segunda-feira, novembro 25, 2013

Yukio Mishima morreu há 43 anos

Yukio Mishima é o nome artístico utilizado por Kimitake Hiraoka, novelista e dramaturgo japonês mundialmente conhecido por romances como O Templo do Pavilhão Dourado e Cores Proibidas. Escreveu mais de 40 novelas, poemas, ensaios e peças modernas de teatro Kabuki e Nô.
  
Origens
Kimitake Hiraoka nasceu no dia 14 de janeiro de 1925, em Tóquio. Teve uma infância problemática marcada por eventos que mais tarde influenciariam fortemente a sua literatura. Ainda criança foi separado dos seus pais e passou a viver com a avó paterna, uma aristocrata ainda ligada à Era Tokugawa. A avó mal o deixava sair da sua vista, de forma que Kimitake teve uma infância isolada. Muitos biógrafos de Mishima acreditam emergir desta época seu interesse pelo Kabuki e sua obsessão pelo tema da morte.
Aos doze anos Kimitake voltou a viver com os pais e começou a escrever as suas primeiras histórias. Matriculou-se num colégio de elite em Tóquio. Seis anos depois, publicou numa revista literária um conto que posteriormente foi editado em livro. O seu pai, um funcionário burocrático do governo, era totalmente contra as suas pretensões literárias. Nessa época adoptou o pseudónimo Yukio Mishima, em parte para ocultar seus trabalhos literários do conhecimento paterno. Foi recrutado pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, porém ficou fora das linhas de frente, por motivos físicos e de saúde. Este facto tornou-se depois factor de grande remorso para Mishima que testemunhou a morte dos seus compatriotas e perdeu a oportunidade de ter uma morte heróica. Forçado pelo pai, matriculou-se na Universidade de Tóquio, onde se formou em Direito. Após a graduação conseguiu um emprego promissor no Ministério das Finanças. No entanto, tornou-se tão desgostoso que, por fim, convenceu o pai a aceitar a sua carreira literária. O seu pai, um sujeito rude e disciplinador, teria dito que, já que era para ser escritor, era melhor ele se tornar o melhor escritor que o Japão já viu.

Início da carreira literária
Mishima tinha 24 anos quando publicou Confissões de Uma Máscara, uma história com sabores autobiográficos de um jovem talento homossexual que precisa esconder-se por  de trás de uma máscara para evitar a sociedade. O romance acabou alcançando um sucesso literário tremendo, o que levou Mishima a um estado de celebridade e seguiu a outras publicações e traduções, de forma a ficar internacionalmente conhecido. Yukio Mishima concorreu a três Prémios Nobel de literatura, sendo o último deles concedido ao seu amigo, Yasunari Kawabata, que o introduziu aos círculos literários de Tóquio nos anos 40.
Depois da publicação de Confissões de Uma Máscara, Mishima adquire uma postura mais realista e activa, tentando deixar para trás o jovem frágil e obsessivo. Começa a praticar artes marciais e alista-se no Exército de Auto-Defesa japonês, onde, um ano depois, forma o Tatenokai (Sociedade da Armadura), uma entidade de extrema direita composta de jovens estudantes de artes marciais que estudavam o Bushido sob a disciplina e tutela de Mishima. Casou-se em 1958 com Yoko Sugiyama, tendo com ela um filho e uma filha. Nos últimos dez anos de sua vida, actuou como actor em filmes e co-dirigiu uma adaptação de uma de suas histórias.

Tentativa de golpe de estado e seppuku
Em 25 de novembro de 1970, Yukio Mishima, acompanhado de 4 membros do Tatenokai, prenderam o comandante do quartel general das Forças de Auto-Defesa japonesas em Tóquio. Ele realizou um discurso patriótico na tentativa de persuadir os soldados do quartel a restituírem ao Imperador os seus poderes. Notando a indiferença dos soldados, Yukio Mishima cometeu seppuku, sendo assistido por Hiroyasu Koga, uma vez que Masakatsu Morita, seu amante, falhou no momento final.
“A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte.
Acredita-se que Mishima tenha preparado o seu suicídio durante um ano. Segundo John Nathan, seu biógrafo, tradutor e amigo, ele teria criado este cenário apenas como pretexto para o suicídio ritual com o qual sempre sonhou. Quando morreu, Mishima tinha acabado de escrever O Mar da Fertilidade.

O Papa João XXIII nasceu há 132 anos

O Beato Papa João XXIII, nascido Angelo Giuseppe Roncalli (Sotto Il Monte, 25 de novembro de 1881 - Vaticano, 3 de junho de 1963) foi Papa de 28 de outubro de 1958 até à data da sua morte. Pertencia à Ordem Franciscana Secular (OFS) e escolheu como lema papal: Obediência e Paz.
Sendo um sacerdote católico desde 1904, ele iniciou a sua vida sacerdotal em Itália, onde foi secretário particular do bispo de Bérgamo, D. Giacomo Radini-Tedeschi (1905-1914), professor do Seminário de Bérgamo e estudioso da vida e obra de São Carlos Borromeu, capelão militar do Exército italiano durante a Primeira Guerra Mundial e presidente italiano do "Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé" (1921-1925). Em 1925, sendo já um arcebispo-titular, iniciou-se a sua longa carreira diplomática, onde o levou à Bulgária como visitador apostólico (1925-1935), à Grécia e Turquia, como delegado apostólico (1935-1944) e à França, como núncio apostólico (1944-1953). Em todos estes países, ele destacou-se pela sua enorme capacidade conciliadora, pela sua maneira simples e sincera de diálogo, pelo seu empenho ecuménico e pela sua bondade corajosa em salvar judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1953, foi nomeado cardeal e Patriarca de Veneza.
Foi eleito Papa no dia 28 de outubro de 1958. Considerado inicialmente um Papa de transição, depois do longo pontificado de Pio XII, ele convocou, para surpresa de muitos, o Concílio Vaticano II, que visava à renovação da Igreja e à formulação de uma nova forma de explicar pastoralmente a doutrina católica ao mundo moderno. No seu curto pontificado de cinco anos escreveu oito encíclicas, sendo as principais a Mater et Magistra (Mãe e Mestra) e a Pacem in Terris (Paz na Terra).
Devido à sua bondade, simpatia, sorriso, jovialidade e simplicidade, João XXIII era aclamado e elogiado mundialmente como o "Papa bom" ou o "Papa da bondade". Mas, mesmo assim, vários grupos minoritários de católicos tradicionalistas acusavam-no de ser da maçonaria, radical esquerdista e herege modernista, por ter convocado o Concílio Vaticano II e promovido a liberdade religiosa e o ecumenismo. Ele foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II, no dia 3 de setembro de 2000. É considerado o patrono dos delegados pontifícios e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de outubro.

