O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo O plantador de naus a haver, E ouve um silêncio múrmuro consigo: É o rumor dos pinhais que, como um trigo De Império, ondulam sem se poder ver. Arroio, esse cantar, jovem e puro, Busca o oceano por achar; E a fala dos pinhais, marulho obscuro, É o som presente desse mar futuro, É a voz da terra ansiando pelo mar.
Clyde Jackson Browne (Heidelberg, 9 de outubro de 1948) é um cantor e compositornorte-americano. O seu interesse político e as suas angústias pessoais têm sido o centro de
sua carreira, resultando em canções populares como “Somebody’s Baby”,
“These Days”, “The Pretender” e “Running On Empty”. Em 2004, Browne foi
introduzido no Rock and Roll Hall of Fame pelo seu amigo Bruce Springsteen. No mesmo ano, Browne recebeu um doutoramento honoris causa em Música do Occidental College de Los Angeles
por “uma notável carreira musical que combina com sucesso uma arte
intensamente pessoal com uma visão mais ampla de mudança social e de
justiça”.
Ivan Eugene Doroschuk (Montreal, Quebec, 9 October 1957) is an American-born Canadian musician. He is the lead vocalist and founding member of Men Without Hats, best known for the hit song "The Safety Dance".
Provas escritas de ordem direta de Pio XII para proteger os judeus
foram encontradas no Memorial das Religiosas Agustinas do mosteiro
romano "Dei Santissimi Quattro Coronati" onde se lê: "O Santo Padre quer
salvar os seus filhos, também os Judeus, e ordena que em todos os
Mosteiros se dê hospitalidade a estes perseguidos". A anotação é de
novembro de 1943 e inclui a lista de 24 pessoas acolhidas neste Mosteiro
como adesão ao desejo do Sumo Pontífice.
A Pave the Way Foundation, uma fundação que se dedica à promoção da paz no mundo por meio do diálogo interreligioso, liderada pelo judeu Gary Lewis Krupp
comunicou, em setembro de 2009, ao Papa Bento XVI uma iniciativa que
busca dar a Pio XII o título de "Justo entre as Nações" – o que seria
equivalente ao reconhecimento que faz a Igreja Católica dos santos - e
assim colocar o seu nome no elenco do conhecido jardim dos justos no Yad Vashem de Jerusalém.
COMO DE VÓS... À memória do Papa Pio XII que quis ouvir, moribundo, o “Allegretto” da Sétima Sinfonia de Beethoven.
Como de Vós, meu Deus, me fio em tudo,
mesmo no mal que consentis que eu faça,
por ser-Vos indiferente, ou não ser mal,
ou ser convosco um bem que eu não conheço,
importa pouco ou nada que em Vós creia,
que Vos invente ou não a fé que eu tenha,
que a própria fé não prove que existis,
ou que existir não seja a Vossa essência.
Não de existir sois feito, e também não
de ser pensado por quem só confia
em quem lhe fale, em quem o escute ou veja.
Humildemente sei que em Vós confio,
e mesmo isto o sei pouco ou quase esqueço,
pois que de Vós, meu Deus, me fio em tudo.
Polly Jean Harvey (Dorset, 9 de outubro de 1969) é uma cantora britânica, considerada uma das mais importantes artistas da sua geração e um dos ícones do rock da década de 90, influenciando vários artistas da sua época e posteriormente.
T'as voulu voir Vierzon Et on a vu Vierzon T'as voulu voir Vesoul Et on on a vu Vesoul T'as voulu voir Honfleur Et on a vu Honfleur T'as voulu voir Hambourg Et on a vu Hambourg J'ai voulu voir Anvers Et on a revu Hambourg J'ai voulu voir ta sœur Et on a vu ta mère Comme toujours
T'as plus aimé Vierzon Et on a quitté Vierzon T'as plus aimé Vesoul Et on a quitté Vesoul T'as plus aimé Honfleur Et on a quitté Honfleur T'as plus aimé Hambourg Et on a quité Hambourg T'as voulu voir Anvers Et on n'a vu qu'ses faubourgs Tu n'as plus aimé ta mère Et on a quitté sa sœur Comme toujours
Mais je te le dis Je n'irai pas plus loin Mais je te préviens J'irai pas à Paris D'ailleurs j'ai horreur De tous les flons flons De la valse musette Et de l'accordéeon
T'as voulu voir Paris Et on a vu Paris T'as voulu voir Dutronc Et on a vu Dutronc J'ai voulu voir ta sœur J'ai vu le mont Valérien T'as voulu voir Hortense Elle était dans l'Cantal J'ai voulu voir Byzance Et on a vu Pigalle À la gare Saint-Lazare J'ai vu les Fleurs du Mal Par hasard
T'as plus aimé Paris Et on a quité Paris T'as plus aimé Dutronc Et on a quitté Dutronc Maintenant je confonds ta sœur Et le mont Valérien De ce que je sais d'Hortense J'irai plus dans l'Cantal Et tant pis pour Byzance Puisque j'ai vu Pigalle Et la gare Saint-Lazare C'est cher et ça fait mal Au hasard
Mais je te le redis chauffe Marcel Je n'irai pas plus loin Mais je te préviens kaï kaï Le voyage est fini D'ailleurs j'ai horreur De tous les flons flons De la valse musette Et de l'accordéon
