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segunda-feira, janeiro 27, 2025

Há 29 anos foi lançado um livro que fez furor (tanto que obrigou o seu autor a emigrar...)


(imagens daqui)

Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil exemplares e desapareceu
 
Não foi só o livro - o autor emigrou após as revelações que atingiram Mário Soares
  
 
Fixe bem esta data: 27 de janeiro de 1996. Era um sábado e o público português assistiu a um fenómeno sem precedentes: um livro, escrito por um autor nacional, vendeu 30.000 exemplares no lançamento. Depois foi retirado do mercado e nunca mais reapareceu."Contos proibidos. Memórias de um PS desconhecido" foi a obra "mais atrevida", segundo Nelson de Matos, a pessoa que o publicou na Dom Quixote. Numa entrevista ao "Expresso", em 2004, o editor negou ter sofrido pressões ou ameaças, mas denunciou a existência de "comentários negativos" que lhe causaram "bastantes dificuldades pessoais". "A todos expliquei que o livro existia", disse na altura. "Tinha revelações importantes e procurava ser sério ao ponto de as provar. Desse ponto de vista, achei que merecia ser discutido na sociedade." Nelson de Matos é também, provavelmente, uma das poucas pessoas que conhece o paradeiro do autor - a hipótese mais repetida é a Suécia, mas ninguém está em condições de confirmar nada. O escritor, tal como acontecera antes com o bestseller instantâneo, desapareceu sem deixar rasto. Dez anos mais tarde, o jornalista Joaquim Vieira publicou cinco textos sobre o assunto na "Grande Reportagem". Em conversa com o i, recorda que "quando o livro saiu, o Rui Mateus foi entrevistado pelo Miguel Sousa Tavares na SIC, e a primeira pergunta que este lhe fez foi: 'Então, como é que se sente na pele de um traidor?' Toda a entrevista decorreu sob essa ideia."Mas o que continha o livro afinal? Qual o motivo para as desaparições? Retomando a síntese de Vieira, que o analisou a fundo, Rui Mateus diz que Mário Soares, "após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar fundos financeiros remanescentes da campanha.
   
(...) 
   
Que, não podendo presidir ao grupo por questões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro". O investigador Bernardo Pires de Lima também leu o livro e conserva um exemplar. "Parece-me evidente que desapareceu de circulação rapidamente por ser um documento incómodo para muita gente, sobretudo altas figuras do PS, metidas numa teia de tráfico de influências complicada que o livro não se recusa a revelar com documentos", observa. A obra consta de dez capítulos e 47 anexos. Ao todo, 455 páginas que arrancam na infância do autor, percorrem o primeiro quarto de século do PS (desde as origens na clandestinidade da Ação Socialista) e acabam em 1995, perto do final do segundo mandato de Soares. Na introdução, Mateus escreve: "É um livro de memórias em redor do Partido Socialista, duma perspetiva das suas relações internacionais, que eu dirigira durante mais de uma década." Os últimos três capítulos abordam o caso Emaudio - um escândalo rebentado pelo próprio Mateus e que motivou a escrita de "Contos proibidos" para "repor a verdade". Para Joaquim Vieira e Bernardo Pires de Lima, a credibilidade do livro é de oito sobre dez. "O livro adianta imensos detalhes que reforçam a sua credibilidade e nenhum deles foi alguma vez desmentido", argumenta o jornalista e atual presidente do Observatório da Imprensa. Vieira lamenta o "impacto político nulo e nenhuns efeitos" das revelações de Mateus. "Em vez de investigar práticas porventura ilícitas de um chefe de Estado, os jornalistas preferiram crucificar o autor pela 'traição' a Soares." Apesar de, na estreia, terem tido todas as coberturas, livro e autor caíram rapidamente no esquecimento. Hoje, a obra pulula na Internet em versão PDF
   

quarta-feira, janeiro 15, 2025

O vergonhoso acordo de Alvor (que deu guerra civil a Angola e regresso dos retornados a Portugal) faz hoje 50 anos

Agostinho Neto, Costa Gomes (PR), Holden Roberto, Savimbi e Mário Soares em Alvor
(imagem daqui)
 
O Acordo do Alvor, assinado entre o governo português e os três principais movimentos de libertação de Angola (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), em 15 de janeiro de 1975, em Alvor, no Algarve, e que estabeleceu os parâmetros para a partilha do poder na ex-colónia entre esse movimentos, após a concessão da independência a Angola.
 
Negociações e assinatura

Em julho de 1974 os líderes do MPLA, da FNLA e da UNITA reuniram-se em Bucavu, no Zaire, onde concordaram em constituir uma unidade política para negociar com os portugueses a concessão da independência de Angola. Eles se encontraram novamente em Mombaça, no Quénia, em 5 de janeiro de 1975, onde concordaram no cessar-fogo e delinearam uma posição de negociação conjunta sobre uma nova constituição. Eles se encontraram pela terceira vez num pequena vila da chamada Alvor, em Portugal, de 10 a 15 de janeiro de 1975 e assinaram o que ficou conhecido como Acordo de Alvor.

Composto por 60 artigos o documento assinado em Alvor deixava claro que, após a data de sua independência, Angola seria um estado livre e soberano. Seria adotada uma constituição, mediada por um governo de transição composto pela presença de um alto-comissariado português em conjunto com um colégio presidencial ocupado por um membro de cada movimento de libertação.

 

Governo partilhado

O acordo estabeleceu o Conselho Presidencial do Governo de Transição liderado em governo alternado por Lopo do Nascimento (MPLA), Johnny Eduardo Pinnock (FNLA) e José Ndele (UNITA). Os comissários portugueses do processo foram (pela ordem de posse): António Rosa Coutinho, António da Silva Cardoso, Ernesto Ferreira de Macedo e Leonel Cardoso.

A pasta do Ministério da Informação estava com a seguinte configuração: ministro Manuel Rui (MPLA), secretariado por Jaka Jamba (UNITA) e Hendrick Vaal Neto (FNLA).

