quinta-feira, julho 04, 2013
Há oito anos a sonda Deep Impact chocou propositadamente contra um cometa
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A sonda Mars Pathfinder (e a mini-sonda Sojourner) aterrou em Marte há 16 anos
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A astrónoma Henrietta Swan Leavitt, que descobriu como medir grandes distâncias no Universo, nasceu há 145 anos
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A Rainha Santa Isabel morreu há 677 anos
Origens
Isabel era a filha mais velha do rei Pedro III de Aragão e de Constança de Hohenstaufen, princesa da Sicília. Por via materna, era descendente de Frederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico, pois o seu avô materno era Manfredo de Hohhenstauffen, rei da Sicília, filho de Frederico II.
Teve cinco irmãos, entre os quais os reis aragoneses Afonso III e Jaime II, e Frederico II da Sicília. Para além disso, foi sobrinha materna de Santa Isabel da Hungria, também considerada santa pela Igreja Católica.
Casamento
D. Dinis I de Portugal tinha 19 anos quando subiu ao trono e, pensando em casamento, convinha-lhe Isabel de Aragão, tendo por isso enviado uma embaixada a Pedro de Aragão em 1280. Formavam-na João Velho, João Martins e Vasco Pires. Quando lá chegaram, estavam ainda à espera de resposta enviados dos reis de França e de Inglaterra, cada um desejoso de casar com Isabel um dos seus filhos. Aragão preferiu entre os pretendentes aquele que já era rei.
A 11 de fevereiro de 1282 com 12 anos, Isabel casou-se então por procuração com o soberano português D. Dinis em Barcelona, tendo celebrado a boda ao passar a fronteira da Beira, em Trancoso, em 26 de junho do mesmo ano. Por esse motivo, o rei acrescentou essa vila ao dote que habitualmente era entregue às rainhas (a chamada Casa das Rainhas, conjunto de senhorios a partir dos quais as consortes dos reis portugueses colhiam as prendas destinadas à manutenção da sua pessoa.
Em 1281 D. Isabel de Aragão recebeu como dote as vilas de Abrantes, Óbidos, Alenquer, e Porto de Mós. Posteriormente deteve ainda os castelos de Vila Viçosa, Monforte, Sintra, Ourém, Feira, Gaia, Lamoso, Nóbrega, Santo Estêvão de Chaves, Monforte de Rio Livre, Portel e Montalegre, para além de rendas em numerário e das vilas de Leiria e Arruda (1300), Torres Novas (1304) e Atouguia da Baleia (1307). Eram ainda seus os reguengos de Gondomar, Rebordões, Codões, para além de uma quinta em Torres Vedras e da lezíria da Atalaia.
Segundo uma história apócrifa, D. Dinis não lhe teria sido inteiramente devotado e visitaria damas nobres na região de Odivelas. Ao saber do sucedido, a rainha ter-lhe-á apenas respondido: Ide vê-las, Senhor. Com os tempos, de acordo com a tradição popular, uma corruptela de ide vê-las teria originado o moderno topónimo Odivelas. Contudo, esta interpretação não é sustentada pelos linguistas.
Do seu casamento com o rei D. Dinis teve dois filhos:
- Constança (3 de janeiro de 1290 - 18 de novembro de 1313), que casou em 1302 com o rei Fernando IV de Castela.
- D. Afonso IV (8 de fevereiro de 1291 - 28 de maio de 1357), sucessor do pai no trono de Portugal.
Pax Regina
Na década de 1320, o infante D. Afonso, herdeiro do trono, sentiu a sua posição ameaçada pelo favor que o rei D. Dinis demonstrava para com um seu filho bastardo, Afonso Sanches. O futuro D. Afonso IV declarou abertamente a intenção de batalhar contra o seu pai, o que quase se concretizaria na chamada peleja de Alvalade. No entanto, a intervenção da rainha conseguiu serenar os ânimos – pela paz assinada em 1325 nessa mesma povoação dos arredores de Lisboa, foi evitado um conflito armado que teria instabilizado o reino.