T'as voulu voir Vierzon Et on a vu Vierzon T'as voulu voir Vesoul Et on on a vu Vesoul T'as voulu voir Honfleur Et on a vu Honfleur T'as voulu voir Hambourg Et on a vu Hambourg J'ai voulu voir Anvers Et on a revu Hambourg J'ai voulu voir ta sœur Et on a vu ta mère Comme toujours
T'as plus aimé Vierzon Et on a quitté Vierzon... Chauffe... Chauffe T'as plus aimé Vesoul Et on a quitté Vesoul T'as plus aimé Honfleur Et on a quitté Honfleur T'as plus aimé Hambourg Et on a quité Hambourg T'as voulu voir Anvers Et on n'a vu qu'ses faubourgs Tu n'as plus aimé ta mère Et on a quitté sa sœur Comme toujours... Chauffez les gars
Mais mais je te le reredis... Kaï Je n'irai pas plus loin Mais je te préviens J'irai pas à Paris D'ailleurs j'ai horreur De tous les flons flons De la valse musette Et de l'accordéon
T'as voulu voir Paris Et on a vu Paris T'as voulu voir Dutronc Et on a vu Dutronc J'ai voulu voir ta sœur J'ai vu le mont Valérien T'as voulu voir Hortense Elle était dans l'Cantal J'ai voulu voir Byzance Et on a vu Pigalle À la gare Saint-Lazare J'ai vu les Fleurs du Mal Par hasard
As características de Karl não eram aquelas que são normalmente
associadas aos cientistas de sua nacionalidade. Ele era um alpinista
entusiasmado e tinha realizado algumas das subidas mais complicadas dos Alpes. Ele tinha um espírito de aventura e praticava desportos de inverno na Suíça. Um voo de Zeppelin foi a sua última grande aventura.
Como a sua morte, muito prematura, as honras foram relativamente poucas
durante sua vida. Recebeu honras póstumas de um observatório, fundado
em 1960, em Tautenburg como Instituto afiliado da Academia Alemã de Ciências. A dedicação descreveu-o como: “...o maior astrónomo alemão dos últimos 100 anos...”. Após a reunificação da Alemanha, o Instituto foi refundado, em 1992, e renomeado "Observatório Karl Schwarzschild" do estado de Turíngia de Tautenburg, que possui o maior telescópio da Alemanha. A Sociedade Astronómica Alemã estabeleceu um eleitorado especial em sua homenagem em 1959 e uma medalha Karl Schwarzschild de Astronomia. O primeiro destinatário foi seu filho Martin Schwarzschild. O asteroide 837 Schwarzschild, descoberto em 23 de setembro de 1916 pelo astrónomo alemão Max Wolf, foi nomeado em sua homenagem bem como a cratera de Schwarzschild na Lua.
Andrade foi a figura central do movimento de vanguarda de São Paulo por vinte anos.
Treinado como músico e mais conhecido como poeta e romancista, Andrade
se envolveu pessoalmente em praticamente todas as disciplinas
relacionadas ao modernismo paulistano e se tornou o polímata
nacional do Brasil. As suas fotografias e ensaios sobre uma ampla
variedade de assuntos, da história à literatura e à música, foram
amplamente publicados.
Ele foi a força motriz por trás da Semana de Arte Moderna, o evento de 1922 que reformulou a literatura e as artes visuais
no Brasil, e um membro do vanguardista "Grupo dos Cinco". As ideias por
trás da semana foram exploradas no prefácio de sua coleção de poesia Pauliceia Desvairada e nos próprios poemas.
Depois de trabalhar como professor de música e colunista de jornal, publicou o seu grande romance, Macunaíma,
em 1928. Os trabalhos sobre música folclórica brasileira, poesia e
outras temáticas foram seguidos de maneira desigual, muitas vezes
interrompidos pela mudança na relação de Andrade com o governo
brasileiro. No final de sua vida, ele se tornou o diretor fundador do
Departamento de Cultura de São Paulo, formalizando um papel que exercia
há muito tempo como catalisador da entrada da cidade - e da nação - na
modernidade artística.
(...)
O projeto final de Andrade foi um longo poema chamado "Meditação
Sôbre o Tietê". O trabalho é denso e difícil, e foi descartado pelos
primeiros críticos como "sem sentido", embora trabalhos recentes tenham
sido mais entusiasmados. Um crítico, David T. Haberly, o comparou
favoravelmente ao Paterson, deWilliam Carlos Williams, um épico inacabado denso, mas influente, que usa uma construção composta. Como Paterson, é um poema sobre uma cidade; a "Meditação" está centrada no rio Tietê,
que corre por São Paulo. O poema é simultaneamente um resumo da
carreira de Andrade, comentando poemas escritos muito antes, e um poema
de amor dirigido ao rio e à própria cidade. Nos dois casos, o poema
sugere um contexto mais amplo: compara o rio ao Tejo, em Lisboa, e ao Sena, em Paris,
como se estivesse reivindicando uma posição internacional para Andrade
também. Ao mesmo tempo, o poema associa a voz de Andrade e o rio ao
banzeiro, palavra da tradição musical afro-brasileira: música que pode
unir homem e rio. O poema é a afirmação definitiva e final da ambição de Andrade e de seu nacionalismo.
