Em
1975, leva a cabo um dos mais espetaculares atos terroristas: sequestrou onze ministros dos países-membros da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(OPEP) que estavam reunidos em Viena, Áustria. Acabaram por morrer três
pessoas. Nas décadas de 70 e 80 era o homem mais procurado do mundo,
por todos os serviços secretos ocidentais.
Biografia
Nascido na
Venezuela, filho de um
advogado venezuelano comunista, preferência ideológica evidente na escolha dos
nomes dos seus três filhos: Vladimir, Ilich e Lenine, referentes ao líder bolchevique russo,
Lenine (cujo nome original é Vladimir Ilyich Ulyanov).
Carlos estudou numa escola de
Caracas e juntou-se ao movimento da juventude comunista em
1959. Diz-se que ele fala correntemente espanhol, árabe, russo, inglês e francês
.
Em
1966, após o divórcio dos seu pais, foi com a mãe e o seu irmão para
Londres para continuar os seus estudos na faculdade de Stafford House Tutorial, em
Kensington.
Em
1975, executou o sequestro que lhe deu fama mundialmente: reteve onze ministros de países-membros da
OPEP, que estavam reunidos em
Viena,
Áustria. O incidente acabou com a morte de três pessoas e a sua fuga.
O ataque aos membros da OPEP foi apenas o início, já que os ataques
sucederam-se, Carlos lança um granada contra um banco israelita em
Londres, duas bombas numa farmácia em Paris, atentados contra aviões de
Israel estacionados no
Aeroporto de Orly, ataque contra um comboio de passageiros que ia de Paris para Toulouse, onde era suposto ir o primeiro-ministro francês,
Jacques Chirac. Em todas estas ações, ele sempre conseguia fugir às polícias secretas.
Carlos, o "Chacal", era naquele momento o "inimigo público", o mais
procurado do mundo, pelas principais policias secretas. Ao contrário de
Bin Laden,
ele participava pessoalmente nas ações, onde ele era o responsável por
tudo, apenas tinha colaboradores que o ajudavam. Quanto aos
colaboradores de Carlos, a lista é igualmente extensa, suspeitando-se
que tenha colaborado com os regimes líbio de
Muammar al-Gaddafi, iraquiano de
Saddam Hussein, sírio de
Hafez al-Assad, cubano de
Fidel Castro, e ainda com vários países do Leste Europeu, as
Brigadas Vermelhas da
Itália ou o movimento
M19 da
Colômbia.
A sua retirada de ação não é muito clara, visto que por várias vezes a
CIA, a
DST (
Direction de la Surveillance du Territoire) e o
Mossad tentaram, em vão, neutralizar as suas ações ao longo dos anos. Considera-se que com o fim da
Guerra Fria,
no início da década de 90, a falta de oferta de ações e a sua já
debilitada saúde fizeram com que ele se retirasse da vida de terrorista,
passando por uma série de países em busca de exílio, até fixar-se no
Sudão, mas não há um consenso a respeito do porquê da sua inatividade de fim dos anos 80 ao inicio dos anos 90.
Em
14 de agosto de
1994, durante o seu internamento numa clínica em
Cartum
(capital do Sudão) para uma operação nos testículos, Carlos foi
adormecido com anestesia geral, conduzido ao aeroporto e colocado num
jato do Governo francês, com destino a uma das cadeias de alta
segurança dos arredores de
Paris.
Não são ainda claras as circunstâncias que levaram o governo do
Sudão, um dos países que figurava na lista negra norte-americana dos
Estados apoiantes do terrorismo, a entregar Carlos à DST e nem se a
operação foi realmente da DST, do governo do Sudão ou se aconteceu em
cooperação com outros serviços internacionais.
Mais tarde, já durante o seu julgamento pela morte de dois polícias
da DST e um denunciante palestiniano, Carlos nunca mostrou
arrependimento pelos ataques que perpetrou, logo na primeira audiência,
questionado pelo presidente do tribunal acerca da sua profissão,
respondeu: "Sou um revolucionário profissional na velha tradição
leninista."
A
23 de dezembro de
1997
recebeu a sentença de prisão perpétua. Durante o seu julgamento, Carlos
foi defendido por vários advogados. O principal foi o advogado francês
Jacques Vergès, retratado no filme
O Advogado do Terror (
2007),
que figura no filme numa entrevista dada por telefone da prisão. Outro
detalhe apresentado no filme foi o seu relacionamento com
Magdalena Kopp, com quem teve uma filha.
Em 15 de dezembro de 2011, Ilich Ramírez Sánchez recebeu nova sentença, agora pela justiça francesa, pelas mortes de 11 pessoas em atentados terroristas ocorrido na década de 80. A sua pena foi uma nova prisão perpétua.
Em março de 2018, foi condenado a uma terceira pena de prisão
perpétua, neste caso por um atentado cometido em setembro de 1974 em Paris. O ataque a um centro comercial deixou dois mortos e 34 feridos, mas Carlos negou qualquer participação no ataque.
De acordo com a acusação, o objetivo do atentado era facilitar a
libertação de um membro do Exército Vermelho japonês detido em Orly.
Em setembro de 2021, Carlos voltou ao banco dos réus de um
tribunal, para revisão da terceira condenação à prisão perpétua
sentenciada pela justiça francesa. No tribunal, disse estar de "férias forçadas há 27 anos e meio" na França, referindo-se ao período em que esteve detido desde 1994.
Carlos novamente negou sua participação no atentado de 1974, e acusou a
justiça de ser corrupta e ter arquitetado o caso para incriminá-lo.
No tribunal, Carlos reconheceu ter matado 83 pessoas durante a sua vida. Disse
que foram "muitas, mas não o suficiente", alegando que os assassinatos
ocorreram em um contexto de guerra e de luta revolucionária. O Tribunal Criminal de Paris confirmou a terceira pena de prisão perpétua contra Carlos.