quinta-feira, junho 17, 2010

Música dos anos oitenta para geopedrados

Hoje estou de plantão na Feira da Ciência da minha Escola e não dará para mais... Assim aqui fica uma música de um dos meus grupos favoritos dos anos oitenta:



Souvenir -OMD

It's my direction, it's my proposal, it's so hard, it's leading me astray
My obsession, it's my creation, you'll understand, it's not important now
All I need is coordination, I can't imagine my destination
My intention, ask my opinion, with no excuse, my feelings still remain
My feelings still remain

terça-feira, junho 15, 2010

A política da verdade


Já estamos pouco habituados, mas ainda há políticos que assumem erros antigos e aceitar falar a verdade:

Homenageemos as vítimas do Domingo Sangrento (e ainda os políticos que finalmente limparam o seu nome) com duas músicas, uma de John Lennon (cantor inglês com raízes familiares irlandesas) e outra dos U2:




O rodrigues dos gravadores ataca outra vez

(imagem daqui)

Este homem é imparável: depois do caso Farfalha, da burla em Vila Franca do Campo e do roubo dos gravadores a jornalistas, ainda insiste na asneira e na provocação...



PS - sugere-se que políticos inimputáveis não leiam O Triunfo dos Porcos - dá-lhes ideias estranhas...

Observação astronómica em Barreiros - Amor (Leiria)

Post roubado ao Blog AstroLeiria:

No próximo dia 18 de Junho de 2010, 6ª-feira, entre as 21.00 e as 24.00 horas, vou fazer uma observação astronómica, com prévia apresentação do livro "O Mistério da Estrelinha Curiosa", na Escola do 1º Ciclo de Barreiros, Amor.

Estão todos convidados - para quem não sabe onde é, aqui fica o mapa:


View Larger Map

Quando a natureza imita a arte

Paleontologia
Descobertos pêlos de mamífero conservados em âmbar com 100 milhões de anos

 Um pêlo com 100 milhões de anos (Romain Vullo)


Os pêlos de mamífero a três dimensões mais antigos foram encontrados num fóssil de âmbar. Com 100 milhões de anos, estes pêlos pertenceram a uma espécie que viveu ao lado dos dinossauros.


A descoberta foi feita no sudoeste de França, no âmbar, juntamente com os pêlos, ficou também preservado uma pupa de moscas. O âmbar foi produzido no período Cretácico, que decorreu entre os 145 milhões de anos e 65 milhões de anos, quando os dinossauros foram pulverizados da Terra.

Conhecem-se pêlos fossilizados do Jurássico, o período anterior. “Temos impressões de pêlo a duas dimensões, tão antigas como o Jurássico Médio”, disse citado pela BBC News Romain Vullo, da Universidade de Rennes, em França, que estudou os pêlos. “No entanto, os pêlos carbonizados dão muito menos informação sobre a estrutura do que os pêlos a três dimensões, preservados em âmbar”, explicou Vullo.

Os fragmentos são mínimos, um tem 2,4 milímetros de comprimento e 32 até 48 micrómetros de largura. O outro tem 0,6 milímetros de comprimento e 49 a 78 micrómetros de largura.

Segundo o investigador este é o fóssil de pêlo mais antigo em que se pode observar a estrutura cuticular – a parte mais externa dos pêlos feito de células mortas. A estrutura é parecida com os pêlos dos mamíferos de hoje, mas a identidade do animal ainda é desconhecida.

Quatro dentes do mamífero marsupial conhecido Arcantiodelphys foram encontrados no mesmo local. “A hipótese mais parcimoniosa é considerar que os pêlos no âmbar pertencem a este animal ou a uma espécie parecida”, disse o investigador.

Existem três hipóteses que podem explicar a forma como os pêlos ficaram agarrados à resina que depois fossilizou em âmbar. Ou a resina caiu em cima do animal morto, e a pupa é o resultado de ovos que foram postos na carcaça. Ou o animal encostou-se à resina quando estava a passar e os pêlos ficaram agarrados ao material. A terceira hipótese é o animal ter-se aproximado da árvore para alimentar-se de insectos que estavam presos na resina.

O PS lava mais branco



Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado

O final do célebre "Manifesto Anti-Dantas", de José de Almada Negreiros, dito por Mário Viegas - reparem como está ainda tão actual, com os alarves que nos governam neste momento...


Mais um ano...

Sim, hoje faço anos - um rol deles que, qualquer dia, deixo de comemorar... E, embora seja eu quem devia receber as prendas, aqui fica uma para a minha mãe, que é quem mais mérito tem no feito, e para os meus leitores:


Nasci para ser ignorante...

Nasci para ser ignorante
mas os parentes teimaram
(e dali não arrancaram)
em fazer de mim estudante.

Que remédio? Obedeci.
Há já três lustros que estudo.
Aprender, aprendi tudo,
mas tudo desaprendi.

Perdi o nome às Estrelas,
aos nossos rios e aos de fora.
Confundo fauna com flora.
Atrapalham-me as parcelas.

Mas passo dias inteiros
a ver um rio passar.
Com aves e ondas do Mar
tenho amores verdadeiros.

Rebrilha sempre uma Estrela
por sobre o meu parapeito;
pois não sou eu que me deito
sem ter falado com ela.

Conheço mais de mil flores.
Elas conhecem-me a mim.
Só não sei como em latim
as crismaram os doutores.

No entanto sou promovido,
mal haja lugar aberto,
a mestre: julgam-me esperto,
inteligente e sabido.

O pior é se um director
espreita p'la fechadura:
lá se vai licenciatura
se ouve as lições do doutor.

Lá se vai o ordenado
de tuta-e-meia por mês.
Lá fico eu de uma vez
um Poeta desempregado.

