segunda-feira, janeiro 08, 2024

Mouzinho de Albuquerque morreu há 122 anos...

      
Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque (Batalha, 12 de novembro de 1855 - Lisboa, 8 de janeiro de 1902) foi um oficial de cavalaria português que ganhou grande fama em Portugal por ter protagonizado a captura do imperador nguni Gungunhana em Chaimite (1895) e pela condução da subsequente campanha de pacificação, isto é de subjugação das populações locais à administração colonial portuguesa, no território que viria a constituir o atual Moçambique, e entre outras coisas uma das mais brilhantes figuras militares portuguesas, herói de Chaimite e de Gaza, durante as gloriosas campanhas de África (1894-1895), e um dos mais notáveis administradores coloniais.
A espetacularidade da captura de Gungunhana e a campanha de imprensa que se gerou aquando do sua chegada a Lisboa e subsequente exílio para os Açores, fizeram de Mouzinho de Albuquerque, mal grado alguma contestação ao seu comportamento ético em Moçambique, uma figura muito respeitada na sociedade portuguesa dos finais do século XIX e inícios do século XX. Era então visto pelos africanistas como esperança e símbolo máximo da reação portuguesa à ameaça que o expansionismo das grandes potências europeias da altura constituía para os interesses lusos em África.
Foi governador do distrito de Gaza e governador-geral de Moçambique, cargo que resignou em 1898, data em que voltou a Portugal. Foi nomeado responsável pela educação do príncipe real D. Luís Filipe de Bragança. Suicidou-se em 1902, embora algumas fontes atribuam a morte a homicídio.
        
(...)
        
A memória de Mouzinho de Albuquerque foi repristinada durante o Estado Novo, sendo apontado como o exemplo do herói da expansão colonial portuguesa e da heroicidade da missão civilizadora que se apontava como justificação para a dominação colonial. Essa heroicidade foi acentuada durante a Guerra Colonial pelo que, pelos seus valorosos feitos em África, o major de cavalaria Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque foi feito patrono da Arma de Cavalaria do Exército Português, sendo apontado como um exemplo para os militares que servem naquela Arma.
Numa tradição que ainda se mantém, sempre que uma força de cavalaria é destacada em missão no estrangeiro, em cerimónia solene é entregue ao comandante da força o Quadro Mouzinho. Sempre que não haja uma força de cavalaria destacada, o Quadro Mouzinho regressa a casa-mãe da cavalaria, a Escola Prática de Cavalaria, local onde se encontram importantes peças do seu espólio. Um busto em cera, moldado da face do próprio Mouzinho aquando da sua morte, está no Museu do Regimento de Lanceiros n.º 2.
     

O discurso dos Catorze Pontos foi proferido por Woodrow Wilson há 106 anos

  
Os Catorze Pontos constituíam um plano para a paz mundial a ser tido em conta nas negociações da paz após a Primeira Guerra Mundial, elucidados pelo Presidente dos Estados Unidos da América Woodrow Wilson num discurso, a 8 de janeiro de 1918. A Europa em geral recebeu calorosamente os Catorze Pontos de Wilson, mas os seus principais colegas líderes aliados (Georges Clemenceau da França, David Lloyd George do Reino Unido, e Vittorio Emanuele Orlando da Itália) eram céticos quanto à aplicabilidade do idealismo wilsoniano.
Os Estados Unidos haviam-se juntado aos Poderes Aliados na guerra contra as Potências Centrais a 6 de abril de 1917. A sua entrada na guerra devia-se em parte aos ataques submarinos, por parte da Alemanha, a navios mercantes destinados à França e à Grã-Bretanha. Todavia, Wilson pretendia evitar o envolvimento dos Estados Unidos nas tensões que arrastavam entre as grandes potências europeias; se a América entrasse na guerra, tentaria livrar o conflito de disputas e ambições nacionalistas. A necessidade de se estabelecerem objetivos morais tornar-se-ia mais importante quando, após a queda do regime russo, os bolcheviques divulgaram tratados secretos entre os Aliados. O discurso de Wilson também deu resposta ao Decreto da Paz de Lenine (novembro de 1917, imediatamente após a Revolução de outubro), que propunha a retirada imediata da RSFS da Rússia da guerra, advogando uma paz justa e democrática que não se compadecia com anexações territoriais, e que levou ao Tratado de Brest-Litovsk, a 3 de março de 1918.
O discurso feito por Wilson, a 8 de janeiro de 1918, expunha uma política de livre-cambismo, divulgação de tratados, democracia e autodeterminação dos povos. O discurso dos Catorze Pontos foi a única declaração explícita dos objetivos de guerra feita por qualquer uma das nações beligerantes da Primeira Guerra Mundial (alguns Estados deram indicações gerais dos seus objetivos; a maioria manteve em segredo os seus objectivos pós-guerra). Os Catorze Pontos do discurso basearam-se nas determinações d'O Inquérito (The Inquiry), uma equipa de 150 conselheiros em política externa liderada por Edward M. House, na sua preparação dos assuntos antecipados para a Conferência de Paz em Versalhes.

