sexta-feira, setembro 29, 2017

Tony Curtis morreu há sete anos

   
Tony Curtis (nome artístico de Bernard Schwartz; Nova York, 3 de junho de 1925 - Las Vegas, 29 de setembro de 2010) foi um ator norte-americano, popular desde as décadas de 50 e 60 pelo seu trabalho no cinema, tendo participado em mais de cem filmes desde 1949.

Biografia
Filho de um alfaiate húngaro imigrante judeu, teve uma infância bastante difícil no bairro do Bronx, Nova York, onde a família morava no fundo da alfaiataria. A sua mãe e um dos seus dois irmãos eram esquizofrénicos, o que fez com que ele e o outro irmão fossem internados num orfanato aos oito anos de idade, por impossibilidade do pai de tomar conta de todos.
Curtis serviu na marinha durante a Segunda Guerra Mundial e foi um espectador privilegiado da rendição japonesa na Baía de Tóquio em 1945. De volta aos Estados Unidos, passou a estudar teatro, e em 1948, devido à bela aparência e aos olhos marcantes que o tornariam ídolo do público feminino nos anos seguintes, foi contratado pelo estúdio Universal de Hollywood, que lhe colocou em aulas de esgrima e montaria e trocou seu nome de batismo para Tony Curtis.
Apesar de parecer ser apenas mais um "menino bonito" a chegar ao cinema, Tony provaria o seu talento em filmes como Sweet Smell of Success, com Burt Lancaster, The Defiant Ones, com Sidney Poitier - que lhe daria uma nomeação para o Óscar -, Boston Strangler (O Estrangulador de Boston ou O Homem Que Odiava as Mulheres), em que interpretava um psicopata real e aquele que seria o seu mais duradouro trabalho na lembrança dos cinéfilos: o clássico de Billy Wilder, Some Like It Hot (Quanto Mais Quente Melhor), com Marilyn Monroe e Jack Lemmon.
Ele também fez diversos trabalhos na televisão, o mais bem sucedido deles na série The Persuaders, com Roger Moore, bastante popular no início dos anos 70, que terminou porque Moore foi escolhido para fazer James Bond no cinema.
Tony tornou-se pintor nos anos 80 e conseguiu grande sucesso nesta segunda atividade, que segundo ele era o seu principal interesse há anos, com seus quadros sendo vendidos por até 50.000 dólares e um deles exposto no Metropolitan Museum of Art de Nova York.
Curtis lamentava nunca ter ganho um Óscar e considera que o mundo do cinema jamais reconheceu verdadeiramente o seu trabalho, mas conquistou diversas honrarias e tem uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
Morou no estado de Nevada e considerava Cary Grant (com quem filmou em 1959 a ótima comédia Operation Petticoat) o seu ator favorito de todos os tempos.
Faleceu em 29 de setembro de 2010. A notícia foi divulgada pela filha, a também atriz Jamie Lee Curtis. Foi sepultado no Palm Memorial Park (Green Valley), Las Vegas, Nevada no Estados Unidos.

Vida pessoal
Tony Curtis foi casado seis vezes. Em duas delas com as atrizes Janet Leigh, o seu mais famoso relacionamento e com quem teve duas filhas, Kelly e a também atriz Jamie Lee Curtis; com a austríacaChristine Kaufmann, com quem também teve 2 filhas, Alexandra(1964) e Allegra (1966), nos anos 50 e 60 respectivamente; casou-se com Leslie Allen e também teve dois filhos: Nicholas (nascido em 1971, morreu em 1994 de overdose de heroína) e Benjamin (1973). Ele revelou que tinha engravidado Marilyn Monroe. Um dos mais conhecidos e picantes factos dos bastidores do cinema envolvendo Tony Curtis deu-se em 1959 durante as filmagens de Quanto Mais Quente Melhor. O estilista do filme, ao comentar com Marilyn Monroe, durante provas de roupas (Tony e Jack Lemmon atuam quase o tempo todo travestidos de mulher) que Tony tinha nádegas mais bonitas que ela, fez Marilyn retorquiar na hora, abrindo a blusa, "é, mas ele não tem isso!", mostrando os seios. A grande tragédia de sua vida, depois da dramática infância que passou, foi a morte do seu filho Nicholas, aos 23 anos, em 1994, por overdose de heroína.
Foi casado com Jill Vandenbergh Curtis, 42 anos mais nova.