Andrade morreu na sua casa em São Paulo, de um ataque cardíaco, em 25 de fevereiro de 1945, aos 51 anos. Dadas as suas divergências com a ditadura varguista, não houve qualquer reação oficial significativa antes de sua morte. No entanto, a publicação de seus Poemas Completos,
em 1955, marcou o início da canonização
de Andrade como um dos heróis culturais do Brasil. Em 15 de fevereiro
de 1960, a biblioteca municipal de São Paulo foi renomeada para Biblioteca Mário de Andrade.
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.
Senghor nasceu em 1906 na cidade costeira de Joal. O seu pai, Basile Diogoye Senghor, era um comerciante católico, de etnia serer, minoritária no Senegal. Já a sua mãe, Gnilane Ndiémé Bakhou, era muçulmana de etnia peul. O sobrenome de seu pai, Senghor deriva da palavra portuguesa "senhor".
Em 1928 foi estudar em Paris, onde entrou para a Sorbonne, lá permanecendo entre 1935 e 1939, tornando-se o primeiro africano a completar uma licenciatura nesta universidade parisiense.
Como escritor, desenvolveu a Négritude (movimento literário que exaltava a identidade negra, lamentando o impacto negativo que a cultura europeia teve junto das tradições africanas). Nas suas obras, as mais engrandecidas são Chants d'ombre(1945), Hosties noires (1948), Ethiopiques (1956), Nocturnes (1961) e Elegies majeures
(1979). A sua obra tem como tema principal a cultura africana, que tanto
ajudou a difundir, e o seu estilo como escritor se aproxima com a literatura francesa.
Entre 1948 e 1958 foi deputado senegalês na Assembleia Nacional
Francesa, sendo o primeiro negro a ocupar o cargo de deputado nessa
Assembleia.
Quando o Senegal proclamou a independência, em 1960 - por conta de um apelo feito por Léopold ao então presidente da França, Charles de Gaulle
- Senghor foi eleito, por unanimidade, presidente da nova República,
vindo a desempenhar o cargo ate ao final de 1980, graças a reeleições
sucessivas.
Cher frère blanc,
Quand je suis né, j'étais noir,
Quand j'ai grandi, j'étais noir,
Quand je suis au soleil, je suis noir,
Quand je suis malade, je suis noir,
Quand je mourrai, je serai noir.
Tandis que toi, homme blanc,
Quand tu es né, tu étais rose,
Quand tu as grandi, tu étais blanc,
Quand tu vas au soleil, tu es rouge,
Quand tu as froid, tu es bleu,
Quand tu as peur, tu es vert,
Quand tu es malade, tu es jaune,
Quand tu mourras, tu seras gris.
Guevara foi um dos ideólogos e comandantes que lideraram a Revolução Cubana (1953-1959) que levou a um novo regime político em Cuba. Ele participou, até 1965, na reorganização do Estado cubano, desempenhando vários altos cargos da sua administração e do governo,
principalmente na área económica, como presidente do Banco Nacional e
como Ministro da Indústria, e também na área diplomática, encarregado
de várias missões internacionais.
Convencido da necessidade de estender a luta armada revolucionária a todo o Terceiro Mundo, Che Guevara impulsionou a instalação de grupos guerrilheiros em vários países da América Latina. Entre 1965 e 1967, lutou no Congo e na Bolívia, onde foi capturado, e assassinado de maneira sumária e clandestina, pelo exército boliviano, em colaboração com a CIA, a 9 de outubro de 1967.
(...)
No final de 1966, a localização de Guevara ainda não era conhecida
publicamente, embora representantes do movimento de independência de
Moçambique, a Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), relatassem que se encontraram com ele no final de 1966, em
Dar es Salaam, para tratar da sua oferta para ajudar no seu projeto
revolucionário, que foi rejeitada.
Antes de partir para a Bolívia, alterou a sua aparência, rapando a
barba e grande parte do cabelo, também pintando-o de cor cinza, ficando
irreconhecível. Em 3 de novembro de 1966, chegou secretamente em La Paz
num voo de Montevidéu, com o nome falso de Adolfo Mena González,
fazendo-se passar por um empresário uruguaio de meia-idade que
trabalhava para a Organização dos Estados Americanos.
Três dias depois de sua chegada à Bolívia, deixou La Paz para a
região rural do sudeste do país para formar o seu exército guerrilheiro. O
seu primeiro acampamento base era localizado na floresta seca e
montanhosa na remota região de Ñancahuazú. O treino no acampamento
no vale de Ñancahuazú provou ser perigoso, e pouco foi conseguido para
construir um exército guerrilheiro. A funcionária da Alemanha Oriental
nascida na Argentina, Haydée Tamara Bunke Bider, mais conhecida por seu nome de guerra "Tania", foi instalada como agente principal de Che em La Paz.
