terça-feira, dezembro 03, 2019

Renoir morreu há um século

Desde o princípio que a sua obra foi influenciada pela sensualidade e pela elegância do rococó, embora não faltasse um pouco da delicadeza do seu ofício anterior, como decorador de porcelana. O seu principal objetivo, como ele próprio afirmava, era conseguir realizar uma obra agradável para o olhar. Apesar de sua técnica ser essencialmente impressionista, Renoir nunca deixou de dar importância à forma - de facto, teve um período de rebeldia diante das obras de seus amigos, no qual se voltou para uma pintura mais figurativa, evidente na longa série Banhistas. Mais tarde retomaria a plenitude da cor e recuperaria a sua pincelada enérgica e ligeira, com motivos que lembram o mestre Ingres, pela sua beleza e sensualidade.
A sua obra de maior impacto é Le Moulin de la Galette, em que conseguiu elaborar uma atmosfera de vivacidade e alegria à sombra refrescante de algumas árvores, aqui e ali intensamente azuis. Percebendo que traço firme e riqueza de colorido eram coisas incompatíveis, Renoir concentrou-se em combinar o que tinha aprendido sobre cor, durante o seu período impressionista, com métodos tradicionais de aplicação de tinta. O resultado foi uma série de obras-primas bem ao estilo de Ticiano, assim como de Fragonard e Boucher, pintores a quem ele admirava. Os trabalhos que Renoir incluiu numa mostra individual de 1870, organizada pelo marchand Paul Durand-Ruel, foram elogiados, e o seu primeiro reconhecimento oficial veio quando o governo francês comprou Ao Piano, em 1892.
   
Primeiros anos
Renoir nasceu em Limoges, a 25 de fevereiro de 1841. O seu pai, Léonard, era alfaiate e a sua mãe, Marguerite, costureira. Eram uma família de classe média e, em 1844, mudaram-se para Paris, para tentar uma vida melhor. Renoir estudou até aos 13 anos, depois começou a trabalhar numa fábrica de porcelana dos Irmãos Lévy, onde pintava buquês e flores em artigos de porcelana. Ficou na fábrica até aos 17 anos e depois foi trabalhar para M. Gilbert, pintando temas religiosos vendidos a missionários e pintou em leques e tecidos, que eram mais bem remunerados na época e que lhe permitiu juntar algumas economias.
Em 1862, após juntar dinheiro com o seu trabalho, Renoir realiza seu sonho: aos 21 anos muda-se para Paris e entra para a École des Beaux-Arts de Paris ("Escola de belas artes"). Entrou também para o ateliê de Charles Gleyre. Assistindo às aulas no ateliê, além de aperfeiçoar a sua técnica, conquistou a amizade de Alfred Sisley, Monet e Bazille, com quem compartilhou dias de muita conversa e teorização em Paris e de árduo trabalho em Argenteuil, pintando ao ar livre.
Em 1863 Renoir abandonou a École des Beaux-Arts e passou a pintar ao ar livre, em Fontainebleau. A sua primeira obra, A Esmeralda,  entrou para o Salão em 1864 e com ela Renoir conseguiu um certo sucesso. Porém, após a exposição, Renoir destruiu-a. Em 1865 Renoir e os seus amigos tornaram-se próximos de Monet.
Com a guerra franco-prussiana, os seus amigos pintores dispersaram-se e Renoir passou a hospedar-se constantemente na casa do amigo Jules Le Couer. Foi na casa de Le Couer que Renoir conheceu Lise Trèhot, que passou a ser a sua modelo preferida durante um certo tempo. Entre as obras de destaque em que Lise posou estão: "Mulher com a sombrinha" (de 1867), "A jovem Cigana" (de 1868) e do seu último quadro como modelo, que foi "Mulher com periquito" (de 1871).
Lise com a sombrinha é considerada a sua primeira obra de destaque. Lise posou para a tela em Fontainebleau, entre as folhagens de uma floresta, com um vestido todo branco onde poderia apreciar-se os jogos de luz e sombra. A obra era inspirada em Coubert. Apesar do relativo sucesso da obra na ocasião, Renoir atravessava dificuldades financeiras. Em 1869 morava com Lise, de dezanove anos, na casa dos seus pais.
Em 1870 Renoir alistou-se na cavalaria para lutar na guerra franco-prussiana, mas um ano depois, por causa de uma doença, teve de sair. Neste mesmo ano, morreria na guerra o seu amigo Bazille.
   
Período impressionista
Entre 1870 e 1883, Renoir entra no seu período impressionista. Pinta várias paisagens mas suas obras são mais caracterizadas ao retratar a vida social urbana.
Em 1872 expôs a tela "Mulheres parisienses vestidas de argelinas" no Salão Oficial, o que lhe conferiu grande sucesso. No ano seguinte, Renoir alugaria um apartamento em Montmartre onde pintou duas obras famosas: "O camarote" e "A bailarina". Em 1873, juntamente com os seus amigos impressionistas, Renoir expôs as suas obras no salão alternativo ao Salão Oficial de Paris, que foi um fracasso. Neste salão alternativo, Renoir vendeu o seu quadro "O camarote" por 425 francos.
Em 1875 Renoir vendeu "O passeio" por 1.200 francos. Com o dinheiro ele pode alugar um prédio maior em Montmartre onde ele pintou várias obras. Em 1876 Renoir pintou várias obras famosas: "Nu ao sol", "O balanço" e "Le moulin de la galette". A obra "Le moulin de la galette" foi exposto no terceiro salão alternativo dos impressionistas e trouxe-lhe grande reputação.
   
Período seco
Em 1881, Renoir passaria a buscar novas inspirações. Primeiro foi à Argélia depois à Itália. Na Itália, Renoir conheceu os grandes centros: Milão, Roma, Veneza, Nápoles. O que mais lhe impressionou na viagem foi ver de perto as obras de Rafael.
A viagem foi uma inspiração para buscar mais consistência em sua obra tentou tornar-se um artista em grande estilo renascentista. As figuras de suas obras tornaram-se mais imponentes e formais, e muitas vezes abordou temas da mitologia clássica. O contorno de seus personagens tornaram-se mais precisos, formas desenhadas com mais rigor e cores mais frias.
Além de Rafael, Renoir foi influenciado pela obra de Ingres, pintor neoclássico, que admirava e defendia em debates com os amigos impressionistas.
Este novo período da sua arte, de 1883 a 1887, ficou conhecido como período seco. Nesta nova fase não fez mais pintura ao ar livre.
Renoir começaria a realizar estudos do qual surgiria uma de suas grandes obras: "As grandes banhistas", que só ficou pronta em 1887. 
   