O Desastre de Kyshtym foi há sessenta anos

Área contaminada pelo desastre de Kyshtym

O desastre de Kyshtym foi um acidente de contaminação radioativa que ocorreu a 29 de setembro de 1957, em Mayak, com plutónio, no local de produção de armas nucleares e fábrica de reprocessamento de combustível nuclear da União Soviética. É medido como um Nível de 6 de desastres na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), tornando-se o terceiro mais grave acidente nuclear da história, apenas atrás do desastre nuclear de Fukushima Daiichi e do desastre de Chernobyl (Nível 7 no INES). O evento ocorreu na cidade de Ozyorsk, Oblast de Chelyabinsk, uma cidade fechada, construída em torno da fábrica Mayak. Como Ozyorsk/Mayak (também conhecido como Chelyabinsk-40 e Chelyabinsk-65) não está nos mapas, o desastre foi chamado depois de Kyshtym, o local mais próximo conhecido da cidade.

Kyshtym Memorial

Por causa do sigilo em torno de Mayak, as populações das áreas afetadas não foram inicialmente informados do acidente. Uma semana mais tarde (a 6 de outubro), uma operação foi realizada para evacuar 10.000 pessoas da área afetada, ainda sem dar uma explicação das razões da evacuação.
Relatos vagos de um "acidente catastrófico" causando "precipitação radioativa sobre a URSS e muitos estados vizinhos" começaram a aparecer na imprensa ocidental entre 13 e 14 de abril de 1958 e os primeiros detalhes surgiram no jornal vienense Die Presse, em 17 de março de 1959. Mas foi apenas em 1976 que Zhores Medvedev fez com que a natureza e a extensão do desastre fossem conhecidas pelo mundo. Na ausência de informações verificáveis, foram dados valores exagerados da catástrofe.  As pessoas ficaram histéricas com medo de doenças "misteriosas". As vítimas foram vistas com a pele de seus rostos, mãos e outras partes expostas de seus corpos "escamando". A descrição de Medvedev do desastre no New Scientist foi inicialmente ridicularizada por fontes da indústria nuclear ocidental, mas o núcleo da sua história foi logo confirmado pelo professor Leo Tumerman, ex-chefe do Instituto de Biologia Molecular , em Moscovo.
O verdadeiro número de mortos permanece incerto, devido ao facto de que o cancro induzido por  radiação é clinicamente indistinguível de qualquer outro cancro, e sua taxa de incidência só pode ser medido por meio de estudos epidemiológicos. Um livro afirma que "em 1992, um estudo realizado pelo Instituto de Biofísica do antigo Ministério da Saúde Soviético em Chelyabinsk descobriu que 8.015 pessoas morreram nos últimos 32 anos, como resultado do acidente." Por outro lado, apenas 6.000 atestados de óbito foram encontrados por residentes do rio Techa entre 1950 e 1982 de todas as causas de morte, embora talvez o estudo soviético considerasse uma área geográfica maior afetada pela pluma aerotransportada. A estimativa mais citada é de 200 mortes por cancro, mas a origem desse número não está clara. Estudos epidemiológicos mais recentes sugerem que cerca de 49 a 55 mortes por cancro entre residentes ribeirinhos podem ser associadas à exposição à radiação. Isso incluiria os efeitos de todas as libertações radioativas no rio, 98% das quais ocorreram muito antes do acidente de 1957, mas não incluiria os efeitos da pluma transportada pelo ar, que foi levada para o nordeste. A área mais próxima do acidente produziu 66 casos diagnosticados de síndrome de radiação crónica, fornecendo a maior parte dos dados sobre esta condição.
Para reduzir a disseminação de contaminação radioativa após o acidente, o solo contaminado foi escavado e armazenados em áreas fechadas que eram chamados de "cemitério da terra". O governo Soviético, em 1968, disfarçou a área, criando a Reserva Natural Ural Oriental, que proibiu qualquer acesso não autorizado à área afetada.