D. Dinis morreu em 1325 e, pouco depois da sua morte, Isabel terás peregrinado ao santuário de Santiago, em Compostela na Galiza, fazendo-o montada num burro e a última etapa a pé, onde ofertou muitos dos seus bens pessoais. Há historiadores que defendem a ideia que lá se terá deslocado duas vezes.
Recolheu-se por fim no então Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas mas não fazendo votos (o que lhe permitia manter a sua fortuna usada para a caridade). Só voltaria a sair dele uma vez, pouco antes da morte, em 1336.
Nessa altura, Afonso declarou guerra ao seu sobrinho, o rei D. Afonso XI de Castela, filho da infanta Constança de Portugal e portanto neto materno de Isabel, pelos maus tratos que este infligia à sua mulher D. Maria, filha do rei português. Não obstante a sua idade avançada e a sua doença, a rainha Santa Isabel dirigiu-se a Estremoz, cavalgando na sua mula por dias e dias, onde mais uma vez se colocou entre dois exércitos desavindos e evitou a guerra. No entanto, a paz chegaria somente quatro anos mais tarde, com a intervenção da própria Maria de Portugal, por um tratado assinado em Sevilha em 1339.
Falecimento e legado
Isabel faleceu, tocada pela peste, em Estremoz, a 4 de julho de 1336, tendo deixado expresso em seu testamento o desejo de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, onde em 1995 foi iniciada uma escavação arqueológica, após ter estado por 400 anos parcialmente submerso pelo rio Mondego.
Segundo uma história hagiográfica, sendo a viagem demorada, havia o receio de o cadáver entrar em decomposição acelerada pelo calor que se fazia, e conta-se que a meio da viagem debaixo de um calor abrasador o ataúde começou a abrir fendas, pelas quais elas escorria um líquido, que todos supuseram provir da decomposição cadavérica. Qual não foi, porém a surpresa quando notaram que em vez do mau cheiro esperado, saía um aroma suavíssimo do ataúde. O seu marido, D. Dinis, repousa no Mosteiro de São Dinis em Odivelas.
Isabel terá sido uma rainha muito piedosa, passando grande parte do seu tempo em oração e ajuda aos pobres. Por isso mesmo, ainda em vida começou a gozar da reputação de santa, tendo esta fama aumentado após a sua morte. Foi beatificada pelo Papa Leão X em 1516, vindo a ser canonizada, por especial pedido da dinastia filipina, que colocou grande empenho na sua santificação, pelo Papa Urbano VIII em 1625. É reverenciada a 4 de Julho, data do seu falecimento.
Com a invasão progressiva do convento de Santa Clara-a-Velha de Coimbra pelas águas do rio Mondego, houve necessidade de construir o novo convento de Santa-Clara-a-Nova no século XVII, para onde se procedeu à trasladação do corpo da Rainha Santa. O seu corpo encontra-se incorrupto no túmulo de prata e cristal, mandado fazer depois da trasladação para Santa Clara-a-Nova.
No século XVII, a rainha D. Luísa de Gusmão, regente em nome de seu filho D. Afonso VI, transformou em capela o quarto em que a Rainha Santa Isabel havia falecido no castelo de Estremoz.
Actualmente, inúmeras escolas e igrejas ostentam o seu nome em sua homenagem. É ainda padroeira da cidade de Coimbra, cujo feriado municipal coincide com o dia da sua memória (4 de Julho). Alfredo Marceneiro dedicou-lhe o fado Rainha Santa, com letra de Henrique Rego.
O seu túmulo, bem como o Mosteiro Novo de Santa Clara (Santa Clara-a-Nova), está confiado à guarda da Confraria da Rainha Santa Isabel.
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Bill Withers - 75 anos!
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Garibaldi nasceu há 206 anos
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quarta-feira, julho 03, 2013
Franz Kafka nasceu há 130 anos
Educação
Kafka aprendeu alemão como sua primeira língua, contudo era quase fluente em checo. Considerava-se incapaz nos estudos, tanto que em uma carta a Felice Bauer declarou que não acreditava que conseguiria concluir o ensino médio. No momento de escolher a carreira, optou pelo curso de Filosofia, no entanto foi impedido pelo seu pai, com quem não tinha uma relação de afetividade. Tendo de decidir entre Química e Direito, Franz opta pela faculdade de Química, juntamente com o seu grande amigo, Max Brod. Permanece 15 dias no curso e desiste, entrando de vez para a faculdade de Direito, que será tema de boa parte de suas obras. Formado em Direito em 1906, trabalhou como advogado a princípio na companhia particular Assicurazioni Generali e depois no semiestatal Instituto de Seguros contra Acidentes do Trabalho. Solitário, com a vida afetiva marcada por irresoluções e frustrações, Kafka atingiu pouca fama com seus livros, na maioria editados postumamente. Mesmo assim era respeitado nos círculos de literatura que frequentava.
