domingo, junho 15, 2014

Iúri Andropov, o sucessor de Leonid Brejnev, nasceu há um século

Iúri Vladimirovitch Andropov (Stavropol, 15 de julho de 1914 - Moscovo, 9 de fevereiro de 1984) foi um político soviético e Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética do dia 12 de novembro de 1982 até à sua morte, além de chefe do serviço secreto soviético, o KGB, durante quinze anos.
O exato local do seu nascimento é incerto, porém acredita-se que foi próximo de Stavropol, na Rússia meridional. Estudou por curto período no Instituto Técnico para o Transporte Aquático de Rybinsk, antes de se juntar ao Komsomol em 1930. Ele concluiu a graduação em 1939 e foi o primeiro secretário do Komsomol na república da Carélia Finlandesa, entre 1940 e 1944. Após a guerra, mudou-se para Moscovo em 1951 e entrou para a Secretaria do Partido.
Após a morte de Estaline, em março de 1953, Andropov foi rebaixado de posto e enviado para um "exílio" na embaixada soviética em Budapeste por Georgi Malenkov, onde teve um papel importante na invasão soviética da Hungria em 1956.
Andropov voltou a Moscovo para chefiar o Departamento para Relações com Países socialistas (1957-1967) e foi promovido para o secretariado do Comité Central do PC Soviético em 1962, sucedendo a Mikhail Suslov. Em 1967 foi indicado para chefe da KGB. Em 1973 se tornou membro pleno do Politburo, apesar de não ter renunciado à chefia da KGB até 1982.
Envolveu-se em rumores e acusações com a morte suspeita do então líder Leonid Brejnev, em 10 de novembro de 1982. Brejnev teria morrido de uma overdose, motivada pela sua enfermeira, que era uma associada do KGB, chefiado por Andropov. Quando a enfermeira foi inocentada e o caso abafado, passou-se a questionar a culpa de Andropov na morte de seu antecessor. Dias depois, foi indicado, como previsto, para a liderança do Partido Comunista, vencendo Konstantin Chernenko, líder parlamentar de longa data. Foi o primeiro chefe da KGB a ser indicado. Herdou ainda, de Brejnev, a presidência e conselho de Defesa do país.
Durante seu mandato ele fez tentativas de melhorar a economia e de reduzir a corrupção. Também é lembrado por sua campanha contra o alcoolismo e esforços para melhorar a disciplina no trabalho. As duas campanhas foram conduzidas com uma visão administrativa tipicamente soviética, e lembraram vagamente reminiscências do stalinismo.
Fez pouca coisa em termos de política externa - a guerra iniciada após a invasão do Afeganistão continuou. O seu governo também foi marcado pela deterioração das relações com os EUA por causa das atitudes fortemente anti-soviéticas de Ronald Reagan, exacerbadas pela derrubada por caças soviéticos de um avião civil sul-coreano que invadiu o espaço aéreo russo em 1 de setembro de 1983 e pela ampliação do número dos mísseis Pershing na Europa.
Morreu de falência renal em 9 de fevereiro de 1984, após vários meses com problemas de saúde, e foi brevemente sucedido por Konstantin Chernenko.
O legado de Andropov ainda é tema de muito debate, tanto na Rússia quanto em outros locais, e tanto entre académicos como nos meios de comunicação. Ele permanece no foco de vários documentários televisivos e em livros de não-ficção, particularmente em datas importantes.
Apesar da sua atuação de linha-dura na Hungria e de numerosos banimentos e intrigas pelas quais foi responsável durante a sua longa permanência na chefia da KGB, ele tornou-se muito lembrado por vários comentaristas como um reformador. Eles apontam como evidências o facto de ele haver promovido Mikhail Gorbachev nos escalões do PC soviético, e ter sido considerado um chefe da KGB particularmente tolerante. Ele é também lembrado como menos inclinado a reformas rápidas do que foi Gorbachev; o ponto central das especulações é se Andropov teria conseguido ou não reformar a URSS de maneira tal que tivesse evitado seu colapso.

A Guerra do Chaco começou há 82 anos

Guerra do Chaco
Disputed Bolivia Paraguay.jpg
O Gran Chaco, teatro de operações da Guerra do Chaco
Data De 15 de junho de 1932 a 12 de junho de 1935
Local Gran Chaco, situado no sudeste da Bolívia e no norte do Paraguai
Desfecho O Paraguai conquista a maior parte do território em litígio
Combatentes
Paraguai  Bolívia
Principais líderes
José Félix Estigarribia Hans Kundt
Forças
Exército Paraguaio, com 150 000 homens Exército Boliviano, com 250 000 homens.
Vítimas
Exército Paraguaio, 30 000 mortos Exército Boliviano, 60 000 mortos

A Guerra do Chaco foi um conflito armado entre a Bolívia e o Paraguai que se estendeu de 15 de junho de 1932 a 12 de junho de 1935.
Originou-se pela disputa territorial da região do Chaco Boreal, tendo como uma das causas a descoberta de petróleo no sopé dos Andes. Foi a maior guerra na América do Sul do século XX. Deixou um saldo de 60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios mortos, tendo resultado na derrota dos bolivianos com a perda e anexação de parte de seu território pelos paraguaios.
Em 12 de junho de 1935, foi aprovada a cessação das hostilidades, sob pressão dos Estados Unidos.