Émile Zola morreu, misteriosamente, há 115 anos

Émile Zola (Paris, 2 de abril de 1840 - Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.


Cervantes nasceu há 470 anos

Miguel de Cervantes Saavedra (Alcalá de Henares, 29 de setembro de 1547Madrid, 22 de abril de 1616) foi um romancista, dramaturgo e poeta castelhano. A sua obra-prima, Dom Quixote, muitas vezes considerada o primeiro romance moderno, é um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerada um dos melhores romances já escritos. O seu trabalho é considerado entre os mais importantes em toda a literatura e a sua influência sobre a língua castelhana tem sido tão grande que esta é frequentemente chamada de La lengua de Cervantes (A língua de Cervantes).

Filho de um cirurgião cujo nome era Rodrigo e de Leonor de Cortinas, supõe-se que Miguel de Cervantes tenha nascido em Alcalá de Henares. O dia exato do seu nascimento é desconhecido, ainda que seja provável que tenha nascido no dia 29 de setembro, data em que se celebra a festa do arcanjo San Miguel, pela tradição de receber o nome do santoral. Miguel de Cervantes foi batizado em Castela no dia 9 de outubro de 1547, na paróquia de Santa María la Mayor.

D. Quixote e Sancho Pança (ilustração de Gustave Doré)

quinta-feira, setembro 28, 2017

Hoje é o aniversário de El-Rei D. Carlos I e da Rainha Dona Amélia

D. Carlos I de Portugal, de nome completo: Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha (Palácio da Ajuda, Lisboa, 28 de setembro de 1863 - Terreiro do Paço, Lisboa, 1 de fevereiro de 1908) foi o penúltimo Rei de Portugal.

Nascido em Lisboa, era filho do rei Luís I de Portugal e da rainha Maria Pia de Sabóia, tendo subido ao trono em 1889. Foi cognominado O Diplomata (devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos Reis Afonso XIII de Espanha e Eduardo VII do Reino Unido, do Kaiser Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa Émile Loubet), O Martirizado e O Mártir (em virtude de ter morrido assassinado), ou O Oceanógrafo (pela sua paixão pela oceanografia, partilhada com o pai e com o príncipe do Mónaco).
D. Carlos era um apreciador das tecnologias que começavam a surgir no princípio do século XX. Instalou luz eléctrica no Palácio das Necessidades e fez planos para a electrificação das ruas de Lisboa. Embora fossem medidas sensatas, contribuíram para a sua impopularidade visto que o povo as encarou como extravagâncias desnecessárias. Foi ainda um amante da fotografia e autor do espólio fotográfico da Família Real. Foi ainda um pintor de talento, com preferências por aguarelas de pássaros que assinava simplesmente como "Carlos Fernando". Esta escolha de tema refletia outra das suas paixões, a ornitologia. Recebeu prémios em vários certames internacionais e realizou ensaios notáveis na área de cerâmica.
Para além da ornitologia, era um apaixonado pela oceanografia, tendo adquirido um iate, o Amélia, especificamente para se dedicar a campanhas oceanográficas. Estabeleceu uma profunda amizade com Alberto I, Príncipe do Mónaco, igualmente um apaixonado pela oceanografia e as coisas do mar. Desta relação nasceu o Aquário Vasco da Gama, que pretendia em Portugal desempenhar papel semelhante ao Museu Oceanográfico do Mónaco. Alguns trabalhos oceanográficos realizados por D. Carlos, ou por ele patrocinados, foram pioneiros na oceanografia mundial. Honrando esta faceta do monarca, a Armada Portuguesa opera atualmente um navio oceanográfico com o nome de D. Carlos I.
D. Carlos foi também um excelente agricultor, tendo tornado rentáveis as seculares propriedades da Casa de Bragança (património familiar destinado a morgadio dos herdeiros da Coroa), produzindo vinho, azeite, cortiça, entre outros produtos, tendo também organizado uma excelente ganadaria e incentivado a preservação dos prestigiados cavalos de Alter.
Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, ao lado do filho que com ele foi assassinado. As urnas com tampas transparentes ficaram aí depositadas durante 25 anos. Só em 1933 é que uma comissão privada abriu uma subscrição nacional que levou à inauguração de dois belos túmulos, concebidos pelo arquiteto Raúl Lino, junto dos quais está uma figura feminina, representando "A Dor", esculpida por Francisco Franco, conjunto esse que ainda hoje pode ser visto.
 