Período iridescente
Chamada pelo pintor de período iridescente, a partir de 1889 Renoir mudaria novamente de estilo. Era uma fase de recuperação da liberdade da juventude. Em 1890 pintou "Duas meninas colhendo flores" e "No prado". Passou também a pintar muitos nus e retratos (ainda uma das maiores fontes económicas do pintor).
Em 1894 Renoir teve mais um filho, Jean Renoir, que se tornaria um grande cineasta francês cuja maiores obras seriam A grande Ilusão e A Regra do jogo. Em 1901 Renoir e Aline tiveram mais um filho, Claude, conhecido como de Coco.
Em 1903 Renoir, ao piorar da artrite, mudou-se para Cagnes. Passou a retratar Gabrielle, jovem contratada para servir os seus pequenos filhos.
Sentindo cada vez mais dificuldades para segurar os pincéis e acabou tendo que amarrá-los às mãos. Começou também a esculpir, na esperança de poder expressar o seu espírito criativo através da modelagem, mas até para isso ele precisou de ajuda, que veio na forma de dois jovens artistas, Richard Gieino e Louis Morel, que trabalhavam segundo as suas instruções.
Apesar das graves limitações físicas, Renoir continuou trabalhando até ao último dia da sua vida. Em 1908 pintou a sua versão para "O julgamento de Paris".
Aline morreu em 1915 e Renoir em 1919, aos 78 anos. Foi sepultado no Essoyes Cimetière, em Essoyes.
"O camarote", 1874
  
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O Desastre de Bhopal foi há 35 anos

O Desastre de Bhopal, foi um acidente industrial que ocorreu na madrugada de 3 de dezembro de 1984, em Bhopal, quando houve uma fuga de 40 toneladas de gases tóxicos na fábrica de pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide. É considerado o maior desastre industrial e químico ocorrido até hoje, quando mais de 500 mil pessoas foram expostas aos gases. A principal causa do desastre foi negligência com a segurança. O número total de mortes é controverso: houve num primeiro momento cerca de 3.000 mortes diretas, mas estima-se que outras 10 mil ocorreram devido a doenças relacionadas com a inalação do gás. A Union Carbide, empresa de pesticidas de origem americana, negou-se a fornecer informações detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, e, como consequência, os médicos não tiveram condições de tratar adequadamente os indivíduos expostos. Cerca de 150 mil pessoas ainda sofrem com os efeitos do acidente e aproximadamente 50 mil pessoas estão incapacitadas para o trabalho, devido a problemas de saúde. As crianças que nascem na região filhas de pessoas afetadas pelos gases também apresentam problemas de saúde. Mesmo hoje os sobreviventes do desastre e as agências de saúde da Índia ainda não conseguiram obter da Union Carbide e do novo dono, a Dow Química (Dow Chemicals), informações sobre a composição dos gases que vazaram e seus efeitos à saúde humana. A fábrica da Union Carbide em Bhopal permanece abandonada desde a explosão tóxica, enquanto que resíduos perigosos e materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando o solo e as águas subterrâneas, dentro e na zona envolvente da antiga fábrica. Sabe-se hoje que o composto químico era o isocianato de metilo.

A tragédia poderia ter sido evitada. Os sistemas de segurança da fábrica eram insuficientes, devido ao corte de despesas com segurança imposto pela empresa-mãe, nos EUA, que por sua vez acontece por causa do lucro esperado da indústria não ser suficiente.
Até os dias de hoje não se sabe quem seria realmente o responsável pelo incidente, a empresa responsável pela Union Carbide, a Dow Chemical Company, começou por acusar um suposto movimento terrorista indiano. Mais tarde, quando a história se tornou insustentável, acusou um empregado de sabotagem. O processo arrastou-se longos anos até que um tribunal dos EUA decretasse que a sabotagem tinha sido o fator que levou ao desastre. A Dow Chemicals nunca aceitou que o julgamento fosse feito no local onde efetivamente deveria ter sido realizado, na Índia. O responsável pela fábrica continua fugido nos EUA e os pedidos de extradição para a Índia foram sistematicamente recusados.
Em 2001, a Dow Química comprou a Union Carbide. Por esta aquisição, a Dow passou a ser responsável não apenas pelos ativos da empresa, como também por seus passivos ambientais e pelos crimes cometidos em Bhopal. No entanto, a Dow continua negando a sua responsabilidade pelo crime cometido.
A empresa tentou livrar-se da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre, pagando ao governo da Índia uma indemnização irrisória em face à gravidade da contaminação. A Union foi intimada a compensar aqueles que, com o desastre, perderam a sua capacidade de trabalhar. A companhia recusou a pagar 220 milhões de dólares exigidos pelas organizações de sobreviventes. Em fevereiro de 1989, depois de cinco anos de disputa legal, o Governo Indiano e a empresa chegaram a um acordo de pagamento de 470 milhões de dólares. Supostamente, esta quantia deveria pôr fim a toda responsabilidade da indústria perante a sociedade. A indemnização médica, de 370 a 533 dólares por pessoa, seria suficiente apenas para cobrir despesas médicas de cinco anos. Muitas das vítimas, incluindo crianças, sofrerão os efeitos pelo resto da vida. A indemnização acordada não cobriu despesa médicas ou prejuízos relacionados com a exposição contínua à área contaminada. O maior acidente industrial do mundo custou à Union Carbide apenas 0,48 dólares por ação.
Os moradores encontram-se revoltados e indignados com a situação em que vivem. Rachna Dhingra é um morador que sente na pele a tortura causada pela toxicidade do local e, segundo ele, o governo não é nem um pouco sensível à essa situação: olha para os sobreviventes com um olhar de desgosto. Boatos dizem que as vítimas não receberam todo o dinheiro da compensação paga pela Union Carbide ao governo.
Vinte e cinco anos depois, as ações tomadas foram apenas retóricas ou cosméticas. As pessoas continuam, na prática, sem qualquer tipo de compensação ou apoio que lhes permitam, por exemplo, cuidados médicos relativos com a sua situação de saúde e a Dow continua a afirmar que essas compensações nunca terão lugar.
Em 7 de Junho de 2010, um tribunal indiano condenou a empresa química norte-americana Union Carbide e sete dos seus funcionários, de nacionalidade indiana, por negligência agravada, com sentenças de prisão a ascenderem aos dois anos, mais multas.
Segundo a Union Carbide a empresa alega hoje em dia no seu site que a fuga de gás da fábrica em Bhopal, na Índia, foi causado por um ato de sabotagem, que resultou em perda trágica de vidas.
  