Há 38 anos, os militares acabaram com o PREC

(imagem daqui)

O 25 de novembro de 1975 foi o golpe militar que pôs fim à influência da esquerda radical iniciada em Portugal com o 25 de Abril de 1974.
"Após um Verão Quente de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder do Conselho da Revolução, civis e militares começaram a contar espingardas para um possível confronto armado. Este, tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de novembro de 1975, tropas pára-quedistas ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas opondo-se-lhes eficazmente um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, liquidou a revolta substituindo o PREC - "Processo Revolucionário em Curso" pelo "Processo Constitucional em Curso".
 
Contexto histórico
O golpe de estado de 25 de Abril de 1974, conhecido por a Revolução dos Cravos, teve como objectivo principal a solução política da guerra colonial, e em segundo plano a implantação em Portugal de um regime democrático. A definição desse regime não foi consensual entre as diversas facções partidárias e movimentos sociais e políticos que surgiram então. Com a adesão espontânea de grande parte da população das principais cidades do País, o Golpe de Estado transformou-se em processo revolucionário (PREC). Na noite de 25 de Abril de 1974 o MFA deu a conhecer à população portuguesa o seu programa político e militar, o qual comportava diversas medidas de carácter político, jurídico, social e económico. O Programa do MFA não apontava para qualquer tipo específico de regime democrático mas, em contrapartida, no seu ponto 6 apontava para uma reorganização e social do País de tipo socialista (ou no mínimo socializante), anti-monopolista e favorável às classes e camadas sociais mais desfavorecidas. Foi sobretudo a favor ou contra estas provisões do Programa do MFA que a luta política, social, ideológica, económica e militar - a luta de classes - se iria desencadear. E ainda permanece entre nós... ao nível de historiadores, politólogos, especialistas de relações internacionais, políticos profissionais.
As forças mais identificadas com o modelo económico e social dito de 'economia de mercado', ou de 'livre iniciativa', ou 'capitalista' na acepção científica, como o PS, o PPD, o CDS, o PPM e as facções militares suas aliadas (spinolistas, Direita Militar mais conservadora, meloantunistas/moderados mais ou menos aliados à ala direita do PS, soarista) iriam tudo fazer para inviabilizar a implementação do ponto 6 a) e b) do Programa do MFA. Aliar-se-iam inclusive a potências estrangeiras e às respectivas agências de espionagem (EUA, RU/GB, RFA).
Algumas forças agarram-se ao referido PREC - "Processo Revolucionário em Curso", nomeadamente as coladas à extrema-esquerda parlamentar e constitucional, formada pelo MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral e a UDP União Democrática Popular e de vez em quando aliadas ao PCP - Partido Comunista Português. Constituíam o que se chamou Frente de Unidade Revolucionária e todas visavam a implantação de uma República popular. Todas elas detinham, em conjunto com o PCP, 36 dos 250 Deputados Constituintes.
Por oposição outras facções mais moderadas que um ano depois, em 1975, detinham uma ampla maioria dentro da Assembleia Constituinte, (214 dos 250 Deputados Constituintes), constituída por PS - Partido Socialista, PPD - Partido Popular Democrata e CDS - Centro Democrático Social, defendem a implantação de uma Democracia constitucional de cariz semi-presidencialista.

Antecedentes
O Partido Socialista ganha as eleições de 1975 para a Assembleia Constituinte, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos e com uma participação eleitoral excepcional e sem incidentes de maior, dando a este 38% e 116 eleitos, o Partido Popular Democrata - PPD obtém 26,5% e 81 eleitos, o Partido Comunista Português obtém 12,5% e 30 eleitos, o CDS - Centro Democrático Social obtêm 7,6% e e 16 eleitos, MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral obtêm 4,14% e 5 eleitos, UDP União Democrática Popular obtém 0,79% e 1 eleito e a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM; representava os interesses de Macau e estava conotada com o CDS) obtém 0,3% e 1 eleito.
Uma manifestação de trabalhadores da construção civil, realizada a 11 de novembro cerca a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de S. Bento, após 36 horas e no dia 13 de novembro o almirante Pinheiro de Azevedo é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais.
Em 16 de novembro é realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial de Lisboa e das Unidades Colectivas de Produção alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular", nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no Porto, correndo rumores que a Assembleia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade.
O VI Governo Provisório, no dia 20 de novembro, auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar, nesse dia é realizada uma manifestação em frente ao Palácio de Belém a favor do "Poder Popular", Costa Gomes fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil.
No dia 21 de novembro, o Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capitão Vasco Lourenço ligado à linha moderada, dois dias depois é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques, o mesmo conta com milhares de pessoas. No dia seguinte, em 24 de novembro, os populares de Rio Maior e os agricultores associados da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), na altura conotados com a direita tradicional e patriótica, cortam as estradas de acesso a Lisboa, separando o Norte de Portugal e o Sul.

