O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Jacques Brel nasceu em 8 de abril de 1929, no n.º 138 da Avenue du Diamant, em Schaerbeek, comuna de Bruxelas (Bélgica), de pai flamengo (mas francófono) e de mãe de sangue francês e italiano.
Ainda que em casa se falasse o francês, os Brel eram de ascendência flamenga, com uma parte da família originária de Zandvoorde, perto de Ieper. O pai de Brel era sócio de uma cartonaria e este estaria supostamente destinado a trabalhar na empresa da família.
A seguir à escola primária, onde entrou em 1935, frequentou o Colégio Saint-Louis, a partir de 1941. Aluno pouco brilhante, é neste colégio que Brel começa a mostrar interesse pelas artes: em 1944,
aos 15 anos, colabora na criação do grupo de teatro, atua em várias
peças, escreve três pequenas histórias e interpreta ao piano alguns
improvisos para poemas que ele próprio escreveu.
Em 1946 adere a uma organização de solidariedade católica, a Franche Cordée, de ajuda aos doentes, pobres, órfãos e velhos. É aqui, e não no seu ambiente familiar ou escolar, que se inicia a sua formação cultural.
Entre as atividades desta organização contava-se a realização de
recitais onde Brel se iniciou nas apresentações públicas,
acompanhando-se a si próprio à viola. É aqui que conhece Thérèse Michielsen ("Miche"), com quem se casa em 1950.
Carreira
No início dos anos 50, não se entusiasmando pelo trabalho na fábrica de cartão do pai (dizia-se "encartonado" neste trabalho), continua a escrever canções, que vai mostrando aos amigos e cantando pelos bares de Bruxelas sempre que se proporciona.
A pequena mas sólida fama na sua terra natal proporciona-lhe a gravação em 1953, do primeiro single, um 78 rpm,
contendo as canções "Il y a" e "La foire". Persistente na sua ideia
de fazer carreira com as suas canções, Brel deixa o emprego, a
família, a sociedade burguesa de Bruxelas (que ele viria a retratar em
"Les Bourgeois") e vai tentar a sorte na capital francesa, onde consegue ao fim de algum tempo ser ouvido pelo descobridor de talentos Jacques Canetti (irmão de Elias Canetti, o prémio Nobel da literatura de 1981). É apresentado no célebre cabaré parisiense Les Trois Baudets, do próprio Canneti, onde pouco tempo antes havia atuado em grande estilo Georges Brassens. Em 1959 é vedeta no Bobino, em Paris e canta em Bruxelas no "L’Ancienne Belgique" com Charles Aznavour.
A segunda metade da década de 50 é passada num grande ritmo de
espetáculos (chega a participar em 7 espetáculos numa única noite).
Para além dos sucessos conseguidos no Olympia e no Bobino, em Paris, vai fazendo espetáculos por todo o mundo. Em 1954 é publicado o seu primeiro álbum "Jacques Brel et ses chansons". Torna-se notado por Juliette Gréco,
que grava uma das suas canções, "Le diable". Este encontro é marcante
no futuro da carreira de Brel pois é então que se inicia uma
frutuosa colaboração com Gérard Jouannest, pianista e acompanhante da cantora, e com o também pianista e orquestrador François Rauber. Em 1955
conhece Georges Pasquier ("Jojo"), percussionista no Trio Milson e
de quem se torna amigo. O seu primeiro grande sucesso ocorre em 1956 com a música "Quand on a que l’amour". Em 1957 é laureado com o Grand Prix du Disque da Academia Charles Cros e a sua digressão faz grande sucesso pela França. Em 1958 Miche, a mulher, retorna a Bruxelas. Desde então ele e a família vivem vidas separadas.
Sob a influência do seu amigo "Jojo" e dos pianistas Gérard Jouannest
(que o acompanhava em palco) e François Raubert (orquestrador e
pianista de estúdio), o estilo de Brel foi mudando. A música tornou-se
mais complexa e os temas mais diversificados. Um apurado sentido de
observação, de ironia e de humor, associado à sua capacidade poética,
permitiram-lhe criar temas que abordam, das mais diferentes maneiras,
várias das realidades do dia a dia. Nele encontram-se canções cómicas
como Les bonbons, Le lion ou Comment tuer l’amant de sa femme, mas também canções mais emotivas como Voir un ami pleurer, Fils de, Jojo. Os temas vão desde o amor, com Je t’aime, Litanies pour un retour, Dulcinéa, até à sociedade, com Les singes, Les bourgeois, Jaurès, passando por preocupações espirituais, como em Le bon Dieu, Si c’était vrai, Fernand.