Se me não lograr o fado
porém, com tais directores,
e de rios, aves e flores
somente for vigiado,

enquanto as aulas correrem
não sentirei calafrios,
que flores, aves e rios
ignorante é que me querem.


Sebastião da Gama

Música para geopedrado que faz hoje anos

Almada Negreiros morreu há 40 anos



José Sobral de Almada Negreiros (Trindade, S. Tomé, 7 de Abril de 1893Lisboa, 15 de Junho de 1970) foi um artista multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português ligado ao grupo modernista.
Também foi um dos principais colaboradores da Revista Orpheu.

Almada Negreiros morre em 15 de Junho de 1970, de falha cardíaca, no mesmo quarto do Hospital de São Luís dos Franceses em que também tinha morrido Fernando Pessoa.



segunda-feira, junho 14, 2010

A asneira habitual e os recuos do Ministério da Educação

Ministério da Educação "vai ter de recuar" no fecho das escolas
Decisão viola cartas educativas que foram pedidas, subsidiadas e aprovadas pelo Governo

A decisão do Ministério da Educação de fechar as escolas primárias com menos de 21 alunos faz tábua rasa das Cartas Educativas que pediu às autarquias, subsidiou e aprovou. E chega sem alternativas no terreno: poucos dos centros escolares previstos estão de pé.


Ninguém acredita nos números, apesar de a ministra Isabel Alçada garantir que já tem acordo com autarquias para encerrar muitas das perto de mil escolas do 1º ciclo com menos de 21 alunos. Dessas, 400 já tinham fecho decretado e só por especial favor funcionaram este ano. Do total, 500 não deverão reabrir em Setembro, determinou o Governo.

"Eles sabem que não vão conseguir", diz Francisco Almeida, da Federação Nacional dos Professores (Fenprof). E José António Ganhão, da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), não acredita mesmo. O Ministério "vai ter de recuar", pelo simples facto de que não há, no terreno, condições para realojar as crianças. "Haverá casos em que será possível, mas não são a maioria", diz o autarca de Benavente, que lamenta o desrespeito pelas autarquias e pelas famílias.

Em causa estão as Cartas Educativas. Aprovadas há dois ou três anos, são fruto de estudos aprofundados que custaram dinheiro ao erário público. E previam encerramentos combinando a criação de centros escolares para reunir alunos de várias escolas com as especificidades de cada concelho. Incluindo coisas tão simples como o clima e as condições das estradas. Porque as distâncias até podem ser curtas, mas, a não ser que seja directo de cada localidade, um transporte vai ter de correr muitas capelinhas para apanhar todos os alunos. E transformar um percurso curto em mais de uma hora de estrada.

"As cartas são instrumentos de planeamento para o presente e o futuro. Mas, de uma forma inesperada, somos surpreendidos com um decreto-lei à margem de qualquer acordo com a ANMP", reage António José Ganhão. Sem compreender a necessidade nem a pressa de um decreto-lei quando as ditas cartas já previam o encerramento de escolas.

A determinação viola "a única regra existente" - a das cartas -, completa Francisco Almeida, que pertence ao sindicato de professores da região mais afectada pela medida, o Centro. Só em Viseu há 86 escolas a cumprir o critério numérico do Ministério. Em Coimbra, uma contagem provisória aponta 60, na Guarda são 54.

Mais uma nota de incompreensão: "O actual secretário de Estado da Educação, João Trocado da Mata, era o director do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério, cujo parecer era obrigatório na homologação das Cartas Educativas". A conclusão que o sindicalista tem ouvido de vários autarcas é a de que se está perante "uma brincadeira". "Assim ninguém consegue governar nada".

A reorganização, alerta do seu lado Albino Almeida, da Confederação de Associações de Pais, foi desenhada como "um caminho a percorrer", que "não precisa de ser atabalhoado. E pede compreensão. As condições para um fecho são as de todos: oferecer escolas melhores (com cantina, desporto e música), que não podem passar mais de meia hora num autocarro.

in JN - ler notícia

Sobre as últimas asneiras do Ministério da Educação


Penso que será nas respostas a esta pergunta que se encontrarão os responsáveis por mais um crime contra a pátria.

A quem interessa o encerramento de escolas primárias e a constituição de mega (e giga, segundo se diz) agrupamentos escolares?

O povo não é interessado.
Pelo que vemos e lemos nos órgãos de comunicação social, às populações não interessa nem uma coisa nem outra: nem lhes interessa que os filhos percorram dezenas de quilómetros por dia para irem à escola, nem lhe interessa que os filhos frequentem uma maravilhosa escola com milhares de alunos e milhares de problemas. Todos preferem a proximidade de uma escola, todos preferem a calma e a paz de uma escola pequena ou média.

Nem os professores, nem os funcionários.
Todos percebem que a uma extinção ou fusão de de escolas há-de corresponder um decréscimo das necessidades de pessoal docente e não docente: pura e simplesmente, os professores e os funcionários perderão os lugares que hoje ocupam.

Aos alunos também não interessa tal coisa.
Os alunos que frequentam as escolas que agora se querem encerrar ou agregar podem ter acesso e dispor de todas as boas condições existentes nos novos centros escolares: podem dispor de quadros intereactivos, de computadores e de todas as modernidades introduzidas por este Governo, entregando as encomendas às empresas amigas, digo, às empresas sem concurso. Que ganham os alunos em se deslocar 30 km para as escolas modernas? Ganharão cansaço e, mais cedo que o costume, o epíteto e o estigma de provincianos e aldeões.

Nem interessará aos directores das actuais escolas.
Porque, pura e simplesmente, deixarão de o ser.