O Golpe

 
(imagem daqui)
 
No dia 25 de novembro:
  • na sequência de uma decisão do General Morais da Silva, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, pára-quedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detêm o tenente-coronel Aníbal Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva;
  • este actos são considerados pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados como PS e o PPD e depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar o país;
  • o Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), conotado com a Esquerda Militar, toma posições no aeroporto de Lisboa, portagem de Lisboa A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas;
  • forças da Escola Prática de Administração Militar ocupam a RTP e a PM controla a Emissora Nacional, as duas Unidades militares eram conotados respectivamente com a esquerda revolucionária e com a referida Esquerda Militar ('gonçalvistas') e com a Esquerda Militar Radical ('otelistas').
  • O Regimento de Comandos da Amadora, conotada com os moderados, com a Direita Militar ('spinolistas' e outros sectores conservadores e ultra-conservadores militares, e identificados com os partidos da Direita política parlamentar, a Igreja e sectores da Extrema-Direita) e com o Centro Militar ('melo-antunistas' ou 'moderados', identificados com o PS e o 'grupo do Florida'), cerca o Emissor de Monsanto, ocupado pelos para-quedistas, e a emissão da RTP é transferida para o Porto;
  • Mário Soares, Jorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS, no seguimento de um plano contra-revolucionário previamente estabelecido, saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam ao moderado Pires Veloso, no Quartel da Região Militar Norte, através do General piloto-aviador José Lemos Ferreira, que teria oferecido resistência ao seu comandante, o brigadeiro graduado Eurico de Deus Corvacho;
  • O Presidente da República decreta o estado de sitio na área da Região Militar de Lisboa, e teve um papel determinante na contenção dos extremos;
  • o Tenente-Coronel António Ramalho Eanes, adjunto de Vasco Lourenço e futuro presidente da republica, ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades;
  • Vasco Lourenço dá voz de prisão a Diniz de Almeida, Campos Andrada, Cuco Rosa e Mário Tomé, todos militares conotados forças políticas de esquerda revolucionária, sendo o último inclusivamente filiado na UDP; diversos oficiais ditos 'moderados' estavam então conotados com o PS (com o qual conspiraram na preparação do plano e das operações que desembocaram no '25 de Novembro de 1975') e o PPD;
  • o "Grupo dos Nove", vanguarda de todas as forças políticas e militares do Centro e da Direita (parlamentar e extra-parlamentar) e os seus aliados controlam a situação.
  • Jaime Neves com uma sua força dos Comandos da Amadora, ligados aos moderados, atacam o Regimento da Polícia Militar da Ajuda, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária, após a rendição o resultado são 3 mortos;
  • prisões dos militares revoltosos;
  • forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocam-se para Lisboa;
  • Melo Antunes declara na RTP que o PCP: "é indispensável à democracia", afastando as veleidades da direita saudosista, que tendo um plano de tomada de poder, se colou ao "Grupo dos Nove".
  • os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON;
  • Ramalho Eanes é nomeado Chefe de Estado Maior do Exército em substituição de Carlos Fabião e graduado em General. O COPCON é integrado no Estado Maior Geral das Forças Armadas.
  • por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica;
  • são enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de novembro;
  • Costa Gomes, Presidente da República, decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa.
Acalmia
A 28 de novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados; no dia seguinte, em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada e o PS tem idêntica atitude.
É levantado o estado de sítio em Lisboa a 1 de dezembro e, no dia seguinte, na Assembleia Constituinte, o PS, PPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de novembro.
Em conferência de imprensa, a 4 de dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado activamente no 25 de novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por "anti-comunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo, nesse mesmo dia o PS, a par do PPD e CDS defendem a revisão do "Pacto MFA-Partidos".
O PCP realiza, em 7 de dezembro, um comício no Campo Pequeno, Álvaro Cunhal reconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução".
A 1 de janeiro de 1976 a GNR intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de novembro, de que resultam quatro mortos e seis feridos.
É preso, em 19 de janeiro, Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de novembro, porque alegadamente este estaria implicado no possível golpe militar de esquerda.
É realizada uma grande manifestação popular, no dia 20 de fevereiro, em Lisboa, pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.
No dia 3 de março de 1976, Otelo Saraiva de Carvalho, é libertado e passa ao regime de residência fixa.

Música atual para geopedrados...


domingo, novembro 24, 2013

Freddie rules forever...!


Hoje é dia de recordar António Gedeão...



António Gedeão/Rómulo de Carvalho nasceu há 107 anos


(imagem daqui)

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (Lisboa, 24 de novembro de 1906 - Lisboa, 19 de fevereiro de 1997), português, foi um químico, professor de físico-química do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes e Liceu Camões, pedagogo, investigador de História da ciência em Portugal, divulgador da ciência, e poeta sob o pseudónimo de António Gedeão. Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos seus mais célebres poemas.
A data do seu nascimento foi adoptada em Portugal, em 1996, como Dia Nacional da Cultura Científica.
Teve dois filhos, Frederico de Carvalho, também formado em Ciências, e Cristina Carvalho, escritora (esta última do seu segundo matrimónio, com a escritora Natália Nunes).
Jaz no Jazigo dos Escritores Portugueses, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, junto com vultos notáveis das letras portuguesas como José Cardoso Pires ou Fernando Namora.


Poema do coração

Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração.
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".

Mas o meu coração é como o dos compêndios
Tem duas válvulas (a tricúspida e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue a circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.

Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados,
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz dos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e que ateia os incêndios,
é coisa do simpático.Vem tudo nos compêndios.

Então, meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?

 

in Linhas de Força (1967) - António Gedeão

Eric Carr, baterista dos Kiss, morreu há 22 anos

Eric Carr (Brooklyn, 12 de julho de 1950 - New York City, 24 de novembro de 1991) foi um baterista de rock que substituiu Peter Criss nos Kiss em 1980 e que foi considerado como um dos melhores ou até o melhor baterista da sua época.