O Sobreiro (1905), pintura de D. Carlos I
 
in Wikipédia
D.ª Maria Amélia Luísa Helena de Orleães (Twickenham, 28 de setembro de 1865 - Chesnay, 25 de outubro de 1951) foi a última Rainha de facto de Portugal.
Durante a sua vida, D. Amélia perdeu todos os seus familiares diretos: defrontou-se com o assassinato do marido, o Rei Carlos I, e do filho mais velho, D. Luís Filipe (episódio conhecido como regicídio de 1908); vinte e quatro anos mais tarde, recebeu a notícia da morte do segundo e último filho, o futuro Rei Manuel II; e também ficou de luto com a morte de sua filha, a Infanta D. Maria Ana de Bragança, nascida em um parto prematuro.
Ela foi o único membro da família real portuguesa exilada após a implantação da república - facto ocorrido a 5 de outubro de 1910 - que visitou Portugal em vida, bem como o último membro a morrer, aos oitenta e seis anos. Amélia de Orleães viveu sofridas décadas de exílio, entre Inglaterra e França, onde aguentou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Esta frase estava entre as suas últimas palavras:
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Quero bem a todos os portugueses, mesmo àqueles que me fizeram mal.
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D. Amélia era a filha primogénita de Luís Filipe, conde de Paris (neto do último rei da França, Luís Filipe I, e como tal pretendente ao trono francês) e de Maria Isabel de Orleães-Montpensier, infanta da Espanha, filha do duque António de Montpensier. Através de sua irmã Luísa, a princesa era tia-avó do rei Juan Carlos I da Espanha.
D. Amélia passou parte da infância em Inglaterra, onde nasceu, devido ao exílio a que a sua família estava sujeita desde que Napoleão III assumira o trono da França, em 1848. Somente após a queda do império, em 1871, os Orleães puderam regressar ao país. A princesa teve então a esmerada educação reservada às princesas, embora o seu pai apenas fosse pretendente à coroa.
A princesa cresceu em grandes casas e frequentemente viajava para a Áustria e Espanha, onde visitava seus parentes da família real espanhola (sua avó materna era filha de Fernando VII). D. Amélia adorava o teatro e a ópera. Uma ávida leitora, escrevia para seus autores favoritos e, ademais, tinha dons para pintura.
O matrimónio de D. Amélia de Orleães com o Príncipe Real D. Carlos, Duque de Bragança, ocorreu após falharem várias hipóteses de uma união com a família imperial austríaca e a família real espanhola.
É dito que Otto von Bismarck foi contrário ao seu noivado com o arquiduque Francisco Fernando da Áustria, cujo assassinato, após a tragédia de Sarajevo, foi uma das causas da Primeira Guerra Mundial. D. Amélia poderia ter ficado no lugar de Sofia, Duquesa de Hohenberg, também assassinada na ocasião. Porém, ironicamente, ela acabou tendo uma experiência semelhante ainda antes da morte do arquiduque: o Regicídio de 1908.
Apesar do casamento arranjado, D. Amélia e D. Carlos apaixonaram-se um pelo outro. A 18 de maio de 1886, a futura Duquesa de Bragança partiu de França. Ao chegar a Pampilhosa, terá descido do comboio com o pé esquerdo. No dia seguinte, em 19 de maio, às 5 horas da tarde, a princesa conheceu a corte em Lisboa, que estava à sua espera. Foi bem recebida pelos sogros, o rei Luís I e a rainha Maria Pia.
O casamento foi celebrado no dia 22 de maio de 1886, na Igreja de São Domingos, e grande parte do povo lisboeta saiu às ruas para acompanhar a cerimónia. O Duque e a Duquesa de Bragança mudaram-se para sua nova residência, o Palácio de Belém, onde nasceriam os dois filhos: D. Luís Filipe e o futuro D. Manuel II de Portugal. Eles também tiveram uma filha, D. Maria Ana, nascida em 14 de dezembro de 1887, mas essa sobreviveu por poucas horas.