Os Catorze Pontos
A fama de Wilson como internacionalista liberal baseava-se na grande visão que possuía do estabelecimento da paz na Europa no período pós-guerra, assim como a sua participação fundamental na Sociedade das Nações, cujos objetivo eram promover a segurança coletiva e evitar uma outra guerra.
Esta visão estava expressa nos seus Catorze Pontos; a saber:
1.º Pactos abertos (acordos) de paz a serem alcançados abertamente, sem acordos secretos;
2.º Livre navegação absoluta, além das águas territoriais, tanto na guerra como na paz, exceto quanto a liberdade de navegação fosse cessada, em parte ou no seu todo, por execução de pactos internacionais;
3.º Remoção de todas as barreiras económicas e estabelecimento de igualdade de condições de comércio entre todas as nações consentâneas à paz e à sua manutenção;
4.º Redução das armas nacionais ao mínimo necessário à segurança interna;
5.º Ajustes livres imparciais e abertos às reivindicações das colónias;
6.º Evacuação das tropas alemãs da Rússia e respeito pela independência da Rússia;
7.º Evacuação das tropas alemãs da Bélgica;
8.º Evacuação das tropas alemãs da França, inclusive da contestada região da Alsácia-Lorena;
9.º Reajuste das fronteiras italianas dentro de linhas nacionais claramente reconhecíveis;
10.º Autogoverno limitado para o povo austro-húngaro;
11.º Evacuação das tropas alemãs dos Balcãs e independência para os povos balcânicos;
12.º Independência para a Turquia e autogoverno limitado para as outras nacionalidades até então vivendo sob o Império Otomano;
13.º Independência para a Polónia;
14.º Formação de uma associação geral de nações, sob pactos específicos com o propósito de fornecer garantias mútuas de independência política e integridade territorial, tanto para os Estados grandes como para os pequenos.
   

Galileu morreu há 382 anos...

     
Galileu Galilei (em italiano: Galileo Galilei; Pisa, 15 de fevereiro de 1564 - Florença, 8 de janeiro de 1642) foi um físico, matemático, astrónomo e filósofo italiano.
Galileu Galilei foi personalidade fundamental na revolução científica. Foi o mais velho dos sete filhos do alaudista Vincenzo Galilei e de Giulia Ammannati. Viveu a maior parte de sua vida em Pisa e em Florença, na época integrantes do Grão-Ducado da Toscana.
Galileu Galilei desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras da mecânica newtoniana. Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e com ele descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vénus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo a principal contribuição de Galileu foi para o método científico, pois a ciência assentava numa metodologia aristotélica.
O físico desenvolveu ainda vários instrumentos como a balança hidrostática, um tipo de compasso geométrico que permitia medir ângulos e áreas, o termómetro de Galileu e o precursor do relógio de pêndulo. O método empírico, defendido por Galileu, constitui um corte com o método aristotélico mais abstrato utilizado nessa época, devido a este Galileu é considerado como o "pai da ciência moderna".
    

 


 

Poema para Galileo

 

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.


Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!


Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.


Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.


Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caía
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.


Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.


Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.


Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

    
 
in Linhas de Força (1967) - António Gedeão

José Viana morreu há vinte e um anos...

 
José Maria Viana Dionísio (Lisboa, 6 de dezembro de 1922 - Lisboa, 8 de janeiro de 2003), foi um ator português, de teatro de revista, cinema e televisão. Foi, também, pintor, expondo em Portugal e no estrangeiro. Numa das suas exposições, em Valladolid, na Galeria Velázquez, vendeu integralmente toda a coleção.

José Viana recebeu por seis vezes o Prémio Bordalo, ou Prémio da Imprensa, atribuídos pela Casa da Imprensa, metade deles como ator e a outra metade como autor, sempre na categoria "Teatro de Revista":

  • Prémio Bordalo (1963), como ator, acompanhado pela atriz Aida Baptista, dos autores Fernando Santos e Nelson de Barros e da Companhia de Hermes Portela.
  • Prémio Bordalo (1967), partilhado com Aníbal Nazaré e Eugénio Salvador, pela peça Pão, Pão, Queijo, Queijo, considerada "Melhor espetáculo". Nessa mesma ocasião seriam galardoados os atores Mariema e Raul Solnado.
  • Dois Prémio Bordalo (1968), um como ator, acompanhado pela atriz Florbela Queirós, e outro, como autor, novamente partilhado com Aníbal Nazaré e Eugénio Salvador, agora pela peça Grande Poeta é o Zé, considerada "Melhor espetáculo".
  • Mais dois Prémio Bordalo (1970), um como ator na peça Pimenta na Língua, acompanhado desta feita pela atriz Maria do Céu Guerra, e outro, como autor, agora apenas repete parceria com Aníbal Nazaré, nesta ocasião pela peça Pimenta na Língua. Desta vez seria ainda premiado o cenógrafo Mário Alberto.

Em 1997 José Viana foi elevado, a 9 de junho, a Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Faleceu, vítima de um acidente de automóvel, aos oitenta anos.

 


O Marechal Beresford morreu há cento e setenta anos...

  

William Carr Beresford (Bedgebury Cross, 2 de outubro de 1768 - Kilndown, 8 de janeiro de 1854), 1.º visconde Beresford (1st Viscount Beresford), barão e visconde de Albuera e Dungarvan, conde de Trancoso, 1.º marquês de Campo Maior e duque de Elvas, foi um militar e político anglo-irlandês que serviu como general no Exército Britânico e marechal do Exército Português, tendo lutado ao lado de Arthur Wellesley, 1.º Duque de Wellington na Guerra Peninsular.
Depois serviu como mestre de ordenanças no governo de Wellington em 1828.

Foi governador e comandante-chefe, durante seis meses, na Madeira, para evitar a ocupação da ilha pelas forças napoleónicas francesas.

Depois, em 7 de março de 1809, terá sido escolhido pelo governo britânico, de acordo com o parecer do general Wellesley, para comandar o Exército português. É-lhe atribuído o posto de Marechal do Exército, igual aos usados pelos duque de Waldeck, em 1797, e pelo conde de Goltz, em 1801. A sua missão era a de compatibilizar a organização e a tática existentes no exército português com a britânica, permitindo uma atuação conjunta no campo de batalha.

Em 1817, após rumores de uma conspiração maçónica que pretendia o regresso do rei e que se manifestava contrária à presença inglesa, mandou matar os conspiradores (entre eles o general Gomes Freire de Andrade).

Viaja para o Brasil onde consegue do Rei poderes mais alargados, sendo feito Marechal-General, título anteriormente usado pelo Barão Conde, pelo Conde de Lippe, pelo Duque de Lafões e pelo referido Duque de Wellington. Mas, devido à Revolução de 1820, é demitido das suas funções, não lhe sendo permitido sequer desembarcar em Portugal continental.

Regressou a Portugal em 1826, mas a sua pretensão de regressar ao comando do Exército não foi aceite.

Mais tarde, foi membro do primeiro governo de Wellington, de 1828 a 1830, com o título de "Master General of Ordnance", equivalente em Portugal ao posto militar de Diretor do Arsenal.
  