Maquilhagem de Eric nos Kiss

Biografia
Nascido Paul Charles Caravello em Brooklyn, Nova Iorque, em 1950, Eric Carr foi influenciado por diversos músicos, tais como Ringo Star (Beatles) e John Bonham (Led Zeppelin) e passou a tocar bateria. Vindo de uma família de músicos (avó trombonista, pai trompetista, mãe cantora e pianista, e irmãs guitarristas), a sua decisão foi muito bem aceite, sendo a sua primeira banda os Flasher. Passou por inúmeras bandas antes de aceitar o conselho de um amigo e inscrever-se para um teste para tocar com os KISS. Em maio de 1980 participou das audições para a escolha do novo baterista da banda. Competindo com mais de 2.000 candidatos, Eric logo impressionou Gene Simmons, Paul Stanley e Ace Frehley. Após uma tentativa fracassada de se caracterizar como uma águia, Eric encontrou na raposa, "The Fox" a sua personagem no universo dos KISS. A escolha pela raposa foi feita por Gene, pois, segundo ele, "Eric era astuto como uma raposa".
Algumas semanas após o lançamento do disco "Unmasked" (1980, ainda com Peter), foi anunciado o novo baterista do Kiss. No seu primeiro show com a banda, no New York Palladium, a 25 de julho de 1980, já na turnê do então novo álbum, Carr já conseguiu a aprovação da plateia.
Em 1981 lançam o primeiro disco com Eric, "Music From "The Elder"", um disco no mínimo estranho e um fracasso de vendas, pelo menos para os Kiss. Alguns dizem era porque a banda estava fugindo do que costumava ser. Em 1982 saiu a coletânea "Killers" e, no mesmo ano, "Creatures Of The Night", o último com Ace Frehley (apesar deste não ter tocado no álbum), este disco teve um bom acolhimento pelo público, por a banda ter "voltado aos trilhos corretos". A partir deste, também participou da fase "sem maquilhagem" da banda, inicialmente com o disco Lick It Up (1983), logo depois Animalize (1984), e então Asylum (1985), Crazy Nights (1987), Smashes, Thrashes & Hits (coletânea com 2 músicas inéditas, e Eric Carr cantando "Beth", o maior sucesso na voz de seu antecessor Peter), de1988, e Hot In The Shade (1989).
Considerado um dos mais fabulosos bateristas de seu tempo, Eric só teve a oportunidade de demonstrar seu talento no disco de 1982, "Creatures Of The Night".
Embora fosse um ótimo baterista, os álbuns com Eric Carr não agradavam aos fãs. Os KISS pareciam perdidos e bem longe do rock dos bom tempos da banda.
O seu último show foi no Madison Square Garden, a 9 de novembro de 1990.
Em abril de 1991, durante a gravação do próximo disco, Revenge, Eric descobriu que sofria de um tipo raro de cancro no coração, tendo sido operado no mesmo mês. Carr tinha grande vontade em tocar no álbum "Revenge", mas a banda contratou Eric Singer, já que o músico não tinha condições de tocar no disco devido ao cancer no coração, mas participou dos vocais na faixa God Gave Rock 'n' Roll to You II, cover da banda Argent.
Eric Carr estava recuperando bem após a operação, e na sua última entrevista disse que estava feliz por poder voltar a tocar, mas ainda precisava de tempo para recuperar a forma física e voltar com tudo.
Entretanto, numa "recaída", verificou-se que o cancro não regrediu, e tomou o coração do baterista, que ficou em coma durante 2 meses antes de morrer, a 24 de novembro de 1991, no mesmo dia em que faleceu Freddie Mercury (Queen).
O Álbum Revenge foi lançado e o grande sucesso de Eric Singer na bateria levou os KISS ao topo das paradas novamente.


O pintor e muralista mexicano Diego Rivera morreu há 56 anos

Diego Rivera, de nome completo Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodríguez (Guanajuato, 8 de dezembro de 1886 - San Ángel, Cidade do México, 24 de novembro de 1957), de origem judaica, foi um dos maiores pintores mexicanos, casado por quatro vezes, incluindo um tumultuoso casamento com Frida Kahlo.

Biografia
Desde criança sempre quis ser pintor e todos percebiam ter talento para isso. Ao ficar adulto, após estudar pintura na adolescência, participou da Academia de San Pedro Alvez, na Cidade do México, partindo para a Europa, beneficiado por uma bolsa de estudos, onde ficou de 1907 até 1921. Esta experiência enriqueceu-o muito em termos artísticos, pois teve contacto com vários pintores da época, como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Juan Miró e o arquiteto catalão Antoni Gaudí, que influenciaram a sua obra. Nesta época começou a trabalhar num ateliê em Madrid, Espanha.
Acreditava que somente o mural poderia redimir artisticamente um povo que esquecera a grandeza de sua civilização pré-colombiana durante séculos de opressão estrangeira e de espoliação por parte das oligarquias nacionais, culturalmente voltadas para a metrópole espanhola. Assim como os outros muralistas, considerava a pintura de cavalete burguesa, pois na maior parte dos casos as telas ficavam confinadas em coleções particulares. Dentro deste conceito, realizou gigantescos murais que contavam a historia política e social do México, mostrando a vida e o trabalho do povo mexicano, seus heróis, a terra, as lutas contra as injustiças, as inspirações e aspirações.
Em 1930 Rivera foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por 4 anos, pintando vários murais, inclusive no Rockfeller Center, em Nova York.
Rivera era ateu e enfrentou grandes problemas por isso, sendo alvo de muitos preconceitos. O seu mural "Sonho de uma tarde dominical na Alameda Central" retratava Ignacio Ramírez segurando um cartaz que dizia: "Deus não existe". Este trabalho causou indignação, mas Rivera recusou-se a retirar a inscrição. A pintura não foi exposta durante nove anos. Depois de Rivera concordar em retirar a inscrição, ele declarou: "Para afirmar 'Deus não existe', eu não tenho que me esconder atrás de Don Ignacio Ramírez; eu sou ateu e considero as religiões uma forma de neurose coletiva".

