terça-feira, fevereiro 04, 2014

Henrique Galvão nasceu há 119 anos

(imagem daqui)

Henrique Carlos da Mata Galvão (Barreiro, 4 de fevereiro de 1895 - São Paulo, 25 de junho de 1970) foi um capitão do exército, inspetor da administração colonial portuguesa e escritor português. Ficou mundialmente famoso, em 1961, por ter organizado e comandado o assalto ao paquete Santa Maria, numa tentativa de provocar uma crise política contra o regime de Salazar.

Biografia
Henrique Galvão desde cedo seguiu a carreira militar. Foi um dos apoiantes de Sidónio Pais. Foi administrador do concelho de Montemor-o-Novo. Participou na revolução de 28 de maio de 1926 e foi um fervoroso salazarista.
Foi Comissário Geral da Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1934. Nesse mesmo ano foi nomeado como primeiro director da Emissora Nacional e, a 1 de agosto, agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo. Mais tarde, esteve em África, onde organizou acções de propaganda. Foi governador de Huíla. Angola inspirou-lhe a veia literária, tendo escrito uma série de livros brilhantes sobre a vida nas colónias africanas, a sua antropologia e zoologia.
No início da década de 50, Henrique Galvão desiludiu-se com o regime de Salazar e começou a conspirar com outros militares, mas acabou por ser descoberto, preso e expulso do exército. Em 1959, aproveitando uma ida ao Hospital de Santa Maria, fugiu e refugiou-se na embaixada da Argentina, tendo conseguido exílio político na Venezuela. Henrique Galvão era, com Humberto Delgado, uma figura extremamente popular nos meios oposicionistas não afectos ao Partido Comunista Português. Para o Partido Comunista, Portugal ainda não estava pronto para a revolução, enquanto Galvão achava que não havia tempo a perder. Foi durante o exílio que começou a preparar aquela que seria a sua acção mais espectacular: o desvio do paquete português Santa Maria, cheio de passageiros, a que deu o nome de "Operação Dulcineia". Coordenou esta acção com Humberto Delgado, que estava exilado no Brasil.

(imagem daqui)

Santa Maria/Santa Liberdade
O navio escolhido foi o paquete "Santa Maria", que tinha largado em 9 de janeiro de 1961 para uma viagem regular até Miami. Galvão embarcou clandestinamente no navio, em Curaçao, Antilhas Holandesas. A bordo já se encontravam os 20 elementos da Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, grupo que assumiria a responsabilidade pelo assalto. O navio levava cerca de 612 passageiros, muitos norte-americanos, e 350 tripulantes. A operação começou na madrugada de 22 de janeiro, com a ocupação da ponte de comando. Um dos oficiais de bordo ofereceu resistência e foi morto a tiro; os restantes renderam-se. O paquete mudou de rumo e partiu em direcção a África. Henrique Galvão queria dirigir-se à ilha espanhola de Fernando Pó, no golfo da Guiné, e a partir daí atacar Luanda, que seria o ponto de partida para o derrube dos governos de Lisboa e Madrid. Um plano megalómano e quixotesco, condenado ao fracasso, mas que chamaria as atenções internacionais para a ditadura salazarista.
As coisas começaram a complicar-se quando o navio foi avistado por um cargueiro dinamarquês, que avisou a guarda costeira americana. Daí até à chegada dos navios de guerra foi um ápice. Vendo que tudo estava perdido, Henrique Galvão decidiu rumar ao Recife e render-se às autoridades brasileiras, pedindo asilo político, que foi aceite.

Morte
Henrique Galvão, morreu em São Paulo, em 25 de junho de 1970, com a doença de Alzheimer. A 7 de novembro de 1991 foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

O pastor Dietrich Bonhoeffer nasceu há 108 anos

Dietrich Bonhoeffer (Breslau, 4 de fevereiro de 1906 - Berlim, 9 de abril de 1945) foi um teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã anti-nazi e membro fundador da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica contrária à política nazi.
Bonhoeffer envolveu-se na trama da Abwehr para assassinar Hitler. Em março de 1943 foi preso e acabou sendo enforcado, pouco tempo antes do próprio Hitler cometer suicídio.

Biografia
Nascido em Breslau em 4 de Fevereiro 1906, filho de um psiquiatra de classe média alta. Quando jovem decidiu-se seguir a carreira pastoral na Igreja Luterana, doutorou-se em teologia na Universidade de Berlim e fez um ano de estudos no Union Theological Seminary em Nova York. Retornou a Alemanha em 1931.
Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando em 1934 diversos pastores luteranos e reformados, formaram a Bekennende Kirche, Igreja Confessante, rejeitando desafiadoramente os nazis:
Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador.
Obviamente o movimento foi posto em ilegalidade e em Abril de 1943 foi preso por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Levado de uma prisão para outra, em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com seu irmão Klaus, e cunhados Hans von Dohnanyi e Rüdiger Schleicher.
Sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo foi "Discipulado" (Nachfolge) na qual desenvolve a polémica acerca da teologia da graça, fundamento da obra de Lutero. O livro opõe-se a ênfase dada à "justificação pela graça sem obras da lei", afirmando que:
A graça barata é inimiga mortal de nossa Igreja. A nossa luta trava-se hoje em torno da graça preciosa que é um tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende tudo que tem (...) o chamado de Jesus Cristo, ao ouvir do qual o discípulo larga suas redes e segue (...) o dom pelo qual se tem que orar, a porta a qual se tem que bater.
Destas linhas já se denota o profundo "fazer teológico poético" que tanto caracteriza a obra de Bonhoeffer.
Quando já estava sendo perseguido pelos nazis, Bonhoeffer escreveu um tratado considerado por muitos uma das maiores obras primas do protestantismo, que denominou simplesmente "Ética". É nesta obra que ele justifica, em parte, o seu empenho na resistência alemã anti-nazi e seu envolvimento na luta contra Adolf Hitler, dizendo que:
É melhor fazer um mal do que ser mau.
As suas cartas da prisão são um exemplo de martírio e também um tesouro para a Teologia Cristã do século XX.