Viscount_Beresford.jpg

Brasão do Marechal Beresford (daqui)
  

 

Marco Polo morreu há sete séculos

Página de Il Milione / As Viagens de Marco Polo
   
Marco Polo (Veneza?, 1254? – Veneza, 9 de janeiro de 1324) foi um mercador, embaixador e explorador. Nasceu na República de Veneza no fim da Idade Média. Juntamente com o seu pai, Nicolau Polo (Niccolò), e o seu tio, Matteo, foi um dos primeiros ocidentais a percorrer a Rota da Seda. Partiram no início de 1272 do porto de Laiassus (Layes) na Arménia. O relato detalhado das suas viagens pelo oriente, incluindo a China, foi durante muito tempo uma das poucas fontes de informação sobre a Ásia no Ocidente.
   
Biografia
A data e o local de nascimento exatos de Marco Polo são desconhecidos, e as teorias atuais são na sua maioria conjeturais. No entanto, a data específica mais citada é em algum lugar "em torno de 1254", e é geralmente aceite que Marco Polo nasceu na República de Veneza. Embora o local de nascimento exato seja desconhecido, a maioria dos biógrafos apontam para a própria Veneza como cidade natal de Marco Polo. O seu pai, Niccolò, era um mercador que comerciava com o Oriente Médio, tornando-se rico e alcançando grande prestígio. Niccolò e o seu irmão Maffeo partiram numa viagem para comércio antes de Marco nascer. Em 1260, Nicolau e Maffeo estavam a viver em Constantinopla quando previram uma mudança política; liquidaram os seus ativos em joias e mudaram-se. De acordo com As Viagens de Marco Polo, eles passaram por grande parte da Ásia, e encontraram-se com Kublai Khan. Entretanto, a mãe de Marco Polo morreu e ele foi criado por uma tia e um tio. Marco Polo foi bem educado, aprendendo assuntos mercantis incluindo moeda estrangeira, avaliação e manutenção de navios de carga, embora tenha aprendido pouco ou nada de latim.
Em 1269, Nicolau e Maffeo retornaram a Veneza, encontrando Marco pela primeira vez. Em 1271, Marco Polo (aos dezassete anos de idade), o seu pai e o seu tio partiram para a Ásia, numa série de aventuras que mais tarde foram documentados no livro de Marco. Eles regressaram a Veneza em 1295, 24 anos depois, com muitas riquezas e tesouros. Eles tinham viajado quase 15.000 milhas (24.140 km).
A rota percorrida foi: através da Arménia até o norte da Turcomânia, e passando por Casaria e Sivas, atingiram Arzingan, de onde se avista o monte Ararate. Seguiram o curso do rio Tigre até Bandas, através de Mosul, chegando a Bagdad. Decidiram ir a Ormuz e seguir de barco até à longínqua China, porém ao verificarem as embarcações precárias que seguiam pelo Oceano Índico, decidiram seguir por terra. Rumando norte chegaram a Khubeis, além o deserto de Lut. Depois Damagham, a antiga Hecantompylos de Alexandre. Sempre rumo leste, atravessando desertos, rumaram para Balkh (antiga Báctria Regia). Por fim partiram para nordeste, através dos passos do Pamir, finalmente chegando a grande cidade de Kashgar.
De lá rumo sudeste para Khotan, onde aguardaram outra caravana para atravessar com mais segurança o deserto de Taklamakan. Chegam a Kan-Cheu, onde encontram estátuas gigantescas de Buda. Voltaram-se para sudeste, cruzando o Huang Ho para a cidade de Si-ning, de onde encontraram pela frente a grande estrada Tibete-Pequim.
Dirigiram-se à corte do rei mongol Kublai Khan, neto do poderoso Gengis Khan e, a seu serviço, percorreram a Tartária, a China e a Indochina. O imperador permitiu que os Polos voltassem a Veneza, aproveitando o regresso de uma embaixada de Arghun-Khan, que subira ao trono na Pérsia e solicitava uma princesa da corte chinesa para casar-se. A volta foi via marítima, Kublai-Khan enviou 14 navios e um total de dois mil homens com eles. Como chegaram a Malaca, em meados de maio de 1291, tiveram que esperar ventos favoráveis da monção, que só chegaram em outubro. Estiveram em Ceilão e de lá bordejando a costa da Índia chegaram a Ormuz (Pérsia), após 20 meses da partida. Após entregarem a princesa, os Polo seguiram por terra até à Arménia, passando por Trebizonda, Constantinopla e Negroponte, de onde embarcaram para Veneza.