(...)

Os antecedentes do conflito residem nas várias disputas entre a Bolívia e o Paraguai pela posse de uma área da região do Chaco que vai até a margem direita do rio Paraguai e que na época do antigo Vice-Reinado do Rio da Prata pertencia à Bolívia. Portanto, após a independência dos dois países da Espanha, a região permaneceu em litígio, muito despovoada e as quatro tentativas de acordos de limites de fronteiras entre 1884 e 1907 foram rejeitadas por ambos os países. Anteriormente, a Bolívia já havia perdido o seu litoral e acesso ao Oceano Pacífico durante um conflito com o Chile, entre 1879 e 1881, conhecido como Guerra do Pacífico, também havia perdido o Acre, rico em seringueiras para produção da borracha, para o Brasil, através do Tratado de Petrópolis em 1903.
A Bolívia desejava ter um acesso ao Oceano Atlântico, via rio Paraguai e, para ter pleno acesso àquele rio, necessitava ocupar o Chaco, em território paraguaio.

(...)

Com a suposta descoberta de petróleo no sopé da cordilheira dos Andes, na região do Chaco Boreal, eclodiu o conflito entre ambas as nações. A Bolívia e o Paraguai eram as duas nações mais pobres da América do Sul, sendo que para o Paraguai o Chaco lhe proporcionava grandes vantagens com quase 600 000 km², e as reservas petrolíferas já existentes. A Bolívia devido às crises viu a necessidade de invadir o Chaco. Então em 1932, o Exército Boliviano, sem autorização do presidente, entra no Chaco e nas margens do Lago Pitiantuta, tentam guarnecer o local, mas os paraguaios descobrem e retomam o lago, uma expedição boliviana é enviada e expulsa os paraguaios e também conseguem tomar os fortes paraguaios de Corrales, Toledo e Boquerón. Com isso o presidente paraguaio Eusebio Ayala declara guerra à Bolívia.


A Batalha do Kosovo, em que a Sérvia perdeu a sua independência, foi há 625 anos

A Batalha do Kosovo (ou Kôssovo Poljê, "Campo dos Melros") foi lutada em 15 de junho de 1389 no Kosovo entre uma coligação de reinos cristãos eslavos liderada pela Sérvia Morávia e tropas invasoras otomanas, lideradas pelo sultão Murad I. A derrota dos cristãos na batalha determinou os cinco séculos seguintes de ocupação turca nos Balcãs.
A Batalha do Kosovo é considerada um marco histórico para a Sérvia e alegada como motivo simbólico principal para o país rejeitar a independência do Kosovo, considerada berço histórico da nação.

Louis-Claude Daquin morreu há 242 anos

Louis-Claude Daquin (Paris, 4 de julho de 1694 - Paris, 15 de junho de 1772) foi um compositor, organista e cravista francês do período barroco.
Aos seis anos, Daquin tocou diante do Rei Luís XVI e, aos oito, regeu a sua própria obra coral Beatus Vir. Criança prodígio, prosseguiu uma brilhante carreira na sociedade parisiense culta como improvisador no cravo e órgão. Algumas das suas improvisações faziam parte de seu Nouveau livre de noels, mas as poucas outras obras remanescentes apenas sugerem talento. Às vezes a sua música mostra ecos de Couperin, mas em geral é bastante original, como em Trois Cadences, em que usa em trinado triplo. Sua obra mais conhecida é a animada Le Coucou, de seu livro para cravo de 1735, Livre de pieces de clavecin. Em 1739, se tornou organista da Chapelle Royale. Em 1755, tornou-se organista na catedral de Notre-Dame, em Paris.


Hoje é dia de festa...!