A pasta do Ministério do Trabalho e Segurança Social estava com a seguinte configuração: ministro António Dembo (UNITA), secretariado por Cornélio Caley (MPLA) e Baptista Nguvulu (FNLA).

A pasta do Ministério do Interior estava com a seguinte configuração: ministro Ngola Kabangu (FNLA), secretariado por Henrique Onambwé (MPLA) e João Mulombo Vaikene (UNITA).

A pasta do Ministério da Economia estava com a seguinte configuração: ministro Vasco Vieira de Almeida (Portugal-Junta de Salvação Nacional); comportava as seguintes secretarias especiais: Secretaria de Estado da Indústria e Energia, sob comando de Augusto Lopes "Tutu" Teixeira (MPLA); Secretaria de Estado das Pescas, sob comando de Manuel Alberto Teixeira Coelho (UNITA), e; Secretaria de Estado do Comércio e Turismo, sob comando de Graça Tavares (FNLA).

A pasta do Ministério do Planeamento e Finanças ficou a cargo do ministro Saíde Mingas (MPLA), a do Ministério da Justiça ficou a cargo do ministro Diógenes Boavida (MPLA), a do Ministério dos Transportes e Comunicação ficou a cargo do ministro Joaquim Albino Antunes da Cunha (Portugal-Junta de Salvação Nacional), a do Ministério da Saúde e Assuntos Sociais ficou a cargo do ministro Samuel Abrigada (FNLA), a do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Urbanismo ficou a cargo do ministro Manuel Alfredo Resende de Oliveira (Portugal-Junta de Salvação Nacional), a do Ministério da Educação e Cultura ficou a cargo do ministro Jerónimo Elavoko Wanga (UNITA), a do Ministério da Agricultura ficou a cargo do ministro Mateus Neto (FNLA) e a do Ministério dos Recursos Naturais ficou a cargo do ministro Jeremias Chitunda (UNITA).

A hierarquia militar do Governo de Transição ficou da seguinte forma: Comandante da Região Militar de Angola, general Ernesto Ferreira de Macedo; Comandante da 2ª Região Aérea, brigadeiro José Ferreira Valente; Comandante da Base Naval de Angola, almirante Leonel Cardoso, e; Comandos de Área com Pedro Timóteo "Barreiro" Kiakanwa (FNLA), João Jacob Caetano "Monstro Imortal" (MPLA) e "Edmundo Rocha" Sabino Sandele (UNITA).

 

Dificuldades na sua aplicação

Em entrevista à Agência Lusa, o dirigente socialista, António de Almeida Santos, que a 15 de janeiro de 1975 era ministro da Coordenação Inter-Territorial e integrava a delegação portuguesa que assinou o acordo, refere que, assim que viu o documento, soube que "aquilo não resultaria".

De facto, no mês seguinte após o acordo ter sido assinado, os três movimentos envolveram-se numa luta armada pelo controlo do país e, em especial, da sua capital, Luanda, no que ficou conhecido como a Guerra Civil de Angola.

 

Rescaldo

Uma última tentativa de salvar as disposições e compromissos de Alvor foram feitas no Acordo de Nakuru, em junho de 1975.
 

terça-feira, janeiro 07, 2025

Mário Soares morreu há oito anos...

Retrato oficial do Presidente Mário Soares (1992), por Júlio Pomar
      
Mário Alberto Nobre Lopes Soares (Lisboa, 7 de dezembro de 1924Lisboa, 7 de janeiro de 2017) foi um político português.
Político de profissão e vocação, co-fundador do Partido Socialista, a 19 de abril de 1973, Mário Soares iniciou na juventude o seu percurso político, integrando grupos de oposição ao Estado Novo, primeiro ligado ao Partido Comunista Português - MUNAF e MUD - e depois na oposição não comunista - Resistência Republicana e Socialista, que funda com dissidentes do PCP e através do qual entrará para o Diretório Democrato-Social. Pela sua atividade oposicionista foi detido 12 vezes pela PIDE - cumprindo cerca de três anos de cadeia (Aljube, Caxias e Penitenciária) - e, posteriormente, deportado para São Tomé. Permaneceu nessa ilha até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o regresso a Portugal, sendo, posteriormente às eleições de 1969 - nas quais Soares foi cabeça-de-lista pela CEUD em Lisboa - forçado a abandonar o país, optando pelo exílio em França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista, batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório, ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma intransigente a independência e autodeterminação das províncias ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia, foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA. Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Líder da oposição entre 1979 e 1983, no ano de 1982, Mário Soares conduziu o PS ao acordo com o PSD e o CDS (que então formavam um governo chefiado por Francisco Pinto Balsemão) para levar a cabo a revisão constitucional de 1982, que permitiu a extinção do Conselho da Revolução, a criação do Tribunal Constitucional e o reforço dos poderes da Assembleia da República.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).

terça-feira, dezembro 24, 2024

Valentim Loureiro faz hoje 86 anos


(imagem daqui)
      
Valentim dos Santos de Loureiro (Calde, Viseu, 24 de dezembro de 1938) é um ex-militar, empresário, político e dirigente desportivo português.
    
