Estaline e Ribbentrop na assinatura do Pacto
- Cinco anos de paz entre Alemanha e União Soviética;
- Invasão da Polónia (que seria dividida entre as 2 nações), dos Países Bálticos e da Finlândia.
Cerimónia de assinatura: Molotov a assinar, Ribbentrop atrás (com os olhos fechados), com Estaline à sua esquerda
Antecedentes
O resultado da
Primeira Guerra Mundial foi desastroso tanto para o
Reich alemão como para a
União Soviética. Durante o conflito, os
bolcheviques lutavam pela sobrevivência, e
Lenine não teve alternativa a não ser reconhecer a independência da
Finlândia, da
Estónia, da
Letónia, da
Lituânia e da
Polónia. Além disso, diante do avanço militar alemão,
Lenine e
Trotsky foram forçados assinar o
Tratado de Brest-Litovsk, que retirava o país da guerra e cedia alguns territórios ocidentais da Rússia ao
Império Alemão. Após o
colapso da Alemanha, tropas da
Grã-Bretanha, da
França e do
Império Japonês intervieram na
Guerra Civil Russa.
Em
16 de abril de
1922, a Alemanha e a União Soviética participaram no
Tratado de Rapallo,
por cujos termos renunciavam às reivindicações territoriais e
financeiras contra os demais. As partes se comprometeram ainda à
neutralidade na eventualidade de um ataque de um contra um outro pelo
Tratado de Berlim (
1926).
No início da
década de 1930, a ascensão do
Partido Nazi ao poder na Alemanha, aumentou as tensões entre estes países, a União Soviética e outros países de etnia
eslava, que foram considerados "
Untermenschen" ("sub-humanos") de acordo com a ideologia racial nazi. Além disso, os nazis,
antissemitas, associavam a etnia judia com o
comunismo e com o
capitalismo financeiro,
aos quais se opunham. Por conseguinte, a liderança nazi declarou que
os eslavos na União Soviética estavam a ser governados por "judeus
bolcheviques".
A feroz retórica anti-soviética de
Adolf Hitler foi uma das razões pelas quais a Grã-Bretanha e a França decidiram que a participação da União Soviética na
Conferência de Munique, em
1938, sobre o destino da
Checoslováquia, seria perigosa e inútil. O
Acordo de Munique,
então assinado, marcou uma anexação parcial da Checoslováquia pela
Alemanha, no final de 1938, seguido da sua dissolução completa, em março
de
1939, o que é visto como parte de um apaziguamento da Alemanha realizado pelos gabinetes de
Neville Chamberlain e
Édouard Daladier.
Esta política levantou de imediato a questão de saber se a União
Soviética poderia evitar ser o próximo passo na lista de Hitler.
Nesse contexto, a liderança soviética acreditava que o
Ocidente
poderia querer incentivar a agressão alemã a Oriente, e que a
Grã-Bretanha e a França poderiam ficar neutras no conflito iniciado pela
Alemanha Nazi. Pelo lado da Alemanha, devido a que uma aliança com a
Grã-Bretanha era impossível, tornava-se necessário estreitar relações
mais estreitas com a União Soviética para a obtenção de
matérias-primas. Além disso, um bloqueio naval britânico era esperado
em caso de guerra, o que iria provocar uma escassez crítica de
matérias-primas para o esforço de guerra da Alemanha. Depois do acordo
de Munique, aumentaram as necessidades alemãs em termos de
abastecimento militar, ao passo que, devido à implementação do
terceiro plano quinquenal na URSS, eram essenciais investimentos
maciços em tecnologia e equipamentos industriais.
À esquerda as fronteiras conforme o Pacto Molotov-Ribbentrop; à direita, as fronteiras reais em 1939
O Pacto
Foi assinado em
Moscovo na madrugada de
24 de agosto de
1939 (mas datada de
23 de agosto) pelo então ministro do exterior soviético
Vyacheslav Molotov e pelo então ministro do exterior da Alemanha
Joachim von Ribbentrop.
Em linhas gerais estabelecia que ambas as nações se comprometiam a
manter-se afastadas uma da outra em termos bélicos. Nenhuma nação
favoreceria os inimigos da outra, nem tão pouco invadiriam os seus
respectivos territórios, além do que, a União Soviética não reagiria a
uma agressão alemã à
Polónia, e que, em contrapartida, a Alemanha apoiaria uma invasão soviética à
Finlândia, entre outras concessões. De facto à invasão nazi seguiu-se a
Invasão Soviética da Polónia e também da Finlândia, ainda em 1939.
Em dois protocolos secretos, os dois governos organizaram a partilha
dos territórios da Europa de Leste em zonas de influência, decidindo que
a Polónia deveria deixar de existir (passando o seu território para a
Alemanha e para a URSS), que a
Lituânia
ficaria sob alçada alemã (meses mais tarde a Alemanha trocou a
Lituânia por outra zonas de influência, ficando a Lituânia sob alçada
soviética), que a
Estónia e a
Letónia passariam para a URSS bem como grande parte da Finlândia e vastas zonas da
Roménia e da
Bulgária.
O pacto estabelecia também fortes relações comerciais, vitais para os dois países, nomeadamente
petróleo soviético da zona do
Cáucaso e
trigo da
Ucrânia, recebendo em contrapartida ajuda, equipamento militar alemão e
ouro.
Este novo facto nas relações internacionais alarmou a comunidade das
nações, não só porque os nazistas eram supostos inimigos dos comunistas,
mas também porque, secretamente, objetivava a divisão dos estados da
Finlândia,
Estónia,
Letónia,
Lituânia,
Polónia e
Roménia
segundo as esferas de interesses de ambas as partes. O pacto era
absolutamente vital para ambos os países: para os alemães assegurava que
se poderiam concentrar apenas na sua frente ocidental para além de
terem assegurado combustíveis que de outro modo impossibilitariam tais
operações. Do lado soviético, a paz e a ajuda militar eram
fundamentais, tanto mais que as forças militares não estavam
preparadas para qualquer grande combate, como se comprovou na mal
sucedida aventura finlandesa de novembro de 1939 - a chamada
guerra de inverno.
Caricatura no jornal semanal "Mucha", de Varsóvia, a 8 de setembro de 1939, já com a invasão nazi em andamento - Ribbentrop faz reverência a Estaline