Só pode interessar ao Governo
Os governantes pensam - e pensam mal - que o encerramento de escolas e a junção de várias escolas numa só reduzirá os custos com a educação. Como se enganam. Já deviam ter aprendido que as revoluções só trazem mais despesas. Esta trará custos sociais: mais indisciplina, mais conflitualdiade, maior criminalidade, maior desenraizamento, maior afastamento da família, desertificação do interior.

Também interessa aos autarcas.
Especialmente aos asnos que vão na cantiga do Governo e aos lambões da parvónia que, para justificarem a existência do próprio concelho como tal, querem mais poderes, mais atribuições, mais pessoal para gerir.

Pronto, já sabemos a quem apontar a artilharia.
Post do Reitor - Blog Educação S.A.

Música de 2003 para Geopedrados


Carta - Toranja

Não falei contigo
Com medo que os montes e vales que me achas
Caíssem a teus pés
Acredito e entendo
Que a estabilidade lógica
De quem não quer explodir
Faça bem ao escudo que és


Saudade é o ar
Que vou sugando e aceitando
Como fruto de Verão
Jardins do teu beijo
Mas sinto que sabes,
Que sentes também num dia maior
Serás trapézio sem rede
Pairar sobre o mundo
Em tudo o que vejo


É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago e feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
E nela te pinto nua
Nua, numa chama
Minha e tua


Desconfio que ainda não reparaste
Que o teu destino foi inventado por gira-discos estragados
Aos quais te vais moldando
E todo o teu planeamento estratégico de sincronização,
Do coração, são leis como paredes e tectos
Cujos vidros vais pisando


Anseio o dia em que acordares por cima
De todos os teus números,
Raízes quadradas,
De somas subtraídas,
Sempre com a mesma solução.
Nah!
Podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso,
Harmonioso,
Ao teu gesto mimado
E à palma da tua mão


É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago e feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
E nela te pinto nua
Nua, numa chama
Minha e tua


Desculpa se te fiz fogo e noite
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos Deuses
Mas não fui eu que te escolhi
Desculpa se te usei
Como refugio dos meus sentidos
Pedaços de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti.


É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago e feiticeiro...


...E nela te pinto nua
Nua, numa chama
Minha e tua
numa chama minha e tua...


Ainda magoas alguém
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém
Se não te deste a ninguém
Magoaste alguém
A mim passou-me ao lado...
A mim passou-me ao lado...

Yes, Minister!

Com a devida vénia, publicamos o seguinte post do Blog De Rerum Natura:


Artigo de Guilherme Valente no "Público" de hoje:

O exemplo da Finlândia é muito referido, mas poucas vezes com rigor.

Também a Senhora Ministra referiu a Finlândia na Assembleia da República. Na Finlândia não há retenções, afirmou, parecendo querer dizer não existir essa possibilidade naquele país. E nem um deputado lhe pediu para esclarecer o que terá pretendido afirmar. Nos debates parlamentares nunca foi feita, aliás, a pergunta iluminante de toda questão da educação: em que tipo de sociedade quer o «eduquês» obrigar os Portugueses a viverem?

Na Finlândia existe a possibilidade de retenção. Mas o objectivo e a qualidade do ensino; a preparação dos professores e o reconhecimento da sua função inestimável; as regras, a direcção e o ambiente nas escolas; a responsabilidade exigida aos pais; a exigência desde o primeiro dia de aulas, reduzem as retenções a uma percentagem residual.

Na Finlândia a escola é a sério. Tudo está organizado para os professores ensinarem, os alunos aprenderem, para ninguém ficar para trás.

Em Portugal, pelo contrário, o facilitismo é cultivado desde o primeiro dia de aulas. E logo interiorizado por todos: alunos, pais e professores. (Para o bem e para o mal, é a grande vantagem dos seres humanos: adaptarem-se depressa.) O resultado não pode ser outro.

A escola finlandesa é o inverso da escola em Portugal. E a medida agora anunciada – possibilidade oferecida aos alunos de 15 anos retidos no oitavo ano de poderem «saltar» para o décimo (e porque não aos de 14 anos?) – é um exemplo expressivo dessa diferença.

Medida injusta, por não ser oferecida a todos de qualquer ano (e os melhores conseguiriam avançar); inútil se os exames forem sérios; irreflectida por abalar sem mais a própria arquitectura do tempo de escolaridade.

Pareceu-me, aliás, haver constrangimento e confusão na defesa feita pela Ministra desse «milagre». Por isso pergunto: quem manda no Ministério da Educação?

Será seriamente imaginável que alunos reprovados (apesar do facilitismo todo) no 8.º ano, possam aprender num ano a matéria do 8º. e do 9º?. E se passarem no «exame sério» do 9.º e reprovarem no 8.º? E os pobres dos professores que os apanharem no décimo?

"Exame" em vez de exames, é o que virá. Prepara-se, portanto, mais um grande êxito… estatístico. É para isso esta medida. E não se faz o que devia ser feito: a oferta criteriosa, a tempo de prevenir o abandono, de uma via técnico-profissional, de exigência e dignidade iguais à via de acesso ao ensino superior, que, na Finlândia é frequentada, aliás, pela maioria dos estudantes.

O que é oferecido em algumas escolas, por iniciativa de directores e professores que vivem quotidianamente essa falta gritante, sem o empenhamento autêntico, muito pelo contrário, do Ministério, não pode responder a essa necessidade imperiosa. Mas mesmo assim - ouçam-se essas escolas – esses exemplos, que a nomenclatura do Ministério teve de aceitar que surgissem e procura sabotar, a funcionarem sem o reconhecimento, os meios humanos e as condições mínimas, provam a razão dos que durante todos estes anos combateram pela oferta de uma via de ensino técnico profissional no sistema educativo: a sério, qualificada, exigente e dignificada.