A força guerrilheira de Guevara, que contava com cerca de 50 homens
e atuava sob a sigla ELN (Exército de Libertação Nacional da Bolívia),
estava bem equipada e obteve inúmeros sucessos antecipados contra os
soldados regulares do exército boliviano no terreno da região montanhosa
de Camiri
durante os primeiros meses de 1967. Como resultado da vitória das suas
unidades em várias escaramuças contra as tropas bolivianas na primavera e
no verão de 1967, o governo boliviano começou a sobrestimar o tamanho
real da força de guerrilha.
Os pesquisadores supõem que o plano de Guevara para fomentar uma revolução na Bolívia fracassou por uma série de razões:
Guevara esperava assistência e cooperação dos dissidentes locais que não recebeu, nem recebeu apoio do Partido Comunista da Bolívia
sob a liderança de Mario Monje, que era orientado por Moscovo e não por
Havana. No diário de Guevara, capturado após sua morte, ele escreveu
sobre o Partido Comunista da Bolívia, que ele qualificou de
"desconfiado, desleal e estúpido".
Ele esperava lidar apenas com os militares bolivianos, que estavam
mal treinados e mal equipados, e não sabia que o governo dos Estados
Unidos havia enviado uma equipa de comandos da Special Activities Division da CIA e outros agentes para a Bolívia para ajudar no esforço anti-insurreição. O Exército boliviano também foi treinado, assessorado e abastecido pelas Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos, incluindo um batalhão de elite dos Rangers
norte-americanos treinados em guerra na selva que montou acampamento em
La Esperanza, um pequeno povoado próximo da localização dos
guerrilheiros.
Além disso, sua conhecida preferência por confrontos em vez de
compromissos, que já haviam surgido durante sua campanha de guerrilha em
Cuba, contribuiu para sua incapacidade de desenvolver relações de
trabalho bem-sucedidas com líderes rebeldes locais na Bolívia, assim
como no Congo. Essa tendência existiu em Cuba, mas foi mantida sob
controle pelas oportunas intervenções e orientação de Fidel Castro.
Guevara foi incapaz de atrair habitantes da área local para se
juntar a sua milícia durante os onze meses em que tentou o recrutamento.
Muitos dos habitantes informaram voluntariamente as autoridades e
militares bolivianos sobre os guerrilheiros e seus movimentos na área.
Perto do fim da aventura boliviana, ele escreveu em seu diário que "os
camponeses não nos dão nenhuma ajuda e estão se transformando em
informantes".
Captura e morte
Félix Ismael Rodríguez, um exilado cubano que se tornou um agente da Divisão de Atividades Especiais da CIA, acessorou as tropas bolivianas durante a caçada a Guevara na Bolívia. Além disso, o documentário My Enemy's Enemy, de 2007, alega que o criminoso de guerra nazi Klaus Barbie aconselhou e possivelmente ajudou a CIA a orquestrar a eventual captura do revolucionário.
Em 7 de outubro de 1967, um informante avisou as Forças Especiais
da Bolívia sobre a localização do acampamento de guerrilha na garganta
de Yuro.
Na manhã de 8 de outubro cercaram a área com dois batalhões,
contando com mil e oitocentos soldados e avançaram até ao barranco, desencadeando
uma batalha em que Guevara foi ferido e feito prisioneiro enquanto
liderava um destacamento com Simeón Cuba Sarabia. Jon Lee Anderson,
biógrafo de Che, relatou a história do sargento boliviano Bernardino
Huanca: quando os Rangers Bolivianos se aproximaram, Guevara duas vezes
ferido, com sua arma inutilizada, ergueu os braços em sinal de rendição e
gritou aos soldados: "Não atire! Eu sou Che Guevara e valho mais para
você vivo do que morto".
Não
havia ninguém mais temido pela empresa (CIA) do que Che Guevara, porque
ele tinha a capacidade e o carisma necessários para dirigir a luta
contra a repressão política das hierarquias tradicionais no poder nos
países da América Latina.
— Philip Agee, agente da CIA de 1957-1968, que depois desertou para Cuba
Ele foi amarrado e levado para uma escola delapidada de lama na aldeia vizinha de La Higuera
na noite de 8 de outubro. Durante o próximo meio dia, recusou ser
interrogado por oficiais bolivianos e só falou em voz baixa com os
soldados. Um desses soldados, um piloto de helicóptero chamado Jaime
Nino de Guzman, descreveu Che como "terrível". De acordo com Guzman, o
revolucionário foi baleado na barriga da perna direita, o seu cabelo estava
sujo de barro, as suas roupas estavam rasgadas e os seus pés estavam cobertos
por bainhas de couro. Apesar de sua aparência abatida, ele conta que
"Che ergueu a cabeça, olhou todos diretamente nos olhos e pediu apenas
para fumar". Guzman afirma que ele "teve pena" e deu-lhe uma pequena
bolsa de tabaco para o cachimbo, e Guevara sorriu e agradeceu-lhe.