segunda-feira, dezembro 02, 2019

O segundo Imperador do Brasil, irmão da Rainha D. Maria II de Portugal, nasceu há 194 anos

D. Pedro II (Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825Paris, 5 de dezembro de 1891), alcunhado o Magnânimo foi o segundo e último monarca do Império do Brasil, tendo reinado no país durante um período de 58 anos. Nascido no Rio de Janeiro, foi o filho mais novo do Imperador D. Pedro I do Brasil e da Imperatriz D. Maria Leopoldina de Áustria e, portanto, membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança. A abrupta abdicação do pai e sua viagem para a Europa tornaram Pedro Imperador com apenas cinco anos, resultando isso numa infância e adolescência tristes e solitárias. Obrigado a passar a maior parte do seu tempo estudando para se preparar para imperar, ele conheceu momentos breves de alegria e poucos amigos de sua idade. As suas experiências com intrigas palacianas e disputas políticas durante este período tiveram grande impacto na formação do seu caráter. Pedro II cresceu para se tornar um homem com forte senso de dever e devoção ao seu país e seu povo. Por outro lado, ele ressentiu-se cada vez mais do seu papel como monarca.
Herdando um Império no limiar da desintegração, Pedro II transformou o Brasil numa potência emergente na arena internacional. A nação cresceu para distinguir-se de seus vizinhos hispano-americanos devido à sua estabilidade política, a liberdade de expressão zelosamente defendida, respeito aos direitos civis, a seu crescimento económico vibrante e especialmente por sua forma de governo: uma funcional monarquia parlamentar constitucional. O Brasil também foi vitorioso em três conflitos internacionais (a Guerra do Prata, a Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai) sob o seu reinado, assim como prevaleceu em outras disputas internacionais e tensões domésticas. Pedro II impôs com firmeza a abolição da escravidão apesar da oposição poderosa de interesses políticos e económicos. Um erudito, o Imperador estabeleceu uma reputação como um vigoroso patrocinador do conhecimento, cultura e ciências. Ganhou o respeito e admiração de estudiosos como Graham Bell, Charles Darwin, Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, e foi amigo de Richard Wagner, Louis Pasteur, Jean-Martin Charcot, Henry Wadsworth Longfellow, dentre outros.
Apesar de não haver desejo por uma mudança na forma de governo da maior parte dos brasileiros, o Imperador foi retirado do poder num súbito golpe de Estado que não tinha maior apoio fora de um pequeno grupo de líderes militares que desejam uma república governada por um ditador. Pedro II havia se cansado da posição de Imperador e ficado desiludido quanto às perspectivas do futuro da monarquia, apesar de seu grande apoio popular. Ele não permitiu qualquer medida contra a sua remoção e não apoiou qualquer tentativa de restauração da monarquia. Passou os seus últimos dois anos de vida no exílio na Europa, vivendo só e com poucos recursos.
O reinado de Pedro II veio a um final incomum — ele foi deposto apesar de altamente apreciado pelo povo e no auge de sua popularidade, e algumas de suas realizações logo foram desfeitas visto que o Brasil deslizou para um longo período de governos fracos, ditaduras e crises constitucionais e económicas. Os homens que o exilaram logo começaram a enxergá-lo como um modelo para a república brasileira. Algumas décadas após a sua morte, sua reputação foi restaurada e seus restos mortais foram trazidos de volta ao Brasil como os de um herói nacional. A sua reputação perdura até ao presente. Os historiadores têm dele uma visão extremamente positiva, sendo considerado por vários o maior brasileiro de sempre.

Há 65 anos o Senado norte-americano censurou o senador McCarthy

Joseph Raymond McCarthy (Grand Chute, Wisconsin, 14 de novembro de 1908Bethesda, Maryland, 2 de maio de 1957) foi um político norte-americano, membro inicialmente do Partido Democrata, e mais tarde do Partido Republicano. McCarthy foi senador do Estado de Wisconsin entre 1947 e 1957.
Nascido e criado numa fazenda em Wisconsin, McCarthy graduou-se em Direito em 1935 e em 1939 foi eleito o mais jovem juiz da história do estado. Aos 33 anos, McCarthy inscreveu-se como voluntário no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e serviu durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1946 foi eleito para o Senado dos Estados Unidos e, depois de três anos sem grande destaque, em fevereiro de 1950 McCarthy subitamente destacou-se no cenário nacional ao afirmar num discurso que tinha uma lista dos "membros do Partido Comunista e dos membros de uma rede de espionagem" empregados dentro do Departamento de Estado Norte Americano. Devido as tensões da Guerra Fria que alimentaram temores de subversão comunista generalizada, a declaração de McCarthy transformaram-no na figura pública mais visível. Passou a ser conhecido pelas suas declarações de que havia um grande número de comunistas, espiões soviéticos e simpatizantes dentro do governo federal norte-americano.
Nos anos subsequentes ao seu discurso de 1950, McCarthy fez acusações adicionais de infiltração comunista no Departamento de Estado, no governo do presidente Harry S. Truman, na Voz da América, e no Exército dos Estados Unidos. Ele também usou várias acusações de comunismo, simpatizantes comunistas, deslealdade, ou homossexualidade para atacar um número de políticos e outras pessoas dentro e fora do governo.
Em 1954 após as audiências altamente divulgadas de McCarthy contra o Exército dos Estados Unidos, e, principalmente, após a morte do senador Lester Hunt do Wyoming, por suicídio no mesmo ano, o apoio e a popularidade de McCarthy desapareceram. As suas táticas e a incapacidade para fundamentar as suas alegações levaram-no a ser censurado pelo Senado dos Estados Unidos. Em 2 de dezembro de 1954, numa votação de 67 a 22 o Senado votou pela censura do senador McCarthy, fazendo dele um dos poucos senadores a ser disciplinados desta forma.
Além da sua cruzada anticomunista, McCarthy fez várias tentativas de intimidar e expulsar de cargos públicos, pessoas a quem ele acusou, ou ameaçou acusar publicamente, de homossexualidade. O ex-senador dos EUA Alan K. Simpson escreveu:
O chamado "Medo Vermelho" tem sido o foco principal da maioria dos historiadores daquele período de tempo que um elemento menos conhecido e que prejudicou muito mais pessoas, "caça às bruxas" que McCarthy e outros conduziram contra os homossexuais".
Esta "caça às bruxas" dos homossexuais, travada por McCarthy e outros, tem sido referido por alguns como o "Susto Lavanda".
McCarthy morreu aos 48 anos no Hospital Naval de Bethesda, a 2 de maio de 1957. A causa oficial da morte foi hepatite aguda, entretanto, acredita-se que o mal foi causado, ou pelo menos exacerbado, pelo alcoolismo.
O termo "macartismo", criado em 1950, em referência às práticas de McCarthy, logo foi aplicado a atividades anticomunistas semelhantes. Atualmente, o termo é usado de forma mais geral, em referência às acusações demagógicas, imprudentes, e infundadas, assim como ataques públicos sobre o caráter ou patriotismo dos adversários políticos.

