Família
- Jean Danican Philidor (1620-1679), avô de André Danican Philidor, era músico na Grande Écurie (Banda do exército) em Paris. O nome original da família era Danican (D'Anican) de origem escocesa (Duncan). Philidor foi adicionado posteriormente, proveniente de uma atribuição dada a Jean Danican Philidor por Luís XIII, devido ao toque do seu oboé, que lembrava um virtuosista de Siena chamado Filidori.
- Michel Danican (morto em 1659), tio de André Danican Philidor, foi um renomado oboísta, que junto com Jean Hotteterre, alterou o instrumento de modo que o furo de sopro ficasse mais estreito, o que possibilitou uma embocadura mais perto da extremidade.
- André Danican Philidor (1647-1730), pai de François-André Danican Philidor, foi também conhecido como "O Velho". Ele tocava oboé e crumhorn. Foi membro da Grande Banda Militar e mais tarde passou a apresentar-se na corte, na Capela Real, empregado por Luís XIV.
- Jacques Danican Philidor (1657–1708) foi o irmão mais jovem de André Danican Philidor (O Velho) e também foi músico, ficou conhecido como "Philidor, O Jovem".
- Pierre Danican Philidor (1681–1731), também músico, foi filho de Jacques Danican Philidor.
- Anne Danican Philidor (1681–1728) foi o irmão mais velho de André Danican Philidor. Anne é mais lembrado atualmente como o fundador do Concert Spirituel, uma importante série de concertos públicos realizados no palácio das Tulherias, de 1725 à 1791.
- François-André Danican Philidor foi filho da segunda esposa de seu pai, Elizabeth Le Roy, com quem se casou em 1719 quando ela tinha 19 anos e ele 72. Quando François-André nasceu, seu pai tinha 79 anos e morreu quatro anos mais tarde.
Música
Philidor entrou no coro real de Luís XIV em 1732, aos seis anos de idade, e fez a sua primeira composição aos 11. Dizia-se que Luís XV queria ouvir o coro quase todos os dias e os cantores, enquanto esperavam ela chegada do rei, jogavam xadrez para aliviar o tédio, o que pode ter despertado o interesse de Philidor pelo jogo.
Por volta de 1740 ele viveu e trabalhou em Paris como intérprete, professor e copista de música. Ele foi professor do compositor e pianista boémio Ludwig Wenzel Lachnith. Nessa altura conheceu Diderot, que o chamava de Philidor o Subtil, em O sobrinho de Rameau. Ele passou a maior parte do período de 1745 a 1754 em Londres e depois de uma turnê na Holanda entrou em colapso, mudando-se de lá como Samuel Johnson e Charles Burney. Philidor retornou à capital francesa em 1754, embora a sua música fosse rotulada por alguns como demasiadamente italiana (como resultado das suas viagens). No entanto, ele teve vários triunfos nos teatros, começando com Blaise le savetier, em 1759 (embora em 1756 tivesse lançado Le Diable à quatre). As suas três obras de maior sucesso foram Le sorcier (1764), Tom Jones (depois Henry Fielding, 1765) e Ernelinde, princesse de Norvège (1767), revista em 1769 com o título de Sandomar, prince de Danemark.
Por um tempo, Philidor foi um dos principais compositores de ópera na França, e durante sua carreira musical produziu mais de 20 óperas cómicas e duas tragédias líricas. Ele também escreveu cantatas e motetos.
Xadrez
Em 1744 Philidor frequentava o Café da Regência, em Paris, onde se reuniam os mais forte jogadores da capital e pensadores como Voltaire e Rousseau. Imediatamente adquiriu fama ao superar todos, culminando com a sua vitória sobre Kermur Sire De Legal, que era o campeão do clube e havia sido o seu instrutor no jogo. Dois anos mais tarde viajou para a Holanda e Inglaterra, derrotando em Londres o sírio Stamma, que, com a saída de Greco, era considerado o xadrezista mais forte da época. A partir daí, seu jogo era tão superior aos demais que Philidor sempre concedia algum tipo de vantagem aos oponentes, para dar interesse ao confronto. Outra circunstância que chamou muito a atenção do público foram as primeiras exibições simultâneas às cegas (quando o xadrezista enfrenta mais de um oponente sem olhar para os tabuleiros); na ocasião Philidor enfrentou dois jogadores em partidas distintas, o que nunca tinha sido visto na história até então. Escreveu em 1749 Analyse du jeu des échecs (Análise do jogo de Xadrez), um dos primeiros tratados sobre o jogo, o qual foi por mais de cem anos (com 70 edições) considerado como obra de referência no assunto. É dele a famosa frase «Les pions sont l'âme des échecs» (Os peões são a alma do xadrez). Este livro foi traduzido para o inglês, alemão e italiano. Levam o seu nome no jogo uma abertura defensiva para as negras chamada de Defesa Philidor, estudos sobre situações de final de jogo, conhecidos como "Posições de Philidor", além do famoso "Mate de Philidor". Andrew Soltis escreveu que "Philidor foi o melhor jogador do mundo por 50 anos"; de fato ele devia estar cerca de 200 pontos acima de qualquer pessoa no Rating ELO, separado pelos mistérios conceituais do jogo, os quais havia decifrado. Também interessante é a opinião do Grande Mestre Boris Alterman sobre o jogo de Philidor:
“ | "Há 500 anos o xadrez era diferente, os peões não eram valorizados como hoje. Os melhores jogadores começavam com gambitos, onde os peões eram apenas um pequeno preço para se abrir uma coluna ou uma diagonal, a fim de se criar um imediato ataque ao rei do adversário. Era o estilo italiano de xadrez. Todas as posições do Gambito do Rei eram muito populares... O melhor jogador de xadrez de sua época foi François-André Danican Philidor... Sua publicação sobre estratégia de xadrez permaneceu por um século sem adições ou modificações significativas. Ele pregou o valor de um centro forte de peões, uma compreensão do valor relativo das peças, e a estrutura corretas para os peões...". | ” |
Mais de um século após a sua morte, muitas de suas ideias foram retomadas e aprimoradas, principalmente por outros dois excepcionais pensadores do xadrez, Wilhelm Steinitz e Aaron Nimzowitsch.
Jacques François Mouret, um dos melhores jogadores franceses do início do século XIX, era sobrinho de Philidor.