Vida pessoal
Foi casado quatro vezes. A sua primeira esposa foi a pintora russa Angellina Belwoff. Com ela, Diego teve um menino. Após anos de casados Diego entra em depressão ao ficar viúvo. Casou em seguida com Guadalupe Marín, de quem teve duas filhas. Além da terceira esposa , a famosa Frida Kahlo, casou, depois da morte desta com Emma Hurtado.
Conhecido por ter sido muito mulherengo, teve diversas amantes. Em 1929 casou-se pela terceira vez com a pintora mexicana Frida Kahlo, com quem teve uma relação muito conturbada, por causa das mútuas infidelidades. Frida era bissexual e ele aceitava a esposa ter relacionamentos com outras mulheres, mas não aceitava com outros homens, mas a esposa não o obedecia, tendo o traído com diversos homens, inclusive com um melhor amigo seu. Diego também a traía com muitas amantes, que viviam infernizando o casal, já que as amantes queriam se tornar esposas. O casamento era cheio de brigas e confusões, também pelo fato de Rivera querer filhos e Frida ter sofrido muitos abortos, filhos dele, e não conseguir engravidar mais.
Envolveu-se com sua cunhada, Cristina, e tornou-se amante dela. Ficaram muitos anos juntos e tiveram seis filhos. Frida apanhou-os em flagrante na cama, tendo um ataque histérico e cortando os próprios cabelos. Como vingança, a esposa passou a atormentá-lo, passando a persegui-lo e a odiar a irmã, pelo que acabaram por se separar. Rivera, muito abalado com tudo, abandonou os filhos e Cristina, que foi embora. Rivera acabou pedindo para Frida voltar, mas não tendo sucesso na reconquista. Essa traição com a própria irmã da esposa piorou as brigas dos dois, já que passaram a ser inimigos mesmo não estando mais juntos. Rivera continuou com sua vida de antes, muitas bebidas e amantes, inclusive saía com prostitutas, mas sempre pensando em Frida. Após algum tempo separados, Frida e Rivera reconciliaram-se, mas cada um morando na sua respetiva casa. Rivera voltou a traí-la, e Frida não aguentava mais, e voltou a tentar o suicídio por diversas vezes, e as amantes de Rivera passaram a ameaçar Frida de morte.
Em 1954 ficou viúvo pela segunda vez. Frida tivera diversas doenças ao longo de sua vida, até que veio a falecer de pneumonia (não se descartando a possibilidade de ter causando a sua própria morte através de uma overdose de remédios ou de que alguma amante de Rivera a tenha envenenado).
Depois da morte de Frida Kahlo, em junho de 1954, casou-se em 1955 com Emma Hurtado e viajou com ela para a União Soviética, para ser operado. Faleceu a 24 de novembro de 1957, em San Ángel, Cidade do México, na sua casa estúdio, atualmente conhecida como Museu Casa Estúdio Diego Rivera e Frida Kahlo e os seus restos mortais foram colocados na Rotunda das Pessoas Ilustres, contrariando a sua última vontade.

Mural de Rivera mostrando a vida dos aztecas no mercado de Tlatelolco - Palácio Nacional da Cidade do México

A propósito do exame que os professores não efetivos vão fazer

(imagem daqui)

A prova de ingresso ou PACC (Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades) a que milhares de professores, alguns com mais de 15 anos de aulas, com estágio feito, com uma série de avaliações feitas durante a sua vida, vão ser obrigados a fazer, em 18 de dezembro, é mais um exemplo de uma asneirada que o Ministro da Educação, o meu amigo Professor Doutor Nuno Crato, está a fazer. A prova? O modelo foi testado pelo jornal Público e deu o que se esperava: é fácil de mais e não serve para nada (pode provar-se num exame que se é bom professor?). Erro a dizer que não serve para nada: acrescenta um dia de trabalho a muitos professores, obriga muitos professores a trabalhar que nem doidos (sem poder preparar o 2º Período) na interrupção letiva do Natal, recebendo em troca menos do que ganha uma empregada de limpezas (cada prova vai demorar, entre corrigir, rever e meter as notas na folha de cálculo, mais de uma hora, para o professor receber 3 - TRÊS - euros, sujeitos ainda a impostos, quando qualquer senhora que faça limpezas recebe, sem impostos 7,5 euros...!) e permite ao estado arrecadar mais de 15 euros por cabeça por cada "candidato", limpinhos. Dizem que depois, os que passarem, irão ainda fazer uma prova específica (esperemos que seja semelhante a esta...) que provará que estes professores podem ser professores, coisa que já sabemos há muito tempo (e que o estado arrecade mais umas centenas de milhares de euros...).
Há quem sugira que esta peregrina ideia se aplique também a outros campos (já o Bastonário da Ordem dos Advogados, o inenarrável Marinho e Pinto, tinha tido a mesma ideia...) e se passe à prática com uns senhores que, por pura carolice, exercem funções para as quais às vezes parecem não estar bem preparados - os políticos... Assim, o meu amigo e colega José Vitorino Guerra publicou, no seu Facebook, o seguinte texto sobre o assunto:

Os ministros, secretários de estado, subsecretários, secretários dos subsecretários, chefes de gabinete, assessores e assessores dos assessores vão ser obrigados a fazer uma prova de avaliação das suas competências técnicas, qualidades para o exercício do cargo e sobre conhecimentos de História e Português. A parte final será uma redacção sob o título "Eu gosto muito da minha Pátria". Qualquer erro de sintaxe ou de pontuação levará ao despedimento, por inadaptação, ao posto de trabalho e à reposição dos salários auferidos. Além do teste sobre História de Portugal haverá um grupo de questões sobre o significado de soberania nacional, independência política, estado de direito social, constituição da república, dignidade institucional, cidadania, pobreza e legitimidade democrática. Segundo fonte oficiosa já há gente a arrumar as gavetas.
Eu diria ao meu amigo que se esqueceu de dizer que estes senhores deveriam pagar 2.000 euros para puderem fazer a prova e, daqui a uns meses, fazerem um teste, mais aprofundado, na área de governação em que estão, para a coisa ser justa.
E parem de gozar com os professores - se já antes era difícil, a continuarem assim dão connosco em doidos (e eu já não posso tomar mais comprimidos...) ou acabam de vez com o pouco que restou da Escola Pública.
 
 
NOTA: nunca vigiarei, em nenhuma circunstância, colegas meus nesta prova. Felizmente não posso corrigir estes exames, porque também o não faria. Espero que, pelo menos um Sindicato esteja à altura e convoque greve para essa data, para que não se faça mais este arremedo de avaliação dos professores.

O poeta brasileiro Cruz e Sousa nasceu há 152 anos

Com a alcunha de Dante Negro ou Cisne Negro, foi um dos precursores do simbolismo no Brasil.


A Morte

Oh! que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem...
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!

Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trémulos decorrem...
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.

Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Com os velhos corações tantalizados.

Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro abaixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando...