Nelly Furtado - 41 anos

Nelly Kim Furtado (Victoria, 2 de dezembro de 1978) é uma cantora, compositora e atriz luso-canadiana, filha de emigrantes portugueses, mais propriamente da freguesia de Ponta Garça, em São Miguel, nos Açores.
  
    

Napoleão coroou-se Imperador há 215 anos


Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 - Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi Imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 (de 20 de março a 22 de junho).
  
(...)
   
A opinião pública foi mobilizada pelos apoiantes de Napoleão, que levou à aprovação para a implantação definitiva do governo do Império. Em plebiscito realizado em 1804, aprovou-se a nova fase da era napoleónica com quase 60% dos votos, reinstituiu-se o regime monárquico na França e indicou-se Napoleão para ocupar o trono.
Realizou-se uma festa a 2 de dezembro de 1804 para se formalizar a coroação do agora Napoleão I na Catedral de Notre-Dame. Um dos momentos mais notórios da História ocorreu nesta noite, com um ato surpreendente: Napoleão I retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que viajara especialmente para a cerimónia, e ele mesmo se coroou, numa postura para deixar claro que não toleraria autoridade alguma superior à dele. Logo após também coroou a sua esposa, a Imperatriz Josefina.
     

O Marquês de Sade morreu há 205 anos

Donatien Alphonse François de Sade, Marquês de Sade (Paris, 2 de junho de 1740 - Saint-Maurice, 2 de dezembro de 1814) foi um aristocrata francês e escritor libertino. Muitas das suas obras foram escritas enquanto estava na Prisão da Bastilha, encarcerado diversas vezes, inclusive por Napoleão Bonaparte. Do seu nome surge o termo médico sadismo, que define a perversão sexual de ter prazer na dor física ou moral do parceiro ou parceiros. Foi perseguido tanto pela monarquia (Antigo Regime) como pelos revolucionários vitoriosos de 1789 e depois por Napoleão.
   

Britney Spears - 38 anos

Britney Spears (McComb, 2 de dezembro de 1981) é uma cantora, dançarina e compositora norte-americana
   
   

domingo, dezembro 01, 2019

A Mensagem de Fernando Pessoa foi publicada há 85 anos

 
Mensagem é o mais célebre dos livros do poeta português Fernando Pessoa, e o único que ele publicou em vida, se descontarmos os livros de poemas em inglês. Composto por 44 poemas, foi chamado pelo poeta de "livro pequeno de poemas". Publicado em 1934 pela Parceria António Maria Pereira, o livro foi contemplado no mesmo ano com o Prémio Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do Secretariado da Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro, o jovem editor de Orpheu, revista trimestral de literatura, de que saíram 2 números em 1915.

Publicada apenas um ano antes da morte do autor, a obra trata do glorioso passado de Portugal de forma apológica e tenta encontrar um sentido para a antiga grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. Glorifica acima de tudo o estilo camoniano e o valor simbólico dos heróis do passado, como os Descobrimentos portugueses. É apontando as virtudes portuguesas que Fernando Pessoa acredita que o país deva se "regenerar", ou seja, tornar-se grande como foi no passado através da valorização cultural da nação. O poema mais famoso do livro é Mar Português.

O título original do livro era Portugal. Influenciado por um amigo, Pessoa considera "Mensagem" um título mais apropriado, pelo nome "Portugal" se encontrar "prostituído" no mais comum dos produtos. Pessoa constrói a palavra "mensagem" a partir da expressão latina: Mens agitat molem, isto é, "A mente move a matéria", frase da história de Eneida, de Virgílio, dita pela personagem Anquises quando explica a Enéias o sistema do Universo. Pessoa não utiliza o sentido original da frase, que denotava a existência de um princípio universal de onde emanavam todos os seres.

Segundo uma carta datada de 13 de Janeiro de 1935 a Adolfo Casais Monteiro, Mensagem foi o primeiro livro que o poeta conseguiu completar. Pessoa mesmo explica que esse facto demonstra o porquê de não ter publicado outro livro como a prosa de um de seus heterónimos ou a poesia em seu próprio nome.

Numa carta de 1932 de Pessoa a João Gaspar Simões, seu primeiro biógrafo, vemos que a intenção do poeta era publicar primeiramente a Mensagem para somente mais tarde divulgar outras obras como o Livro do Desassossego, do semi-heterónimo Bernardo Soares, e a poesia dos heterónimos.

Foi publicado primeiramente a 1 de dezembro de 1934, com edição da Parceria António Maria Pereira, em Lisboa. A segunda edição, de 1941, possui correcções feitas por Pessoa à primeira edição e foi editada pela Agência Geral das Colónias.