Biografia
Depois do Curso Geral do Comércio, na Escola Comercial e Industrial de Viseu, esteve matriculado no Instituto Comercial do Porto, acabando por ingressar na Academia Militar, onde terminou o Curso Superior de Administração Militar, em 1959. Como oficial do Exército Português, fez duas comissões de serviço em Angola, onde em 1965 foi implicado no Caso das Batatas. Assim, no tempo da Guerra do Ultramar, Valentim ficou responsável pelo Depósito Avançado de Viveres nº 823, em São Salvador, Angola e com poder para adjudicar o fornecimento das batatas a um comerciante, Manuel Cabral, ficando a aquisição pelo preço de quatro escudos, mais 50 centavos do que o preço real do quilo.
Na altura, o então capitão Loureiro terá arrecadado com esta fraude e roubo um pecúlio de cerca de 260 contos, mas que lhe valeu a expulsão do Exército, no qual foi novamente reintegrado em 1980, por o seu processo ter desaparecido entretanto. Afastado da vida militar, entre 1967 e 1980, foi reintegrado em 1980, passando à situação de reserva, com a patente de Major.
Dedicado à atividade empresarial, nos sectores do comércio, indústria e agricultura, distinguiu-se como dirigente desportivo, tendo sido presidente da direção do Boavista Futebol Clube, entre 1978 e 1997, sendo atualmente sócio de mérito e presidente honorário do clube. Foi igualmente presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, entre 1989 e 1994 e, novamente, de 1996 a 2006. Entre 1982 e 1999 foi cônsul da Guiné-Bissau no Porto.
Militante do Partido Social Democrata desde 1974, ajudou na implementação do partido no norte do país. Em 1986 e 1991 resolveu apoiar Mário Soares, nas duas candidaturas a Presidente da República. Em 1993 assumiu um papel ativo, tendo sido eleito presidente da Câmara Municipal de Gondomar, renovando os mandatos em 1997 e 2001. Em 2005, na sequência do seu envolvimento no processo judicial Apito Dourado, o PSD recusa-lhe o apoio, invocando falta de credibilidade, mas Valentim Loureiro, acabaria por renovar o mandato em 2005 e 2009, com a lista independente Gondomar no Coração. Como presidente da Câmara tinha à sua disposição um elevador exclusivo com ligação direta a um parque privativo, podendo assim entrar e sair da Câmara sem ser visto. O elevador só subia ao primeiro andar, onde fica o gabinete da presidência, depois de introduzido um código secreto. No parque de estacionamento só cabiam dois carros, o de Valentim Loureiro e o da filha, Daniela Himmel.
No âmbito do Apito Dourado, foi condenado a quatro anos de pena suspensa, em julho de 2008. Valentim Loureiro exerceu ainda a presidência da Junta Metropolitana do Porto, entre 2001 e 2005, e do Conselho de Administração da Metro do Porto.
Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, por Mário Soares, a 18 de setembro de 1989, e condecorado com a Medalha de Mérito Desportivo, por Cavaco Silva, em 1990.
   
Caso da Quinta do Ambrósio
A Quinta do Ambrósio, um imóvel localizado em Fânzeres, foi vendida a 15 de março de 2001 por Ludovina Silva Prata (dona do terreno) a Laureano Gonçalves (advogado e amigo do major), por 1.072 mil euros. No espaço de seis dias o imóvel deixou de ser do domínio da Reserva Agrícola Nacional e, a 21 de março de 2001, foi celebrado um contrato-promessa de compra e venda com a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, que, menos de um ano depois, viria a comprar o terreno por quatro milhões de euros.
Em 2011 Valentim Loureiro começou a ser julgado no Tribunal de Gondomar, acusado de um crime de burla qualificada, em co-autoria, no caso da Quinta do Ambrósio. Além do presidente da Câmara de Gondomar, foram também pronunciados José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, e o advogado Laureano Gonçalves, que respondem pela alegada prática, em concurso efetivo, de um crime de burla qualificada e de outro de branqueamento de capitais. Foram ainda pronunciados por co-autoria de branqueamento de capitais Jorge Loureiro, um dos filhos do presidente da Câmara Municipal de Gondomar, e o advogado António Ramos Neves. O negócio, segundo a acusação, terá rendido aos arguidos cerca de três milhões de euros.
Em 2 de fevereiro de 2012, o Tribunal de Gondomar absolveu Valentim Loureiro no âmbito do processo relacionado com o negócio milionário da Quinta do Ambrósio. O Tribunal considerou não estarem reunidas todas as provas desse crime. Já os restantes arguidos, José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, Jorge Loureiro, filho do Major e Laureano Gonçalves, advogado fiscalista, foram condenados a uma pena de um ano e dez meses de prisão, suspensa na sua execução, por branqueamento de capitais.
       

sábado, dezembro 07, 2024

A propósito do famoso aniversariante de hoje...


(imagens daqui)

 

Sua Alteza Real, D. Mário Soares “o chulo de Portugal”
Clara Ferreira Alves, no Expresso (2015)
   
Tudo o que aqui relato é verdade. Se quiserem, podem processar-me.

Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.

A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira política. A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.

A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma “brilhante” que se viu o processo de descolonização.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.

A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa. A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.

A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os “dossiers”...

A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.

A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.

A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com “testas de ferro” no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.

A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.

A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.

A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, “Contos Proibidos”, que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume as “ligações perigosas” com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse transportando de diamantes, no dizer do então Ministro da Comunicação Social de Angola). A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países (“record” absoluto para a Espanha – 24 vezes – e França – 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).

A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância estratégica para Portugal, aproveitando para dar uma voltinha de tartaruga.

A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.

A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da Republica.

A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.

A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.

A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação, violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.

A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.

A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na… Fundação Mário Soares.

A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.

A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era… João Soares.

A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o diretor do “Público”, José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.

A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.

A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates “o pior do guterrismo” e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.

A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais mais uma vez.

A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.

A lucidez que lhe permitiu ler os artigos “O Polvo” de Joaquim Vieira na “Grande Reportagem”, baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.

No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai. Vai…. e não volta mais.

Enquanto tivemos empréstimos, já se lembrou que éramos pobres e que a regra é deixar património para os filhos e não uma herança de dividas? Para quem tem memória curta! Não é por acaso que foi cognominado de viajante…

A Moral dum exímio gastador!!!!!

Alguém se lembra do nosso Presidente Soares e das suas viagens?

Vamos lá fazer um resumo de onde foram gastos milhões dos nossos impostos, só em viagens, com a sua comitiva… tudo pago pelo contribuinte, claro!
   