José Cid - 72 anos

José Cid, nome artístico de José Albano Salter Cid de Ferreira Tavares (Chamusca, 4 de fevereiro de 1942) é um cantor, compositor, músico e produtor musical português.

Biografia
Terceiro filho de Francisco Albano Coutinho Ferreira Tavares (neto paterno do 1.º Barão do Cruzeiro e sobrinho-neto paterno do 1.º Visconde dos Lagos e representante de ambos os títulos) e de sua mulher Fernanda Salter Cid Freire Gameiro, mudou-se com os pais e com as duas irmãs mais velhas para Mogofores, perto de Anadia, aos onze anos.
Iniciou a sua carreira musical em 1956, com a fundação de Os Babies, agrupamento musical que se dedicava à interpretação de versões (covers), que durou até 1958.
Aos 17 anos compôs a sua primeira canção, "Andorinha", um tema com influências jazzísticas.
Em 1960 integrou, em Coimbra, o Conjunto Orfeão, com José Niza, Proença de Carvalho e Rui Ressurreição.
Também nos 1960, esteve na banda rock and roll e surf rock , Os Claves, que se dedicavam à interpretação de versões.
Em 1965 abandona Coimbra, onde frequentava a Faculdade de Direito, sem terminar o primeiro ano. Ingressa nesse ano no Instituto Nacional de Educação Física, onde tem como colega um irmão de Michel, membro do Conjunto Mistério. Após uma audição é convidado a entrar para o grupo, que daria origem ao Quarteto 1111.
José Cid também não chega a concluir o curso de Educação Física, porque em 1968 é chamado a cumprir o Serviço Militar. Até 1972 permaneceu como oficial miliciano da Força Aérea Portuguesa, no Centro de Formação Militar e Técnica, situado na Ota. Dava aulas de ginástica de manhã, saía à tarde para ensaiar na garagem e actuava com os 1111 aos fins-de-semana.
O primeiro disco a solo de José Cid, "Lisboa Camarada", de 1969, é proibido pela Censura.
Popularizou-se como teclista e vocalista no Quarteto 1111, tendo grande êxito com a A Lenda de El-Rei D. Sebastião, de 1967, um tema inovador no panorama musical da época. O álbum homónimo dos 1111 seria editado em 1970, mas não chegou a sair, por interferência da censura.
Em maio de 1971 é editado o seu primeiro álbum a solo, homónimo, que inclui temas como "Dom Fulano", "Lisboa Ano 3000" e "Não Convém". Lança também o EP "Lisboa Perto e Longe" (com os temas "Lisboa Perto e Longe", "Dida", "Dona Feia, Velha e Louca" e "Zé Ninguém"). A poetisa Natália Correia é um dos nomes que colabora com José Cid nesta fase. Em agosto desse ano toca num célebre Festival, em Vilar de Mouros, com o Quarteto 1111. Em novembro participa, com "Ficou Para Tia", no World Popular Song Festival de Tóquio. É editado um novo EP com os temas "História Verdadeira de Natal", "Todas As Aves do Mundo", "Ficou Para Tia" e "Levaram Tudo O Que Eu Tinha".
Em maio de 1972 lança um EP com os temas "Camarada", "Retrospectiva", "Viagem" e "Corpo Abolido". Tonicha participa na edição de estreia do Festival da OTI, realizado em Madrid, com a canção "Glória, Glória, Aleluia", da autoria de José Cid. Em novembro de 1972 regressa ao Festival de Tóquio, desta vez como autor de "Desde Que Me Ames Um Pouco" interpretado por Vittorio Santos.
Os Green Windows formam-se em 1972, para o Festival dos Dois Mundos. Eram o Quarteto 1111 mas mais comercial e com algumas das namoradas e das mulheres. No ano seguinte é lançada a música "Vinte Anos", que vendeu mais de 100.000 discos.
Uma das suas composições mais conhecidas, Ontem, hoje e amanhã, seria premiada no Festival Yamaha de Tóquio em 1975.
É editado "Onde Quando Como Porquê, Cantamos Pessoas Vivas - Obra Ensaio de José Cid" o último trabalho do Quarteto 1111, antes de acabarem.
Os singles "Portugal É!..." e "A Festa do Zé" são editados em 1975. É editado nesse ano o último single dos Green Windows com José Cid, intitulado "Quadras Populares".
Fundou o grupo Cid, Scarpa, Carrapa & Nabo, com Guilherme Inês, José Moz Carrapa e Zé Nabo, com o qual gravou o tema Mosca super-star e o EP Vida (Sons do Quotidiano), em 1977.
Em 1978, lançou o álbum 10.000 anos depois entre Vénus e Marte, um marco na história do rock progressivo, que viria a obter mais tarde reconhecimento a nível internacional, sendo incluído numa lista de 100 melhores álbuns de rock progressivo do mundo, organizada pela revista americana Billboard.
Em 1979 grava o disco "José Cid canta Coisas Suas" que inclui temas muito populares até aos dias de hoje, como "Na Cabana Junto à Praia", "A Pouco a Pouco", "Olinda a Cigana" e "Verdes Trigais Em Flor". Participa nesse mesmo ano no Festival OTI da Canção com a canção "Na Cabana Junto à Praia", de 1979, classificando-se em 3.º lugar.
Após várias participações, em 1980 vence o Festival RTP da Canção com a música Um grande, grande amor, com 93 pontos. No Festival Europeu da Canção, conquistou um honroso sétimo lugar, com 80 pontos, entre dezanove concorrentes. Grava o disco em inglês "My Music" que é apresentado em Cannes, no MIDEM. Em Los Angeles grava, para a editora Family, o tema "Springtime Of My Life", com produção de Mike Gold que conheceu no Midem e que trabalhara com Frank Sinatra.
O single "Como o Macaco Gosta de Banana" é lançado em 1982. Obtém algum sucesso nos mercados Australiano e Sul-Africano. Na Austrália chega a tocar com os conhecidos Men At Work. Em 1983 lança a música Portuguesa Bonita.
Em 1984 grava para a RTP Música Portuguesa, voltando a reunir o Quarteto 1111 e faz-se acompanhar pelos músicos da banda tribo.
Em 1985 participa no disco solidário "Abraço a Moçambique". Nesse mesmo ano é editado um disco com os temas "Noites de Luar" e "Sonhador". É editado ainda o single "Saudades de Ti".
Em 1986 lança o LP "Xi-Coração" que incluí temas como "Velho Moinho", "Chovia em Paris" e "Uma Balalaica".