Hoje o Google surpreendeu-me com este Google Doodle para celebrar os meus 47 anos...! Afinal já não preciso de bolo!

sábado, junho 14, 2014

A Guerra das Malvinas terminou há 32 anos

Guerra das Malvinas
Falklands, Campaign, (Distances to bases) 1982.jpg
Data 2 de abril a 14 de junho de 1982
(2 meses e 5 dias)
Local Ilhas Malvinas e Sandwich do Sul
Resultado O Reino Unido manteve a posse das ilhas.
Combatentes
Argentina Argentina Reino Unido Reino Unido
Ilhas Malvinas Ilhas Malvinas
Comandantes
Mario Benjamín Menéndez Jeremy Moore
Forças
Proximidade geográfica Superioridade tecnológica
Baixas
649 soldados mortos
1.068 feridos
11.313 prisioneiros
---------
1 cruzador
1 submarino
4 cargueiros
2 barcos patrulha
1 traineira para espionagem
---------
25 helicópteros
35 caças
2 bombardeiros
4 aviões de carga
25 aviões de ataque ligeiro
9 traineiras armadas
255 soldados mortos e 3 civis mortos
777 feridos
115 prisioneiros
---------
2 destróieres
2 fragatas
2 navios logísticos de desembarque
1 navio porta-contentores ---------
24 helicópteros
10 caças

A Guerra das Malvinas (em inglês: Falklands War; em espanhol: Guerra de las Malvinas) ou Guerra do Atlântico Sul foi um conflito armado entre a Argentina e o Reino Unido ocorrido nas Ilhas Malvinas (em inglês Falklands), Geórgia do Sul e Sandwich do Sul entre os dias 2 de abril e 14 de junho de 1982, pela soberania sobre estes arquipélagos austrais reivindicados em 1833 e dominados a partir de então pelo Reino Unido. Porém, a Argentina reclamou como parte integral e indivisível de seu território, considerando que elas encontram "ocupadas ilegalmente por uma potência invasora" e as incluem como partes da província da Terra do Fogo, Antártica e Ilhas do Atlântico Sul.
O saldo final da guerra foi a recuperação do arquipélago pelo Reino Unido e a morte de 649 soldados argentinos, 255 britânicos e 3 civis das ilhas. Na Argentina, a derrota no conflito fortaleceu a queda da Junta Militar que governava o país e que havia sucedido as outras juntas militares instaladas através do golpe de Estado de 1976 e a restauração da democracia como forma de governo. Por outro lado, a vitória no confronto permitiu ao governo conservador de Margaret Thatcher obter a vitória nas eleições de 1983.

As ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul são três arquipélagos situados no Oceano Atlântico, perto da costa argentina, que constituem um domínio colonial britânico desde 1833. Não obstante, desde a sua ocupação em 1690, foram motivos de conflito entre o Reino Unido, França e Espanha, e depois entre o Reino Unido e a Argentina, que se considera herdeira dos direitos espanhóis sobre estas ilhas. Neste período, surgiram diversas discussões para estabelecer uma ou outra soberania, que terminaram com a ocupação britânica de 1833.
Só um destes arquipélagos, as ilhas Malvinas, tem uma população civil nativa permanente (chamados em inglês de kelpers). Geralmente de origem escocesa, esta população se considera a si mesma britânica e apoia o estado atual de soberania sobre estas ilhas. As outras duas estão ocupadas, essencialmente, por cientistas. Em 1965 a Argentina conseguiu que a ONU aprovasse a resolução 2065, qualificando a disputa como um problema colonial e convocando as partes para negociar uma solução; não obstante, as negociações ficaram infrutíferas durante os próximos dezassete anos. De todas as formas, as relações entre a Argentina, o Reino Unido e os habitantes das Ilhas até os finais da década de 1960 e o início da década de 1970 foram excelentes. Tanto assim, que durante grande parte dos anos anteriores à guerra, semanalmente operava uma ponte aérea entre a Argentina e Puerto Argentino/Port Stanley, da qual os insulares dependiam para provisão e assistência médica. Sendo que a pista de aterragem original de Puerto Argentino/Port Stanley (feita em alumínio) foi construída pela Força Aérea Argentina.

(...)

No dia 15.6.82, a bandeira colonial britânica é colocada de novo no edifício do governo das ilhas Malvinas

Porém quando os britânicos decidem avançar ante o contra-ataque argentino, não encontram mais resistência. É o resultado de quatro dias de operações psicológicas executadas pelo coronel Mike Rose, do SAS, e o capitão Rod Bell, tradutor. Estavam desde o dia 10 falando com Menéndez pelo rádio, ganhando a sua confiança e insistindo a rendição «com dignidade e honra». O 2 PARA entra nos arredores de Puerto Argentino com suas boinas em vez dos casacos de combate e tremulando bandeiras britânicas. No dia 23, o comandante das forças britânicas Jeremy Moore chega no helicóptero a Puerto Argentino e conversa com Menéndez. Quando o primeiro mostra ao segundo os documentos de rendição, Menéndez declara de imediato que não aceitava a palavra «incondicional». Não era isso o combinado durante as conversações secretas de rádio dos dias anteriores.
Faz uma breve continência e abaixa a mão, o general Mario Benjamín Menéndez rende-se nas ilhas Malvinas ao general Jeremy J. Moore às 23.59 horas do dia 14 de junho de 1982, sendo testemunha o coronel Pennicott. Os 8.000 soldados argentinos são desarmados e concentrados no aeroporto na qualidade de prisioneiros de guerra. O inverno austral é a sério. Faz muito frio.
Quando as notícias chegam a Buenos Aires, produzem-se importantes manifestações populares que são reprimidas pela Junta, perdendo assim o pouco apoio que os ficava entre a população sensível a seu discurso nacionalista e patriótico. Durante o dia 15, o resto das unidades argentinas presentes no arquipélago entregam as suas armas. No dia 20, cinco navios britânicos fazem ato de presença nas ilhas Sandwich do Sul e a guarnição de Thule se rende sem luta. Todos os prisioneiros são repatriados durante o mês seguinte.