1986
11 a 13 de maio – Grã-Bretanha
6 a 9 de julho – França
12 a 14 de setembro – Espanha
17 a 25 de outubro – Grã-Bretanha e França
28 de outubro – Moçambique
5 a 8 de dezembro – São Tomé e Príncipe
8 a 11 de dezembro – Cabo Verde
  
1987
15 a 18 de janeiro – Espanha
24 de março a 5 de abril – Brasil
16 a 26 de maio – Estados Unidos
13 a 16 de junho – França e Suíça
16 a 20 de outubro – França
22 a 29 de novembro – Rússia
14 a 19 de dezembro – Espanha
  
1988
18 a 23 de abril – Alemanha
16 a 18 de maio – Luxemburgo
18 a 21 de maio – Suíça
31 de maio a 5 de junho – Filipinas
5 a 8 de junho – Estados Unidos
8 a 13 de agosto – Equador
13 a 15 de outubro – Alemanha
15 a 18 de outubro – Itália
5 a 10 de novembro – França
12 a 17 de dezembro – Grécia
  
1989
19 a 21 de janeiro – Alemanha
31 de janeiro a 5 de fevereiro – Venezuela
21 a 27 de fevereiro – Japão
27 de fevereiro a 5 de março – Hong-Kong e Macau
5 a 12 de março – Itália
24 de junho a 02 de julho – Estados Unidos
12 a 16 de julho – Estados Unidos
17 a 19 de julho – Espanha
27 de setembro a 2 de outubro – Hungria
2 a 4 de outubro – Holanda
16 a 24 de outubro – França
20 a 24 de novembro – Guiné-Bissau
24 a 26 de novembro – Costa do Marfim
26 a 30 de novembro – Zaire
27 a 30 de dezembro – República Checa
  
1990
15 a 20 de fevereiro – Itália
10 a 21 de março – Chile e Brasil
26 a 29 de abril – Itália
5 a 6 de maio – Espanha
15 a 20 de maio – Marrocos
9 a 11 de outubro – Suécia
27 a 28 de outubro – Espanha
11 a 12 de novembro – Japão
  
1991
29 a 31 de janeiro – Noruega
21 a 23 de março – Cabo Verde
2 a 4 de abril – São Tomé e Príncipe
5 a 9 de abril – Itália
17 a 23 de maio – Rússia
8 a 11 de julho – Espanha
16 a 23 de julho – México
27 de agosto a 1 de setembro – Espanha
14 a 19 de setembro – França e Bélgica
8 a 10 de outubro – Bélgica
22 a 24 de novembro – França
8 a 12 de dezembro – Bélgica e França
  
1992
10 a 14 de janeiro – Estados Unidos
23 de janeiro a 4 de fevereiro – Índia
9 a 11 de março – França
13 a 14 de março – Espanha
25 a 29 de abril – Espanha
4 a 6 de maio – Suíça
6 a 9 de maio – Dinamarca
26 a 28 de maio – Alemanha
30 a 31 de maio – Espanha
1 a 7 de junho – Brasil
11 a 13 de junho – Espanha
13 a 15 de junho – Alemanha
19 a 21 de junho – Itália
14 a 16 de outubro – França
16 a 19 de outubro – Alemanha
19 a 21 de outubro – Áustria
21 a 27 de outubro – Turquia
1 a 3 de novembro – Espanha
17 a 19 de novembro – França
26 a 28 de novembro – Espanha
13 a 16 de dezembro – França
  
1993
17 a 21 de fevereiro – França
14 a 16 de março – Bélgica
6 a 7 de abril – Espanha
18 a 20 de abril – Alemanha
21 a 23 de abril – Estados Unidos
27 de abril a 2 de maio – Grã-Bretanha e Escócia
14 a 16 de maio – Espanha
17 a 19 de maio – França
22 a 23 de maio – Espanha
1 a 4 de junho – Irlanda
4 a 6 de julho – Islândia
5 a 6 de julho – Espanha
9 a 14 de julho – Chile
14 a 21 de julho – Brasil
24 a 26 de julho – Espanha
6 a 7 de agosto – Bélgica
7 a 8 de setembro – Espanha
14 a 17 de de outubro – Coreia do Norte
18 a 27 de outubro – Japão
28 a 31 de outubro – Hong-Kong e Macau
  
1994
2 a 5 de fevereiro – França
27 de fevereiro a 3 de março – Espanha (incluindo Canárias)
18 a 26 de março – Brasil
8 a 12 de maio – África do Sul 
22 a 27 de maio – Itália
27 a 31 de maio – África do Sul
6 a 7 de junho – Espanha
12 a 20 de junho – Colômbia
5 a 6 de julho – França
10 a 13 de setembro – Itália
13 a 16 de setembro – Bulgária
16 a 18 de setembro – França
28 a 30 de setembro – Guiné-Bissau
09 a 11 de outubro – Malta
11 a 16 de outubro – Egito
17 a 18 de outubro – Letónia
18 a 20 de outubro – Polónia
9 a 10 de novembro – Grã-Bretanha
15 a 17 de novembro – República Checa
17 a 19 de novembro – Suíça
27 a 28 de novembro – Marrocos
7 a 12 de dezembro – Moçambique
30 de dezembro a 9 de janeiro de 1995 – Brasil
  
1995
31 de janeiro a 2 de Fevereiro – França
12 a 13 de fevereiro – Espanha
7 a 8 de março – Tunísia
6 a 10 de abril – Macau
10 a 17 de abril – China
17 a 19 de abril – Paquistão
7 a 9 de maio – França
21 de setembro – Espanha
23 a 28 de setembro – Turquia
14 a 19 de outubro – Argentina e Uruguai
20 a 23 de outubro – Estados Unidos
27 de outubro – Espanha
31 de outubro a 4 de novembro – Israel
4 e 5 de novembro – Faixa de Gaza e Cisjordânia
5 e 6 de novembro – Cidade de Jerusalém
15 a 16 de novembro – França
17 a 24 de novembro – África do Sul
24 a 28 de novembro – Ilhas Seychelles
4 a 5 de dezembro – Costa do Marfim
6 a 10 de dezembro – Macau
11 a 16 de dezembro – Japão
  
1996
8 a 11 de janeiro – Angola
  
Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Soares visitou 57 países (alguns várias vezes como por exemplo Espanha, que visitou 24 vezes, e a França, 21 vezes), percorrendo no total 992.809 Km, o que corresponde a 22 vezes a volta ao mundo…
Para quê?

