja judaica saqueada durante a Noite dos Cristais
  
A Noite dos Cristais (alemão Reichskristallnacht ou simplesmente Kristallnacht) é o nome popularmente dado aos atos de violência que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 em diversos locais da Alemanha e da Áustria, então sob o domínio nazi ou do Terceiro Reich. Tratou-se de Pogroms, de destruição de sinagogas, de lojas, de habitações e de agressões contra as pessoas identificadas como judias.
Para o regime foi a resposta ao assassinato de Ernst von Rath, um diplomata alemão em Paris, por Herschel Grynszpan, um judeu polaco, condenado múltiplas vezes a deportação da França.
A pedido de Adolf Hitler, Goebbels instiga os dirigentes do NSDAP (Partido Nazi) e os elementos das SA a atacarem os judeus. Heydrich organiza as violências que deviam visar as lojas de judeus e as sinagogas. Numa única noite, 91 judeus foram mortos e cerca de 25.000 a 30.000 foram presos e levados para campos de concentração. Cerca de 7.500 lojas judaicas e 267 sinagogas foram reduzidas a escombros.
As ordens determinavam que os SA deviam estar vestidos à paisana, a fim que o movimento parecesse ser um movimento espontâneo de uma população furiosa contra os judeus. Os incêndios também chocaram uma parte da população, mas não o facto de que os judeus tivessem sido atacados fisicamente.
A alta autoridade nazi cobrou uma multa aos judeus de mil milhões de marcos, pelas desordens e prejuízos dos quais foram as vítimas.
O nome Kristallnacht deriva dos cacos de vidro (vitrinas das lojas, vitrais das sinagogas, entre outros) resultantes deste episódio de violência racista.
   

sábado, novembro 09, 2013

A Noite dos Cristais foi há 75 anos

Uma loja judaica saqueada durante a Noite dos Cristais

A Noite dos Cristais (alemão Reichskristallnacht ou simplesmente Kristallnacht) é o nome popularmente dado aos atos de violência que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 em diversos locais da Alemanha e da Áustria, então sob o domínio nazi ou Terceiro Reich. Tratou-se de Pogroms, de destruição de sinagogas, de lojas, de habitações e de agressões contra as pessoas identificadas como judias.
Para o regime foi a resposta ao assassinato de Ernst von Rath, um diplomata alemão em Paris, por Herschel Grynszpan, um judeu polaco, condenado múltiplas vezes a deportação da França.
A pedido de Adolf Hitler, Goebbels instiga os dirigentes do NSDAP (Partido Nazi) e os SA a atacarem os judeus. Heydrich organiza as violências que deviam visar as lojas de judeus e as sinagogas. Numa única noite, 91 judeus foram mortos e cerca de 25.000 a 30.000 foram presos e levados para campos de concentração. Cerca de 7.500 lojas judaicas e 267 sinagogas foram reduzidas a escombros.
As ordens determinavam que os SA deviam estar vestidos à paisana, a fim que o movimento parecesse ser um movimento espontâneo de uma população furiosa contra os judeus. Os incêndios também chocaram uma parte da população, mas não o facto de que os judeus tivessem sido atacados fisicamente.
A alta autoridade nazista cobrou uma multa aos judeus de um bilião de marcos, pelas desordens e prejuízos dos quais eles foram as vítimas.
O nome Kristallnacht deriva dos cacos de vidro (vitrinas das lojas, vitrais das sinagogas, entre outros) resultantes deste episódio de violência racista.
 

sexta-feira, novembro 09, 2012

A infame Noite dos Cristais foi há 74 anos

Uma sinagoga destruída em Munique depois da Kristallnacht

A Noite dos Cristais (em alemão Reichskristallnacht, ou, simplesmente, Kristallnacht) é o nome popularmente dado aos atos de violência que ocorreram na noite de 9 de novembro de 1938 em diversos locais da Alemanha e da Áustria, então sob o domínio nazi do Terceiro Reich. Tratou-se de Pogroms, de destruição de sinagogas, de lojas, de habitações e de agressões contra as pessoas identificadas como judias.
Para o regime foi a resposta ao assassinato de Ernst von Rath, um diplomata alemão em Paris, por Herschel Grynszpan, um judeu polaco, condenado múltiplas vezes a deportação da França.
A pedido de Adolf Hitler, Goebbels instiga os dirigentes do NSDAP (o Partido nazi) e os SA a atacarem os judeus. Heydrich organiza a violência que deviam visar as lojas de judeus e as sinagogas. Numa única noite, 91 judeus foram mortos e cerca de 25.000 a 30.000 foram presos e levados para campos de concentração. Cerca de 7.500 lojas judaicas e 1.600 sinagogas foram reduzidas a escombros.
As ordens determinavam que os SA deviam estar à paisana, a fim que o movimento parecesse ser um movimento espontâneo de uma população furiosa contra os judeus. Na verdade, as reações da população foram pouco favoráveis, pois os alemães não apreciam que se ataque ou roube a propriedade alheia. Os incêndios também chocaram uma parte da população, mas não o facto de que os judeus tivessem sido atacados fisicamente.
A alta autoridade nazi cobrou uma multa aos judeus de mil milhões de marcos pelas desordens e prejuízos dos quais eles foram as vítimas.
O nome Kristallnacht deriva dos cacos de vidro (vitrinas das lojas, vitrais das sinagogas, entre outros) resultantes deste episódio de violência racista.
 

terça-feira, abril 19, 2011

O Pogrom de Lisboa foi há 505 anos


No Massacre de Lisboa de 1506, também conhecido como Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, uma multidão perseguiu, violou, torturou e matou centenas de pessoas, acusadas de serem judias. Isto sucedeu antes do início da Inquisição e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1497, durante o reinado de D. Manuel I.

(...)
A historiografia situa o início da matança no Mosteiro de São Domingos (Santa Justa), no dia 19 de Abril de 1506, um domingo, quando os fiéis rezavam pelo fim da seca e da peste que tomavam Portugal, e alguém jurou ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado — fenómeno que, para os católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de misericórdia do Messias - um milagre.
Um cristão-novo que também participava da missa tentou explicar que a luz era apenas o reflexo do sol, mas foi calado pela multidão, que o espancou até a morte.
A partir daí, os judeus da cidade que anteriormente já eram vistos com desconfiança tornaram-se o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre se sucederam, incitados por frades dominicanos que prometiam absolvição dos pecados dos últimos 100 dias para quem matasse os "hereges",e que juntaram um grupo de mais de quinhentas pessoas incluindo marinheiros da Holanda, da Zelândia e de outras terras com as suas promessas.
A corte encontrava-se em Abrantes - onde se instalara para fugir à peste - quando o massacre começou. D. Manuel I tinha-se posto a caminho de Beja, para visitar a mãe. Terá sido avisado dos acontecimentos em Avis, logo mandando magistrados para tentar pôr fim ao banho de sangue. Entretanto, mesmo as poucas autoridades presentes foram postas em causa e, em alguns casos, obrigadas a fugir.
Como consequência, homens, mulheres e crianças foram torturados, massacrados, violados e queimados em fogueiras improvisadas no Rossio. Os judeus foram acusados entre outros "males", de deicídio e de serem a causa da profunda seca e da peste que assolava o país. A matança durou três dias - de 19 a 21 de Abril, na Semana Santa de 1506 - e só acabou quando foi morto um cristão-novo que era escudeiro do rei, João Rodrigues Mascarenhas, e as tropas reais afinal chegaram para restaurar a ordem.