David Fonseca - 41 anos

David Fonseca (Marrazes, Leiria, 14 de junho de 1973) é um músico, cantor e compositor português e toca vários instrumentos, incluindo viola e órgão. Reconhecido por sua bem sucedida carreira musical, como membro da Silence 4 e, desde 2003, como um artista a solo. Além de escrever a maioria das suas obras, também é responsável pelo design gráfico das capas dos seus álbuns e direção de arte dos seus videoclips. Entre 2004 e 2006, fez parte do projeto-tributo Humanos. É um porta-voz activo para a Associação Fonográfica Portuguesa sobre a violação de direitos de autor.


Boy George nasceu há 53 anos

George Alan O’Dowd (Londres, 14 de junho de 1961), conhecido pelo nome artístico de Boy George, é um cantor, compositor e DJ britânico, foi um dos cantores mais famosos e excêntricos da década de 1980. À frente do grupo Culture Club, grupo do movimento new wave fundado em 1984. Envolvidos em escândalos e drogas, a banda se desfez em 1987, quando Boy George iniciou a sua carreira a solo.

Fã de David Bowie e do vocalista Marc Bolan do T.Rex, Boy George circulava pelos clubes de Londres no final da década de 1970 com um visual polémico inspirado em Marc. Trabalhando como DJ, conheceu em 1981 Malcolm McLaren, que o convidou a integrar o grupo Bow Wow Wow, de onde saiu pouco tempo depois.
Em 1982 formou com o baixista Michael Craig o grupo In Praise of Lemmings, que mudou o nome para Sex Gang Children. Acusados de pedofilia pelo novo nome que adotaram, acabaram mudando o nome da banda para Culture Club, onde entraram o baterista Jon Moss e o guitarrista Roy Hay. Assinando com a gravadora Virgin, lançaram o primeiro single, "White Boy", seguido por "I'm Afraid Of Me" mas o sucesso veio realmente com "Do You Really Want To Hurt Me". O primeiro álbum, Kissing to Be Clever logo tornou-se sucesso.
Os Culture Club foram uns dos integrantes do movimento New Romantic, com os Duran Duran e Visage. No entanto os conflitos entre os integrantes do grupo, e os problemas de Boy George com drogas levaram à separação do grupo. Em 1986, Boy George é preso por porte de drogas, e o teclista Michael Rudetski é encontrado morto, por overdose de heroína na casa de Boy George.
Boy George é internado em uma clínica para tratar a sua dependência, e retorna ao mercado em 1987, iniciando a sua carreira solo com o álbum Sold que faz sucesso somente na Inglaterra, embora este álbum tenha um single que atingiu razoáveis posições nas paradas de sucesso mundial, o cover de "Everything I Own".
Em 1988, foi lançado o álbum Tense Nervous Headache e, em 1989, Boyfriend. Este último acabou sendo lançado somente na Europa e, assim como o álbum do ano anterior, não obteve muito sucesso.
Em 1990, Boy George lança o álbum The Martyr Mantras, sob o pseudónimo de Jesus Loves You. O álbum é um trabalho totalmente diferente dos três álbuns anteriores.
Boy cria o selo More Protein para lançar os seus próprios discos e, retorna às paradas musicais, com a canção "The Crying Game", produzido pelo Pet Shop Boys, música integrante da banda sonora do filme The Crying Game (no Brasil Traídos pelo Desejo e em Portugal Jogo de Lágrimas), do diretor irlandês Neil Jordan. Foi o primeiro sucesso de Boy George nos Estados Unidos após o início da sua carreira a solo.
  
Carreira como DJ
Boy George obtee grande sucesso como DJ, área na qual trabalhou antes do sucesso com os Culture Club e com a qual voltou a trabalhar alguns anos após o término da banda. A vertente com a qual ele trabalha é a House Music, mais especificamente o Hard House, com alguns remixes de músicas dos anos 1980.
A Ministry Of Sound lançou alguns anuários a partir de 1995, entre outros CD's, com remixagens feitas por ele.
Já atuou sob o pseudónimo de Jesus Loves You no início da década de 1990 e, mais recentemente, sob o pseudónimo The Twin, onde adotou um visual mais arrojado, baseado nos modelos produzidos pelo designer australiano Leigh Bowery.