Mais tarde, na noite de 8 de outubro, Guevara - apesar de ter as mãos
amarradas - chutou um oficial do exército boliviano, chamado Capitão
Espinosa, contra um muro depois que o oficial entrou na escola e tentou
arrancar o cachimbo de sua boca para levar como lembrança enquanto ele
ainda estava fumando.
Noutro caso de desafio, cuspiu na cara do contra-almirante boliviano
Ugarteche, que o tentou questionar algumas horas antes da sua execução.
Na manhã seguinte, 9 de outubro, Guevara pediu para ver a
professora da aldeia, uma mulher de 22 anos chamada Julia Cortez. Mais
tarde, ela afirmou que o encontrou como um "homem de aparência agradável
com um olhar suave e irónico" e que durante a conversa ela se viu
"incapaz de olhá-lo nos olhos" porque seu "olhar era insuportável,
penetrante e tranquilo". Durante a sua curta conversa, apontou para Cortez o mau estado da escola, afirmando que era "anti-pedagógico"
esperar que os estudantes camponeses fossem educados lá, enquanto
"funcionários do governo dirigem carros Mercedes", e declarando que "é
contra isso que nós estamos lutando".
Naquela manhã de 9 de outubro, o presidente boliviano, René Barrientos Ortuño,
ordenou que Guevara fosse morto. A ordem foi retransmitida para a
unidade que o detinha por Félix Rodríguez, apesar do desejo do governo
dos Estados Unidos de que ele fosse levado ao Panamá para mais
interrogatórios. O carrasco que se ofereceu para matar o revolucionário foi Mario Terán,
um sargento de 27 anos do exército que, embora meio bêbado, pediu para
atirar nele porque três de seus amigos da Companhia B, todos com o mesmo
nome de "Mario", haviam sido mortos num tiroteio com o grupo
guerrilheiro vários dias antes.
Para fazer as feridas de bala parecerem consistentes com a história que
o governo boliviano planeava divulgar ao público, Félix Rodríguez
ordenou que Terán não atirasse na cabeça, mas apontasse com cuidado para
fazer parecer que havia sido morto em ação durante um confronto com o
exército. René Barrientos nunca revelou seus motivos para ordenar a
execução sumária de Guevara em vez de julgá-lo ou expulsá-lo do país ou
entregá-lo às autoridades dos Estados Unidos.
Gary Prado, o capitão boliviano no comando da companhia do exército que
capturou Guevara, disse que as razões pelas quais Barrientos ordenou a
sua execução imediata eram para que não houvesse possibilidade de
Guevara escapar da prisão, e também para que não houvesse drama de um
julgamento público, em que a publicidade adversa pode acontecer.
Cerca de 30 minutos antes de Guevara ser morto, Félix Rodríguez
tentou questioná-lo sobre o paradeiro de outros guerrilheiros que
estavam atualmente em liberdade, mas ele continuou a permanecer em
silêncio. Rodríguez, auxiliado por alguns soldados bolivianos, ajudou-o a
ficar de pé e levou-o para fora da cabana para desfilar diante de
outros soldados bolivianos onde ele posou para uma fotografia ao lado de
Guevara. Depois disso, Rodríguez disse a Guevara que ele seria
executado. Um pouco mais tarde, Che foi questionado por um dos soldados
que o vigiavam se ele estava pensando na sua própria imortalidade.
"Não", ele respondeu, "estou pensando na imortalidade da revolução".
Poucos minutos depois, o sargento Terán entrou na cabana para atirar
nele, que neste momento se levantou e falou suas últimas palavras: "Eu
sei que você veio me matar. Atire, covarde! Você só vai matar um
homem!". Terán hesitou, depois apontou a carabina M2 de carregamento
automático e abriu fogo, atingindo-o nos braços e nas pernas.
Então, quando se contorceu no chão, aparentemente mordendo um de seus
pulsos para evitar gritar, Terán disparou outra vez, ferindo-o
fatalmente no peito. Guevara foi declarado morto às 13.10, hora
local, segundo Rodríguez.
Ao todo, foi baleado nove vezes por Terán, cinco vezes nas pernas,
uma vez no ombro e no braço direito e uma vez no peito e na garganta.
Meses antes, durante sua última declaração pública à Conferência Tricontinental, Guevara escreveu seu próprio epitáfio,
declarando: "Onde quer que a morte possa nos surpreender, que seja
bem-vinda, desde que este nosso grito de guerra tenha chegado a algum
ouvido recetivo e outra mão possa ser estendida para manejar nossas
armas".
Após a sua execução, o corpo de Guevara foi amarrado aos patins de aterragem de um helicóptero e transportado para Vallegrande,
onde foram tiradas fotografias dele, deitado numa laje de cimento, na
lavandaria da Nuestra Señora de Malta. Várias testemunhas foram chamadas
para confirmar sua identidade, entre elas o jornalista britânico Richard Gott,
a única testemunha que o conhecera quando ainda estava vivo. Colocado
em exibição, enquanto centenas de residentes locais passavam pelo corpo,
o cadáver era considerado por muitos como representando um rosto
"semelhante a Cristo", com alguns até mesmo aparando mechas de cabelo
como relíquias divinas. Tais comparações foram estendidas ainda mais quando o crítico de arte britânico John Berger, duas semanas depois de ver as fotografias post-mortem, observou que elas se assemelhavam a duas pinturas famosas: A Lição de Anatomia do Dr. Tulp de Rembrandt e a Lamentação sobre o Cristo Morto de Andrea Mantegna. Havia também quatro correspondentes presentes quando o corpo de Guevara chegou a Vallegrande, incluindo Björn Kumm, do sueco Aftonbladet, que descreveu a cena em um 11 de novembro de 1967, exclusivo para o New Republic.