Toulouse-Lautrec nasceu há 149 anos

Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa (Albi, 24 de novembro de 1864 - Saint-André-du-Bois, 9 de setembro de 1901) foi um pintor pós-impressionista e litógrafo francês, conhecido por pintar a vida boémia de Paris do final do século XIX. Sendo ele mesmo um boémio, faleceu precocemente aos 36 anos, de sífilis e alcoolismo. Trabalhou menos de vinte anos mas deixou um legado artístico importantíssimo, tanto no que se refere à qualidade e quantidade de suas obras, como também no que se refere à popularização e comercialização da arte. Toulouse-Lautrec revolucionou o design gráfico dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo que seria posteriormente conhecido como Art Nouveau. Filho mais velho do Conde Toulouse-Lautrec-Monfa, de quem deveria herdar o título, faleceu antes do pai.

Exame na Faculdade de Medicina - 1901

Notícia sobre dinossáurios e paleontologia

Descoberto um dos maiores dinossauros predadores da América do Norte

Ilustração científica do Siats meekerorum, o segundo maior dinossauro predador da América do Norte

O Siats meekerorum, numa ilustração científica, enquanto se alimenta de outro dinossauro e afugenta dois tiranossaurídeos



Nova espécie é o segundo maior carnívoro a seguir ao T-rex.

O Tyrannosaurus rex é um dos mais populares dinossauros que caminharam sobre o planeta Terra. É também o maior dinossauro predador da América do Norte. Viveu no final do período Cretácico e até agora desconhecia-se quem lhe teria antecedido neste lugar de poder. Uma descoberta recente, publicada esta sexta-feira na revista Nature Communications, dá vida a uma nova espécie: o Siats meekerorum.
Os primeiros vestígios de T-rex foram descobertos em 1874, e nos anos seguintes muitos outros fósseis desta espécie foram encontrados. O registo fóssil, que incluía dentes muito grandes, mostrava que o animal seria enorme – durante muito tempo o maior conhecido –, o que lhe valeu o nome de “rei dos lagartos tiranos”.
Só nos anos de 1940 se encontrou um rival em tamanho, o Acrocanthosaurus atokensis, com 12 metros de comprimento como o T-rex, e que podia chegar às seis toneladas. Este dinossauro, cujas vértebras tinham longas projecções na face dorsal, viveu na fase final do Cretácico inferior, entre 125 milhões a 100 milhões de anos. Mas entre o momento em que o Acrocanthosaurus viveu e o aparecimento do T-rex (há cerca de 70 milhões de anos) havia uma lacuna de informação. Será que não tinha existido nenhum predador de topo nesta fase?
O Siats meekerorum, encontrado em 2008 na Formação Montanhosa de Cedar, no Utah (nos Estados Unidos), e agora descrito pelos investigadores Lindsay Zanno e Peter Makovicky, do Museu Field de História Natural, em Chicago (nos Estados Unidos), vem preencher este hiato. Este dinossauro juvenil de dez metros e quatro toneladas, um alossaurídeo como o Acrocanthosaurus, surgiu há cerca de 100 milhões de anos. Em adulto, o Siats teria dimensões idênticas ao Acrocanthosaurus, só que ambos teriam apenas metade do peso de um T-rex.
   
"Fiquem atentos: há mais criaturas incríveis"
Enquanto dominou o Cretácico médio, o Siats impediu que os indivíduos da família dos tiranossauros (tiranossaurídeos) tivessem mais do que um porte mediano, conforme revelam os dentes deste grupo encontrados no mesmo local. “As grandes diferenças no tamanho sugerem que os tiranossauros [tiranossaurídeos] eram mantidos sob controlo pelos carcarodontossauros [da família dos alossaurídeos], e que só evoluíram para enormes predadores de topo depois dos carcarodontossauros terem desaparecido”, afirma, no comunicado do museu, Peter Makovicky.
“A permanência dos téropodes [dinossauros carnívoros] carcarodontossauros no Cretácico superior foi recentemente usada como justificação para a ascensão tardia dos tiranossaurídeos, como predadores de topo, nos ecossistemas asiáticos”, lê-se no artigo.
Pertencendo a uma família de carnívoros gigantes, o Siats deve o seu nome a um monstro canibal, de uma lenda da tribo índia ute (do Estado do Utah), e à família Meeker (meekerorum), pelo apoio aos jovens paleontólogos do Museu Field, incluindo Lindsay Zanno, como se lê no comunicado.
Com apenas uma parte da pélvis, uma parte da perna e algumas vértebras, foi possível descrever o Siats meekerorum e desvendar alguns segredos do reinado dos grandes téropodes. A jazida contém também muitos outros registos fósseis e duas novas espécies de dinossauros que serão divulgadas em breve. “Fiquem atentos. Há muitas mais criaturas incríveis de onde retirámos o Siats”, revela Lindsay Zanno.

in Público - ler notícia

Freddie morreu há 22 anos

Freddie Mercury, nome artístico de Farokh Bulsara (Stone Town, 5 de setembro de 1946 - Londres, 24 de novembro de 1991), foi o vocalista da banda de rock britânica Queen. É considerado pelos críticos e por diversas votações populares um dos melhores cantores de todos os tempos e uma das vozes mais conhecidas do mundo.

sábado, novembro 23, 2013

Passaram ontem 100 anos sobre o nascimento de um génio da música inglesa

Benjamin Britten, génio tímido que atravessou o século XX
Mário Lopes - 22.11/.2013

Benjamin Britten cresceu enquanto criança prodígio, cresceu como compositor genial que, com a paisagem da sua cidade costeira como eterno refúgio, revolucionou a ópera inglesa, foi intérprete de excepção e pensou a música como meio democrático, acessível a todos. Hoje celebramos o centenário do seu nascimento. Paul Kildea, o seu biógrafo, conduz o PÚBLICO pelo século XX de Britten.