Marco Polo retornou a Veneza em 1295, trazendo consigo uma fortuna sob a forma de gemas. Naquela época, Veneza encontrava-se em guerra com a República de Génova. Marco equipou uma galé com trabucos, com o fim de se juntar à guerra.

Terá sido capturado pelos genoveses provavelmente em 1296, em uma escaramuça perto da costa da Anatólia, entre Adana e o Golfo de İskenderun. A alegação de que a captura teria ocorrido durante a Batalha de Curzola, em setembro de 1269, perto da costa da Dalmácia, provém de tradição tardia, do século XVI, registrada por Giovan Battista Ramusio. Passou vários meses na prisão, ditando detalhes sobre a sua viagem para um companheiro de cela, Rusticiano de Pisa, o qual também acrescentou histórias de suas viagens além de anedotas coletadas de outros relatos e de notícias de sua época sobre a China. O livro rapidamente se espalhou pela Europa como manuscrito, tornando-se conhecido como As Viagens de Marco Polo. Ao retratar as jornadas de Marco pela Ásia, fornecia aos europeus o primeiro relato detalhado sobre o Extremo Oriente, incluindo a China, a Índia e o Japão.

Marco Polo foi libertado do cativeiro em agosto de 1299, retornando a Veneza, onde seu pai e tio tinham comprado um pallazo em uma região chamada contrada San Giovanni Crisostomo (Corte del Milion). Em suas aventuras, a família Polo provavelmente terá investido em fundos de negócios, e até mesmo em gemas que trouxeram do Oriente. o grupo continuou suas atividades, e Marco rapidamente se tornou um mercador rico. Embora Polo e seu tio Maffeo tenham financiado outras expedições, provavelmente nunca mais teriam deixado a província veneziana, não retornado mais à Rota da Seda nem à Ásia. Seu pai Niccolò morreu cerca de 1300, e no mesmo ano Marco se casou com Donata Badoèr, filha de Vitale Badoèr, um mercador. Tiveram três filhas: Fantina, que casou com Marco Bragadin, Bellela, que casou com Bertuccio Querini, e Moreta.

Em 1305, Polo é mencionado em documento veneziano entre governantes locais, cobrando o pagamento de impostos. A relação do famoso explorador com um certo Marco Polo, citado em 1300 em rebeliões contra o governo aristocrático local, escapando da pena de morte, assim como de rebeliões em 1310 lideradas por Bajamonte Tiepolo e Marco Querini, onde entre os rebeldes se encontravam Jacobello e Francesco Polo, pertencentes a outro ramo da família Polo, é incerta. Em 1337, Marco Polo é novamente claramente citado no testamento de Maffeo, redigido entre 1309 e 1310, assim como num documento de 1319, indicando que se tinha tornado dono de algumas propriedades de seu falecido pai, e em 1321, quando comprou parte das propriedades da família de sua esposa Donata.
 