Impõe-se, pois, a pergunta, para muitos retórica: a Senhora Ministra está com ou contra o "eduquês"? Quer continuar a nivelar por baixo? Partilha o igualitarismo, anti-cultura, anti-conhecimento, loucura de tornar todos iguais? Ou, pelo contrário, quer uma escola de liberdade que revele e valorize as capacidades, interesses e vocação de todos, até ao limite do possível? Uma escola que reduza as desigualdades, ou esta escola de mentira, de ignorância e de exclusão que as agrava? Anti-escola que tornou Portugal no país mais desigual da União, com excepção da Polónia.

Tem um projecto para fazer sair o ensino público das trevas?

Guilherme Valente

Poderia o nosso Ministério da Educação ser diferente?

Num texto que aqui publiquei há quase um ano defendi a ideia de que o Ministério da Educação não é o único nem, talvez, o principal responsável pelo mau, ou péssimo, estado em que a educação escolar se encontra: somos todos responsáveis. Defendi, de modo complementar, que nos devemos interrogar sobre a nossa capacidade para educar as novas gerações.

E nomeei, para além dos políticos, encarregados de educação e pais, professores, autarcas, formadores de professores, especialistas em educação (onde me incluo), associações científicas e profissionais, protectores de menores, programadores do ensino, directores de escolas, pessoas com interesses económicos e outros...

Volto a defender essa ideia a propósito da inexplicável medida recentemente tomada, por despacho da tutela, que permite a passagem de alunos com um percurso académico problemático do 8.º para o 1o.º ano, que dois juristas consideraram DUPLAMENTE inconstitucional.

Ora, tanto quanto me foi dado saber DUAS entidades de grande importância - a Associação Nacional de Professores e o Conselho de Escolas - reconhecidas como parceiros educativos...

"... consideram que a medida não terá grandes efeitos práticos, frisando que dificilmente um aluno, já com um historial de insucesso, conseguirá ter um bom resultado em exames sem ter frequentado as aulas" (in jornal Público).

Não percebem estas duas entidades, sempre ouvidas nestas circunstâncias, que a questão não se prende com a quantidade de alunos que abrange, mas com o PRINCÍPIO que lhe está subjacente?

Bastaria que se aplicasse a UM aluno para não ser correcta.

in Blog De Rerum Natura - post de Helena Damião

domingo, junho 13, 2010

Mais uma do amigo venezuelano de Sócrates

O caso da juíza Maria Afíuni não tem feito "primeiras páginas", mas há quem esteja atento a esta história insuportável de abuso de poder. Como se pode ler no texto a que faço referência, e noutros, passou-se o seguinte: Maria Afíuni foi detida a 10 de Dezembro, sem mais nem menos, duas horas depois de ter tido o atrevimento de revogar a prisão preventiva de um banqueiro, que se arrastava há três anos, do seu ponto de vista de forma ilegal. Alegadamente, o início do julgamento deste banqueiro era sempre adiado por falta de provas, o que permitia, por vontade de Chávez, o protelamento sine die da prisão preventiva. É preciso compreender que o banqueiro, de nome Elísio Cedeno, é um capitalista, financiador da oposição ao regime de Chávez, amigo de Álvaro Uribe (líder da Colômbia) e bem relacionado com os Estados Unidos. Mas, em bom rigor, tudo isto me parece irrelevante, quando está em causa uma decisão judicial, aquela que foi tomada por uma juíza, que deveria ser independente, mas que foi imediatamente seguida de declarações bombásticas de Chávez, pedindo nada mais nada menos do que 30 anos de prisão para a "criminosa".

O banqueiro fugiu, enquanto que Maria Afíuni, talvez ingenuamente, se manteve no seu gabinete, até ser surpreendida pela DISIP (a polícia política).

E Agora? Estamos a 9 de Junho e esta mulher continua detida sem julgamento. Ironicamente, em situação análoga à do banqueiro que libertou. É certo que já houve uma audiência marcada para 5 de Abril, mas a dita não teve lugar por falta de juiz, o qual parece que estava com "problemas de saúde" e até pediu para ser retirado do caso. Por quê? É mesmo necessário explicar? Que colega terá a coragem de fazer o óbvio, isto é, revogar uma detenção absurda por falta de base legal?

Sabemos, infelizmente, que este não foi e não será o primeiro caso com este tipo de contornos. Mas a história de Maria Afíuni, relatada na revista Tabu do Sol de 4 de Junho, mereceu a atenção da ASJP e não só, como se pode ler no final do comunicado que, já agora, contém uma petição: "Ao tomarem conhecimento desta situação, os juízes portugueses, através da sua associação representativa, associam-se à manifestação de repúdio da mesma, já proclamada pela União Internacional de Magistrados, apelando a toda a comunidade jurídica portuguesa para que levante a sua voz contra esta situação atentatória da independência do poder judicial e da separação de poderes inerentes a um Estado de Direito, violadora também dos mais elementares direitos humanos, cometida nos dias de hoje numa República da América Latina, com quem Portugal mantém relações amistosas".

Pelo que se pode ler no texto publicado na revista Tabu, pouco antes de embarcar para uma visita de 4 dias ao Brasil e Venezuela, José Sócrates recebeu uma carta da ASJP a denunciar este caso, nela se podendo ler que "o medo não deixa os juízes da Venezuela decidir a contragosto do poder político". Parece que o Gabinete do PM acusou a recepção da carta e que a mesma foi enviada ao MENE. Quanto à forma como Sócrates abordou o tema com Chávez numa visita em que foram assinados 19 novos acordos no valor de 1655,9 milhões de euros, a resposta do gabinete do PM é "omissa".