Expliquem ao povo para que serviu tanta viagem… Eis um dos porquês do nosso recurso ao acordo da troika.

Para o qual esta Alteza agora quer deixar de ser ”fiel“…
Mário Soares: A obrigação do PS ser fiel ao acordo da troika chegou ao fim – Economia – Jornal de Negócios
(Já ninguém se lembra disto…)

Mário Soares nasceu há um século..

Retrato oficial do Presidente Mário Soares (1992), por Júlio Pomar
      
Mário Alberto Nobre Lopes Soares (Lisboa, 7 de dezembro de 1924Lisboa, 7 de janeiro de 2017) foi um político português.
Político de profissão e vocação, co-fundador do Partido Socialista, a 19 de abril de 1973, Mário Soares iniciou na juventude o seu percurso político, integrando grupos de oposição ao Estado Novo, primeiro ligado ao Partido Comunista Português - MUNAF e MUD - e depois na oposição não comunista - Resistência Republicana e Socialista, que funda com dissidentes do PCP e através do qual entrará para o Diretório Democrato-Social. Pela sua atividade oposicionista foi detido 12 vezes pela PIDE - cumprindo cerca de três anos de cadeia (Aljube, Caxias e Penitenciária) - e, posteriormente, deportado para São Tomé. Permaneceu nessa ilha até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o regresso a Portugal, sendo, posteriormente às eleições de 1969 - nas quais Soares foi cabeça-de-lista pela CEUD em Lisboa - forçado a abandonar o país, optando pelo exílio em França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista, batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório, ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma intransigente a independência e autodeterminação das províncias ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia, foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA. Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Líder da oposição entre 1979 e 1983, no ano de 1982, Mário Soares conduziu o PS ao acordo com o PSD e o CDS (que então formavam um governo chefiado por Francisco Pinto Balsemão) para levar a cabo a revisão constitucional de 1982, que permitiu a extinção do Conselho da Revolução, a criação do Tribunal Constitucional e o reforço dos poderes da Assembleia da República.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).

sábado, janeiro 27, 2024

Saiu um livro que fez furor há 28 anos - tanto que obrigou o autor a emigrar...


(imagens daqui)

Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil exemplares e desapareceu
Não foi só o livro - o autor emigrou após as revelações que atingiram Mário Soares

Fixe bem esta data: 27 de janeiro de 1996. Era um sábado e o público português assistiu a um fenómeno sem precedentes: um livro, escrito por um autor nacional, vendeu 30.000 exemplares no lançamento. Depois foi retirado do mercado e nunca mais reapareceu."Contos proibidos. Memórias de um PS desconhecido" foi a obra "mais atrevida", segundo Nelson de Matos, a pessoa que o publicou na Dom Quixote. Numa entrevista ao "Expresso", em 2004, o editor negou ter sofrido pressões ou ameaças, mas denunciou a existência de "comentários negativos" que lhe causaram "bastantes dificuldades pessoais". "A todos expliquei que o livro existia", disse na altura. "Tinha revelações importantes e procurava ser sério ao ponto de as provar. Desse ponto de vista, achei que merecia ser discutido na sociedade." Nelson de Matos é também, provavelmente, uma das poucas pessoas que conhece o paradeiro do autor - a hipótese mais repetida é a Suécia, mas ninguém está em condições de confirmar nada. O escritor, tal como acontecera antes com o bestseller instantâneo, desapareceu sem deixar rasto. Dez anos mais tarde, o jornalista Joaquim Vieira publicou cinco textos sobre o assunto na "Grande Reportagem". Em conversa com o i, recorda que "quando o livro saiu, o Rui Mateus foi entrevistado pelo Miguel Sousa Tavares na SIC, e a primeira pergunta que este lhe fez foi: 'Então, como é que se sente na pele de um traidor?' Toda a entrevista decorreu sob essa ideia."Mas o que continha o livro afinal? Qual o motivo para as desaparições? Retomando a síntese de Vieira, que o analisou a fundo, Rui Mateus diz que Mário Soares, "após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar fundos financeiros remanescentes da campanha.
   
(...) 
   
Que, não podendo presidir ao grupo por questões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro". O investigador Bernardo Pires de Lima também leu o livro e conserva um exemplar. "Parece-me evidente que desapareceu de circulação rapidamente por ser um documento incómodo para muita gente, sobretudo altas figuras do PS, metidas numa teia de tráfico de influências complicada que o livro não se recusa a revelar com documentos", observa. A obra consta de dez capítulos e 47 anexos. Ao todo, 455 páginas que arrancam na infância do autor, percorrem o primeiro quarto de século do PS (desde as origens na clandestinidade da Ação Socialista) e acabam em 1995, perto do final do segundo mandato de Soares. Na introdução, Mateus escreve: "É um livro de memórias em redor do Partido Socialista, duma perspetiva das suas relações internacionais, que eu dirigira durante mais de uma década." Os últimos três capítulos abordam o caso Emaudio - um escândalo rebentado pelo próprio Mateus e que motivou a escrita de "Contos proibidos" para "repor a verdade". Para Joaquim Vieira e Bernardo Pires de Lima, a credibilidade do livro é de oito sobre dez. "O livro adianta imensos detalhes que reforçam a sua credibilidade e nenhum deles foi alguma vez desmentido", argumenta o jornalista e atual presidente do Observatório da Imprensa. Vieira lamenta o "impacto político nulo e nenhuns efeitos" das revelações de Mateus. "Em vez de investigar práticas porventura ilícitas de um chefe de Estado, os jornalistas preferiram crucificar o autor pela 'traição' a Soares." Apesar de, na estreia, terem tido todas as coberturas, livro e autor caíram rapidamente no esquecimento. Hoje, a obra pulula na Internet em versão PDF
   

segunda-feira, janeiro 15, 2024

O inacreditável acordo de Alvor (que deu a guerra civil a Angola e o regresso dos retornados a Portugal) faz hoje 49 anos

(imagem daqui)
 
O Acordo do Alvor, assinado entre o governo português e os três principais movimentos de libertação de Angola (MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola), em 15 de janeiro de 1975, em Alvor, no Algarve, e que estabeleceu os parâmetros para a partilha do poder na ex-colónia entre esse movimentos, após a concessão da independência a Angola.
Em entrevista à Agência Lusa, o dirigente socialista, António de Almeida Santos, que a 15 de janeiro de 1975 era ministro da Coordenação Inter-Territorial e integrava a delegação portuguesa que assinou o acordo, refere que, assim que viu o documento, soube que "aquilo não resultaria".
De facto, pouco tempo depois do acordo assinado, os três movimentos envolveram-se num conflito armado pelo controlo do país e, em especial, da sua capital, Luanda, no que ficou conhecido como a Guerra Civil de Angola.
    

domingo, janeiro 07, 2024

Mário Soares morreu há sete anos...