Obra
A Metamorfose (novela escrita em 1912 em uma noite em claro conforme descreve, e publicado em 1915) narra o caso de Gregor Samsa, que após acordar de um pesadelo, vê seu corpo transformado em um inseto daninho. Conforme a história se desenvolve o filho se vê inferiorizado com relação a figura paterna. Franz Kafka trata da condição humana, da humilhação, com uma linguagem rica em ironias e metáforas, e que se aprofunda nas relações de poder dentro do ambito familiar. Um conflito similar entre pai e filho ocorre em O Veredicto, nesta história dedicada a Felice Bauer, o pai exerce o papel de juiz diante do filho. Mas é em Carta ao Pai que a relação com seu pai é exposta de maneira chocante e em detalhes. A Carta ao Pai foi escrita em 1919, mas nunca chegou a ser enviada a seu pai, embora houvesse cogitado como revela em carta a Milena Jesenská. O Processo (1925) é um romance, que conta o caso de Josef K., ele se encontra envolto a um nebuloso processo sobre um crime que lhe é desconhecido. A condição humana e sua relação nesta obra, já ultrapassa a dimensão da família, e passa a englobar as relações de dominio do Estado sobre o indivíduo. Em O Castelo (1926), o agrimensor K. é convidado a exercer sua atividade a convite dos senhores de um castelo, mas ao lá chegar é recepcionado com espanto pelos aldeões, ao mesmo tempo em que o acesso ao castelo se torna mais e mais distante. Em A Construção, uma de suas ultimas obras, retrata o medo absurdo de uma criatura, e todas as precauções para manter sua vida preservada diante de um perigo que se aproxima de modo inevitável.
O livro A Colónia Penal (1914) fala sobre uma máquina que tem o poder de executar sentenças. Trata-se de uma história absurda sobre uma Colónia que usa esta máquina para torturar e matar pessoas, sem que estas sequer saibam o porquê da sua morte. O livro é uma crítica aos sistemas despóticos de poder. Essas quatro obras-primas definem não apenas boa parte do que se conhece até hoje como "literatura moderna", mas o próprio carácter do século: kafkiano.
Autor de várias colectâneas de contos, Kafka escreveu também a avassaladora Carta ao Pai (1919) e centenas de páginas de diários. Deixou inacabado o romance Amerika e mesmo alguns capítulos de O Processo - cujos capítulos foram escritos sem ordem cronológica da obra e há controvérsias se a edição oficial do livro é a definitiva - também ficaram inacabados.
Kafka morreu num sanatório perto de Viena, onde foi internado com tuberculose. Desde então, seu legado - resgatado pelo amigo Max Brod - exerce uma enorme influência na literatura mundial.
Espólio
Em 2012, depois de anos de disputa, a colecção de documentos, que inclui inéditos e documentos pessoais de Franz Kafka e Max Brod vai ser entregue à Biblioteca Nacional de Israel. A decisão do tribunal de Tel Aviv obriga as filhas da antiga secretária de Brod a devolverem o espólio.
Tudo começou logo após a morte de Kafka em 1924, quando o amigo e testamenteiro literário Max Brod, também escritor, jornalista e compositor, não queimou os manuscritos, diários e cartas e tudo o que restava, como era a última vontade do escritor.
Max Brod emigrou para a Palestina em 1939, fugindo à perseguição nazi, dando instruções a Esther Hoffe, secretária e amante, que quando morresse todos os documentos fossem depositados na Biblioteca Nacional de Jerusalém. O que nunca viria a acontecer.