Um memorando desclassificado datado de 11 de outubro de 1967 para o presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson,
de seu assessor de segurança nacional Walt Whitman Rostow, chamou a
decisão de matar Guevara de "estúpida" mas "compreensível do ponto de
vista boliviano".
Após a execução, Rodríguez levou vários itens pessoais de Guevara,
incluindo um relógio que ele continuou a usar muitos anos depois, muitas
vezes mostrando-os aos repórteres durante os anos seguintes. Hoje,
alguns desses pertences, incluindo a sua lanterna, estão em exibição na
CIA.
Depois que um médico militar amputou suas mãos, oficiais do exército
boliviano transferiram seu corpo para um local não revelado e se
recusaram a revelar se seus restos tinham sido enterrados ou cremados.
As mãos foram enviadas para Buenos Aires para identificação de
impressões digitais. As mãos de Che, assim como ocorrera com o seu
diário, foram levadas clandestinamente ao exterior com auxílio do então
Ministro do Interior da Bolívia, Antonio Arguedas. As mãos chegariam em
Cuba nos primeiros dias de 1970.
Em 15 de outubro, em Havana, Fidel Castro reconheceu publicamente que
Guevara estava morto e proclamou três dias de luto oficial em toda a
ilha.
Em 18 de outubro, Castro dirigiu-se a uma multidão de um milhão de
pessoas na Plaza de la Revolución de Havana e falou sobre o caráter
revolucionário de Guevara. Fidel fechou o seu fervoroso elogio assim:
Se
quisermos expressar o que queremos que os homens das gerações futuras
sejam, devemos dizer: Que sejam como Che! Se quisermos dizer como
queremos que nossos filhos sejam educados, devemos dizer sem hesitação:
queremos que eles sejam educados no espírito de Che! Se queremos o
modelo de um homem, que não pertence ao nosso tempo, mas ao futuro, digo
do fundo do meu coração que tal modelo, sem uma única mancha em sua
conduta, sem uma única mancha em sua ação, é Che!
Oskar Schindler (Svitavy, 28 de abril de 1908 – Hildesheim, 9 de outubro de 1974) foi um industrialalemão da região sudeta, espião e membro do Partido Nazi, que salvou da morte cerca de 1.200 judeus durante o Holocausto, empregando-os nas suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas nas atuais Polónia e República Checa, respetivamente. É o tema principal do romance de 1982, Schindler's Ark, e do filme de 1993, Schindler's List,
que mostra a sua vida como um oportunista interessado no lucro,
inicialmente, mas que acabou por mostrar uma iniciativa e dedicação
extraordinárias, com o objetivo de salvar as vidas dos seus empregados
judeus.
Schindler cresceu em Zwittau, Morávia, e teve vários trabalhos até se juntar à Abwehr, o serviço de informação da Alemanha Nazi, em 1936. Aderiu ao Partido Nazi em 1939. Antes da ocupação alemã da Checoslováquia,
em 1938, Schindler recolhia informações sobre caminhos-de-ferro e
movimentos de tropas para o governo alemão. Foi preso, por espionagem,
pelo governo checoslovaco, mas foi libertado, segundo os termos do Acordo de Munique, em 1938. Schindler continuou o seu trabalho de recolha de informações, para os nazis, na Polónia, em 1939, antes da invasão daquele território, no início da Segunda Guerra Mundial.
Em 1939, Schindler obteve uma fábrica de esmaltes em Cracóvia,
Polónia, que empregava 1.750 trabalhadores, dos quais cerca de mil eram
judeus, no auge da produção da fábrica, em 1944. As suas ligações da Abwehr ajudaram Schindler a proteger os trabalhadores judeus de uma deportação certa e da morte nos campos de concentração nazis.
De início, Schindler estava apenas interessado em fazer dinheiro fácil
com o negócio. Mais tarde começou a proteger os seus trabalhadores, sem
olhar a custos. Com o tempo, Schindler teve que subornar os oficiais
nazis com dinheiro e ofertas de luxo, obtidas no mercado-negro, para
manter os seus empregados seguros e vivos.