Em outubro de 1889, com a morte do sogro, D. Amélia, então com apenas vinte e quatro anos, tornou-se rainha de Portugal. Contudo, o reinado de seu marido, titulado Carlos I, enfrentava crises políticas, tais como o Ultimato britânico de 1890, e a insatisfação popular; crescia o ódio à família real portuguesa. Em janeiro de 1891, no Porto, houve uma rebelião republicana, mas foi sufocada.
Em 1892, D. Amélia recebeu a Rosa de Ouro do Papa Leão XIII.
Como rainha, porém, D. Amélia desempenhou um papel importante. Com sua elegância e caráter culto, influenciou a corte portuguesa. Interessada pela erradicação dos males da época, como a pobreza e a tuberculose, fundou dispensários, sanatórios, lactários populares, cozinhas económicas e creches. Todavia, suas obras mais conhecidas são as fundações do Instituto de Socorros a Náufragos (em 1892); do Museu dos Coches Reais (1905); do Instituto Pasteur em Portugal (Instituto Câmara Pestana); e da Assistência Nacional aos Tuberculosos.
A propaganda republicana, que estava ganhando força, apelidava-a de "beata gastadora e leviana".
Como mãe, a rainha soube dar uma excelente educação aos seus dois filhos, alargando-lhes os horizontes culturais com uma viagem pelo Mediterrâneo, a bordo do iate real Amélia, mostrando-lhes as antigas civilizações romana, grega e egipcía.
O regicídio de 1 de fevereiro de 1908 lançou-a num profundo desgosto, do qual D. Amélia jamais se recuperou totalmente. Retirou-se então para o Palácio da Pena, em Sintra, não deixando porém de procurar apoiar, por todos os meios, o seu jovem filho, o rei D. Manuel II, no período em que se assistiu ao degradar das instituições monárquicas. Encontrava-se justamente no Palácio da Pena, quando eclodiu a revolução de outubro de 1910.
Após a proclamação da República Portuguesa, em 5 de outubro de 1910, D. Amélia seguiu o caminho do exílio com o resto da família real portuguesa para Londres, Inglaterra. Depois do casamento de D. Manuel II, com Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmaringen, a rainha passou a residir em Château de Bellevue, perto de Versalhes, em França. Em 1932, D. Manuel II morreu inesperadamente em Twickenham, o mesmo subúrbio londrino onde sua mãe havia nascido.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo Salazar ofereceu-lhe asilo político em Portugal, mas D. Amélia permaneceu em França ocupada, com imunidade diplomática portuguesa.
Após o fim da guerra, em 8 de junho de 1945, regressou a Portugal, numa emocionante jornada, visitando o Santuário de Fátima e todos os lugares que lhe estavam ligados, com exceção de Vila Viçosa, apesar da grande afeição que sentia por esta vila alentejana.
Pouco antes da sua visita a Portugal, D. Amélia aceitara ser madrinha de baptismo de D. Duarte Pio de Bragança, confirmando a reconciliação dos dois ramos da família Bragança.
No dia 25 de outubro de 1951, a rainha D. Amélia faleceu em sua residência em Versalhes, aos oitenta e seis anos. Tinha sido atingida por um fatal ataque de uremia, morrendo às 09.35 horas da manhã. O corpo da rainha foi então trasladado pela fragata Bartolomeu Dias para junto do marido e dos filhos, no panteão real dos Bragança, na Igreja de São Vicente de Fora. Esse foi o seu último desejo na hora de sua morte. O funeral teve honras de Estado e foi visto por grande parte do povo de Lisboa.
 