       
Morte
Em 1323, Marco Polo estava acamado devido a doença. Em 8 de janeiro de 1324, apesar dos esforços dos médicos para tratá-lo, Polo estava no seu leito de morte. Para escrever e certificar o seu testamento, a sua família chamou Giovanni Giustiniani, um padre de São Procolo. A sua mulher, Donata, e as suas três filhas foram nomeadas por ele como co-executoras de seu testamento. A igreja tinha direito por lei a uma parcela da sua propriedade, mas ele aprovou e ordenou que uma soma adicional devia ser paga ao convento de San Lorenzo, em Veneza, o lugar onde ele desejava ser enterrado. Ele também libertou um "escravo tártaro", que deve tê-lo acompanhado desde a Ásia.
Dividiu o resto do seu património, incluindo várias propriedades, entre indivíduos, instituições religiosas, e cada guilda e fraternidade a que pertencia. Também anulou várias dívidas, incluindo 300 liras que uma sua cunhada lhe devia, e outros do convento de San Giovanni, São Paulo da Ordem dos Pregadores, e de um clérigo chamado frade Benvenuto. Ele ordenou que 220 soldos fossem pagos a Giovanni Giustiniani por seu trabalho como notário e por suas orações. O testamento, que não foi assinado por Marco Polo, mas foi validado pela então relevante regra "signum manus", pela qual o testador só tinha que tocar o documento para fazer cumprir a regra de direito, foi datado de 9 de janeiro de 1324. Devido à lei veneziana afirmando que o dia termina no pôr do sol, a data exata da morte de Marco Polo não pode ser determinada, mas foi entre o pôr do sol de 8 e o de 9 de janeiro de 1324.
       

domingo, janeiro 07, 2024

O pintor Thomas Lawrence morreu há 194 anos

Auto-retrato, 1788

    

Thomas Lawrence (Bristol, 13 de abril de 1769Londres, 7 de janeiro  de 1830) foi um dos principais pintores retratistas britânicos do início do século XIX, além de presidente da Academia Real Inglesa. Nascido em Bristol, Lawrence era um rapaz muito adiante do seu tempo e que começou a pintar com apenas dez anos, apoiando a sua família, fazendo retratos em pastel. Aos dezoito anos foi para Londres e logo conseguiu uma reputação de retratista a óleo, recebendo a sua primeira comissão real: um retrato da rainha Carlota de Mecklemburgo-Strelitz, em 1790. No ano seguinte tornou-se associado da Academia Real Inglesa, um membro de 1794 e seu presidente em 1820. Lawrence teve como patrono Jorge, Príncipe Regente, em 1810, sendo enviado para o exterior a fim de pintar os líderes aliados responsáveis pela queda de Napoleão Bonaparte, para a Câmara Waterloo do Castelo de Windsor. A quando da sua morte, era o pintor retratista mais popular da Europa, mas a sua reputação desapareceu na era vitoriana, porém, desde então, foi restaurada. 

 

Jorge IV do Reino Unido

    

Retrato de Maria II de Portugal 1829, Royal Collection

     

Hoje é dia de chorar uma linda Inês...

Drama de Inês de Castro (circa 1901-04) - Columbano Bordalo Pinheiro 

 

Linda Inês

Choram ainda a tua morte escura
Aquelas que chorando a memoraram;
As lágrimas choradas não secaram
Nos saudosos campos da ternura.

Santa entre as santas pela má ventura,
Rainha, mais que todas que reinaram;
Amada, os teus amores não passaram
E és sempre bela e viva e loira e pura.

Ó Linda, sonha aí, posta em sossêgo
No teu muymento de alva pedra fina,
Como outrora na Fonte do Mondego.

Dorme, sombra de graça e de saudade,
Colo de Garça, amor, moça menina,
Bem-amada por toda a eternidade! 
   
  
  
in Cancioneiro de Coimbra (1920) - Afonso Lopes Vieira

Poema para um Rei...

(imagem daqui)

 

D. DINIS


Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.



9-2-1934


in Mensagem, Fernando Pessoa

Nikola Tesla morreu há oitenta e um anos...