Surpreende tudo e todos em 1987 ao lançar um disco composto apenas de fados conhecidos, designado por "Fado de Sempre". O Quarteto 1111 reúne-se nesse ano e é editado o single "Memo/Os Rios Nasceram Nossos".
No Natal de 1989 volta a gravar para a RTP, um programa chamado Natal com José Cid, onde interpreta algumas das suas músicas, já gravadas na Polygram, após a Orfeu deixar de operar. Teve alguns convidados, entre os quais Tozé Brito e o fadista, na altura amador, Manuel João Ferreira.
Em 1991 lança o duplo-álbum "De Par em Par", que inclui a regravação de alguns temas da sua carreira como "Na Cabana Junto à Praia" e "A Rosa Que Te Dei" e outros como "Em Casablanca", "Sempre Que o Amor Me Quiser", "Fã do Rui" e "D. Sebastião Morreu".
Em 1992 lança o disco "Camões, as descobertas...e nós" de José Cid e Amigos. Contou com a participação de nomes como Pedro Caldeira Cabral, António Pinto Basto, Rita Guerra, Jorge Palma, Carlos do Carmo e Paulo Bragança.
Em 1994, lança o álbum "Vendedor de Sonhos" com produção de Rui Vaz. O disco inclui temas como "Mudança", "Bola de Cristal" e "Não Tenho Lágrimas". Com esse mesmo disco, fez estalar uma polémica, ao posar nu para uma revista social, apenas com esse disco de ouro a tapar as suas partes íntimas. A intenção foi protestar contra a forma como as rádios desprezavam (e continuam a desprezar) os intérpretes portugueses, incluindo ele próprio, em proveito de intérpretes estrangeiros.
Em 1996 é editado o álbum "Pelos Direitos do Homem", dedicado à causa da independência de Timor-Leste, tendo recebido fax e carta de Ramos Horta, Prémio Nobel da Paz, a agradecer a solidariedade. Participam vários nomes da editora: Miguel Angelo, Sara Tavares, Inês Santos e Olavo Bilac. Neste disco aparecem versões de "Sete Mares" e "Noite Passada". Lança ainda o álbum "Nunca Mais É Sexta-Feira".
Em 1997 é editado o disco "Cais Sodré", álbum jazzístico gravado ao primeiro "take". Foi reeditado em 2008 e integrado num trabalho do cartoonista Pedro Zamith.
Vence o Festival da Canção de 1998 com os Alma Lusa e o tema "Se Te Pudesse Abraçar". Lança o disco "Ode A Frederico Garcia Lorca" que junta as guitarras de Coimbra à poesia de Lorca num ano de celebração do centenário do poeta espanhol. Lança ainda o tema "Entre Margens" em que se destaca o tema "S. Salvador do Mundo".
Em 2000 publicou o livro Tantos anos de poesia.
O disco “De Surpresa” é editado no final de 2001. O angolano Waldemar Bastos participa numa nova versão de "Lisboa Perto e Longe”. Três dos temas deste álbum são cantados em inglês e foram gravados em Boston, em 1999, com produção de Robert Nargassams. Os cantores Vitorino, Paulo de Carvalho, Carlos Moisés, Nuno Barroso e José Gonçalo são outros dos nomes que colaboraram neste disco.
Em 2003 é editado o duplo CD "Antologia - Nasci P'rá Música" que reúne alguns dos maiores êxitos de José Cid gravados, entre 1977 e 1985.
Em 2004 é convidado para participar em vários anúncios de uma conhecida marca de chás gelados. "Olá malta! Tudo bem? Tá-se?" Este anúncio e o sucesso que teve ligou-o às gerações mais novas que o redescobrem.
Em 2006 actua no renovado Maxime em duas noites completamente esgotadas. Em julho lança o disco "Antologia - Baladas Da Minha Vida" que inclui dois inéditos O melhor tempo da minha vida e Café Contigo e a regravação de baladas em formato acústico. Participa no disco dos Mercado Negro.
O ano de 2007, é de consagração, e presença assídua em diversos programas televisivos, concertos em eventos académicos entre outros. Lançou o álbum duplo “Pop, Rock e Vice Versa”, revisitando a vertente mais pesada da sua carreira, com inclusão de novas versões dos temas “A pouco e pouco”, “Como o Macaco gosta de Banana” e “Topo de Gama” - versão dos Clã e outros. Actuou no Campo Pequeno para 4800 espectadores, convidando André Sardet, Luís Represas e os elementos do Quarteto 1111, lançando um CD (Dupla Platina) e DVD desse concerto.
Em 2009 recebeu o prémio de consagração de carreira pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), prémio anteriormente atribuído na área da literatura, do teatro e do cinema, sendo o primeiro músico a ser distinguido. Lança o álbum "Coisas do Amor e do Mar", com a participação de André Sardet, Luís Represas e Susana Félix. Destaca-se a balada "Mais 1 dia", que foi escolhida para ser o tema genérico da nova telenovela Meu Amor da TVI, que foi destinguida com um Emmy Award.
Em 2011 lançou o disco "Quem Tem Medo de Baladas", em que apresenta 14 temas originais e 14 versões. Destacam-se as baladas "Tocas Piano Como Quem Faz Amor", que é referida pelo mesmo como autobiográfica e o tema "Um Louco Amor".
José Cid casou-se na Igreja de Santo António, no Estoril, Cascais, a 31 de agosto de 1963 com Emília Infante da Câmara Pedroso, nascida em Lisboa, São Sebastião da Pedreira, a 17 de novembro de 1943, com quem teve uma filha, Ana Sofia Infante Pedroso Cid - Urgehe pelo seu casamento -, nascida em Lisboa, Santa Maria de Belém, a 23 de setembro de 1964, e de quem se divorciou. Ana Sofia viria a colaborar com o pai em algumas letras e nos coros de várias músicas. Casou ainda com Maria Armanda Monteiro Ricardo, de quem se divorciou doze anos depois, e mais tarde casou ainda com a Nani, de quem também se divorciou. É avô materno de Francisco Infante Pedroso Cid Urgehe.
Em 1 de setembro de 2013, casou-se, nas Caraíbas, com Gabriela Carrascalão, jornalista e pintora timorense de 63 anos.
Assumido como monárquico e anarquista, continua a viver em Mogofores, passando longas temporadas na sua Chamusca natal. É pretendente aos títulos de Barão do Cruzeiro e de Visconde dos Lagos, títulos concedidos aos seus antepassados por El-Rei D. Luís I.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