Víctor Jara nasceu há 85 anos

Nascido numa família de camponeses, Jara tornou-se um reconhecido diretor de teatro, dedicando-se ao desenvolvimento da arte no país, dirigindo uma vasta gama de obras locais, assim como clássicos da cena mundial. Simultaneamente, desenvolveu uma carreira no campo da música, desempenhando um papel central entre os artistas neo-folclóricos que estabeleceram o movimento da Nueva Canción Chilena, que gerou uma revolução na música popular de seu país durante o governo de Salvador Allende. Também era professor, tendo lecionado Jornalismo na Universidade do Chile.
Logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, Jara foi preso, torturado e fuzilado. O seu corpo foi abandonado na rua de um bairro de lata de Santiago.

Tim Maia nasceu há 75 anos

Tim Maia, nome artístico de Sebastião Rodrigues Maia (Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1942 - Niterói, 15 de março de 1998), foi um cantor, compositor, maestro, produtor musical, instrumentista e empresário brasileiro, responsável pela introdução do estilo soul na música popular brasileira e reconhecido mundialmente como um dos maiores ícones da música no Brasil. As suas músicas eram marcadas pela rouquidão da sua voz, sempre grave e carregada, conquistando o público e consagrando muitos sucessos. 


Sylvia Kristel nasceu há 65 anos

Sylvia Kristel (Utrecht, 28 de setembro de 1952 - Amesterdão, 17 de outubro de 2012) foi uma atriz, diretora e modelo holandesa, mais conhecida pelo filme erótico Emmanuelle.


Dita Von Teese - 45 anos

Dita Von Teese, nascida Heather Renée Sweet (Rochester, Michigan, 28 de setembro de 1972) é uma atriz, modelo e popular artista burlesca norte-americana.
Fetichista assumida, Dita Von Teese é responsável pela reinvenção da estética pin-up dos anos 40 e 50 e do termo "burlesco" associado à arte ancestral do strip-tease, protagonista de espectáculos que incluem o famoso banho num copo de Martini gigante. O livro duplo Burlesque and the Art of Teese/Fetish and the Art of Teese é o testemunho ilustrado de uma sex symbol de luxo. Também é conhecida por ter sido casada com o músico norte-americano Marilyn Manson, entre 2005 e 2007. O casal conheceu-se em 2001 e a sua relação sempre foi tempestuosa, devido ao estilo de vida de ambos.

quarta-feira, setembro 27, 2017

A última erupção do Vulcão dos Capelinhos começou há sessenta anos!