O ritmo de espetáculos anuais continua intenso, chegando a ultrapassar os 365 num único ano. Em 1966 anuncia que irá deixar de actuar em público como cantor. Seguem-se vários espetáculos de despedida nomeadamente em Paris (Olympia) e em Bruxelas (Palais des Beaux-Arts). Apesar da insistência dos seus amigos, Brel não muda de ideias e, em 16 de maio de 1967 dá a sua última atuação ao vivo, em Roubaix.
Cinema e teatro
O teatro torna-se a sua primeira experiência, com a adaptação da peça "L’homme de la manche". A personagem de Dom Quixote, que desempenhava, estava bem de acordo com o seu idealismo. A peça estreia em 1968
no Theatre Royal de la Monnaie, em Bruxelas e no mesmo ano no
Theatre des Champs-Elysées em Paris, tendo ultrapassado as 150
representações. Entretanto volta-se para o cinema, participando
durante os cinco anos seguintes como ator em mais de uma dezena de
filmes e como realizador em dois deles Franz e Le Far West.
Após este último filme, Brel diz um novo adeus ao espetáculo, desta
vez muito mais radical: deixa Paris, a França, os seus próprios
afetos.
Vagueando pelo mundo
Os seus brevets aéreos e marítimos abrem-lhe a porta à possibilidade de vaguear pelo mundo por ar ou por mar. Voa pela Europa, qual Saint-Exupéry (mito que o acompanhava desde há muito). Em 1974, após comprar um veleiro de 19 metros decide partir com Madly Bamy, que tinha conhecido na rodagem do filme L'Aventure c'est l'aventure para uma volta ao mundo de 3 anos. Em setembro, ao aportar nos Açores,
toma conhecimento do falecimento do seu grande amigo Jojo, a quem
vem a dedicar uma canção. Em outubro é-lhe detetado um pequeno tumor no pulmão
e, no mês seguinte, é efetuada a ablação do lobo pulmonar superior
esquerdo. Em dezembro, após um pequeno tempo de repouso, desloca-se ao local
onde está o seu veleiro e decide prosseguir a sua viagem. Em novembro
de 1975 chega à baía de Atuona, na ilha Hiva Oa, no arquipélago das Ilhas Marquesas, Polinésia Francesa.
Naquelas ilhas isoladas Brel não procura o isolamento mas antes o
contacto com uma realidade totalmente desconhecida, e sob certos
aspetos ainda não contaminada pela "civilização". Em 1976
aluga uma pequena casa em Hiva Oa, vende o veleiro e decide adquirir
um pequeno avião bimotor. Ajuda a combater o isolamento das ilhas
mais remotas do arquipélago, disponibilizando o seu avião para
transporte de correio ou de pessoas.
Em 1977
desloca-se a Paris, onde grava discretamente em estúdio doze canções
das dezassete que havia escrito, e que virão a integrar o seu último
álbum, esperado há mais de dez anos, e chamado, simplesmente, "Brel".
Gravado nas difíceis condições físicas e psicológicas de Brel que se
pode antever, torna-se perturbador ler as últimas palavras da sua
canção “Les Marquises”: "Veux-tu que je te dise / Gémir n'est pas de
mise / Aux Marquises" ("Se queres que te diga / Gemer não é opção /
Nas Ilhas Marquesas"). O disco teve um sucesso imediato: apesar de
Brel ter pedido que não houvesse publicidade, mais de um milhão de
exemplares estavam reservados antes da edição e setecentos mil foram
adquiridos logo no primeiro dia da sua venda ao público. Alheio a
esse sucesso, volta à ilha pela penúltima vez. Em 1978
a saúde começa-se a degradar e retorna a Paris, em julho, para novos
tratamentos. Em outubro é internado no hospital com uma embolia
pulmonar, vindo a falecer, com 49 anos, às 04.10 horas da madrugada do
dia 9 de outubro de 1978. O regresso a Hiva Oa, dá-se uma última vez:
Jacques Brel é sepultado no cemitério local.
Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit deja
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Moi je t'offrirai
Des perles du pluie
Venues de pays
Ou il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'apres ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumiere
Je ferai un domaine
Ou l'amour sera roi
Ou l'amour sera loi
Ou tu seras reine
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te racont'rai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas
Je ne veux plus pleurer
Je ne veux plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
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