Retrato oficial do Presidente Mário Soares (1992), por Júlio Pomar
Político de profissão e vocação, co-fundador do
Partido Socialista, a
19 de abril de
1973, Mário Soares iniciou na juventude o seu percurso político, integrando grupos de oposição ao
Estado Novo, primeiro ligado ao
Partido Comunista Português -
MUNAF e
MUD - e depois na oposição não comunista -
Resistência Republicana e Socialista, que funda com dissidentes do
PCP e através do qual entrará para o
Diretório Democrato-Social. Pela sua atividade oposicionista foi detido 12 vezes pela
PIDE - cumprindo cerca de três anos de cadeia (
Aljube,
Caxias e
Penitenciária) - e, posteriormente, deportado para
São Tomé. Permaneceu nessa ilha até o governo de
Marcello Caetano lhe permitir o regresso a
Portugal, sendo, posteriormente às eleições de
1969 - nas quais Soares foi cabeça-de-lista pela
CEUD em
Lisboa - forçado a abandonar o país, optando pelo exílio em
França.
No processo de transição democrática subsequente ao
25 de abril de 1974 Mário Soares afirmou-se como líder partidário no campo democrático, contra o
Partido Comunista,
batendo-se pela realização de eleições. Foi ainda Ministro de alguns
dos governos provisórios - Ministro dos Negócios Estrangeiros, logo no
I Governo Provisório,
ficou associado ao processo de descolonização, defendendo de forma
intransigente a independência e autodeterminação das províncias
ultramarinas.
Vencedor das primeiras eleições legislativas realizadas em democracia,
foi Primeiro-Ministro dos dois primeiros governos constitucionais, o
I e
II governos constitucionais, este último de coligação com o
CDS. A sua governação foi marcada pela instabilidade democrática - nomeadamente, pela tensão entre o
Governo e o
Presidente da República -
Conselho da Revolução - pela crise financeira e pela necessidade de fazer face à paralisação da economia ocorrida após o
25 de abril, que levou o Governo a negociar um grande empréstimo com os
EUA.
Ao mesmo tempo, foi um período em que o Governo, e Soares em
particular, se empenhou em desenvolver contactos com outros líderes
europeus, tendentes à adesão de
Portugal às
Comunidades Europeias.
Foi, de novo, Primeiro-Ministro do
IX governo, do chamado
Bloco Central, num período marcado por uma nova crise financeira e pela intervenção do
FMI em
Portugal.
Posteriormente, foi
Presidente da República durante dois mandatos, entre
1986 e
1996, vencendo de forma tangente, e à segunda volta, as eleições presidenciais de
1986, e com larga maioria as de
1991, em que contou não só com o apoio do
PS como do
PSD, de
Cavaco Silva. Sendo o primeiro civil a exercer o cargo de
Presidente da República, deixou patente um novo estilo presidencial, promovendo a proximidade com as populações e a projeção de
Portugal no estrangeiro; sendo marcado ao mesmo tempo pela tensão política com os governos de
Cavaco Silva e pelo polémico caso TDM (Teledifusão de Macau).