(Foto - Fernando Martins)
O Vulcão dos Capelinhos, também referido na literatura vulcanológica como Mistério dos Capelinhos, localiza-se na Ponta dos Capelinhos, freguesia do Capelo, na Ilha do Faial, nos Açores. Constitui-se numa das maiores atrações turísticas do Atlântico, nomeadamente dos Açores, pela singularidade da sua beleza paisagística, de génese muito recente e quase virgem.
Geologicamente insere-se no complexo vulcânico do Capelo, constituído por cerca de 20 cones de escórias e respectivos derrames lávicos, ao longo de um alinhamento vulcano-tectónico de orientação geral WNW-ESE. O nome Capelinhos deveu-se à existência de dois ilhéus chamados de "Ilhéus dos Capelinhos" no local, em frente ao Farol dos Capelinhos.
O vulcão manteve-se em actividade durante 13 meses, entre 27 de setembro de 1957 e 24 de outubro de 1958. A erupção dos Capelinhos, provavelmente terá sido uma sobreposição de duas erupções distintas, uma começada a 27 de setembro de 1957, e a segunda, a 14 de maio de 1958. A partir de 25 de outubro, o vulcão entrou em fase de repouso. Do ponto de vista vulcanológico, deverá ser considerado um vulcão potencialmente activo.
Um marco na vulcanologia mundial
O vulcão dos Capelinhos é reconhecidamente um marco na vulcanologia mundial. "Foi uma erupção submarina devidamente observada, documentada e estudada, desde do início até ao fim. Apareceu em condições privilegiadas, junto de uma ilha habitada, com estrada, farol e telefones privativos." - comenta o vulcanólogo Doutor Victor Hugo Forjaz. Com 16 anos, acompanhado de seu pai, Dr. António Lacerda Forjaz, presidente em exercício da Junta Geral do Distrito da Horta, assistiu ao início da erupção. Este tornou-se afectivamente no "seu vulcão".
Foi o Eng. Frederico Machado, Director das Obras Públicas, auxiliado pelo Eng. João do Nascimento, e o topógrafo António Denis, o pioneiro na sua investigação científica. O Director do Observatório de Angra, Tenente-coronel José Agostinho, sobrevoou a erupção. O Observatório Príncipe Alberto do Mónaco, chefiado por Bernardo Almada, emitiu diversos boletins sismológicos de grande valor.
Próximo situava-se o Museu Geológico do Vulcão, inaugurado a 24 de março de 1964, que documentava toda a sua atividade eruptiva e cujo acervo passou para o novo Centro Interpretativo do Vulcão. A área em torno do vulcão, classificada como paisagem protegida de elevado interesse geológico e biológico, integra a Rede Natura 2000. O Farol dos Capelinhos foi transformado num miradouro, e junto/por baixo deste, funciona o Centro Interpretativo do Vulcão, que foi inaugurado em maio de 2008.
Em resultado da erupção, entre os meses de maio a outubro de 1958, a área total da ilha (de 171,42 km²) aumentou em cerca de 2,50 km² (para 173,02 km²). Actualmente, essa área foi reduzida para cerca de metade (aproximadamente 172,42 km²) devido à natureza pouco consolidada das rochas e à acção erosiva das ondas. A escalada do vulcão apresenta alguns riscos, devendo por isso ser efectuada nos trilhos indicados e sob orientação de um guia credenciado. Convém mencionar que o respiradouro do Vulcão, situado no seu Cabeço Norte, liberta vapor de água e gases tóxicos, com temperaturas na ordem dos 180 a 200 °C.

Lhasa de Sela nasceu há 45 anos

Lhasa de Sela (Big Indian, New York27 de setembro de 1972 - Montreal, 1 de janeiro de 2010) foi uma cantora dos Estados Unidos, radicada no Canadá.
A sua ascendência era de um lado mexicana e de outro americano-judeu-libanesa. Filha de um professor não convencional, que percorria os EUA e o México, difundindo o conhecimento, e de uma fotógrafa. Assim passou sua infância, de maneira nómada, em conjunto com os seus pais e as suas três irmãs.
A sua obra musical mescla tradição mexicana, klezmer e rock e é cantada em três idiomas: espanhol, francês e inglês.
Faleceu a 1 de janeiro de 2010, em Montreal, Canadá, vítima de cancro de mama.
 