Retrato oficial do Presidente Mário Soares (1992), por Júlio Pomar
      
Mário Alberto Nobre Lopes Soares (Lisboa, 7 de dezembro de 1924Lisboa, 7 de janeiro de 2017) foi um político português.
Político de profissão e vocação, co-fundador do Partido Socialista, a 19 de abril de 1973, Mário Soares iniciou na juventude o seu percurso político, integrando grupos de oposição ao Estado Novo, primeiro ligado ao Partido Comunista Português - MUNAF e MUD - e depois na oposição não comunista - Resistência Republicana e Socialista, que funda com dissidentes do PCP e através do qual entrará para o Diretório Democrato-Social. Pela sua atividade oposicionista foi detido 12 vezes pela PIDE - cumprindo cerca de três anos de cadeia (Aljube, Caxias e Penitenciária) - e, posteriormente, deportado para São Tomé. Permaneceu nessa ilha até o governo de Marcello Caetano lhe permitir o regresso a Portugal, sendo, posteriormente às eleições de 1969 - nas quais Soares foi cabeça-de-lista pela CEUD em Lisboa - forçado a abandonar o país, optando pelo exílio em França.
No processo de transição democrática subsequente ao 25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o Partido Comunista, batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no I Governo Provisório, ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma intransigente a independência e autodeterminação das províncias ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia, foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o I e II governos constitucionais, este último de coligação com o CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o Governo e o Presidente da República - Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o 25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os EUA. Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes europeus, tendentes à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
Líder da oposição entre 1979 e 1983, no ano de 1982, Mário Soares conduziu o PS ao acordo com o PSD e o CDS (que então formavam um governo chefiado por Francisco Pinto Balsemão) para levar a cabo a revisão constitucional de 1982, que permitiu a extinção do Conselho da Revolução, a criação do Tribunal Constitucional e o reforço dos poderes da Assembleia da República.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do IX governo, do chamado Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do FMI em Portugal.
Posteriormente, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1986 e 1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de 1986, e com larga maioria as de 1991, em que contou não só com o apoio do PS como do PSD, de Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).

domingo, dezembro 24, 2023

Valentim Loureiro celebra hoje 85 anos


(imagem daqui)
      
Valentim dos Santos de Loureiro (Calde, Viseu, 24 de dezembro de 1938) é um ex-militar, empresário, político e dirigente desportivo português.
    
Biografia
Depois do Curso Geral do Comércio, na Escola Comercial e Industrial de Viseu, esteve matriculado no Instituto Comercial do Porto, acabando por ingressar na Academia Militar, onde terminou o Curso Superior de Administração Militar, em 1959. Como oficial do Exército Português, fez duas comissões de serviço em Angola, onde em 1965 foi implicado no Caso das Batatas. Assim, no tempo da Guerra do Ultramar, Valentim ficou responsável pelo Depósito Avançado de Viveres nº 823, em São Salvador, Angola e com poder para adjudicar o fornecimento das batatas a um comerciante, Manuel Cabral, ficando a aquisição pelo preço de quatro escudos, mais 50 centavos do que o preço real do quilo.
Na altura, o então capitão Loureiro terá arrecadado com esta fraude e roubo um pecúlio de cerca de 260 contos, mas que lhe valeu a expulsão do Exército, no qual foi novamente reintegrado em 1980, por o seu processo ter desaparecido entretanto. Afastado da vida militar, entre 1967 e 1980, foi reintegrado em 1980, passando à situação de reserva, com a patente de Major.
Dedicado à atividade empresarial, nos sectores do comércio, indústria e agricultura, distinguiu-se como dirigente desportivo, tendo sido presidente da direção do Boavista Futebol Clube, entre 1978 e 1997, sendo atualmente sócio de mérito e presidente honorário do clube. Foi igualmente presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, entre 1989 e 1994 e, novamente, de 1996 a 2006. Entre 1982 e 1999 foi cônsul da Guiné-Bissau no Porto.
Militante do Partido Social Democrata desde 1974, ajudou na implementação do partido no norte do país. Em 1986 e 1991 resolveu apoiar Mário Soares, nas duas candidaturas a Presidente da República. Em 1993 assumiu um papel ativo, tendo sido eleito presidente da Câmara Municipal de Gondomar, renovando os mandatos em 1997 e 2001. Em 2005, na sequência do seu envolvimento no processo judicial Apito Dourado, o PSD recusa-lhe o apoio, invocando falta de credibilidade, mas Valentim Loureiro, acabaria por renovar o mandato em 2005 e 2009, com a lista independente Gondomar no Coração. Como presidente da Câmara tinha à sua disposição um elevador exclusivo com ligação direta a um parque privativo, podendo assim entrar e sair da Câmara sem ser visto. O elevador só subia ao primeiro andar, onde fica o gabinete da presidência, depois de introduzido um código secreto. No parque de estacionamento só cabiam dois carros, o de Valentim Loureiro e o da filha, Daniela Himmel.
No âmbito do Apito Dourado, foi condenado a quatro anos de pena suspensa, em julho de 2008. Valentim Loureiro exerceu ainda a presidência da Junta Metropolitana do Porto, entre 2001 e 2005, e do Conselho de Administração da Metro do Porto.
Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, por Mário Soares, a 18 de setembro de 1989, e condecorado com a Medalha de Mérito Desportivo, por Cavaco Silva, em 1990.
   