 
Nikola Tesla (Smiljan, Império Austríaco, 10 de julho de 1856 - Nova Iorque, 7 de janeiro de 1943) foi um inventor nos campos da engenharia mecânica e electrotécnica, de etnia sérvia, nascido na aldeia de Smiljan, Vojna Krajina, no território da atual Croácia. Era súbdito do Império Austríaco no nascimento e mais tarde tornou-se um cidadão norte-americano. Tesla é muitas vezes descrito como um importante cientista e inventor da modernidade, um homem que "espalhou luz sobre a face da Terra". É mais conhecido pela suas muitas contribuições revolucionárias no campo do electromagnetismo no fim do século XIX e início do século XX. As patentes de Tesla e o seu trabalho teórico formam as bases dos modernos sistemas de potência elétrica em corrente alternada (AC), incluindo os sistemas polifásicos de distribuição de energia e o motor AC, com os quais ajudou na introdução da Segunda Revolução Industrial.
Depois da sua demonstração de transmissão sem fios (rádio) em 1894 e após ser o vencedor da "Guerra das Correntes", tornou-se largamente respeitado como um dos maiores engenheiros eletrotécnicos que trabalhavam nos EUA. Muitos dos seus primeiros trabalhos foram pioneiros na moderna engenharia eletrotécnica e muitas das suas descobertas foram importantes a desbravar caminho para o futuro. Durante este período, nos Estados Unidos, a fama de Tesla rivalizou com a de qualquer outro inventor ou cientista da história e cultura popular, mas devido à sua personalidade excêntrica e às suas afirmações, aparentemente bizarras e inacreditáveis, sobre possíveis desenvolvimentos científicos, Tesla caiu eventualmente no ostracismo e era visto como um cientista louco. Nunca tendo dado muita atenção às suas finanças, Tesla morreu pobre, aos 86 anos.
A unidade de SI que mede a densidade do fluxo magnético ou a indução magnética (geralmente conhecida como campo magnético "B"), o tesla, foi nomeada em sua honra (na Conférence Générale des Poids et Mesures, Paris, 1960), assim como o efeito Tesla da transmissão sem-fios de energia para aparelhos eletrónicos com energia sem fios, que Tesla demonstrou numa escala menor (lâmpadas elétricas) já em 1893 e aspirava usar para a transmissão intercontinental de níveis industriais de energia no seu projeto inacabado da Wardenclyffe Tower.
À parte os seus trabalhos em eletromagnetismo e engenharia eletromecânica, Tesla contribuiu em diferentes medidas para o estabelecimento da robótica, controle remoto, radar e ciência computacional, e para a expansão da balística, física nuclear e física teórica.
   

Luiz Melodia nasceu há setenta e três anos...

     
Luiz Carlos dos Santos (Rio de Janeiro, 7 de janeiro de 1951 – Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2017), mais conhecido como Luiz Melodia, foi um ator, cantor e compositor brasileiro de MPB, rock, blues, soul e samba. Filho do sambista e compositor Oswaldo Melodia, de quem herdou o nome artístico, cresceu no morro de São Carlos no bairro do Estácio. Foi casado com a cantora, compositora e produtora Jane Reis desde 1977 até à sua morte e era pai do rapper Mahal Reis (1980)
    
(...)

        

O músico faleceu na madrugada do dia 4 de agosto de 2017, por causa de um mieloma múltiplo, um tipo raro de cancro que ataca a medula óssea. Foi sepultado no Cemitério de São Francisco de Paula (Catumbi)

     

 


Mário Soares morreu há sete anos...

Retrato oficial do Presidente Mário Soares (1992), por Júlio Pomar
      
Mário Alberto Nobre Lopes Soares (Lisboa, 7 de dezembro de 1924Lisboa, 7 de janeiro de 2017) foi um político português.
Político de profissão e vocação, co-fundador do Partido Socialista, a 19 de abril de 1973, Mário Soares iniciou na juventude o seu percurso político, integrando grupos de oposição ao Estado Novo, primeiro ligado ao Partido Comunista Português - MUNAF e MUD - e depois na oposição não comunista - Resistência Republicana e Socialista, que funda com dissidentes do PCP e através do qual entrará para o Diretório Democrato-Social. Pela sua atividade oposicionista foi detido 12 vezes pela PIDE - cumprindo cerca de três anos de cadeia (Aljube, Caxias e Penitenciária) - e, posteriormente, deportado para São Tomé. Permaneceu nessa ilha até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o regresso a Portugal, sendo, posteriormente às eleições de 1969 - nas quais Soares foi cabeça-de-lista pela CEUD em Lisboa - forçado a abandonar o país, optando pelo exílio em França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista, batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório, ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma intransigente a independência e autodeterminação das províncias ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia, foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA. Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Líder da oposição entre 1979 e 1983, no ano de 1982, Mário Soares conduziu o PS ao acordo com o PSD e o CDS (que então formavam um governo chefiado por Francisco Pinto Balsemão) para levar a cabo a revisão constitucional de 1982, que permitiu a extinção do Conselho da Revolução, a criação do Tribunal Constitucional e o reforço dos poderes da Assembleia da República.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).