Um mês após a sua primeira publicação, ganhou o prémio na segunda categoria do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) que o premiou com o mesmo valor em dinheiro da primeira categoria.



NOTA: para uma melhor compreensão desta Opus Magna da literatura portuguesa, duas sugestões:

A Conferência de Teerão terminou há 76 anos

A Conferência de Teerão foi o primeiro dos acordos firmados entre as superpotências durante a Segunda Guerra Mundial. A ocasião reuniu pela primeira vez os três grandes estadistas do mundo da época: Estaline, da União Soviética, Winston Churchill, do Reino Unido, e Franklin Delano Roosevelt, dos Estados Unidos. Esta conferência teve lugar em Teerão, entre 28 de novembro e 1 de dezembro de 1943.
Além de lançarem bases de definições de partilhas, decidiu-se que as forças anglo-americanas interviriam na França, completando o cerco de pressão à Alemanha, juntamente com as forças orientais soviéticas, o que concretizou-se com o desembarque dos Aliados na Normandia no Dia D. Deliberou-se ainda sobre a divisão da Alemanha e as fronteiras da Polónia ao terminar a guerra, além de se formularem propostas de paz com a colaboração de todas as nações. Os Estados Unidos e o Reino Unido reconheceram, ainda, a fronteira soviética no Ocidente, com a anexação da Estónia, da Letónia, da Lituânia e do leste da Polónia.

O narcotraficante Pablo Escobar nasceu há setenta anos

Pablo Emilio Escobar Gaviria (Rionegro, 1 de dezembro de 1949Medellín, 2 de dezembro de 1993) conquistou fama mundial como o senhor da droga colombiano, tornando-se um dos homens mais ricos do mundo graças ao tráfico de cocaína nos Estados Unidos e outros países. Membros dos governos norte-americano e colombiano, repórteres de jornais e o público em geral consideram-no o mais brutal, impiedoso, ambicioso e poderoso traficante da história.
   
Vida
Escobar começou o que viria a ser uma das mais bem-sucedidas carreiras criminosas da história na adolescência como ladrão de carros na cidade de Medellín, Colômbia. Ele entrou no negócio da cocaína e começou a construir o seu poderoso império das drogas na década de 70. Durante os anos mais prósperos, ele chegou a lucrar cerca de um milhão de dólares por dia dos seus revendedores.
Na década de 80, Escobar tornou-se conhecido internacionalmente e a sua rede de distribuição de drogas ganhou notoriedade. Dizem que o Cartel de Medellín era responsável pela maior parte das drogas que entravam no México, Porto Rico e República Dominicana, com cocaína comprada principalmente no Peru e da Bolívia, já que a cocaína colombiana era de qualidade inferior. O produto de Escobar chegou a muitos outros países, principalmente nas Américas, embora há quem diga que ele conseguiu chegar até mesmo à Ásia.
Escobar subornou incontáveis oficiais de governos, juízes e outros políticos, e muitas vezes executou pessoalmente subordinados desobedientes. Corrupção e intimidação foram características predominantes do modo de agir de Escobar. Ele tinha uma estratégia inescapável conhecida como plata o plomo, (em língua portuguesa, "dinheiro ou chumbo"), que significava que ou o sujeito aceitava seu dinheiro ou seria assassinado (o chumbo referia-se às balas). Escobar foi o responsável pela morte de três candidatos à presidência da Colômbia, pela explosão do voo Avianca 203 e do prédio de segurança de Bogotá em 1989. Alguns analistas acreditam que ele estava por trás do incidente no Supremo Tribunal Colombiano em 1985, que resultou no assassinato de metade dos juízes pelas guerrilhas de esquerda. O Cartel de Medellín também esteve envolvido numa sangrenta guerra pelo controle do tráfico com o Cartel de Cali durante quase toda a sua existência. Pablo mandava cartas para suas vítimas, convidando-as para os seus respectivos enterros, e os seus capatazes as executavam precisamente na data marcada para o funeral.
No auge de seu império, a revista Forbes colocou Pablo Escobar como o sétimo homem mais rico do mundo, com o seu Cartel de Medellín controlando 80% do mercado mundial de cocaína. A sua organização tinha aviões, lanchas e veículos caros. Vastas propriedades e terras eram controladas por Escobar durante esse período, onde ganhava uma soma de dinheiro quase incalculável. Estima-se que o Cartel de Medellín chegou a lucrar cerca de 30 mil milhões de dólares por ano.
Enquanto era considerado um inimigo dos governos dos Estados Unidos e da Colômbia, Escobar era um herói para muitos em Medellín. Ele tinha bons relacionamentos e trabalhou para melhorar as condições de vida da população pobre da cidade. Fã de desportos, é-lhe creditada a construção de estádios de futebol e o financiamento de equipas na cidade. Escobar sempre se esforçou para cultivar uma imagem de Robin Hood e frequentemente distribuía dinheiro aos pobres. A população de Medellín costumava ajudar Escobar, escondendo informações das autoridades ou fazendo o que quer que fosse para protegê-lo.
Em 1992, Escobar voltou-se para o governo colombiano para evitar a sua extradição para os Estados Unidos ou ser assassinato por um cartel rival. Escobar foi "preso" na sua luxuosa prisão particular, La Catedral, que ele próprio construiu. Ele negociou um acordo com o governo colombiano onde ele seria preso, com uma sentença de cinco anos e a garantia de sua não-extradição para os Estados Unidos. Entretanto, a sua "prisão" parecia muito mais um clube particular ultra-seguro, e ele não se importou muito com a sua sentença, sendo visto várias vezes fora da prisão: fazendo compras em Medellín, em festas, jogos de futebol e outros lugares públicos. Após a divulgação de fotos dos seus passeios e de acusações de que ele teria matado muitos de seus parceiros de negócios quando eles iam visitá-lo em La Catedral, a opinião pública forçou o governo a agir. Quando um oficial do governo tentou transferir Escobar para uma outra prisão, a 22 de julho de 1992, ele escapou, com medo de ser extraditado para os Estados Unidos.
   