O compositor romântico Felix Mendelssohn nasceu há 205 anos

Jakob Ludwig Felix Mendelssohn Bartholdy conhecido como Felix Mendelssohn (Hamburgo, 3 de fevereiro de 1809 - Leipzig, 4 de novembro de 1847) foi um compositor, pianista e maestro alemão do início do período romântico. Algumas das suas mais conhecidas obras são a suíte Sonho de uma Noite de Verão (que inclui a famosa marcha nupcial), dois concertos para piano, o concerto para violino, cerca de 100 lieder, e os oratórios São Paulo e Elijah entre outros.

Biografia
Mendelssohn era filho do banqueiro Abraham Mendelssohn e de Lea Salomon, e neto do filósofo judaico-alemão Moses Mendelssohn, membro de uma família judia notável, mais tarde convertida ao cristianismo. Começou a compor aos nove anos (mais tarde mudou o seu sobrenome para Mendelssohn Bartholdy).
Felix cresceu num ambiente de intensa efervescência intelectual. As maiores mentes da Alemanha foram visitas frequentes da sua família, na casa em Berlim, incluindo a Wilhelm von Humboldt e Alexander von Humboldt. A sua irmã Rebecca casou com um grande matemático belga, Lejeune Dirichlet.
O seu pai, Abraham, renunciou à religião judaica e a família mudou-se para Berlim em 1811. Abraham e Lea tentaram dar a Felix Mendelssohn, ao seu irmão Paul e às suas irmãs Fanny e Rebeca, a melhor educação possível. A sua irmã, Fanny Mendelssohn (mais tarde, Fanny Hensel), tornou-se uma reconhecida pianista e compositora.
Mendelssohn era considerado uma criança prodígio. Começou a ter lições de piano com a sua mãe aos seis anos, acompanhados por Marie Bigot. A partir de 1817, estudou composição com Carl Friedrich Zelter em Berlim. Escreveu e publicou o seu primeiro trabalho, um quarteto com piano, aos treze anos. Mais tarde teve aulas de piano do compositor e virtuoso Ignaz Moscheles, que confessou em seu diário que ele tinha muito a ensinar-lhe. Moscheles foi grande colega e amigo ao longo da vida.
Charles Rosen, no seu livro A Geração Romântica, deprecia Mendelssohn como "kitsch religioso", opinião essa que  reflete um contínuo desprezo pela sua estética musical por parte de Richard Wagner e os seu seguidores.
Na Inglaterra, a reputação de Mendelssohn manteve-se elevada durante muito tempo. A Rainha Victoria demonstrou o seu entusiasmo, quando no Crystal Palace foi construída em 1854, uma estátua de Mendelssohn.

Morte
Uma paixão não correspondida pela soprano sueca Jenny Lind pode ter contribuído para a morte do compositor alemão Félix Mendelssohn. Essa é a tese levantada por uma jornalista do The Independent, Jessica Duchen. A tese tem por base um documento depositado nos arquivos da Royal Academy of Music, em Londres: uma declaração do marido de Jenny Lind, Otto Goldschmidt, confessando ter destruído uma carta de Mendelssohn para Jenny, que poderia macular profundamente as reputações da sua mulher e de Mendelssohn. Na carta o compositor teria declarado um amor ardente por ela, implorando que ela fugisse com ele para os Estados Unidos e ameaçando suicídio caso ela recusasse. Supõe-se que Jenny, de facto, recusou. Meses depois, Mendelssohn estava morto.


A música do Hino dos Açores faz hoje 120 anos!

Brasão de Armas dos Açores

A música do Hino dos Açores foi composta por Joaquim Lima, um filarmónico de renome e regente de banda que então residia em Rabo de Peixe, durante as campanhas autonomistas da década de 1890, o Primeiro Movimento Autonomista Açoriano. Terá sido tocado em público, pela primeira vez, pela Filarmónica Progresso do Norte em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, a 3 de fevereiro de 1894. Intitulava-se então Hino Popular da Autonomia dos Açores.