Também não sei, para além da reacção da ONU, que, de Genebra, apelou à libertação imediata e incondicional da juiza Maria Afíuni, que raio de reacções acima da política se têm visto por aí.
Tenho para mim que isto merecia uma gritaria.

in Jugular - post de Isabel Moreira

A destruição das escolas portuguesas - crime de lesa-pátria

O VERDADEIRO CRIME:

Admito que àquele que se tenha limitado às aulas de Português Técnico lhe falte o mais vulgar vocabulário, mas dizer-se que não encerrar escolas com menos de 20 alunos “seria criminoso” é coisa que deveria fazer reprovar o maior cábula do canto mais recôndito do país. Fazê-lo com auxílio do argumento da economia, então, isso sim, é verdadeiramente criminoso.

Quando no Estado Novo se andou a construir escolas pelo país inteiro, essa medida não foi seguramente economicamente sustentada, mas era devida às populações que existiam no interior. Hoje, retiramos-lhes as possibilidades de aí viverem. Que interessa o município xis andar a pagar pelos nascimentos, se o Estado não dá aos pais escolas para os filhos serem ensinados? Se o país prefere reunir as crianças numa camioneta e fazê-las passear horas até as reunir numa imensa escola longe de casa? Se prefere deixar morrer o interior?

Sabugueiro e Santana são duas localidades simpáticas entre Montemor e Arraiolos, duas terras onde se diz que irão encerrar escolas, duas terriolas onde me desloco variadas vezes e onde compro, no comércio local e para o ajudar, tudo o que tenham para me vender e me faça falta nas temporadas em que lá estou. Faço-o, por vezes pagando conscienciosamente mais do que noutros estabelecimentos maiores existentes relativamente perto (em Montemor e Arraiolos), para ajudar a população local e manter o comércio, as gentes, a população, a vida. O meu contributo é reduzido, seguramente, mas o Governo socialista não quer fazer nenhum. Isso é que é criminoso.

in Mar Salgado - post de Vasco Lobo Xavier 

Poema declamado de Pessoa

Fernando Pessoa nasceu há 122 anos

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.

É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".

Por ter crescido na África do Sul, para onde foi aos sete anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a ler e escrever na língua inglesa. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.

Durante uma vida discreta, trabalhou em Jornalismo, em Publicidade, no Comércio, ao mesmo tempo que compunha a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em diversas personagens conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, auto-denominou-se um "drama em gente".

Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu. Sua última frase foi escrita em Inglês: "I know not what tomorrow will bring… " ("Não sei o que o amanhã trará").


Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.

Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?

Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.

Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.

Fernando Pessoa

Sobre a desertificação das aldeias do interior pelo governo via Ministério da Educação


NOTA: para perceberem melhor o que se passa, sugere-se a leitura de um post do Blog Vila Franca das Naves - Algumas sugestões sobre metodologia de luta contra as estúpidas decisões do governo - e leitura/assinatura da Petição para impedir o encerramento do Agrupamento de Escolas de Vila Franca das Naves: http://www.peticaopublica.com/?pi=VFN2010

Parabéns Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Fernando Pessoa

Falso alarme de tsunami em sismo no Oceano Índico

Epicentro a mais de 150 quilómetros da costa
Alerta de tsunami no Índico após sismo de 7.7 ao largo de Nicobar

Um sismo de 7.7 na escala de Richter ao largo das ilhas Nicobar, no Índico, lançou hoje um alerta de tsunami para toda a região.


De acordo com o site da US Geological Survey, dos Estados Unidos, o alerta começou por ser dirigido só á Indonésia, mas foi alargado para todo o Índico, estendendo-se à Tailândia, Malásia, Sri Lanka, Birmânia e Índia.

O Sismo foi sentido pelas 20.26 horas de Lisboa, com epicentro a uma profundidade de 35 quilómetros a 157 quilómetros de distância de Nicobar e a 445 de Banda Aceh, na Indonésia, adiantam as autoridades norte-americanas.


NOTA: a USGS corrigiu, entretanto, o valor da magnitude - passou para 7,5 - e o aviso de tsunami anulado. Para quem não onde são as ilhas Nicobar aqui fica um mapa com a sua localização (e do epicentro do sismo):

A ética republicana e socialista - versão Ricardo "Larápio" Rodrigues


Ricardo Rodrigues ainda é deputado

O deputado que furtou dois gravadores aos jornalistas que o entrevistavam continua a comunicar com o país.


Será que alguma vez chegou a passar pela cabeça dos jornalistas a ideia de um blackout a Ricardo Rodrigues? É que a tarefa de divulgar o que o senhor tem para dizer não é propriamente um serviço mínimo.

Na verdade, quem se der ao trabalho de ler o artigo 598 do Código do Trabalho sobre as obrigações durante uma greve reparará que a prestação de serviços mínimos deve assegurar a manutenção da "salubridade pública".

in Expresso - texto de Vasco M. Barreto

Música para recordar o Dia de Lisboa


Francisco José canta:



Monte e Igreja da Graça



RECADO A LISBOA


Lisboa querida mãezinha
Com o teu xaile traçado
Recebe esta carta minha
Que te leva o meu recado

Que Deus te ajude, Lisboa
A cumprir esta mensagem
Dum português que está longe
E que anda sempre em viagem


Vai dizer adeus à Graça
Que é tão bela, que é tão boa
Vai por mim beijar a Estrela
E abraçar a Madragoa
E mesmo que esteja frio
Que os barcos fiquem no rio
Parados sem navegar
Passa por mim no Rossio
E leva-lhe o meu olhar


Se for noite de S. João
Lá pelas ruas de Alfama
Acende o meu coração
No fogo da tua chama

Depois leva-o p´la cidade
Num vaso de manjerico
Para matar a saudade
Desta saudade em que fico

Letra de João Villaret
Música de Armando da Câmara Rodrigues


NOTA: o alentejano Francisco José, irmão do grande geólogo Professor Doutor Galopim de Carvalho, está um pouco esquecido - pela nossa parte tudo faremos para o trazer aos nossos leitores...