Brod morreu em 1968 e Esther Hoffe não respeitou o pedido e ficou com o espólio. Em 1998 decidiu levar a leilão o manuscrito de O Processo, que viria a ser adquirido, pelo equivalente a cerca de milhão e meio de euros, pelo Ministério da Cultura alemão, ficando depositado na Biblioteca de Marbach am Neckar, uma pequena cidade no Sul do país, no estado de Baden-Württemberg, a uns 35 km de Estugarda.
Esther, que morreu em 2007, decidiu deixar às filhas o espólio de Kafka. Após a morte da mãe, em 2007, Eva e Ruth quiseram fazer valer os direitos também sobre parte daquele património que entretanto foi descoberto no apartamento de Esther, em Tel Aviv.
Foi nessa altura que o Estado de Israel decidiu intervir, reivindicando o espólio para a Biblioteca Nacional de Jerusalém. Soube-se então que outra parte do espólio estava depositado, desde há várias décadas e ainda por iniciativa de Max Brod, num banco na Suíça.
Estilo literário
A escrita de Kafka é marcada pelo seu tom despegado, imparcial, atenciosa ao menor detalhe, e abrange os temas da alienação e perseguição. Os seus trabalhos mais conhecidos são as pequenas histórias A Metamorfose, Um artista da fome e os romances O Processo, América e O Castelo. Os seus contos são julgados como verdadeiros e realistas, em contacto com o homem do século XXI, pois os personagens kafkianos sofrem de conflitos existenciais, como o homem de hoje. No mundo kafkiano, os personagens não sabem que rumo podem tomar, não sabem dos objetivos da sua vida, questionam seriamente a existência e acabam sós, diante de uma situação que não planearam, pois todos os acontecimentos se viraram contra eles, não lhes oferecendo a oportunidade de se aproveitar da situação e, muitas vezes, nem mesmo de sair dela. Por isso, a temática da solidão como fuga, a paranóia e os delírios de influência estão muito ligados à obra kafkiana, sendo comum a existência de personagens secundários que espiam, e conspiram contra o protagonista das histórias de Kafka (geralmente homens, à exceção de alguns contos onde aparecem animais e raros onde a personagem principal é uma mulher). No fundo, estes protagonistas não são mais que projecções do próprio Kafka, onde ele expõe os seus medos, a sua angústia perante o mundo, a sua solidão interior, sua problemática em lidar com a família e o círculo social.
NOTA: o Google Doodle de hoje é uma homenagem justíssima a Kafka:
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Íngrid Betancourt foi libertada do sequestro das FARC há cinco anos
A operação foi a conclusão de uma vasta preparação de infiltração no mais alto nível das FARC. Os reféns só souberam que estavam a caminho da liberdade no helicóptero, pois toda a operação decorreu sem um único tiro e sem qualquer violência.
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Marcadores: Colômbia, direitos humanos, FARC, guerrilha, Íngrid Betancourt, senador, sequestro
Jim Morrison morreu há 42 anos
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Brian Jones morreu há 44 anos
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Marcadores: Brian Jones, Cathy McGowan, guitarra, I Got You Babe, música, Paint It Black, Rhythm and Blues, rock psicadélico, Rolling Stones, You got the Silver
O fundador da Cristalografia morreu há 223 anos
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Marcadores: cristalografia, França, mineralogia, Romé de l'Isle
O poeta João Rasteiro faz hoje 48 anos
Um dia, o excelso dilúvio do sangue
queimará a noite, também os livros
jazerão sós sob as túnicas de Istambul,
"com a morte, também o amor devia
acabar" – num único e violento segredo.
A melancolia esvoaçará dos orifícios
expiando a culpa, as criaturas cinzentas
comover-se-ão fartas pelo calor do tacto,
perecerão sozinhas - como a sua progénie.
E haverá a celebração dos precipícios
urdindo o beneplácito das heras, pois a flor
é um corpo excessivamente fresco e mortal,
o sangue, na primavera, é mais vermelho
que o barro nu – a terra é um lírio dobrado.
Porque amor e morte têm existência própria
convertem-se, mas os seus monstros subsistem
e subsistirão recolhidos à agonia do tempo
amando-se pelo ventre - até ao fim do mundo.
in Tríptico da Súplica (2011) - João Rasteiro
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