Atual bandeira autonómica dos Açores

Letra atual
O texto do Hino dos Açores, da autoria de Natália Correia, oficialmente adoptado pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 49/80/A, de 21 de outubro, é o seguinte:
Deram frutos a fé e a firmeza
no esplendor de um cântico novo:
os Açores são a nossa certeza
de traçar a glória de um povo.
Para a frente! Em comunhão,
pela nossa autonomia.
Liberdade, justiça e razão
estão acesas no alto clarão
da bandeira que nos guia.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.
De um destino com brio alcançado
colheremos mais frutos e flores;
porque é esse o sentido sagrado
das estrelas que coroam os Açores.
Para a frente, Açorianos!
Pela paz à terra unida.
Largos voos, com ardor, firmamos,
para que mais floresçam os ramos
da vitória merecida.
Para a frente! Lutar, batalhar
pelo passado imortal.
No futuro a luz semear,
de um povo triunfal.

História
O Hino dos Açores terá sido tocado em público pela primeira vez pela Filarmónica Progresso do Norte em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, a 3 de fevereiro de 1894. Nesse mesmo dia, António Tavares Torres, então presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal da Ribeira Grande, acompanhado de um grupo de amigos e da Filarmónica Progresso do Norte, foi a Ponta Delgada apresentar o hino. Depois da Filarmónica o ter executado em frente das residências dos membros da Comissão Eleitoral Autonómica, ao anoitecer, reuniu-se no Campo de São Francisco um largo grupo de apoiantes da autonomia, que depois percorreu as ruas da cidade em direcção ao Centro Autonomista frente ao qual se realizou um comício autonomista da campanha para as eleições gerais daquele ano. No comício discursaram, entre outros, Caetano de Andrade, Pereira Ataíde, Gil Mont'Alverne de Sequeira e Duarte de Almeida.
A 14 de abril de 1894, dia das eleições gerais em que foram eleitos deputados autonomistas Gil Mont'Alverne de Sequeira, Pereira Ataíde e Duarte de Andrade Albuquerque, realizou-se um cortejo pelas ruas de Ponta Delgada, integrando filarmónicas que tocavam o Hino da Autonomia, que os acompanhantes cantavam.
A 9 de março de 1895, as filarmónicas também tocaram o Hino da Autonomia na Praça do Município de Ponta Delgada, numa festa organizada para assinalar a promulgação do Decreto de 2 de março de 1895, que concedia, embora mitigada, a tão desejada autonomia.
Ao longo dos anos, e em função da evolução política, o hino terá tido várias letras. A primeira que se conhece é a do Hino Autonomista, na realidade o hino do Partido Progressista Autonomista, liderado por José Maria Raposo de Amaral, então maioritário em São Miguel. Essa composição era da autoria do poeta António Tavares Torres, natural de Rabo de Peixe e militante daquele partido.
Com o advento do Estado Novo e do nacionalismo, o Hino dos Açores foi votado ao ostracismo.
Com a autonomia constitucional, o Hino dos Açores foi oficialmente adotado pelo parlamento açoriano e a sua música, com arranjo de Teófilo Frazão sobre o original, oficialmente aprovada pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 13/79/A, de 18 de maio. Face à inexistência de uma letra com aceitação generalizada, foi encomendada uma nova à poetisa açoriana Natália Correia.
A versão oficial do Hino dos Açores foi cantada pela primeira vez em público a 27 de junho de 1984, por alunos do Colégio de São Francisco Xavier. Estiveram presentes na cerimónia João Bosco da Mota Amaral, então Presidente do Governo Regional dos Açores, membros do Governo e diversas entidades oficiais. O Hino foi cantado por 600 crianças, vestidas de saia azul, blusa branca e laço amarelo, que tinham sido ensaiadas pela professora Eduarda Cunha Ataíde.


O cineasta português João César Monteiro morreu há 11 anos

(imagem daqui)

João César Monteiro Santos (Figueira da Foz, 2 de fevereiro de 1939 - Lisboa, 3 de fevereiro de 2003) foi um cineasta português. Integrou o grupo de jovens realizadores que se lançaram no movimento do Novo Cinema. Irreverente e imprevisível, fez-se notar como crítico mordaz de cinema nos anos sessenta.
Prossegue a tradição iniciada por Manoel de Oliveira (Acto da Primavera) ao introduzir no cinema português de ficção o conceito de antropologia visual - Veredas e Silvestre -, tradição amplamente explorada no documentário por outros cineastas portugueses como António Campos, António Reis, Ricardo Costa, Noémia Delgado ou, mais tarde e noutro registo, Pedro Costa.
Segue um percurso original que lhe facilita o reconhecimento internacional. Várias das suas obras são representadas e premiadas em festivais internacionais como o Festival de Cannes e o Festival de Veneza (Leão de Prata: Recordações da Casa Amarela).


Eduardo Mondlane, o primeiro líder da FRELIMO, foi assassinado há 45 anos

(imagem daqui)

Eduardo Chivambo Mondlane (Manjacaze, Gaza, 20 de junho de 1920 - Dar es Salaam, 3 de fevereiro de 1969) foi um dos fundadores e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), a organização que lutou pela independência de Moçambique do domínio colonial português. O dia da sua morte, assassinado por uma encomenda-bomba, é celebrado em Moçambique como o Dia dos Heróis Moçambicanos.