Desde 1948 que Aldeburgh, vila portuária do sudeste inglês, banhada pelo Mar do Norte, acolhe um festival de música. Um festival pouco comum, por se centrar numa pequena localidade no condado de Suffolk, símbolo de uma certa Inglaterra de pequenas comunidades piscatórias e de veraneio. O festival decorre habitualmente em Junho, mas hoje e nos dias que se seguem a vila estará repleta de música. Há muitas razões para celebrar. Cem, para sermos exactos. Assinala-se hoje um século sobre o nascimento do fundador do festival, o compositor Benjamin Britten, e Aldeburgh é o epicentro dos festejos.
“[O festival] É uma das suas contribuições para a Inglaterra”, diz desde a vila Paul Kildea, maestro australiano que foi director musical em Alderburgh, também autor de uma celebrada biografia do compositor inglês, Benjamin Britten: A Life In The Twentieth Century, editada no início do ano. O título não é inocente. Paul Kildea: “O século moldou-o definitivamente e achei que necessitava de ser conhecida tanto a sua importância [na história da música] quanto a sua circunstância.” Britten é o génio que reagiu, com toda a sua idiossincrasia, às turbulências de um século marcado por duas guerras mundiais, por evoluções artísticas fulgurantes, pelo avanço tecnológico, por revoluções políticas e de costumes. O génio que, isolado no silêncio e envolvido pela paisagem natural de uma pequena vila, procurou relacionar-se com o mundo e, se possível (que a sua demanda era pessoal), transformá-lo.
“É cruel, sabe, que a música possa ser tão bela. Tem a beleza da solidão e da dor: da força e da liberdade. A beleza do desapontamento e do amor sempre insatisfeito. A beleza cruel da natureza, e a beleza perene da monotonia.” Assim escreveu em 1937 Benjamin Britten, então um jovem compositor de 24 anos. Naquelas frases, escritas sobre o efeito de Gustav Mahler, mestre do romantismo tardio vienense cuja música o apaixonara, temos uma porta de entrada perfeita para aquele que é considerado não só o mais importante compositor inglês do século XX, o maior desde Purcell, mas igualmente um dos nomes imprescindíveis da música do nosso tempo.
Britten é o autor de óperas como Peter Grimes ou Billy Budd, o criador de peças orquestrais como War Requiem ou Les Illuminations, o intérprete brilhante, o maestro pouco elegante mas eficiente. Foi criança prodígio que se tornaria adulto com produção prodigiosa, pacifista em tempo de guerra, provinciano que fugiu dos grandes centros urbanos, o homem que, enquanto se discutia a criminalização da homossexualidade em Inglaterra, viveu com o tenor Peter Pears uma relação de décadas, só interrompido pela sua morte. Britten faria hoje 100 anos, não o tivesse traído precocemente um coração doente (morreu em 1976, aos 63 anos), e o mundo prepara-se para o celebrar com a pompa reservada aos grandes nomes.
No site Britten100.org, que acompanha as celebrações da data, que arrancaram no início deste ano e que só terminarão no início do próximo, estão listados 976 acontecimentos de homenagem ao compositor para a data do seu centenário. Neste dia e nos seguintes a celebração espalhar-se-á de Pequim a Moscovo, de Viena a São Francisco, de Berlim a Lisboa, onde domingo a Orquestra Sinfónica Metropolitana apresentará, a partir das 17h30, com Emilio Pomàrico na direcção musical e António Rosado como pianista, o Concerto para Piano e a Sinfonia da Requiem (antecedidas por Quatro Estudos para Orquestra e Jeu de Cartes, Suite do Bailado de Stravinsky).
    
O pacifismo
Paul Kildea, que conheceu a música de Britten enquanto criança, na Austrália, que desenvolveu depois disso vários trabalhos académicos a ele dedicados, antes de se aventurar na biografia agora editada (mais de 600 páginas de informação bem documentada, tão atraente para o melómano como para o leitor não especializado), aponta em início de conversa que talvez estas celebrações se revelassem uma surpresa para Britten. “Ele nunca pensaria em termos de intemporalidade”. Não por falta de ambição ou presciência. Precisamente o contrário. “Para ele, o importante era fazer o melhor trabalho no momento em que o criava. Estava à frente do seu tempo e, principalmente em Inglaterra em meados do século XX, as pessoas não se apercebiam da enorme importância do seu trabalho."
Para Britten, guiado pela mãe Edith, música amadora que, diz-se, ambicionava erguer o filho a quarto “B”,depois de Bach, Beethoven e Brahms, a música era o centro de todo o mundo, a forma de se exprimir, a forma de se inscrever nele. A música: com “a beleza da solidão e da dor”, “da força e da liberdade”. “Aquilo sobre o qual compunha era tão indiscutivelmente parte da sua vida e pensamento que é impossível separar a obra do homem.”
Benjamin Britten nasceu em Lowestoft, a 35 quilómetros de Aldeburgh, a 22 de Novembro de 1913. Data promissora: é o dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos. O conforto da sua vida naquela pequena vila costeira e a natureza que a envolvia marcaram-no para sempre. Teria inevitavelmente que regressar ali, àquelas paisagens imortalizadas pelo pintor romântico John Constable e às pessoas cantadas pelo poeta George Crabbe, aquele a quem resgataria o poema que inspirou a sua ópera mais famosa, Peter Grimes, estreada em 1945 e que o tornaria uma figura pública.
O seu percurso, porém, levou-o bem mais longe que as pequenas fronteiras em que nasceu. Protegido do compositor Frank Bridge, a quem dedicaria, em 1937, Variations On a Theme of Frank Bridge, aprendeu com ele a necessidade de ser meticuloso com todos os detalhes da composição. Estudante na Royal College Of Music, em Londres, depois de ganhar ali uma bolsa em 1930, lamentou o conservadorismo e amadorismo da comunidade musical britânica. Na capital, cruza-se com o poeta W.H. Auden, figura importantíssima no seu percurso inicial. Com Auden trabalha em música para cinema documental ( Night Mail, de 1935, é o filme mais reconhecido), com Auden desenvolve uma consciência política de esquerda, nem sempre coerente, mas em que o pacifismo, visto como absoluto e incorruptível, assoma como marca principal.
“Estava tão absorvido pelo seu trabalho que, para além dele, pensava em termos absolutos”, aponta Kildea. “‘A guerra é errada em todas as ocasiões’, defendia. Portanto, dizia [durante a II Guerra Mundial] que, caso o Reino Unido fosse invadido, o nazismo de Hitler podia ser vencido com resistência passiva, o que hoje nos parece absurdo. Como os seus princípios eram absolutos, não se via em qualquer outra posição para além da inicial: a guerra é errada.” Tal trouxe-lhe dissabores, quando no início da guerra se mudou para os Estados Unidos, o que levou a fosse acusado de pouco patriótico, no limite do desertor. Ainda para mais, regressaria não para ajudar ao esforço de guerra, mas apresentando-se, tal como Peter Pears, como objector de consciência.
    
