A paixão entre neandertais e homo sapiens foi muito mais forte do que se pensava
A relação entre neandertais e humanos modernos foi profundamente íntima, com trocas genéticas significativas. Tal intimidade influenciou a evolução de ambos os grupos, mas pode ter resultado na extinção dos neandertais.
Há muitas teorias e (ainda) poucas certezas sobre a forma como se extinguiram os neandertais.
O que é certo é que o os neandertais – que desapareceram há 40.000 anos - e o homo sapiens tiveram um passado em comum.
Alguns cientistas até questionam a necessidade de classificar os neandertais como uma espécie separada, dado o nível de interação.
Vários estudos recentes indicam que as duas espécies se cruzaram mais do que uma vez, sugerindo uma relação íntima – que poderá ter sido fatal para os neandertais.
A maioria dos estudos, até agora, tinha-se focado no fluxo genético dos neandertais para os humanos, até porque temos muito ADN humano e muito pouco neandertal para analisar.
No entanto, um estudo publicado na semana passada, na revista Science, incidiu a sua investigação no fluxo genético inverso, analisando o ADN que os humanos passaram para os Neandertais.
Os resultados confirmaram uma associação prolongada entre os dois grupos, datando de 250.000 anos atrás (muito antes do que se pensava). Além disso, descobriu-se que as relações podem ter sido bem mais intensas.
Esta investigação veio atestar essa hipótese de estudos anteriores que sugeriam que os neandertais foram “absorvidos” pelo Homo sapiens.
Como explica a equipa de investigação, liderada por Liming Li, da Universidade de Princeton, a assimilação terá feito crescer a população de Homo sapiens e reduzido a já pequena população neandertal.
“A assimilação dos Neandertais pelas populações humanas modernas, à medida que se espalhavam pela Eurásia, teria efetivamente aumentado a dimensão das populações humanas modernas e, simultaneamente, diminuído a dimensão de uma população Neandertal já em risco”, escreve, citada pel a Science Alert.
A substituição do cromossoma Y e do ADN mitocondrial neandertal pelos humanos modernos foram dois eventos que marcaram um caminho inevitável para o desaparecimento dos nossos “primos” da pré-história.
Além disso, o estudo indica que os cientistas podem ter sobrestimado a dimensão da população de neandertais em cerca de 20%.
“A nossa descoberta de que o tamanho da população de Neandertais era provavelmente ainda mais pequeno do que o estimado anteriormente apenas aceleraria o processo de assimilação”, pode ler-se.
Tudo isto “pode ter marcado um caminho irrevogável para o desaparecimento de uma das poucas linhagens de hominídeos que coexistiam com os humanos modernos”, acrescenta a equipa.