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O primeiro sinal de cancro de George apareceu na década de 90, no pulmão. Ele enfrentou várias cirurgias para eliminá-lo. Em 2001, o cancro reapareceu com
metástases. Apesar dos tratamentos agressivos, logo foi confirmado que era terminal, decidindo de imediato passar os seus últimos dias em família e trabalhar nalguns projetos para posteriormente serem terminados pela sua viúva e filho.
O ex-Beatle preparou minuciosamente a sua morte e discretamente, como era sua filosofia de vida, não permitindo a invasão da sua privacidade e da sua família.
Só três pessoas sabiam onde e como George Harrison iria morrer: a mulher Olivia e o amigo Gavin De Becker, que se encarregou do plano. Nem o filho,
Dhani Harrison, sabia onde o pai iria morrer, para que o círculo do segredo ficasse ainda mais fechado.
No dia 14 de novembro, quando estava internado em
Nova Iorque, George Harrison foi avisado de que já não teria muito tempo de vida. "Onde vou morrer?", perguntou.
Postas de parte as hipóteses de morrer na sua casa de Londres ou no Staten Island University Hospital, de Nova Iorque, onde estava internado, George Harrison combinou com Gavin De Becker que morreria protegido por este, em
Beverly Hills, afastado dos olhares do mundo, depois de ter ponderado a hipótese da sua casa no
Havaí. "George Harrison não queria a sua fotografia num caixão como epitáfio", disse um amigo.
No dia 17 de novembro, foi dada alta de Nova Iorque ao ex-Beatle. Harrison tinha pouco tempo para se despedir da família e dos amigos. Entre outros, chamou a irmã, Louise, que dirige o Hotel "A Hard Day"s Night", em Illinois, e os amigos de sempre,
Paul McCartney e
Ringo Starr.
George e Louise estavam de relações cortadas, depois de Louise ter aberto o hotel com o nome de uma canção/álbum/filme dos Beatles, o que não agradou ao irmão.
A um Paul McCartney de lágrimas nos olhos, George disse que "já não estaria aqui no Natal".
Ringo, que estava em Boston à cabeceira da filha, também com cancro, voou de imediato e disse que não sairia do pé de George "até ao fim", adiando para isso a digressão ao Canadá. "Não adies. Eu estou em paz", respondeu-lhe George Harrison.
Sem publicidade, no dia 17 de novembro, George Harrison voou no jato privado de Gavin De Becker para Santa Mónica, Califórnia, tendo depois sido transportado numa ambulância descaraterizada até ao
UCLA Medical Centre, em Los Angeles, para tratamentos.
No dia 20, a situação clínica deteriorou-se, pelo que George Harrison foi transferido para casa de Gavin De Becker, em Beverly Hills, onde ficou isolado. A única visita exterior permitida foi a de
Ravi Shankar. que lhe tocou
sitar.
A morte viria a ocorrer às 13.30 locais (21.30 em Lisboa), de quinta-feira, 29 de novembro.
Segundo o "News Of The World", além da família, dois dos seus melhores amigos indianos, Shayam Sundara e Mukunda, entoaram cânticos
Hare Krishna, enquanto o ex-Beatle falecia.
O corpo de George Harrison foi
cremado no
Hollywood Forever Cemetery às 06.30 do dia 30 de novembro (hora de Lisboa), tendo o caixão sido coberto por pétalas de rosa numa cerimónia Hare Krishna com o ambiente envolto em essência de
sândalo. Um mestre Hare Krishna recitou versos sagrados hindus, do livro Bhagavad-Gita.
As cinzas voam segunda-feira, 3 de dezembro, para a Índia onde seriam espalhadas num rio sagrado, provavelmente o
Rio Yamuna, a 40 milhas do
Taj Mahal, o rio sagrado que o ex-Beatle amava, ou o
Ganges.
A família de George Harrison pediu entretanto a todos admiradores do músico um minuto de silêncio na segunda-feira, 3 de dezembro, às 21.30, como tributo ao guitarrista.
"Estamos profundamente comovidos pela demonstração de amor e solidariedade de pessoas de todo o mundo", disseram a mulher de George, Olivia, sua antiga secretária na editora, e o filho Dhani, de 23 anos.
O álbum póstumo de George Harrison,
Brainwashed, foi completado por seu filho
Dhani Harrison e
Jeff Lynne e lançado em
18 de novembro de
2002, recebendo positivas críticas e alcançando o posto 18 nas paradas de álbuns da
Billboard. Dentre as canções do álbum desta-se o promocional
"Stuck Inside a Cloud" e
"Any Road" que alcançou o lugar 37 nas paradas de sucesso britânicas.
Exatamente um ano após a sua morte, Olívia Harrison, a sua mulher, e
Eric Clapton, seu amigo, organizaram o
Concert For George, no
Royal Albert Hall, em
Londres. O concerto contou com a presença do filho de George, Dhani, além de grandes amigos como
Paul McCartney,
Ringo Starr,
Eric Clapton,
Billy Preston,
Ravi Shankar,
Tom Petty,
Jeff Lynne,
Jim Capaldi,
Jools Holland, Albert Lee, Sam Brown,
Gary Brooker, Joe Brown,
Brian Johnson, Ray Cooper, integrantes do
Monty Python e
Tom Hanks.
nnn