Influência americana
Compositor de uma ética de trabalho prodigiosa, homem de uma timidez difícil de superar, Britten, ícone da música inglesa, teve nos Estados Unidos o seu período formador determinante. Com Peter Pears, acompanhado por W.H. Auden e pelo escritor Isherwood, viveu a boémia artística em todo o seu esplendor e decadência num apartamento nova-iorquino pelo qual passaram também Carston McCullers, Paul Bowles ou Salvador Dalí. “Foi nos Estados Unidos”, considera Paul Kildea, que começou a desabrochar e a desenvolver obras muitíssimo bem trabalhadas, sem uma nota fora do lugar”. Foi também ali, no meio dos excessos entre portas que tanto desagradavam o seu temperamento reservado, vivendo uma cultura que o repelia (“Nova Iorque é o pior, uma massa conflituosa de intrigas, sofisticados superficiais e o mais baixo tipo de todas as raças sob o sol”, escreveu em 1941, citado na biografia de Kildea), que reconheceu a sua irremediável natureza enquanto inglês. Uma Inglaterra peculiar. A da sua infância em Lowenstoft, aquela que tão bem ligava ao seu temperamento. Kildea defende mesmo algo curioso: “Não acho que Britten fosse muito inglês.”
Segundo o biógrafo, o regresso a Inglaterra deve-se essencialmente à sua personalidade, ao desejo de criar para si um casulo onde pudesse dedicar-se, com toda a disciplina, ao acto criativo. “Britten falava naquele sotaque ridículo de ‘oxbridge’, com as vogais muito trabalhadas, mas criativamente era muito mais continental, particularmente depois de observar [nos anos 1930] a forma como a música era ensinada, criada e apresentada na Alemanha e na Áustria." Conclui então: “Foi a sua personalidade que o trouxe de volta. Mas, assim que regressou, chegou determinado a trabalhar num nível muito superior ao habitual em Inglaterra antes da guerra.” Foi precisamente o que fez.
Seguindo o exemplo de Henry Purcell, libertou novamente o inglês em formato operático, começando com Peter Grimes, a obra em que aborda, citamo-lo, “a luta do indivíduo perante as massas – quanto mais perverso o indivíduo, mais perversa a sociedade” – Kildea considera essa “uma das mais mensagens mais importantes na sua obra”. A partir de Peter Grimes, com Peter Pears como inspiração e como protagonista das suas peças (não é por acaso que a primeira interpretada no regresso a Inglaterra é uma declaração de amor, Sete Sonetos de Michelangelo), o seu lugar no cenário musical impõe-se.
São celebradas óperas como A Volta do Parafuso, é escolhido para estrear Gloriana na coroação de Isabel II, em 1953, e assiste-se ao nascimento de um dos seus trabalhos mais reconhecido, o War Requiem de 1961, obra de esperança mas povoada de sombras. Paralelamente, fora criando algo como The Young Person’s Guide to The Orchestra (1946), a sua obra mais interpretada, que como o título indica pretende introduzir o ouvido infantil na linguagem musical. Em 1958, chegaria Noye’s Fludde, inspirado no episódio bíblico da Arca de Noé, em que, num gesto inesperado, Britten colocou profissionais e amadores convivendo em palco, incluindo ainda a participação do público – Music for All [ Música para Todos] é o mote das celebrações do centenário em Aldeburgh.
   
Na crista da onda
Kildea, no intervalo de um ensaio de Noye’s Fludde (dirigiu-o ontem em Aldeburgh), aponta que, do conjunto do trabalho de Britten, é impossível destacar uma obra apenas. “Teremos sempre que olhar para todo o seu repertório. E recordar que era também um intérprete impressionante. Se ouvirmos as suas gravações ao piano, percebemos que passam com distinção o teste do tempo. Não há nelas nada de antiquado. Britten viveu um tempo de muitas transformações, mas estava na crista da onda, até na aceitação da tecnologia, gravando em stereo no final dos anos 1960 para se certificar de que haveria gravações dos seus trabalhos para a posteridade.”
Foi em Aldeburgh que se refugiou ao regressar a Inglaterra, recolhendo-se num antigo moinho convertido em residência nas redondezas da vila. Foi aí que criou o seu reino musical em escala humana, o festival de Aldeburgh, que fundou com Peter Pears e o libretista Eric Crozier. Foi aí que morreu de ataque cardíaco a 4 de Novembro de 1976. Kildea defende em A Life On The Twentieth Century que enfraquecimento do coração se deveu a sífilis não diagnosticada, o que levantou uma polémica que prossegue por estes dias. Ao PÚBLICO defendeu a sua versão, apoiado no depoimento do cardiologista Hywel Davies, velho amigo do cirurgião que operara Britten anos antes da morte. Falou-nos também do tema mais polémico que acompanhou Britten na vida e na morte, a sua atracção por rapazes adolescentes. “Depois do grande ruído que se seguiu ao caso Jimmy Saville [apresentador da BBC já falecido acusado de pedofilia], os ingleses estavam muito receosos. Por exemplo, o lançamento da moeda [de 50 pence] que celebra o seu centenário foi adiado, por receio que aparecesse alguém a confessar que, na verdade, o comportamento de Britten não fora perfeito. Mas ninguém apareceu. Não podemos negar que se sentia atraído por esse grupo etário, mas parece não ter tido realmente acções censuráveis. É o que sabemos de quem conviveu com ele.”
Havia uma zona cinzenta na vida de Britten. Mas hoje celebra-se a limpidez do génio, uma obra que sobreviveu ao tempo como marca tremendamente pessoal inscrita de forma indelével no turbulento e fascinante século XX.

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