Outras ocupações
Em 1995, o cantor lançou o seu primeiro livro, a autobiografia "Take it Like A Man", que se tornou um best seller na Inglaterra e nos Estados Unidos. Em 2005, foi lançada a sua segunda autobiografia, intitulada "Straight". Neste livro ele relata factos e histórias ocorridas nos bastidores do Culture Club e até mesmo em sua vida pessoal, como o episódio em que se envolveu com garotos menores de idade em um motel na Califórnia.
Em 2001, lançou o livro chamado "Karma Cook", onde ensina receitas macrobióticas, dieta que passou a seguir após abandonar a dependência das drogas.
Em 2002, passou a atuar como ator no musical "Taboo", peça teatral que retrata a época do New Romantic, fala sobre o estilista australiano Leigh Bowery e, sobre a carreira de Boy George nesta época. A peça conta com banda sonora composta pelo próprio Boy George, além de reunir algumas canções do Culture Club e da carreira solo do cantor. No musical, ele interpreta Leigh Bowery.
Boy George participou da gravação do Band Aid no compacto Do They Know It's Christmas? para o natal de 1984 em prol da fome na África.
Atualmente, Boy George também mantém uma marca de roupa, intitulada B-Rude, com loja própria na cidade de Londres.

Factos recentes
Em agosto de 2006, Boy George foi condenado por ligar para a polícia e simular um assalto no seu apartamento em Nova York. A polícia encontrou uma certa quantidade de cocaína e aplicou-lhe como pena a limpeza das ruas durante uma semana.
Em 1995, Boy George se apresentou pela primeira vez no Brasil, fazendo shows em São Paulo, Santos e no Rio de Janeiro, divulgando seu disco Cheapness and Beauty.
Em 9 de setembro de 2008, Boy George voltou a fazer um show no Brasil, em São Paulo, no qual cantou sucessos do passado como "Do You Really Want To Hurt Me?", "Miss Me Blind" e "Karma Chameleon".
Em 16 de janeiro de 2009, foi sentenciado a 15 meses de cadeia no Tribunal de Snaresbrook, em Londres, por manter o acompanhante norueguês, Audun Carlsen, sequestrado na sua casa tendo este sido algemado e espancado, sendo libertado após 4 meses de prisão, devido a bom comportamento.

Música dos anos 90 para geopedrados...



Manuel Vázquez Montalbán nasceu há 75 anos!

(imagem daqui)

Manuel Vázquez Montalbán (Barcelona, 14 de junho de 1939 - Banguecoque, Tailândia, 18 de outubro de 2003) foi um escritor, jornalista espanhol, poeta e novelista espanhol, de orientação política comunista e adepto do F.C.Barcelona.

Biografia
O seu pai, Evaristo Vázquez, republicano exilado em França, entrou clandestinamente em Espanha para conhecer o filho recém-nascido e foi preso. Enquanto estudava jornalismo, Montalbán trabalhou como cobrador de uma casa funerária e deu aulas no seu bairro. Estudou Filosofia e Letras na Universidade Autónoma de Barcelona.
O seu primeiro trabalho profissional foi uma biografia do Cid. Em 1960 foi chefe nacional de propaganda do Servicio Universitário del Trabajo e depois colaborador interno da imprensa do Movimiento. Em 1961 casou com Ana Sallés e depois passou um ano e meio na prisão, por ter participado numa manifestação. Ali escreveu o seu ensaio Informe sobre la información (1963). Entre 1963 e 1969 foi-lhe proibido o acesso aos meios de comunicação, e foi-lhe retirado o passaporte até 1972.
Participou na revista CAU (1970-74) e foi colaborador fixo da Triunfo e animador indiscutível das revistas Mundo Obrero, La Calle e Interviú. Em 1977 ingressou no Comité Central do Partido Socialista Unificado da Catalunha.
Montalbán é o criador do detetive galego Pepe Carvalho, protagonista de uma série policial que se passa em Barcelona. Escreveu ainda livros de poesia e vários ensaios. Publicou também a Autobiografia do General Franco (1992).


Desnudo


Hay días en que tienes
toda la carne muy mal abotonada
y mis manos te cierran
el cuerpo descarado
los ojos
con los que miras tu desnudo
en los míos te delatan
y eres blanca
con junturas de cárdeno
descenso
manchas de musgo y vuelo
vencido
de cabello que se inclina
lento.