Caso da Quinta do Ambrósio
A Quinta do Ambrósio, um imóvel localizado em Fânzeres, foi vendida a 15 de março de 2001 por Ludovina Silva Prata (dona do terreno) a Laureano Gonçalves (advogado e amigo do major), por 1.072 mil euros. No espaço de seis dias o imóvel deixou de ser do domínio da Reserva Agrícola Nacional e, a 21 de março de 2001, foi celebrado um contrato-promessa de compra e venda com a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, que, menos de um ano depois, viria a comprar o terreno por quatro milhões de euros.
Em 2011 Valentim Loureiro começou a ser julgado no Tribunal de Gondomar, acusado de um crime de burla qualificada, em co-autoria, no caso da Quinta do Ambrósio. Além do presidente da Câmara de Gondomar, foram também pronunciados José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, e o advogado Laureano Gonçalves, que respondem pela alegada prática, em concurso efetivo, de um crime de burla qualificada e de outro de branqueamento de capitais. Foram ainda pronunciados por co-autoria de branqueamento de capitais Jorge Loureiro, um dos filhos do presidente da Câmara Municipal de Gondomar, e o advogado António Ramos Neves. O negócio, segundo a acusação, terá rendido aos arguidos cerca de três milhões de euros.
Em 2 de fevereiro de 2012, o Tribunal de Gondomar absolveu Valentim Loureiro no âmbito do processo relacionado com o negócio milionário da Quinta do Ambrósio. O Tribunal considerou não estarem reunidas todas as provas desse crime. Já os restantes arguidos, José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, Jorge Loureiro, filho do Major e Laureano Gonçalves, advogado fiscalista, foram condenados a uma pena de um ano e dez meses de prisão, suspensa na sua execução, por branqueamento de capitais.
       

quinta-feira, dezembro 07, 2023

A propósito de um aniversariante de hoje...

 


(imagens daqui)
  
 
Sua Alteza Real, D. Mário Soares “o chulo de Portugal”
Clara Ferreira Alves, no Expresso (2015)
   
Tudo o que aqui relato é verdade. Se quiserem, podem processar-me.

Eis parte do enigma. Mário Soares, num dos momentos de lucidez que ainda vai tendo, veio chamar a atenção do Governo, na última semana, para a voz da rua.

A lucidez, uma das suas maiores qualidades durante uma longa carreira política. A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio dourado, em hotéis de luxo de Paris.

A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma “brilhante” que se viu o processo de descolonização.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante os primeiros anos da Democracia.

A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa. A lucidez que lhe permitiu tratar da forma despudorada amigos como Jaime Serra, Salgado Zenha, Manuel Alegre e tantos outros.

A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os “dossiers”...

A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico desempenho no cargo.

A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.

A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial, a Emaudio, com “testas de ferro” no comando e um conjunto de negócios obscuros que envolveram grandes magnatas internacionais.

A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha presidencial.

A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens da Emaudio.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.

A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, “Contos Proibidos”, que contava tudo sobre a Emaudio, e ter a sorte de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume as “ligações perigosas” com Angola, ligações essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse transportando de diamantes, no dizer do então Ministro da Comunicação Social de Angola). A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países (“record” absoluto para a Espanha – 24 vezes – e França – 21), num total equivalente a 22 voltas ao mundo (mais de 992 mil quilómetros).

A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância estratégica para Portugal, aproveitando para dar uma voltinha de tartaruga.

A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da Republica Portuguesa.

A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela Casa, em vez de os guardar no Museu da Presidência da Republica.

A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.

A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da Republica, constituir a Fundação Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.

A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação, violando o PDM de Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.

A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.

A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e subsídios superiores a um milhão de contos.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo num edifico cedido pela Câmara de Lisboa.

A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.

A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que tinha direito como ex-presidente da República, na… Fundação Mário Soares.

A lucidez que lhe permite que, ainda hoje, a Fundação Mário Soares receba quase 4 mil euros mensais da Câmara Municipal de Leiria.

A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem licença municipal, numa altura em que o Presidente era… João Soares.

A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o diretor do “Público”, José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a publicar sobre o tema.

A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.

A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates “o pior do guterrismo” e ignorar hoje em dia tal frase como se nada fosse.

A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às eleições presidenciais mais uma vez.

A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.

A lucidez que lhe permitiu ler os artigos “O Polvo” de Joaquim Vieira na “Grande Reportagem”, baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento do jornalista e ao fim da revista.

A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno dia de eleições, nas últimas Autárquicas.

No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai. Vai…. e não volta mais.

Enquanto tivemos empréstimos, já se lembrou que éramos pobres e que a regra é deixar património para os filhos e não uma herança de dividas? Para quem tem memória curta! Não é por acaso que foi cognominado de viajante…

A Moral dum exímio gastador!!!!!

Alguém se lembra do nosso Presidente Soares e das suas viagens?

Vamos lá fazer um resumo de onde foram gastos milhões dos nossos impostos, só em viagens, com a sua comitiva… tudo pago pelo contribuinte, claro!
   