Quando a Alemanha começou a perder a guerra, em julho de 1944, as Schutzstaffel
(SS) começaram a fechar os campos de concentração a leste e a evacuar
os restantes prisioneiros para oeste. Muitos foram mortos no campo de concentração de Auschwitz e Gross-Rosen. Schindler convenceu o SS-HauptsturmführerAmon Göth, comandante do Campo de contração de Kraków-Płaszów, a transferir a sua fábrica para Brünnlitz, na Região dos Sudetas, poupando, assim, os seus trabalhadores da morte nas câmaras de gás. Utilizando os nomes fornecidos pelo oficial da polícia dos guetos judeus Marcel Goldberg, o secretário de Göth, Mietek Pemper,
compilou, e passou a papel, uma lista de 1.200 judeus que viajaram para
Brünnlitz em outubro de 1944. Schindler continuou a subornar os oficiais
das SS para impedir o massacre dos seus empregados, até ao final da
Segunda Guerra Mundial na Europa, em maio de 1945, altura em que tinha
já gasto a sua fortuna em subornos e no mercado-negro, para comprar
provisões para os seus funcionários.
Schindler foi viver para a Alemanha a seguir à guerra, onde foi
apoiado, financeiramente, por organizações judaicas de salvamento.
Depois de receber um reembolso parcial pelos seus gastos em tempo de
guerra, viajou para a Argentina,
com a sua esposa, para uma quinta. Quando entrou em bancarrota em 1958,
Schindler deixou a sua mulher e regressou à Alemanha, onde foi
mal-sucedido em vários negócios, e teve que ser ajudado pelos seus Schindlerjuden ("Judeus de Schindler") – aqueles cujas vidas ele salvou durante a guerra. Schindler recebeu a designação de justo entre as nações pelo governo de Israel em 1963, e morreu a 9 de outubro de 1974.
Jacques Brel nasceu em 8 de abril de 1929, no n.º 138 da Avenue du Diamant, em Schaerbeek, comuna de Bruxelas (Bélgica), de pai flamengo (mas francófono) e de mãe de sangue francês e italiano.
Ainda que em casa se falasse o francês, os Brel eram de ascendência flamenga, com uma parte da família originária de Zandvoorde, perto de Ieper. O pai de Brel era sócio de uma cartonaria e este estaria supostamente destinado a trabalhar na empresa da família.
A seguir à escola primária, onde entrou em 1935, frequentou o Colégio Saint-Louis, a partir de 1941. Aluno pouco brilhante, é neste colégio que Brel começa a mostrar interesse pelas artes: em 1944,
aos 15 anos, colabora na criação do grupo de teatro, atua em várias
peças, escreve três pequenas histórias e interpreta ao piano alguns
improvisos para poemas que ele próprio escreveu.
Em 1946 adere a uma organização de solidariedade católica, a Franche Cordée, de ajuda aos doentes, pobres, órfãos e velhos. É aqui, e não no seu ambiente familiar ou escolar, que se inicia a sua formação cultural.
Entre as atividades desta organização contava-se a realização de
recitais onde Brel se iniciou nas apresentações públicas,
acompanhando-se a si próprio à viola. É aqui que conhece Thérèse Michielsen ("Miche"), com quem se casa em 1950.
Carreira
No início dos anos 50, não se entusiasmando pelo trabalho na fábrica de cartão do pai (dizia-se "encartonado" neste trabalho), continua a escrever canções, que vai mostrando aos amigos e cantando pelos bares de Bruxelas sempre que se proporciona.
A pequena mas sólida fama na sua terra natal proporciona-lhe a gravação em 1953, do primeiro single, um 78 rpm,
contendo as canções "Il y a" e "La foire". Persistente na sua ideia
de fazer carreira com as suas canções, Brel deixa o emprego, a
família, a sociedade burguesa de Bruxelas (que ele viria a retratar em
"Les Bourgeois") e vai tentar a sorte na capital francesa, onde consegue ao fim de algum tempo ser ouvido pelo descobridor de talentos Jacques Canetti (irmão de Elias Canetti, o prémio Nobel da literatura de 1981). É apresentado no célebre cabaré parisiense Les Trois Baudets, do próprio Canneti, onde pouco tempo antes havia atuado em grande estilo Georges Brassens. Em 1959 é vedeta no Bobino, em Paris e canta em Bruxelas no "L’Ancienne Belgique" com Charles Aznavour.
A segunda metade da década de 50 é passada num grande ritmo de
espetáculos (chega a participar em 7 espetáculos numa única noite).
Para além dos sucessos conseguidos no Olympia e no Bobino, em Paris, vai fazendo espetáculos por todo o mundo. Em 1954 é publicado o seu primeiro álbum "Jacques Brel et ses chansons". Torna-se notado por Juliette Gréco,
que grava uma das suas canções, "Le diable". Este encontro é marcante
no futuro da carreira de Brel pois é então que se inicia uma
frutuosa colaboração com Gérard Jouannest, pianista e acompanhante da cantora, e com o também pianista e orquestrador François Rauber. Em 1955
conhece Georges Pasquier ("Jojo"), percussionista no Trio Milson e
de quem se torna amigo. O seu primeiro grande sucesso ocorre em 1956 com a música "Quand on a que l’amour". Em 1957 é laureado com o Grand Prix du Disque da Academia Charles Cros e a sua digressão faz grande sucesso pela França. Em 1958 Miche, a mulher, retorna a Bruxelas. Desde então ele e a família vivem vidas separadas.