 

in A la sombra de las muchachas sin flor (1985) - Manuel Vázquez Montalbán

Salvatore Quasimodo morreu há 46 anos

Salvatore Quasimodo (Módica, 20 de agosto de 1901 - Amalfi, 14 de junho de 1968) foi um poeta italiano que recebeu o prémio Nobel de Literatura em 1959.
Nascido na província de Ragusa, a sua família foi, em 1908, para Messina, no dia seguinte ao grande terremoto de 1908, cuja destruição e mortes lhe causaram uma permanente impressão. Foi em Messina que concluiu os estudos secundários e, já na década de 1920, foi para Roma iniciar o estudo do grego e do latim, dedicando-se aos clássicos, que mais tarde seriam a sua maior inspiração.
Em 1926, por motivos de trabalho, estabelece-se em Reggio Calabria, onde retoma a atividade poética. Em 1929, vai a Florença com a sua irmã, casada com Elio Vittorini. Graças a estas relações, entra em contacto com Eugenio Montale e com o ambiente da revista literária Solaria. A partir de 1931, e durnte dez anos, foi funcionário do departamento de obras de vários municípios italianos.
Chega a Milão em 1934, onde entra num rico ambiente cultural, estabelecendo relações de amizade com pintores e escritores. Dois anos depois, deixa sua profissão para se dedicar integralmente à literatura e à poesia.
Foi também tradutor de obras clássicas e contemporâneas, vertendo para o italiano poesia, de Shakespeare a Neruda.
A sua sepultura está localizada no Cemitério Monumental de Milão.


NO SENTIMENTO DE MORTE


Cerúleas árvores
onde se escuta o som mais suave
e onde nasce o prazer com as chuvas novas.

Numa rama, dócil
a luz oscila
em bodas com o vento;

no sentimento de morte,
eis-me, assustado de amor.

 

in Poesias (1999) - Salvatore Quasimodo (tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti)

sexta-feira, junho 13, 2014

Hoje foi Dia de Santo António...!

Santo António de Lisboa, também conhecido como Santo António de Pádua (Lisboa, 15 de agosto de 1191-1195 ? - Pádua, 13 de junho de 1231), de sobrenome incerto mas batizado como Fernando, foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII.
Primeiramente foi frade agostinho no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde aprofundou os seus estudos religiosos através da leitura da Bíblia e da literatura patrística, científica e clássica. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França. No ano de 1221 fez parte do Capítulo Geral da Ordem de Assis, a convite do próprio São Francisco de Assis, o fundador, que o convidou também a pregar contra os albigenses em França. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.
A sua fama de santidade levou-o a ser canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer, distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo. Santo António de Lisboa é também tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Tinha grande cultura, documentada pela coletânea de sermões escritos que deixou, onde fica evidente que estava familiarizado tanto com a literatura religiosa como com diversos aspetos das ciências profanas, referenciando-se em autoridades clássicas como Plínio, o Velho, Cícero, Séneca, Boécio, Galeno e Aristóteles, entre muitas outras. O seu grande saber tornou-o uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica do seu tempo. Lecionou em universidades italianas e francesas e foi o primeiro Doutor da Igreja franciscano. São Boaventura disse que ele possuía a ciência dos anjos. Hoje é visto como um dos grandes santos do Catolicismo, recebendo larga veneração e sendo o centro de rico folclore.
 
 
NOTA: é este o nome que muitos familiares meus escolheram para dar à sua prole: tive o meu sogro e um tio, já falecidos, tenho um cunhado, o meu filho e os seus dois primos-direitos, filhos do meu irmão, que eram ou são Antónios - hoje é um dia importante na minha família...!

O líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, morreu há nove anos

Álvaro Cunhal, retratado por Xesko

Álvaro Barreirinhas Cunhal (Coimbra, 10 de novembro de 1913 - Lisboa, 13 de junho de 2005) foi um político e escritor português, conhecido por ser um resistente ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao seu partido: o Partido Comunista Português.

(...)
 
Além das suas funções na direcção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, o que só revelou em 1995.

Al Berto deixou-nos há 17 anos...

(imagem daqui)

Al Berto, pseudónimo de Alberto Raposo Pidwell Tavares (Coimbra, 11 de Janeiro de 1948 - Lisboa, 13 de junho de 1997), foi um poeta, pintor, editor e animador cultural português.

Vida
Nascido no seio de uma família da alta burguesia (origem inglesa por parte da avó paterna). Um ano depois foi viver para o Alentejo. O pai morre cedo, num desastre de viação. Em Sines passa toda a infância e adolescência, até que a família decide enviá-lo para o estabelecimento de ensino artístico Escola António Arroio, em Lisboa.
A 14 de abril de 1967, refratário militar, mudou-se para a Bélgica, onde estudou pintura na École Nationale Supérieure d’Architecture et des Arts Visuels (La Cambre), em Bruxelas.
Após concluir o curso, decide abandonar a pintura em 1971 e dedicar-se exclusivamente à escrita.
Regressa a Portugal a 17 de novembro de 1974 e escreve o primeiro livro inteiramente na língua portuguesa, À Procura do Vento num Jardim d'Agosto.
O Medo, uma antologia do seu trabalho desde 1974 a 1986, é editado pela primeira vez em 1987. Este veio a tornar-se no trabalho mais importante da sua obra e o seu definitivo testemunho artístico, sendo adicionados em posteriores edições novos escritos do autor, mesmo após a sua morte.
Deixou ainda textos incompletos para uma ópera, para um livro de fotografia sobre Portugal e uma «falsa autobiografia», como o próprio autor a intitulava. Morreu de linfoma. Homossexual assumido, tal facto só foi amplamente conhecido depois da sua morte.
Al Berto morreu em Lisboa, a 13 de junho de 1997.
Em 2009 a Companhia de Teatro O Bando estreia no Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa, um espectáculo intitulado A Noite a partir de Lunário, Três cartas da memória das Índias, Apresentação da noite, O Medo, À procura do vento num jardim d'Agosto e Dispersos. O espectáculo foi encenado por João Brites e interpretado por Ana Lúcia Palminha e Pedro Gil. Além de Lisboa, o espectáculo esteve ainda no Teatro da Cerca de São Bernardo em Coimbra e no espaço d'O Bando.