Captura e morte
A guerra contra Escobar terminou quando ele tentava iludir mais uma vez o Grupo de Procura. Usando uma tecnologia de triangulação de rádio fornecida pelos Estados Unidos, uma equipa de especialistas em eletrónica colombianos encontrou-o num bairro de classe média de Medellín. Um tiroteio entre Escobar e a polícia ocorreu então. Alguns acreditam que atiradores de elite participaram da operação. A forma como Escobar foi morto neste confronto foi bastante questionada, mas sabe-se que ele foi encurralado num telhado e levou tiros na perna, nas costas e, o tiro fatal, perto do ouvido.
A caçada a Pablo Escobar foi documentada no livro com o título de Matando Pablo: A Caçada ao Maior Fora-Da-Lei de Que Se Tem Notícia, de Mark Bowden, publicado em 2004 no Brasil pela Editora Landscape e no filme de 2005 baseado nesse livro.
Depois da morte de Escobar, o Cartel de Medellín fragmentou-se e o domínio do mercado de cocaína rapidamente foi assumido pelo rival Cartel de Cali até meados da década de 90, quando os seus líderes também foram capturados ou mortos.
  

Há setenta anos o Tratado da Antártida permitiu definir regras sobre o último continente sem fronteiras

Bandeira do Tratado da Antártida

O Tratado da Antártida é o documento assinado em 1 de dezembro de 1959 pelos países que reclamavam a posse de partes continentais da Antártida, em que se comprometem a suspender suas pretensões por período indefinido, permitindo a liberdade de exploração científica do continente, em regime de cooperação internacional.
O tratado possui um regime jurídico que estende a outros países, além dos 12 iniciais, a possibilidade de se tornarem partes consultivas nas discussões que regem o "status" do continente quando, demonstrando o seu interesse, realizarem atividades de pesquisa científica substanciais.
A área abrangida pelo Tratado da Antártida situa-se ao sul do paralelo 60 S, e nela aplicam-se os seus 14 artigos, que consagram princípios como a liberdade para a pesquisa científica, a cooperação internacional para esse fim e a utilização pacífica da Antártida, proibindo expressamente a militarização da região e sua utilização para explosões nucleares ou como depósito de resíduos radioativos.
Mapa das estações de pesquisa e pretensões territoriais na Antártida (2002)
   
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Janelle Monáe - 34 anos

Janelle Monáe Robinson (Kansas City, Kansas, 1 de dezembro de 1985) conhecida apenas como Janelle Monáe, é uma cantora, compositora e bailarina norte-americana. Lança em 2008 Metropolis: Suite I (The Chase). O EP foi bem recebido pela crítica, dando a Monáe em 2009, uma nomeação para o Grammy Best Urban/Alternative Performance, pelo single "Many Moons".
   
    

Hoje é o Dia da Restauração!

A Restauração da Independência é a designação dada ao golpe de estado revolucionário ocorrido a 1 de dezembro de 1640, chefiada por um grupo designado de Os Quarenta Conjurados e que se alastrou por todo o Reino, pela revolta dos portugueses contra a tentativa da anulação da independência do Reino de Portugal pela governação da Dinastia filipina castelhana, e que vem a culminar com a instauração da IV Dinastia Portuguesa - a Casa de Bragança - com a aclamação do Duque D. João II com El-Rei D. João IV.
  
  
Esse dia, designado como Primeiro de Dezembro ou Dia da Restauração, é comemorado anualmente em Portugal com muita pompa e circunstância desde o tempo da monarquia constitucional. Uma das primeiras decisões da República Portuguesa, em 1910, foi passá-lo a feriado nacional como medida popular e patriótica. No entanto, essa decisão foi revogada pelo XIX Governo Constitucional, passando o feriado a comemorar-se em dia não útil a partir de 2012.
Obelisco comemorativo da restauração da independência em Lisboa
    
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sábado, novembro 30, 2019

Poema adequado à data...

Fernando Pessoa - pintura de Almada Negreiros
 
 
Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa morreu há 84 anos

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 - Lisboa, 30 de novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português.
Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português, ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico literário Harold Bloom considerou Pessoa como "Whitman renascido", e o incluiu no seu cânone entre os 26 melhores escritores da civilização ocidental, não apenas da literatura portuguesa mas também da inglesa.
Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu várias obras em inglês (v.g. Shakespeare e Edgar Poe) para o português, e obras portuguesas (nomeadamente de António Botto e Almada Negreiros) para o inglês.
Enquanto poeta, escreveu sob múltiplas personalidades – heterónimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas como Yeats, Pound, Elliot inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava poetas inteiros."
 