Vasco Santana morreu há 52 anos


Vasco António Rodrigues Santana (Lisboa, 28 de Janeiro de 1898Lisboa, 13 de Junho de 1958), mais conhecido como Vasco Santana, foi um dos maiores actores portugueses.



sexta-feira, junho 11, 2010

Jacques-Yves Cousteau nasceu há um século


Jacques-Yves Cousteau (Saint André de Cubzac, 11 de Junho de 1910Paris, 25 de Junho de 1997) foi um oficial da marinha francesa, oceanógrafo mundialmente conhecido por suas viagens de pesquisa, a bordo do Calypso.

Cousteau foi um dos inventores, juntamente com Émile Gagnan, do aqualung, o equipamento de mergulho autónomo que substituiu os pesados escafandros, e também participou como piloto de testes da criação de aparelhos de ultra-som para levantamentos geológicos do relevo submarino e de equipamentos fotocinematográficos para trabalhos em grandes profundidades.

Jacques Cousteau consquistou o Oscar em 1956 com o documentário O mundo silencioso, filmado no Mediterrâneo e no Mar Vermelho. Mas o próprio Cousteau confessa que, em seus primeiros filmes, não tinha nenhum tipo de preocupação ecológica. No total, foram quatro longas-metragens e setenta documentários para a televisão.

Em 1965, Cousteau criou uma casa submarina onde seis pessoas viveram por um mês, a cem metros de profundidade.

O Ministério da Anarquia visto pelo lápis do Antero





Cartoons do Antero - Blog anterozóide

O Ministério da Anarquia - notícia do Público

Processo de mudança tornou também inacessíveis os endereços de correio electrónico institucionais
Escolas públicas sem sites há uma semana devido a mudança para nova rede informática

Os sites e endereços de correio electrónico de milhares de escolas públicas que se encontravam alojados nos servidores das Fundação para a Computação Científica Nacional estiveram inacessíveis durante pelo menos oito dias devido à migração destas páginas para uma nova plataforma de rede fornecida pela Portugal Telecom.


O Ministério da Educação (ME) fez saber hoje que o e-mail dos estabelecimentos de ensino já estava a funcionar, mas os sites das escolas permaneciam inacessíveis.

De acordo com o ME, a mudança na infra-estrutura, que envolve todas as escolas públicas do básico ao secundário, deve-se "ao aumento exponencial nos acessos" à rede e não tem ainda um prazo para estar concluída. Segundo a tutela, os estabelecimentos de ensino foram todos avisados através das Direcções Regionais de Educação.

Há, porém, escolas que foram apanhadas de surpresa. Pedro Araújo, presidente da direcção da associação nacional de dirigentes escolares, e que é também presidente do conselho executivo da Escola Secundária de Felgueiras, diz não ter havido qualquer justificação para a interrupção no serviço. "Há cerca de uma semana quando o site e o e-mail ficaram indisponíveis não sabíamos sequer se o Ministério tinha conhecimento da situação ou se era apenas um problema de gestão da rede", afirma.

Os endereços de correio electrónico institucionais funcionam como um canal privilegiado de comunicação entre os serviços do ministério e as escolas, por onde são emitidas convocatórias, circulares e outro tipo informação. A interrupção nas ligações obrigou, por isso, a que se recorressem a formas alternativas de comunicação com as escolas. "Recebemos alguma informação por correio normal, mas como não conseguimos ter acesso ao e-mail desconhecemos se houve alguma perda de informação", refere Pedro Araújo.

Desde 1993 que a Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) era responsável pela rede de Internet que unia as escolas públicas e que, em 2005, cobriu cerca de 8300 estabelecimentos de ensino com acesso internet de banda larga. Grande parte dos sites das escolas estavam associados à Rede Ciência Tecnologia e Sociedade (RCTS), que é gerida pela FCNN e que alberga os sites de outras instituições de investigação científica e educação.

Os dados estão a ser agora transferidos para uma plataforma alojada na PT e, de acordo com o ME, os serviços de manutenção da rede vão passar a ser prestados pela empresa Sysvalue.

Além dos sites e dos endereços electrónicos serão também transferidos para um novo alojamento de rede as plataformas de ensino e aprendizagem em linha (conhecidas como plataformas Moodle), que as escolas começaram a criar a partir de 2007 e que permitem criar espaços de apoio a disciplinas, projectos e outras actividades através da rede. Em relação aos dados que estavam alojados nestas páginas, o ME diz que não houve qualquer perda de informação e que esta voltará a ser disponibilizada em breve.

O Ministério da Anarquia visto pelo Expresso





O ministério anti-professor


O ministério da educação já não existe na realidade. Os pedagogos da 5 de Outubro só existem no mundo do humor. E, no meio deste humor involuntário, lá vão destruindo a figura do "professor".


I. Nas últimas semanas, o humor do ministério da educação começou no grau de exigência das provas de final de ano. Numa prova do 6.º ano, os alunos foram confrontados com este desafio brutal: ordenar palavras por ordem alfabética. Repito: a prova era para o 6.º ano. Uma prova de matemática, também do 6.º ano, tinha perguntas complicadas como esta: "quantos são 5 + 2?". Tal como disse a sociedade portuguesa de matemática, 14 perguntas deste teste de aferição do 6.º ano poderiam ter sido respondidas por alunos da primária. Em nome das suas estatísticas, os pedagogos da 5 de Outubro estão a destruir qualquer noção de empenho e rigor. Isto até seria cómico, se não fosse realmente grave.
II. Há dias, o humor chegou à própria arquitectura das escolas. Um génio da "Parque Escolar" decidiu que a sala de aula já não pode ser o centro da escola, porque isso representa o passado, porque isso representa um ensino centrado, imaginem, no professor. A "Parque Escolar" quer "uma escola descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo projectos" . Alguém tem de explicar à "Parque Escolar" que uma escola não é um campo de férias. Alguém tem de explicar à "Parque Escolar" que o centro da escola é mesmo o professor. O aluno está na escola para aprender.
III. Já agora, aproveitando esta onda de humor involuntário produzida pela pedagogia pós-moderna, eu queria deixar uma proposta à "Parque Escolar" e ao ministério: que tal acabar de vez com o professor? Que tal substituir o professor por babysitters? Porque nesta escola "moderna" os professores são isso mesmo: babysitters. Uma salva de palmas para a 5 de Outubro. 