El-Rei D. Dinis morreu há 699 anos...

  
D. Dinis I de Portugal (Lisboa [?], 9 de outubro de 1261 - Santarém, 7 de janeiro de 1325) foi o sexto Rei de Portugal, com o cognome de o Lavrador, pelo grande impulso que deu à agricultura e ampliação do pinhal de Leiria ou o Rei-Poeta, devido à sua obra literária.
Filho de D. Afonso III de Portugal e da infanta Beatriz de Castela, foi aclamado em Lisboa em 1279, tendo subido ao trono com 17 anos. Em 1282 desposou Isabel de Aragão, que ficaria conhecida como a Rainha Santa.
  
   
Ao longo de 46 anos, a governar os Reinos de Portugal e dos Algarves, foi um dos principais responsáveis pela criação da identidade nacional e o alvor da consciência de Portugal enquanto estado-nação: em 1297, após a conclusão da Reconquista pelo seu pai, definiu as fronteiras de Portugal no Tratado de Alcanizes, prosseguiu relevantes reformas judiciais, instituiu a língua Portuguesa como língua oficial da corte, criou a primeira Universidade portuguesa, libertou as Ordens Militares no território nacional de influências estrangeiras e prosseguiu um sistemático acréscimo do centralismo régio. A sua política centralizadora foi articulada com importantes ações de fomento económico - como a criação de inúmeros concelhos e feiras. D. Dinis ordenou a exploração de minas de cobre, prata, estanho e ferro e organizou a exportação da produção excedente para outros países europeus. Em 1308 assinou o primeiro acordo comercial português com a Inglaterra. Em 1312 fundou a marinha Portuguesa, nomeando 1ºAlmirante de Portugal, o genovês Manuel Pessanha, e ordenando a construção de várias docas.
Foi grande amante das artes e letras. Tendo sido um famoso trovador, cultivou as Cantigas de Amigo, de Amor e a sátira, contribuindo para o desenvolvimento da poesia trovadoresca na península Ibérica. Pensa-se ter sido o primeiro monarca português verdadeiramente alfabetizado, tendo assinado sempre com o nome completo. Culto e curioso das letras e das ciências, terá impulsionado a tradução de muitas obras para português, entre as quais se contam os tratados do seu avô, o Rei de Castela Afonso X, o Sábio. Foi o responsável pela criação da primeira Universidade portuguesa, inicialmente instalada na zona do atual Largo do Carmo, em Lisboa e por si transferida, pela primeira vez, para Coimbra, em 1308. Esta universidade, que foi transferida várias vezes entre as duas cidades, ficou definitivamente instalada em Coimbra em 1537, por ordem de El-Rei D. João III.
Entre 1320 e 1324 houve uma guerra civil que opôs o rei ao futuro Afonso IV. Este julgava que o pai pretendia dar o trono a Afonso Sanches. Nesta guerra, o rei contou com pouco apoio popular, pois nos últimos anos de reinado deu grandes privilégios aos nobres. O infante contou com o apoio dos concelhos. Apesar dos motivos da revolta, esta guerra foi no fundo um conflito entre grandes e pequenos.
Após a sua morte, em 1325 foi sucedido pelo seu filho legítimo, Afonso IV de Portugal, apesar da oposição do seu favorito, o filho natural Afonso Sanches.
    

  

 

D. Dinis

   
  
Dorme na tua glória, grande rei
Poeta!
Não acordes agora.
A hora
Não te merece.
A pátria continua,
Mas não parece
A mesma que te viu a majestade.
Dorme na eternidade
Paciente
De quem num areal
Semeou um futuro Portugal,
Confiado na graça da semente.

 
  
  

in Diário XIV (1987) - Miguel Torga