Vida e obra
Filho de um chefe tradicional, Mondlane estudou inicialmente numa missão presbiteriana suíça próxima de Manjacaze, mas viria a terminar os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul. Após ter sido expulso, na sequência da subida ao poder do Partido Nacional, da Universidade de Witwatersrand, onde cursava Antropologia e Sociologia, seguiu estudos, usufruindo de uma bolsa, na Universidade de Lisboa. Aí conheceu outros estudantes que viriam a ser os líderes dos movimentos nacionalistas e anticoloniais de vários países africanos, como Amílcar Cabral e Agostinho Neto. Terminaria os estudos nos Estados Unidos, frequentando o Oberlin College (Ohio) e a Northwestem University (Evaston, Illinois) e vindo a obter o doutoramento em Sociologia.
Trabalhou para as Nações Unidas, no Departamento de Curadoria, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos e foi também professor de história e sociologia na Universidade de Syracuse, em Nova Iorque. Nessa altura (década de 50), Mondlane teve contactos com Adriano Moreira, um ministro português que queria recrutá-lo para trabalhar na administração colonial; Mondlane, por seu turno, tentou convencê-lo da necessidade de Portugal seguir o caminho dos restantes países, que estavam a dar independência às suas colónias africanas.
Em 1961, visitou Moçambique, a convite da Missão Suíça, e teve contactos com vários nacionalistas, onde se convenceu de que as condições estavam criadas para o estabelecimento de um movimento de libertação. Por essa altura e independentemente, formaram-se três organizações com o mesmo objectivo: a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), a MANU (Mozambique African National Union, à maneira da KANU do Quénia e de tantas outras) e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique Independente). Estas organizações tinham sede em países diferentes e uma base social e étnica também diferentes, mas Mondlane tentou uni-las, o que conseguiu, com o apoio do presidente da Tanzânia, Julius Nyerere – a FRELIMO foi de facto criada na Tanzânia, com base naqueles três movimentos, em 25 de junho de 1962, e Mondlane foi eleito seu primeiro presidente, com Uria Simango como Vice-Presidente.



Nessa altura, Mondlane já tinha chegado à conclusão de que não seria possível conseguir a independência de Moçambique sem uma guerra de libertação, mas era necessário desenhar uma estratégia e obter apoios para a levar a cabo, o que Mondlane começou a fazer. Os primeiros guerrilheiros foram treinados na Argélia e, entre eles, contava-se Samora Machel que o substituiria após a sua morte. Os seguintes foram já treinados na Tanzânia, onde a FRELIMO organizou ainda uma escola secundária, o Instituto de Moçambique.
A luta armada foi desencadeada em 25 de setembro de 1964, com o ataque de um pequeno número de guerrilheiros ao posto administrativo de Chai, na província de Cabo Delgado, a cerca de 100 km da fronteira com a Tanzânia. Para além das acções militares, a FRELIMO organizou um sistema de comércio para apoiar as acções de guerrilha e Lázaro Nkavandame, que tinha sido nomeado Secretário Provincial do movimento para aquela província, foi quem organizou esse sistema; mais tarde, verificou-se que ele guardava os lucros para si e seus colaboradores e acabou por desertar, em 1969, pouco depois da morte de Mondlane.
Este não foi o único incidente que ensombrou os primeiros anos da FRELIMO: Mateus Gwengere, um padre católico que tinha aliciado muitos jovens da sua província (Tete) e era professor do Instituto de Moçambique, insurgiu-se contra a política do movimento de enviar a maior parte dos jovens para a luta armada, em vez de os incentivar a continuar os estudos. Em março de 1968, verificou-se um motim, seguído pelo abandono quase maciço dos estudantes que, mais tarde, se descobriu ter sido despoletado por Gwengere. Em maio, uma multidão de macondes invadiu os escritórios do movimento e assassinou um dos membros do Comité Central, Mateus Sansão Muthemba - exigiam a independência imediata de Cabo Delgado. Entretanto, Nkavandame tentou forçar a realização de um congresso do movimento na Tanzânia, mas o Comité Central decidiu realizá-lo em Matchedje, nas zonas libertadas do Niassa, em julho de 1968.
Nesse congresso - o II Congresso da FRELIMO -, Mondlane foi reeleito como presidente e Uria Simango como vice-presidente, mas foi ainda criado um conselho executivo, que incluía a presidência e os chefes dos departamentos. O mais importante foi que o congresso reafirmou a política definida de lutar pela “independência total e completa” de Moçambique e não apenas de parte dela.
Eduardo Mondlane morreu a 3 de fevereiro de 1969, ao abrir uma encomenda que continha uma bomba, na casa de uma ex-secretária sua, Betty King. Suspeita-se que a encomenda teria sido preparada em Lourenço Marques, pela PIDE/DGS, a polícia secreta portuguesa, mas como chegou às suas mãos e por que foi ele a abri-la nunca ficou esclarecido.
Mondlane deixou viúva, Janet Mondlane, que foi a primeira Directora Nacional de Acção Social de Moçambique independente e a primeira presidente do Conselho Nacional contra a SIDA, já nos anos 2000-2004, e três filhos. Mais importante, deixou um livro, "Lutar por Moçambique", que só foi publicado alguns meses depois da sua morte, onde detalha como funcionava o sistema colonial em Moçambique e o que seria necessário para desenvolver o país.

Há 55 anos este foi o dia em que a música morreu...

Monumento erguido no local do acidente

A 3 de fevereiro de 1959, um avião de pequeno porte caiu próximo a Clear Lake, Iowa, matando três músicos dos Estados Unidos de rock and roll: Buddy Holly, Ritchie Valens e J. P. "The Big Bopper" Richardson, assim como o piloto Roger Peterson. Este dia seria definido, posteriormente, por Don McLean, na sua canção "American Pie", como "o dia em que a música morreu" – The Day the Music Died.
  