Visita-me Enquanto não Envelheço 


visita-me enquanto não envelheço
toma estas palavras cheias de medo e surpreende-me
com teu rosto de Modigliani suicidado

tenho uma varanda ampla cheia de malvas
e o marulhar das noites povoadas de peixes voadores

ver-me antes que a bruma contamine os alicerces
as pedras nacaradas deste vulcão a lava do desejo
subindo à boca sulfurosa dos espelhos

antes que desperte em mim o grito
dalguma terna Jeanne Hébuterne a paixão
derrama-se quando tua ausência se prende às veias
prontas a esvaziarem-se do rubro ouro

perco-te no sono das marítimas paisagens
estas feridas de barro e quartzo
os olhos escancarados para a infindável água

com teu sabor de açúcar queimado em redor da noite
sonhar perto do coração que não sabe como tocar-te

 

in Salsugem (1984) - Al Berto

Fernando Pessoa nasceu há 126 anos

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 - Lisboa, 30 de novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português.
Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico literário Harold Bloom considerou Pessoa como "Whitman renascido", e o incluiu no seu cânone entre os 26 melhores escritores da civilização ocidental, não apenas da literatura portuguesa mas também da inglesa.
Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu várias obras em inglês (v.g. de Shakespeare e Edgar Poe) para o português, e obras portuguesas (nomeadamente de António Botto e Almada Negreiros) para o inglês.
Enquanto poeta, escreveu sob múltiplas personalidades – heterónimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas como Yeats, Pound, Elliot inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava poetas inteiros."


Identidade

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.


24.08.1930

in Novas Poesias Inéditas - Direcção, recolha e notas de Maria do Rosário Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno (1973) - Fernando Pessoa

Eugénio de Andrade morreu há 9 anos

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas (Póvoa de Atalaia, 19 de janeiro de 1923 - Porto, 13 de junho de 2005) foi um poeta português.

(...)

Estreou-se em 1939 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido, em 1942, com o livro de versos Adolescente. A sua consagração acontece em 1948, com a publicação de As mãos e os frutos, que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio. A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.
Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, Os amantes sem dinheiro (1950), As palavras interditas (1951), Escrita da Terra (1974), Matéria Solar (1980), Rente ao dizer (1992), Ofício da paciência (1994), O sal da língua (1995) e Os lugares do lume (1998).
Em prosa, publicou Os afluentes do silêncio (1968), Rosto precário (1979) e À sombra da memória (1993), além das histórias infantis História da égua branca (1977) e Aquela nuvem e as outras (1986).
Foi também tradutor de algumas obras, como dos espanhóis Federico García Lorca e Antonio Buero Vallejo, da poetisa grega clássica Safo (Poemas e fragmentos, em 1974), do grego moderno Yannis Ritsos, do francês René Char e do argentino Jorge Luís Borges.
Em setembro de 2003 a sua obra Os sulcos da sede foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube Português.


Urgentemente

É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.


Eugénio de Andrade

José Bonifácio de Andrada e Silva nasceu há 251 anos

José Bonifácio de Andrada e Silva (Santos, 13 de junho de 1763 - Niterói, 6 de abril de 1838) foi um naturalista, estadista e poeta brasileiro. É conhecido pelo epíteto de "Patriarca da Independência" por ter sido uma pessoa decisiva para a Independência do Brasil.
Pode-se resumir brevemente a sua atuação dizendo que foi ministro do Reino e dos negócios estrangeiros de janeiro de 1822 a julho de 1823. De início, colocou-se em apoio à regência de D. Pedro de Alcântara. Proclamada a Independência, organizou a ação militar contra os focos de resistência à separação de Portugal, e comandou uma política centralizadora. Durante os debates da Assembleia Constituinte, deu-se o rompimento dele e de seus irmãos Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva com o imperador. Em 16 de julho de 1823, D. Pedro I demitiu o ministério e José Bonifácio passou à oposição. Após o fechamento da Constituinte, em 11 de novembro de 1823, José Bonifácio foi banido e exilou-se na França durante seis anos. De volta ao Brasil, e reconciliado com o imperador, assumiu a tutoria do seu filho quando Pedro I abdicou, em 1831. Permaneceu como tutor do futuro imperador até 1833, quando foi demitido pelo governo da Regência.
 
