Réplica da Luna 9 em exibição no Museu do Ar e do Espaço de Paris, Le Bourget
A
Luna 9, também conhecida como
Luna E-6M No.1, foi a designação de uma sonda soviética do
Programa Luna usando a
plataforma E-6M, com o objetivo de efetuar uma alunagem suave na
Lua.
Depois de um lançamento bem sucedido em
31 de janeiro de
1966,
ela efetuou as correções de curso necessárias, acionou os retrofoguetes
conforme o planeado e tornou-se a primeira nave espacial a efetuar uma alunagem suave na superfície da Lua, a
3 de fevereiro de
1966.
A sonda
A nave espacial era baseada na plataforma
E-6M, uma versão melhorada e reforçada (desenvolvida pelo escritório
Lavochkin), em relação à anterior. Pesando 1.583 kg no total, o módulo de
aterragem
possuía uma esfera de aço no topo, pesando 99 kg. Essa esfera era
recoberta por bolsas infláveis pouco antes do pouso e libertada a cerca
de cinco metros de altura, momentos antes de o módulo de aterragem/alunagem tocar
o solo. Essa esfera, hermeticamente fechada, possuía no seu interior
equipamento de rádio comunicação, dispositivos temporizadores, sistema
de controle de temperatura, instrumentos científicos e um
sistema de transmissão de imagens de televisão.
Lançamento e percurso
Depois disso, a sonda iniciou um processo de rotação sobre o
próprio eixo a 0.67 rpm, usando jatos de azoto. Em 1 de fevereiro, às
19.29 horas UTC, uma correção de curso foi efetuada, envolvendo o
acionamento de um dos motores durante 48 segundos.
A esfera de recolha de dados e imagens da Luna 9
Descida e alunagem
A uma distância de 8.300 km da Lua, a sonda foi orientada para acionar os seus
retrofoguetes e a sua rotação parou, para preparação para o pouso. A 25 km da superfície lunar, o
radioaltímetro
comandou o abandono dos módulos laterais, o enchimento das bolsas de
ar, e um novo acionamento dos retrofoguetes. A 250 m da superfície, o
retrofoguete principal foi desligado e os quatro retrofoguetes
auxiliares foram usados para diminuir a velocidade. A aproximadamente 5 m
acima da superfície lunar, um sensor de contacto tocou o solo e comandou
o desligar dos motores e a ejeção da cápsula de pouso. A nave
"pousou" a 22 km/h de velocidade.
A esfera de pouso, bateu e rolou algumas vezes antes de parar a oeste das crateras
Reiner e
Marius, num lugar com as coordenadas aproximadas de 7.08 N, 64.37 W, da região conhecida como
Oceanus Procellarum (
Oceano das Tormentas, em português), às 18.45.30 UTC do dia 3 de fevereiro de 1966, 3 dias, 8 horas, 3 minutos e 15 segundos após o seu lançamento.
A
Luna 9, foi o primeiro objeto feito pelo homem a pousar num outro corpo celeste. Foi a décima segunda tentativa da
União Soviética em efetuar um pouso suave na Lua; também foi a primeira sonda espacial bem sucedida produzida pelo escritório de projetos
Lavochkin, que passou a ser o responsável por praticamente todas as sondas lunares e interplanetárias soviéticas (depois
russas).
Todas as operações antes da alunagem, correram sem falhas.
Aproximadamente cinco minutos depois do alunagem, a Luna 9 começou a
transmitir dados para a Terra, mas somente depois de 7 horas, quando o
Sol atingiu 7° de elevação, a sonda começou a enviar a primeira de nove
imagens (incluindo cinco panorâmicas) da superfície da Lua. Essas foram
as primeiras imagens transmitidas da superfície de um outro corpo
celeste.
Operação na superfície
Aproximadamente 250 segundos depois do pouso, as quatro "pétalas" que
cobriam a parte superior da sonda esférica abriram e estabilizaram-na
na superfície lunar. As antenas assumiram sua posições operacionais e o
sistema de espelhos rotativos da câmara de televisão iniciaram o
varrimento do ambiente lunar. Sete sessões de rádio, totalizando 8 horas e
5 minutos, foram transmitidas, assim como três séries de imagens de TV.
Depois de editadas, as fotografias forneceram uma visão panorâmica da
superfície lunar nas vizinhanças do local de pouso, incluindo rochas e o
horizonte, a cerca de 1,4 km.
As imagens da Luna 9, não foram mostradas imediatamente pelas autoridades soviéticas. No meio tempo, os cientistas do
observatório Jodrell Bank, na Inglaterra, que estava monitorizando a nave espacial, notaram que o formato
dos sinais utilizados por ela era o mesmo usado internacionalmente
pelos jornais da época para transmitir fotografias. O
Daily Express
apressou-se a obter um receptor para o observatório, e as fotografias
da Luna 9 foram descodificadas e publicadas em todo o Mundo. A
BBC News
especulou que os projetistas da nave deliberadamente equiparam a
sonda com equipamentos de acordo com o padrão comercial da época, para
permitir a recepção das imagens pelo observatório Jodrell Bank.
O detector de radiação, o único instrumento a bordo, mediu uma dosagem de 30
milirads (0,3
miligrays), por dia. A missão também constatou que um foguetão não iria afundar no
solo lunar; que o solo podia suportar um módulo de aterragem pesado. A última transmissão da sonda foi recebida no dia
6 de fevereiro de
1966, às 22.55 horas
UTC, quando se perdeu contacto com a superfície lunar.