in Expresso - texto de Henrique Raposo

quinta-feira, junho 10, 2010

Rumor de raça

Mais um post roubado ao Blog portugal dos pequeninos, também de autoria de João Gonçalves:


Que pena me fez ver os nossos antigos combatentes - os verdadeiros, não os que andam por aí a juntar umas massas em missões "humanitárias" - a terem de desfilar diante de tantos traidores à Pátria. A traição à Pátria é, antes de outra coisa qualquer, uma atitude moral, ou melhor, amoral que se pode traduzir em acções e omissões em vários domínios. Vivendo em paz, embora numa paz de cemitérios, Portugal está, no essencial, entregue a patrioteiros de opereta que envergonham aquilo que já foi uma raça. Apesar deste abaixamento generalizado, Cavaco Silva é o único PR que expressamente teve a coragem de associar o que resta das Forças Armadas - e, este ano, os antigos combatentes - ao Dia de Portugal. Até porque cumpriu serviço militar obrigatório em Moçambique enquanto a maior parte do palanque oficial nunca vestiu uma farda ou fugiu de a vestir. Se um rumor de raça resta, a estes homens, mortos ou vivos, o devemos. Eles são o Dia de Portugal.

As condecorações do Sr. Silva

condecorações

O Presidente da República, Cavaco Silva, vai condecorar esta quinta-feira, nas cerimónias do 10 de Junho, dois ex-ministros de José Sócrates, Nunes Correia (Ambiente) e Isabel Pires de Lima (Cultura). Os dois ex-governantes vão receber a Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Da lista de condecorações destaque ainda para as atribuídas a João Salgueiro, Silva Peneda, Vasco Graça Moura e António Sala.

São estas as personagens que o Sr. Silva considera dignas e meritórias para receberem uma condecoração. Para uns o mérito de terem sido corridos do primeiro governo do Sócrates por não haver registo de grande produtividade.Outros porque sim, outros, talvez por dizerem disparates e outros ainda por entreterem as manhãs das Marias deste nosso Portugal.


Camões lido na Guarda - 33 anos de decadência moral e cívica

Com a devida vénia publicamos o seguinte post, de João Gonçalves, do Blog portugal dos pequeninos:


«Os portugueses são de um individualismo mórbido e infantil de meninos que nunca se libertaram do peso da mãezinha; e por isso disfarçam a sua insegurança adulta com a máscara da paixão cega, da obediência partidária não menos cega, ou do cinismo mais oportunista, quando se vêem confrontados, como é o caso desde Abril de 1974, com a experiência da liberdade. Isto não sucedeu só agora, é não é senão repetição de outros momentos da nossa história sempre repartida entre o anseio de uma liberdade que ultrapassa os limites da liberdade possível (ou sejam as liberdades dos outros, tão respeitáveis como a de cada um) e o desejo de ter-se um pai transcendente que nos livre de tomar decisões ou de assumir responsabilidades, seja ele um homem, um partido, ou D. Sebastião. (...) E sejam quais forem as nossas ideias e as nossas situações políticas, nenhum de vós que me escutais ou não, pode viver sem uma ideia que, genericamente, é inerente à própria condição humana: o resistir a tudo o que pretende diminuir-nos ou confinar-nos. (...) Deixem-me todavia recordar-vos que o grande aproveitacionismo de Camões para oportunismos de politicagem moderna não foi iniciado pela reacção. Esta, na verdade, e desde sempre, mesmo quando brandindo Camões, sentia que as mãos lhe ardiam. Aqueles oportunismos foram iniciados com o liberalismo romântico e com o positivismo republicano. E se o Estado Novo tentou apoderar-se de Camões, devemos reconhecer que ele era o herdeiro do nacionalismo político e burguês, inventado e desenvolvido por aquele liberalismo e aquele positivismo naquelas confusões ideológicas que os caracterizavam e de que Camões não tem culpa (...). Além e acima de tudo e todos, a principal personagem da epopeia é Camões ele-mesmo, não só como o autor, não só como o narrador, não só como o crítico severo e implacável de toda a corrupção e de toda a maldade, como o denunciador angustiado de uma decadência moral e cívica que ele via e sentia à sua volta, e o qual constantemente interrompe a narrativa para invectivar com o maior desassombro. (...) Ele é o homem em si, aquele ser que se busca continuamente e ao amor que o projecta para dentro e para fora de si mesmo, e é, como Luís de Camões, o predestinado para ser, ao mesmo tempo, o poeta-herói supremo que realiza, isto é, torna real para a eternidade da poesia, a história de Portugal, e a embarca nos navios de Vasco da Gama para unir o Ocidente ao Oriente. Ao mesmo tempo, este poeta-herói-épico, e o poeta-homem, exemplo de ser-se português, em exílios e trabalhos, em sofrer incompreensões e injustiças , e - ao contrário do que sucede ou sucedeu a alguns - regressar com as mãos vazias, apenas rico de desilusões, de amarguras e do génio que havia posto numa das mais prodigiosas construções jamais criadas, desde que o mundo é mundo (...). E vendo-o no seu tempo, e na visão do mundo que ele teve, sabemos que devemos relê-lo atentamente para saber, que ele, tão orgulhosamente português, entenderia todas as independências, se fosse em vida nosso contemporâneo como ele o é na obra que nos legou, para glória máxima de uma língua falada e escrita ou recordada em todos os continentes. O orgulho de ser-se alguma coisa, o inabalável sentimento de independência e de liberdade, disso ele falou, e sentiu como ninguém. É disso um mestre. Tudo existe na sua obra: o orgulho e a indignação, a tristeza e a alegria prodigiosa, a amargura e o gosto de brincar, e desejo de ser-se um puro espírito de tudo isento e a sensualidade mais desbragada, uma fé inteiramente pessoal, pensada e meditada como ele a queria e não como uma instituição , e a dúvida do presdestinado que se sente todavia só e abandonado a si mesmo. Leiam-no e amem-no: na sua epopeia, nas suas líricas, no seu teatro tão importante, nas suas cartas tão descaradamente divertidas. E lendo-o e amando-o (poucos homens neste mundo tanto reclamaram amor em todos os níveis, e compreensão em todas as profundidades) - todos vós aprendereis a conhecer quem sois aqui e no largo mundo, agora e sempre, e com os olhos postos na claridade deslumbrante da liberdade e da justiça. Ignorar ou renegar Camões não é só renegar o Portugal a que pertencemos, tal como ele foi, gostemos ou não da história dele. É renegarmos a nossa mesma humanidade na mais alta e pura expressão que ela alguma vez assumiu.»