Vida
1888: Fernando António Nogueira Pessoa nasce, a 13 de junho. É batizado em julho.
1893: Em janeiro, nasce o seu irmão Jorge. A 13 de julho, o pai morre, de tuberculose. A família é obrigada a leiloar parte dos bens.
1894: O irmão de Fernando, Jorge, morre em janeiro. Pessoa cria o seu primeiro heterónimo. O futuro padrasto, João Miguel Rosa, é nomeado cônsul interino em Durban, na África do Sul.
1895: Em julho, Fernando escreve o seu primeiro poema e João Miguel Rosa parte para Durban. Em dezembro, João Miguel Rosa casa-se com a mãe de Fernando, por procuração.
1896: Em 7 de janeiro, é concedido o passaporte à mãe, e a família parte para Durban. A 27 de novembro, nasce Henriqueta Madalena, irmã do poeta.
1897: Fernando faz o curso primário e a primeira comunhão em West Street.
1898: Nasce, a 22 de outubro, a sua segunda irmã, Madalena Henriqueta.
1899: Ingressa na Durban High School em abril. Cria o pseudónimo Alexander Search.
1900: Em janeiro, nasce o terceiro filho do casal, Luís Miguel. Em junho, Pessoa passa para a Form III e é premiado em francês.
1901: Em junho, é aprovado no exame da Cape School High Examination. Madalena Henriqueta falece e Fernando começa a escrever as primeiras poesias em inglês. Em agosto, parte com a família para uma visita a Portugal.
1902: Em janeiro, nasce, em Lisboa, o seu irmão João Maria. Fernando vai à ilha Terceira em maio. Em junho, a família retorna a Durban. Em setembro, Fernando volta sozinho para Durban.
1903: Submete-se ao exame de admissão à Universidade do Cabo, tirando a melhor nota no ensaio em inglês e ganhando assim o Prémio Rainha Vitória.
1904: Em agosto, nasce a sua irmã Maria Clara e em dezembro termina os estudos na África do Sul.
1905: Parte definitivamente para Lisboa, onde passa a viver com a avó Dionísia. Continua a escrever poemas em inglês.
1906: Matricula-se, em outubro, no Curso Superior de Letras. A mãe e o padrasto retornam a Lisboa e Pessoa volta a morar com eles. Falece, em Lisboa, a sua irmã Maria Clara.
1907: A família retorna uma vez mais a Durban. Pessoa passa a morar com a avó. Desiste do Curso Superior de Letras. Em agosto, a avó morre. Durante um curto período, Pessoa estabelece uma tipografia.
1908: Começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em escritórios comerciais.
1910: Escreve poesia e prosa em português, inglês e francês.
1912: Publica na revista Águia o seu primeiro artigo de crítica literária. Idealiza Ricardo Reis.
1913: Intensa produção literária. Escreve O Marinheiro.
1914: Cria os heterónimos Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Escreve os poemas de O Guardador de Rebanhos e também o Livro do Desassossego.
1915: Sai em março o primeiro número de Orpheu. Pessoa "mata" Alberto Caeiro.
1916: O seu amigo Mário de Sá-Carneiro suicida-se.
1918: Publica poemas em inglês, resenhados com destaque no "Times".
1920: Conhece Ofélia Queiroz. A sua mãe e seus irmãos voltam para Portugal. Em outubro, atravessa uma grande depressão, que o leva a pensar em internar-se numa casa de saúde. Rompe com Ofélia.
1921: Funda a editora Olisipo, onde publica poemas em inglês.
1924: Aparece a revista "Atena", dirigida por Fernando Pessoa e Ruy Vaz.
1925: A 17 de março, morre, em Lisboa, a mãe do poeta.
1926: Dirige com um seu cunhado a "Revista de Comércio e Contabilidade". Requer patente de uma invenção sua.
1927: Passa a colaborar com a revista Presença.
1929: Volta a relacionar-se com Ofélia.
1931: Rompe novamente com Ofélia.
1934: Publica Mensagem.
1935: Em 29 de novembro, é internado com o diagnóstico de cólica hepática. Morre no dia 30 do mesmo mês.

 
Prece
 
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode ergue-la ainda.

Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ânsia-
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!

 
in Mensagem (1934) - Fernando Pessoa

A Guerra Soviético-Finlandesa começou há 80 anos


Soldado finlandês com um cocktail molotov durante a Guerra de Inverno

A Guerra de Inverno, também conhecida como a Guerra Soviético-Finlandesa ou Guerra Russo-Finlandesa, começou quando a União Soviética atacou a Finlândia a 30 de novembro de 1939, três meses após o início da Segunda Guerra Mundial. O conflito arrastou-se até 12 de março de 1940, quando um tratado de paz foi assinado, cedendo 10% do território finlandês, e 20% da sua capacidade industrial, à União Soviética.
O motivo dos soviéticos não terem vencido tão facilmente como previam deve-se, por um lado, às purgas de 1937 no comando do Exército Vermelho e à falta de espírito de luta dos atacantes, e, por outro lado, ao êxito da resistência finlandesa, liderada pelo marechal Mannerheim.
Como consequência, a União Soviética foi banida da Liga das Nações a 14 de dezembro de 1939. Estaline tinha esperado conquistar todo o país até ao final de 1939, mas a resistência finlandesa frustrou as forças soviéticas, que eram em maior número (mais de 3 soviéticos para 1 finlandês).
O resultado da guerra foi misto. Embora as forças soviéticas finalmente tivessem conseguido atravessar a defesa finlandesa, nenhum lado, quer a União Soviética ou a Finlândia, emergiu do conflito vitorioso. As perdas soviéticas na frente de combate foram tremendas, e a posição internacional do país sofreu.
E ainda pior, as habilidades de combate do Exército Vermelho foram postas em questão, um facto que contribuiu com um grande impacto para a decisão de Hitler de lançar a Operação Barbarossa. Finalmente, as forças soviéticas não alcançaram o seu objectivo primário de conquistar a Finlândia, mas ganharam apenas uma secessão de território ao longo do Lago Ladoga. Os finlandeses asseguraram a sua soberania e ganharam uma posição internacional considerável.
O tratado de paz de 12 de março de 1940 impediu os preparativoss franco-britânicas de envio de apoio à Finlândia através da Escandinávia do Norte (a campanha Aliada na Noruega) que impediria também o acesso alemão às minas de ferro no norte da Suécia. A invasão pela Alemanha Nazi da Dinamarca e da Noruega, a 9 de abril de 1940 - Operação Weserübung - desviou então a atenção do mundo para a luta pela controlo da Noruega.
A Guerra de Inverno foi um desastre militar para a União Soviética. Contudo, Estaline aprendeu com este fiasco e compreendeu que o controlo sobre o Exército Vermelho já não era possível. Após a Guerra de Inverno, o Kremlin iniciou o processo de reinstaurar oficiais qualificados e de modernizar as suas forças, uma decisão que viria a permitir que os soviéticos resistissem à invasão alemã.
   