Antecedentes
Os músicos estavam juntos na turnê "The Winter Dance Party", projetada para cobrir vinte e quatro cidades do centro-oeste dos Estados Unidos em apenas três semanas, de 23 de janeiro a 15 de fevereiro de 1959. Um dos problemas logísticos era o tempo gasto durante as viagens, pois a distância entre os locais dos concertos não foi considerado quando cada um deles foi agendado. Outro era o autocarro usado para transportar os músicos, não preparado para enfrentar o inverno. O seu sistema de aquecimento avariou pouco depois do início da turnê, e como consequência, o baterista de Holly, Carl Bunch, desenvolveu um caso grave de congelamento nos pés, tendo de ser internado num hospital. Enquanto ele se recuperava, Buddy Holly e Ritchie Valens revezavam-se na bateria.
O The Surf Ballroom em Clear Lake, Iowa, não estava agendado para ser a próxima parada da turnê, mas seus organizadores, esperando incluir mais datas, entraram em contato com Carroll Anderson, gerente do local, que aceitou a proposta. O show foi marcado para uma segunda-feira, 2 de fevereiro.
Ao chegar no local, Buddy Holly, frustrado com o autocarro de viagem, disse a seus colegas de banda que, terminado o show, ele tentaria fretar um avião para alcançar a próxima paragem da turnê, a cidade de Moorhead, em Minnesota. Holly também estaria incomodado por não ter mais camisolas, meias e cuecas limpas. Ele precisaria lavar as suas roupas antes do próximo concerto, mas a lavandaria local estava fechada naquele dia.
Ele conseguiu então combinar um vôo com Roger Peterson, um piloto de 21 anos que trabalhava para a Dwyer Flying Service na cidade vizinha de Mason City. Uma taxa de 36 dólares por passageiro foi acertada para que Peterson levasse Holly e mais dois acompanhantes até Fargo no seu Beechcraft Bonanza, modelo B35, fabricado em 1947.
Uma das vagas foi oferecida a Dion DiMucci, vocalista do grupo Dion and the Belmonts, mas ele decidiu que não gastaria os 36 dólares da passagem pois aquele era o mesmo valor que seus pais pagavam pelo aluguer de um apartamento, e sendo assim ele sentiu que não poderia justificar a extravagância de gastar aquele valor. Os dois assentos ficariam então com Waylon Jennings e Tommy Allsup, músicos que acompanhavam Holly na sua recém-iniciada carreira a solo.
J.P. Richardson, que contraíra gripe durante a turnê, pediu a Jennings que lhe cedesse o seu lugar no avião. Jennings concordou, e quando Holly ficou sabendo do acordo, brincou: "Bom, espero que esse seu autocarro velho congele". Jennings, também em tom de brincadeira, respondeu: "E eu espero que o seu avião velho caia". Este diálogo perseguiria Jennings pelo resto de sua vida.
Ritchie Valens, que nunca viajara de avião antes, pediu pelo lugar de Tommy Allsup, que respondeu que isso seria decidido em um jogo de cara ou coroa. Bob Hale, radialista da KRIB-AM, estava trabalhando no concerto como DJ naquela noite, e jogou a moeda pouco antes dos músicos partirem para o aeroporto. Valens venceu, ganhando o assento no avião.

Acidente
O avião descolou por volta de 00.55 (hora local). Pouco depois de 01.00 da manhã, Hubert Dwyer, piloto comercial e dono da aeronave, observando de uma plataforma do lado de fora da torre de controle, viu a luz de cauda do avião descer gradualmente até desaparecer de vista.
Peterson havia dito a Dwyer que passaria o seu plano de vôo à torre de controle por rádio depois da descolagem. Como ele não se comunicou com os controladores, Dwyer pediu que eles tentassem entrar em contato com a aeronave, mas não obtiveram resposta.
Às 03.30 da manhã, quando o Aeroporto Hector em Fargo, Dakota do Norte, informou não ter recebido qualquer sinal do Bonanza, Dwyer contactou as autoridades e declarou a aeronave como desaparecida.
Por volta das 09.15 da manhã, Dwyer descolou de outro avião de pequeno porte para seguir a rota planeada por Peterson. Pouco tempo depois, ele visualizou os destroços do Bonanza numa plantação de milho pertencente a Albert Juhl, situada oito quilómetros a noroeste do aeroporto.
A aeronave estava num ângulo levemente descendente e inclinada para a direita quando atingiu o solo a 270 quilómetros por hora. Ela capotou e derrapou por mais 170 metros na terra congelada, antes de que a massa retorcida do avião batesse contra uma cerca de arame farpado, nas cercanias da propriedade de Juhl. Os corpos de Holly e Valens caíram próximos do avião, Richardson foi arremessado através da cerca e ficou dentro da plantação de milho do vizinho de Juhl, Oscar Moffett, enquanto Peterson ficou preso na cabine. Carroll Anderson, o gerente do Surf Ballroom que levara os músicos ao aeroporto da cidade vizinha e presenciara a descolagem do avião, foi o primeiro a identificar as vítimas.
Autópsias posteriores indicaram que todos os quatro morreram instantaneamente com o impacto. O laudo do legista detalhou os ferimentos múltiplos sofridos por Holly, demonstrando como ele morreu na queda:
Cquote1.svg O corpo de Charles H. Holley estava vestido em uma jaqueta amarela de material semelhante a couro, com as costuras na parte das costas rasgadas em quase toda sua extensão. O crânio foi partido no meio da testa, com o dano estendendo-se ao cérebro. Aproximadamente metade do tecido cerebral estava ausente. Havia sangue em ambos os ouvidos, e a face mostrava diversos cortes. A consistência do tórax estava mole devido a extensivo esmagamento da estrutura óssea. Ambas as pernas apresentavam fraturas múltiplas. Cquote2.svg
Investigações concluíram que o acidente foi provocado por uma combinação de mau tempo e erro humano. Peterson, operando em voo por instrumentos, ainda estava sendo testado nesta especialidade, não sendo habilitado para pilotar em condições climáticas não visuais, que requeriam que operação da aeronave fosse feita apenas por orientação dos instrumentos. O inquérito final da Civil Aeronautics Board observou que Peterson havia sido treinado em aeronaves equipadas com horizonte artificial, não tendo portanto experiência com o pouco comum giroscópio indicador de altitude Sperry F3 utilizado no Bonanza. Para piorar a situação, os dois instrumentos indicavam o eixo de uma aeronave de maneira exatamente oposta ao habitual; isso levou os investigadores a concluírem que Peterson pode ter pensado que estava subindo quando estava, de facto, descendo. Eles também descobriram que o piloto não recebeu os alertas adequados sobre as condições climáticas, o que, dado seus conhecimentos limitados, poderia tê-lo feito adiar o voo.