Jorge de Sena, Discurso do 10 de Junho de 1977 na Guarda

Camões - como o passado é o espelho destes tristes dias

(imagem daqui)
No mais, Musa, no mais, que a lira tenho
destemperada e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
não no dá a pátria, não, que está metida
no gosto da cobiça e na rudeza
duma austera, apagada e vil tristeza.

in Os Lusíadas, Canto X, estância 145 - Luís Vaz de Camões

Curso de Especialização em Geologia Médica

Aqui ficam alguns dados relativos ao 1º Curso de Especialização em Geologia Médica, a realizar em Lisboa, entre 5 e 10 de Julho de 2010. O custo de inscrição é de 250 € (mais IVA) e inclui textos de apoio, os almoços, os coffee breaks e a visita de estudo às Termas de Cabeço de Vide no dia 10 de Julho.

Temas a abordar:
  • Exposição humana à radioactividade nas explorações mineiras abandonadas de jazigos uraníferos.
  • Efeitos na saúde derivados da presença de radão no ar e na água.
  • Ocorrência de flúor nas águas.
  • Ocorrência de arsénio nas águas subterrâneas e seus efeitos adversos para a saúde.
  • Origem das águas termais e seus efeitos terapêuticos.
  • Benefícios para a saúde de minerais e rochas.
  • Efeitos para a saúde da inalação de poeiras geogénicas.
  • Investigação aplicada à saúde ambiental.
Para mais informações, recomenda-se o download dos seguintes documentos:

Mota Amaral e a mulher do bispo de Worcester

Publicamos, com a devida vénia, o seguinte post, roubado ao Blog De Rerum Natura:


Para quem não leu o texto do professor de Física José Dias Urbano no "Público" do passado dia 24 de Maio, aqui fica o essencial:

"O despacho do dr. Mota Amaral que proíbe a Comissão de Inquéritos a que preside de usar os documentos que lhe foram enviados por autoridades judiciais competentes é, à primeira vista, incompreensível e insensato. De facto, numa só penada o dr. Mota Amaral contribuiu para desprestigiar não só o sistema judiciário, mas também a Assembleia da República.

Desprestigiou o sistema judiciário porque transmitiu ao país a ideia de que há juízes e procuradores que não se coíbem de praticar actos ilegais que ferem direitos fundamentais dos cidadãos, consignados na Constituição da República. Desprestigiou a Assembleia da República porque a impede de usar meios que são considerados por quem os enviou como essenciais para se chegar à verdade, transformando desse modo a Comissão de Inquérito em mais um espectáculo mediático sem outras consequências que não sejam a de mostrar aos cidadãos que os deputados gostam de perder tempo em tarefas inúteis.

Mas, pensando melhor, pode ter acontecido que, perante a gravidade da situação que se criaria se a Comissão de Inquérito chegasse à conclusão de que o primeiro-ministro tinha mentido - repare-se que isso já levou à destituição do homem mais poderoso do mundo -, o dr. Mota Amaral tenha optado por seguir a sábia atitude de prudência demonstrada pela mulher do bispo de Worcester, num dos mais célebres debates de que há memória em reuniões científicas. (...)

Tanto ele (o bispo de Worcester) como muitas outras autoridades religiosas da época (30 de Junho de 1860) achavam que o «princípio da selecção natural é absolutamente incompatível com a palavra de Deus».

Mais pragmática que os clérigos, a mulher do bispo de Worcester limitou-se a comentar: «Descender de macacos! Essa agora! Esperemos que não seja verdade! Mas se for, rezemos para que não se fique sabendo!».

Perante a gravidade da situação que se criaria se se provasse que o primeiro-ministro tinha mentido ao Parlamento, o dr. Mota Amaral deve ter-se sentido obrigado a tomar a mesma sábia atitude de prudência revelada pela mulher do bispo de Worcester:

«Termos um primeiro-ministro mentiroso?! Era o que mais faltava! Mas, se for verdade, ao menos que não se saiba». "

José Dias Urbano - in Público de 24/5/2010

Mais música dos anos 80 para celebrar a data

Poema de Gedeão para Camões


Soneto

Ao Luís Vaz, recordando o convívio da nossa mocidade.



Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.

Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer os olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.

Também eu das palavras me arredeio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.

E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.


in Colóquio Letras, nº55, Maio de 1980