Precedentes
A Finlândia tinha uma longa história como parte do reino sueco quando fora conquistada, em 1808, pela Rússia, tornando-se num estado estabilizante para proteger a então capital russa. Após a revolução que trouxe um governo soviético ao poder na Rússia, a Finlândia declarou-se independente a 6 de dezembro de 1917. Fortes relações entre a Finlândia e a Alemanha foram criadas quando o movimento de independência da Finlândia era apoiado pela Alemanha Imperial durante a Primeira Guerra Mundial. Numa subsequente Guerra Civil tropas Jäger finlandesas treinadas pelos alemães e tropas regulares alemãs tiveram um papel crucial. Apenas a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial dificultou o estabelecimento de uma monarquia dependente da Alemanha, sob o poder de Frederico Carlos de Hesse como Rei da Finlândia. Após a guerra, as relações entre a Alemanha e a Finlândia foram mantidas, embora a simpatia finlandesa com os Nacionais Socialistas (nazis) não fosse a melhor.
Com as relações entre a União Soviética e a Finlândia tensas e congeladas - tanto os dois períodos de russificação forçada, ao virar do século, como o legado da rebelião socialista na Finlândia, contribuíram para uma forte desconfiança mútua. Estaline temia que a Alemanha nazi atacasse mais cedo ou mais tarde, e, que com a fronteira Soviético-Finlandesa, apenas a 32 quilómetros de distância de Leninegrado, o território finlandês providenciaria uma excelente base para o ataque alemão - algo que Estaline tentava evitar. Em 1932, a União Soviética assinou um pacto de não-agressão com a Finlândia. O acordo foi reafirmado em 1934 para os 10 anos seguintes.
Em abril de 1938 ou possivelmente mais cedo, a União Soviética encetou negociações diplomáticas com a Finlândia, tentando melhorar as defesas mútuas contra a Alemanha. A principal preocupação da União Soviética era que a Alemanha utilizaria a Finlândia como uma ponte para o ataque a Leninegrado, e começou a fazer exigências ao governo finlandês de grandes áreas. Mais de um ano passou sem progresso significante e a situação política na Europa piorou.
A Alemanha nazi e a União Soviética assinaram um pacto mútuo de não-agressão, o pacto Ribbentrop-Molotov, a 23 de agosto de 1939. O pacto também incluía uma cláusula secreta incluindo a divisão dos países da Europa de Leste e bálticos entre os dois países. Foi concordado que a Finlândia estaria na "esfera de influência" soviética. O ataque alemão à Polónia, a 1 de setembro, foi seguido 16 dias depois pela Invasão Soviética da Polónia, a leste. Em apenas algumas semanas tinham dividido o país entre si.
No outono de 1939, após o ataque alemão na Polónia, a União Soviética finalmente exigiu que a Finlândia concordasse em mover a fronteira mais 25 km para além de Leninegrado, que nesta altura estava apenas a 32 quilómetros da Finlândia. E também exigiu que a Finlândia emprestasse a Peninsula de Hanko à União Soviética por 30 anos para a criação de uma base naval lá. Em troca, a União Soviética oferecia uma grande parte da Carélia (duas vezes tão grande, mas menos desenvolvida).
Mas o governo finlandês recusou-se a seguir as exigências soviéticas. A 26 de novembro os soviéticos simularam um bombardeamento finlandês contra Mainila, um incidente no qual artilharia soviética bombardeou áreas perto da vila russa de Mainila, procedendo ao anúncio que um ataque de artilharia finlandesa tinha matado tropas soviéticas. A União Soviética exigiu que os finlandeses pedissem desculpas pelo incidente e movessem as suas forças 20 a 25 quilómetros da fronteira. Os finlandeses negaram qualquer responsabilidade pelo ataque e recusaram-se a seguir as indicações soviéticas. A União Soviética utilizou isto como uma desculpa para quebrar o pacto de não-agressão. A 30 de novembro as forças soviéticas atacaram, com 23 divisões, totalizando 450.000 homens, que rapidamente alcançaram a Linha de Mannerheim.
Um regime fantoche foi criado na vila fronteiriça finlandesa ocupada de Terijoki (hoje Zelenogorsk) a 1 de dezembro de 1939, sob a protecção da República Democrática Finlandesa e liderada por Otto Ville Kuusinen, ambas por causas diplomáticas (imediatamente tornou-se o único governo da Finlândia reconhecido pela União Soviética) e por militares (esperavam que levasse os socialistas e comunistas existentes no Exército Finlandês a abandonarem a luta) mas não foi particularmente bem-sucedido. Esta república existiu até 12 de março de 1940, quando foi eventualmente incorporada na República Socialista Karelo-Finlandesa Russa.
  
Armistício
No final do inverno tinha-se tornado claro que os russos já estavam suficientemente fartos da situação, e os representantes alemães sugeriram que a Finlândia deveria negociar com a União Soviética. As baixas russas tinham sido enormes e a situação era fonte de um embaraço político para o regime soviético. Com a Primavera a chegar, as forças russas viam-se a ficar paralisadas nas florestas, e um esboço de termos de paz foi apresentado à Finlândia a 12 de fevereiro. Não apenas os alemães estavam à espera do fim da guerra, mas também os suecos, que temiam o colapso da Finlândia. Enquanto o gabinete finlandês hesitava em face às condições duras soviéticas, o rei sueco Gustaf V fez um anúncio público, no qual confirmava que tinha recusado o pedido finlandês de apoio de tropas regulares suecas.
No final de fevereiro, os finlandeses tinham consumido os seus fornecimentos de munições. Também, a União Soviética tinha finalmente sido bem-sucedida em avançar através da Linha Mannerheim, anteriormente impenetrável.
Finalmente a 29 de fevereiro de 1940, o governo finlandês tinha concordado em começar as negociações. A 5 de março, o exército soviético tinha avançado de 10 a 15 quilómetros de lá da Linha Mannerheim e tinha entrado nos subúrbios de Viipuri.

Tratado de Paz
No Tratado de Paz de Moscovo de 12 de março a Finlândia foi forçada a ceder a parte finlandesa de Carélia. O território incluía a cidade de Viipuri (a segunda maior cidade do país), muito do território industrializado da Finlândia, e partes significantes ainda protegidas pelo exército finlandês: quase 10% do pré-guerra finlandês. Alguns 442.000 carelianos, 12% da população da Finlândia, perderam as suas casas. Militares e civis foram rapidamente evacuados, devido aos termos do tratado, e apenas alguns civis escolheram ficar sob a governação soviética.
A Finlândia teve também de ceder uma parte da área de Salla, península de Kalastajansaarento no mar de Barents e quatro ilhas no golfo da Finlândia. A península de Hanko foi também emprestada à União Soviética como uma base militar por 30 anos.
Os termos de paz foram duros para a Finlândia, ainda mais porque os soviéticos receberam a cidade de Viipuri, além das suas exigências pré-guerra. Nem a simpatia por parte da Liga das Nações, Aliados Ocidentais, e dos suecos em particular, parece ter sido de grande ajuda aos finlandeses.
Apenas um ano mais tarde as hostilidades continuaram na Guerra da Continuação.