(...)
 
Em 1783, partiu do Rio de Janeiro para Portugal, matriculando-se em outubro na Universidade de Coimbra e iniciando a 30 de outubro seu curso de estudos jurídicos, acrescidos um ano mais tarde, 11 e 12 de outubro de 1784, dos de matemática e filosofia natural.
Além dos cursos, leu muito. Já poetava, e em uma ode sua surgem os nomes de Leibnitz, Newton e Descartes. Leu sobretudo Rousseau e Voltaire, mas leu também Montesquieu, Locke, Pope, Virgílio, Horácio e Camões, e se indignou contra o "mostro horrendo do despotismo". Os seus versos apelavam para as promessas da independência recém-proclamada dos Estados Unidos. Ainda estudante, cuidou de duas questões por cuja solução em vão se empenharia mais tarde: a civilização dos índios, a abolição do tráfico negreiro e da escravatura dos negros.
 
(...)
 
Cedo demonstrou vocação para as pesquisas científicas. A exploração de minas conhecia um auge considerável com o crescimento das necessidades ligadas à revolução industrial. José Bonifácio concluiu, em 16 de junho de 1787, o seu curso de Filosofia Natural e, a 5 de julho de 1788, o de Leis. Recebeu em Portugal apoio do duque de Lafões, D. João de Bragança, que, em 1780, fundara a Academia das Ciências de Lisboa e, a 8 de julho de 1789 fez, perante o Desembargo do Paço, a leitura que o habilitava a exercer os lugares da magistratura. Cinco meses antes, em 4 de março, fora admitido como sócio livre da Academia, o que lhe abrira os caminhos de uma carreira de cientista. Por temperamento, interessava-se por estudos de que resultassem em alguma utilidade, colocando a ciência a serviço do aperfeiçoamento humano. Tinha por divisa: Nisi utile est quod facimus, stulta est gloria. A sua primeira memória apresentada à Academia foi Memória sobre a Pesca das Baleias e Extração de seu Azeite: com algumas reflexões a respeito das nossas pescarias.
 
Visita à Europa
Foi comissionado, em 18 de fevereiro de 1790, para empreender, às custa do Real Erário, uma excursão científica pela Europa, para adquirir, por meio de viagens literárias e explorações filosóficas, os conhecimentos mais perfeitos de mineralogia e mais partes da filosofia e história natural.
Assim, nos meados de 1790, José Bonifácio estava em Paris na fase inicial da Revolução Francesa. Cursou, de setembro de 1790 a janeiro de 1791, os estudos de química e mineralogia e, até abril, aulas na Escola Real de Minas. Os seus biógrafos citam contatos com Lavoisier, Chaptal, Jussieu e outros. Foi eleito sócio-correspondente da Sociedade Filomática de Paris e membro da Sociedade de História Natural, para a qual escreveria uma memória sobre diamantes no Brasil, desfazendo erros. Já não era um simples estudante - começava a falar com voz de mestre. Partiu depois para aulas práticas na Saxónia, em Freiburgo, cuja Escola de Minas frequentou em 1792, recebendo dois anos mais tarde um atestado de que havia frequentado um curso completo de Orictognosia e outro de Geognosia. Ali cursou também a disciplina de siderurgia, com o professor Abraham Gottlob Werner. Percebia o atraso de Coimbra em relação a outros centros de estudo na Europa - a escola de Freiberg marcaria sua orientação. Ali teve como amigos Alexander von Humboldt, Leopold von Buch e Del Río. Percorreu minas do Tirol, da Estíria e da Caríntia. Foi a Pavia, na Itália, ouvir lições de Alessandro Volta; em Pádua, investigou a constituição geológica dos Montes Eugâneos, escrevendo a respeito um trabalho em 1794, chamado Viagem geognóstica aos Montes Eugâneos. Onde deu completo desenvolvimento a seus estudos foi na Suécia e na Noruega, a partir de 1796, caracterizando em jazidas locais quatro espécies minerais novas (entre os quais a petalita e o diópsido) e oito variedades que se incluíam em espécies já conhecidas - a todos esses minerais descreveu pela primeira vez e deu nome.
Viajou mais de dez anos pela Europa, absorto em seus trabalhos científicos e, aos 37 anos, era um cientista conhecido e consagrado. Regressou a Portugal em setembro de 1800. Visitara, além dos países citados, a Dinamarca, a Bélgica, os Países Baixos, a Hungria, a Inglaterra e a Escócia.