Há 48 anos a sonda soviética Luna 9 chegou à Lua e mostrou como esta era...

A Luna 9, também conhecida como Luna E-6M No.1, foi a designação de uma sonda soviética do Programa Luna usando a plataforma E-6M, com o objetivo de efetuar uma alunagem suave na Lua.
Depois de um lançamento bem sucedido em 31 de janeiro de 1966, ela efetuou as correções de curso necessárias, acionou os retrofoguetes conforme o planeado e tornou-se a primeira nave espacial a efetuar uma alunagem suave na superfície da Lua, a 3 de fevereiro de 1966.

A sonda
A nave espacial era baseada na plataforma E-6M, uma versão melhorada e reforçada (desenvolvida pelo escritório Lavochkin), em relação à anterior. Pesando 1.583 kg no total, o módulo de aterragem possuía uma esfera de aço no topo, pesando 99 kg. Essa esfera era recoberta por bolsas infláveis pouco antes do pouso e libertada a cerca de cinco metros de altura, momentos antes de o módulo de aterragem/alunagem tocar o solo. Essa esfera, hermeticamente fechada, possuía no seu interior equipamento de rádio comunicação, dispositivos temporizadores, sistema de controle de temperatura, instrumentos científicos e um sistema de transmissão de imagens de televisão.

Lançamento e percurso
A Luna 9 foi lançada por um foguete Molniya-M (8K78M) as 11:45:00 UTC de 31 de janeiro de 1966, a partir da plataforma 31/6 do Cosmódromo de Baikonur. Depois de um lançamento bem sucedido e de ter atingido uma órbita de espera de 168 por 219 km e 51,8° de inclinação, a parte superior do foguete, um Bloco-L, reiniciou e ela foi colocada em trajetória de injeção translunar (uma órbita elíptica alta com 500.000 km de apogeu).
Depois disso, a sonda iniciou um processo de rotação sobre o próprio eixo a 0.67 rpm, usando jatos de azoto. Em 1 de fevereiro, às 19.29 horas UTC, uma correção de curso foi efetuada, envolvendo o acionamento de um dos motores durante 48 segundos.
 
A esfera de recolha de dados e imagens da Luna 9
 
Descida e alunagem
A uma distância de 8.300 km da Lua, a sonda foi orientada para acionar os seus retrofoguetes e a sua rotação parou, para preparação para o pouso. A 25 km da superfície lunar, o radioaltímetro comandou o abandono dos módulos laterais, o enchimento das bolsas de ar, e um novo acionamento dos retrofoguetes. A 250 m da superfície, o retrofoguete principal foi desligado e os quatro retrofoguetes auxiliares foram usados para diminuir a velocidade. A aproximadamente 5 m acima da superfície lunar, um sensor de contacto tocou o solo e comandou o desligar dos motores e a ejeção da cápsula de pouso. A nave "pousou" a 22 km/h de velocidade.
A esfera de pouso, bateu e rolou algumas vezes antes de parar a oeste das crateras Reiner e Marius, num lugar com as coordenadas aproximadas de 7.08 N, 64.37 W, da região conhecida como Oceanus Procellarum (Oceano das Tormentas, em português), às 18.45.30 UTC do dia 3 de fevereiro de 1966, 3 dias, 8 horas, 3 minutos e 15 segundos após o seu lançamento.
A Luna 9, foi o primeiro objeto feito pelo homem a pousar num outro corpo celeste. Foi a décima segunda tentativa da União Soviética em efetuar um pouso suave na Lua; também foi a primeira sonda espacial bem sucedida produzida pelo escritório de projetos Lavochkin, que passou a ser o responsável por praticamente todas as sondas lunares e interplanetárias soviéticas (depois russas). Todas as operações antes da alunagem, correram sem falhas. Aproximadamente cinco minutos depois do alunagem, a Luna 9 começou a transmitir dados para a Terra, mas somente depois de 7 horas, quando o Sol atingiu 7° de elevação, a sonda começou a enviar a primeira de nove imagens (incluindo cinco panorâmicas) da superfície da Lua. Essas foram as primeiras imagens transmitidas da superfície de um outro corpo celeste.
 
Operação na superfície Aproximadamente 250 segundos depois do pouso, as quatro "pétalas" que cobriam a parte superior da sonda esférica abriram e estabilizaram-na na superfície lunar. As antenas assumiram sua posições operacionais e o sistema de espelhos rotativos da câmara de televisão iniciaram o varrimento do ambiente lunar. Sete sessões de rádio, totalizando 8 horas e 5 minutos, foram transmitidas, assim como três séries de imagens de TV. Depois de editadas, as fotografias forneceram uma visão panorâmica da superfície lunar nas vizinhanças do local de pouso, incluindo rochas e o horizonte, a cerca de 1,4 km.
As imagens da Luna 9, não foram mostradas imediatamente pelas autoridades soviéticas. No meio tempo, os cientistas do observatório Jodrell Bank,  na Inglaterra, que estava monitorizando a nave espacial, notaram que o formato dos sinais utilizados por ela era o mesmo usado internacionalmente pelos jornais da época para transmitir fotografias. O Daily Express apressou-se a obter um receptor para o observatório, e as fotografias da Luna 9 foram descodificadas e publicadas em todo o Mundo. A BBC News especulou que os projetistas da nave deliberadamente equiparam a sonda com equipamentos de acordo com o padrão comercial da época, para permitir a recepção das imagens pelo observatório Jodrell Bank.
O detector de radiação, o único instrumento a bordo, mediu uma dosagem de 30 milirads (0,3 miligrays), por dia. A missão também constatou que um foguetão não iria afundar no solo lunar; que o solo podia suportar um módulo de aterragem pesado. A última transmissão da sonda foi recebida no dia 6 de fevereiro de 1966, às 22.55 horas UTC, quando se perdeu contacto com a superfície lunar.