Sob a influência do seu amigo "Jojo" e dos pianistas Gérard Jouannest
(que o acompanhava em palco) e François Raubert (orquestrador e
pianista de estúdio), o estilo de Brel foi mudando. A música tornou-se
mais complexa e os temas mais diversificados. Um apurado sentido de
observação, de ironia e de humor, associado à sua capacidade poética,
permitiram-lhe criar temas que abordam, das mais diferentes maneiras,
várias das realidades do dia a dia. Nele encontram-se canções cómicas
como Les bonbons, Le lion ou Comment tuer l’amant de sa femme, mas também canções mais emotivas como Voir un ami pleurer, Fils de, Jojo. Os temas vão desde o amor, com Je t’aime, Litanies pour un retour, Dulcinéa, até à sociedade, com Les singes, Les bourgeois, Jaurès, passando por preocupações espirituais, como em Le bon Dieu, Si c’était vrai, Fernand.
O ritmo de espetáculos anuais continua intenso, chegando a ultrapassar os 365 num único ano. Em 1966 anuncia que irá deixar de actuar em público como cantor. Seguem-se vários espetáculos de despedida nomeadamente em Paris (Olympia) e em Bruxelas (Palais des Beaux-Arts). Apesar da insistência dos seus amigos, Brel não muda de ideias e, em 16 de maio de 1967 dá a sua última atuação ao vivo, em Roubaix.
Cinema e teatro
O teatro torna-se a sua primeira experiência, com a adaptação da peça "L’homme de la manche". A personagem de Dom Quixote, que desempenhava, estava bem de acordo com o seu idealismo. A peça estreia em 1968
no Theatre Royal de la Monnaie, em Bruxelas e no mesmo ano no
Theatre des Champs-Elysées em Paris, tendo ultrapassado as 150
representações. Entretanto volta-se para o cinema, participando
durante os cinco anos seguintes como ator em mais de uma dezena de
filmes e como realizador em dois deles Franz e Le Far West.
Após este último filme, Brel diz um novo adeus ao espetáculo, desta
vez muito mais radical: deixa Paris, a França, os seus próprios
afetos.
Vagueando pelo mundo
Os seus brevets aéreos e marítimos abrem-lhe a porta à possibilidade de vaguear pelo mundo por ar ou por mar. Voa pela Europa, qual Saint-Exupéry (mito que o acompanhava desde há muito). Em 1974, após comprar um veleiro de 19 metros decide partir com Madly Bamy, que tinha conhecido na rodagem do filme L'Aventure c'est l'aventure para uma volta ao mundo de 3 anos. Em setembro, ao aportar nos Açores,
toma conhecimento do falecimento do seu grande amigo Jojo, a quem
vem a dedicar uma canção. Em outubro é-lhe detetado um pequeno tumor no pulmão
e, no mês seguinte, é efetuada a ablação do lobo pulmonar superior
esquerdo. Em dezembro, após um pequeno tempo de repouso, desloca-se ao local
onde está o seu veleiro e decide prosseguir a sua viagem. Em novembro
de 1975 chega à baía de Atuona, na ilha Hiva Oa, no arquipélago das Ilhas Marquesas, Polinésia Francesa.
Naquelas ilhas isoladas Brel não procura o isolamento mas antes o
contacto com uma realidade totalmente desconhecida, e sob certos
aspetos ainda não contaminada pela "civilização". Em 1976
aluga uma pequena casa em Hiva Oa, vende o veleiro e decide adquirir
um pequeno avião bimotor. Ajuda a combater o isolamento das ilhas
mais remotas do arquipélago, disponibilizando o seu avião para
transporte de correio ou de pessoas.
Em 1977
desloca-se a Paris, onde grava discretamente em estúdio doze canções
das dezassete que havia escrito, e que virão a integrar o seu último
álbum, esperado há mais de dez anos, e chamado, simplesmente, "Brel".
Gravado nas difíceis condições físicas e psicológicas de Brel que se
pode antever, torna-se perturbador ler as últimas palavras da sua
canção “Les Marquises”: "Veux-tu que je te dise / Gémir n'est pas de
mise / Aux Marquises" ("Se queres que te diga / Gemer não é opção /
Nas Ilhas Marquesas"). O disco teve um sucesso imediato: apesar de
Brel ter pedido que não houvesse publicidade, mais de um milhão de
exemplares estavam reservados antes da edição e setecentos mil foram
adquiridos logo no primeiro dia da sua venda ao público. Alheio a
esse sucesso, volta à ilha pela penúltima vez. Em 1978
a saúde começa-se a degradar e retorna a Paris, em julho, para novos
tratamentos. Em outubro é internado no hospital com uma embolia
pulmonar, vindo a falecer, com 49 anos, às 04.10 horas da madrugada do
dia 9 de outubro de 1978. O regresso a Hiva Oa, dá-se uma última vez:
Jacques Brel é sepultado no cemitério local.
Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit deja
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Moi je t'offrirai
Des perles du pluie
Venues de pays
Ou il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'apres ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumiere
Je ferai un domaine
Ou l'amour sera roi
Ou l'amour sera loi
Ou tu seras reine
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te racont'rai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas
Je ne veux plus pleurer
Je ne veux plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...