1986
11 a 13 de maio – Grã-Bretanha
6 a 9 de julho – França
12 a 14 de setembro – Espanha
17 a 25 de outubro – Grã-Bretanha e França
28 de outubro – Moçambique
5 a 8 de dezembro – São Tomé e Príncipe
8 a 11 de dezembro – Cabo Verde
  
1987
15 a 18 de janeiro – Espanha
24 de março a 5 de abril – Brasil
16 a 26 de maio – Estados Unidos
13 a 16 de junho – França e Suíça
16 a 20 de outubro – França
22 a 29 de novembro – Rússia
14 a 19 de dezembro – Espanha
  
1988
18 a 23 de abril – Alemanha
16 a 18 de maio – Luxemburgo
18 a 21 de maio – Suíça
31 de maio a 5 de junho – Filipinas
5 a 8 de junho – Estados Unidos
8 a 13 de agosto – Equador
13 a 15 de outubro – Alemanha
15 a 18 de outubro – Itália
5 a 10 de novembro – França
12 a 17 de dezembro – Grécia
  
1989
19 a 21 de janeiro – Alemanha
31 de janeiro a 5 de fevereiro – Venezuela
21 a 27 de fevereiro – Japão
27 de fevereiro a 5 de março – Hong-Kong e Macau
5 a 12 de março – Itália
24 de junho a 02 de julho – Estados Unidos
12 a 16 de julho – Estados Unidos
17 a 19 de julho – Espanha
27 de setembro a 2 de outubro – Hungria
2 a 4 de outubro – Holanda
16 a 24 de outubro – França
20 a 24 de novembro – Guiné-Bissau
24 a 26 de novembro – Costa do Marfim
26 a 30 de novembro – Zaire
27 a 30 de dezembro – República Checa
  
1990
15 a 20 de fevereiro – Itália
10 a 21 de março – Chile e Brasil
26 a 29 de abril – Itália
5 a 6 de maio – Espanha
15 a 20 de maio – Marrocos
9 a 11 de outubro – Suécia
27 a 28 de outubro – Espanha
11 a 12 de novembro – Japão
  
1991
29 a 31 de janeiro – Noruega
21 a 23 de março – Cabo Verde
2 a 4 de abril – São Tomé e Príncipe
5 a 9 de abril – Itália
17 a 23 de maio – Rússia
8 a 11 de julho – Espanha
16 a 23 de julho – México
27 de agosto a 1 de setembro – Espanha
14 a 19 de setembro – França e Bélgica
8 a 10 de outubro – Bélgica
22 a 24 de novembro – França
8 a 12 de dezembro – Bélgica e França
  
1992
10 a 14 de janeiro – Estados Unidos
23 de janeiro a 4 de fevereiro – Índia
9 a 11 de março – França
13 a 14 de março – Espanha
25 a 29 de abril – Espanha
4 a 6 de maio – Suíça
6 a 9 de maio – Dinamarca
26 a 28 de maio – Alemanha
30 a 31 de maio – Espanha
1 a 7 de junho – Brasil
11 a 13 de junho – Espanha
13 a 15 de junho – Alemanha
19 a 21 de junho – Itália
14 a 16 de outubro – França
16 a 19 de outubro – Alemanha
19 a 21 de outubro – Áustria
21 a 27 de outubro – Turquia
1 a 3 de novembro – Espanha
17 a 19 de novembro – França
26 a 28 de novembro – Espanha
13 a 16 de dezembro – França
  
1993
17 a 21 de fevereiro – França
14 a 16 de março – Bélgica
6 a 7 de abril – Espanha
18 a 20 de abril – Alemanha
21 a 23 de abril – Estados Unidos
27 de abril a 2 de maio – Grã-Bretanha e Escócia
14 a 16 de maio – Espanha
17 a 19 de maio – França
22 a 23 de maio – Espanha
1 a 4 de junho – Irlanda
4 a 6 de julho – Islândia
5 a 6 de julho – Espanha
9 a 14 de julho – Chile
14 a 21 de julho – Brasil
24 a 26 de julho – Espanha
6 a 7 de agosto – Bélgica
7 a 8 de setembro – Espanha
14 a 17 de de outubro – Coreia do Norte
18 a 27 de outubro – Japão
28 a 31 de outubro – Hong-Kong e Macau
  
1994
2 a 5 de fevereiro – França
27 de fevereiro a 3 de março – Espanha (incluindo Canárias)
18 a 26 de março – Brasil
8 a 12 de maio – África do Sul 
22 a 27 de maio – Itália
27 a 31 de maio – África do Sul
6 a 7 de junho – Espanha
12 a 20 de junho – Colômbia
5 a 6 de julho – França
10 a 13 de setembro – Itália
13 a 16 de setembro – Bulgária
16 a 18 de setembro – França
28 a 30 de setembro – Guiné-Bissau
09 a 11 de outubro – Malta
11 a 16 de outubro – Egito
17 a 18 de outubro – Letónia
18 a 20 de outubro – Polónia
9 a 10 de novembro – Grã-Bretanha
15 a 17 de novembro – República Checa
17 a 19 de novembro – Suíça
27 a 28 de novembro – Marrocos
7 a 12 de dezembro – Moçambique
30 de dezembro a 9 de janeiro de 1995 – Brasil
  
1995
31 de janeiro a 2 de Fevereiro – França
12 a 13 de fevereiro – Espanha
7 a 8 de março – Tunísia
6 a 10 de abril – Macau
10 a 17 de abril – China
17 a 19 de abril – Paquistão
7 a 9 de maio – França
21 de setembro – Espanha
23 a 28 de setembro – Turquia
14 a 19 de outubro – Argentina e Uruguai
20 a 23 de outubro – Estados Unidos
27 de outubro – Espanha
31 de outubro a 4 de novembro – Israel
4 e 5 de novembro – Faixa de Gaza e Cisjordânia
5 e 6 de novembro – Cidade de Jerusalém
15 a 16 de novembro – França
17 a 24 de novembro – África do Sul
24 a 28 de novembro – Ilhas Seychelles
4 a 5 de dezembro – Costa do Marfim
6 a 10 de dezembro – Macau
11 a 16 de dezembro – Japão
  
1996
8 a 11 de janeiro – Angola
  
Durante os anos que ocupou o Palácio de Belém, Soares visitou 57 países (alguns várias vezes como por exemplo Espanha, que visitou 24 vezes, e a França, 21 vezes), percorrendo no total 992.809 Km, o que corresponde a 22 vezes a volta ao mundo…
Para quê?

Expliquem ao povo para que serviu tanta viagem… Eis um dos porquês do nosso recurso ao acordo da troika.

Para o qual esta Alteza agora quer deixar de ser ”fiel“…
Mário Soares: A obrigação do PS ser fiel ao acordo da troika chegou ao fim – Economia – Jornal de Negócios
(Já ninguém se lembra disto…)