O pintor Edgar Degas morreu há 100 anos

Auto-retrato, Museu de Orsay
Edgar Hilaire Germain Degas (Paris, 19 de julho de 1834 - Paris, 27 de setembro de 1917) foi um gravurista, pintor e escultor francês. Embora seja muito conhecido pelas suas pinturas, majoritariamente de carisma impressionista, é igualmente relembrado como gravurista. Muitos dos seus trabalhos estão hoje no Museu de Orsay, na cidade de Paris, onde o artista nasceu e faleceu.
A origem e a formação de Edgar Degas jamais sugeriam que ele viesse a ser um revolucionário, que de uma forma tão morta satirizou e reformulou as percepções visuais das pessoas do seu tempo. Nasceu no seio de uma família da alta-burguesia. O seu pai, René Auguste de Gas, geria uma sucursal de um banco napolitano que pertencia à família.
Com onze anos os pais puseram-no num bom colégio, da típica alta sociedade, mas, só quando se inscreveu no Lycée Louis Le Grand, começou a perseguir um sonho chamado «Arte». Com dezoito anos, numa sala da mansão dos seus pais, formou um atelier onde concebeu alguns dos melhores trabalhos do início da sua carreira. Não pintava muito na escola, pois tinha bem assente a sua posição social, e os pais relembravam-lhe constantemente que era um aristocrata. Cansado, saiu do liceu aos vinte anos de idade, com outros planos em mente.
Com Louis Lamothe estudou desenho. Foi esse artista quem lhe serviu de conselheiro durante os primeiros anos da sua carreira e que lhe fez florescer o gosto iminente por Dominique Ingres. Nos anos próximos, Degas foi admitido na École des Beaux-Arts, em Paris.
Entusiasmado, empreendeu uma viagem à Itália onde teve contato com as obras de Rafael Sanzio, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Andrea Mantegna - tanto que chegou mesmo a fazer um quadro cujo título era «A cruxificação de Mantegna» - entre outros artistas da Renascença.
Durante esta viagem concebeu um dos seus melhores trabalhos: Retrato da família Bellelli, quadro cuja preparação lhe roubou mais de dois meses, tendo esboços de todos os membros da família aristocrata italiana. Com esta pintura Degas descreveu extraordinariamente o carácter psicológico da baronesa, que contrasta visível e implacavelmente com o do barão. A baronesa confina-se a olhar enaltecidamente para uma janela que somente se sabe que ali está devido ao espelho, em pose burguesa. O barão, mais velho que a esposa, mira encarecidamente a sobrinha sentada. A par deste quadro, não se cansou de retratar os membros da sua família, incluindo o seu avô, Hilaire Germain de Gas, o patriarca da família De Gas.
Retornado a Paris, com a soberba imponência de quem travou conhecimento com o grande Gustave Moreau, visitou várias vezes o Louvre onde estudou concisamente a obra de Delacroix e de Dominique Ingres. Este último era, por assim dizer, «idolatrado» por Degas. Com tudo isto conheceu um homem que se viria a revelar um grande amigo e que o marcaria até ao final dos seus dias: Edouard Manet. Pintor francês, nascido em 1834 e falecido em 1917, ligado à geração do Impressionismo, mas que dificilmente pode ser considerado um verdadeiro impressionista. Assimilou a lição das obras dos velhos mestres, nas viagens por Itália, e conservou a admiração por Ingres, no traço e no estilo linear. Degas apreciava tudo o que era fora do comum. Chocava por uma paleta discordante, nos dizeres do público da época, em que era capaz de colocar lado a lado um violeta intenso e um verde ácido. A escolha dos temas era frequentemente pouco convencional. Influenciado pela estética naturalista, retratou a vida parisiense, nos seus vícios, como em O Absinto (1876-77), e costumes. A frequência da vida noturna de Paris, e principalmente da Ópera, levou-o a multiplicar os ângulos de visão e os enquadramentos insólitos, que mais tarde o cinema e a fotografia iriam banalizar. Em A Bailarina (1876), Degas exprime a beleza fugidia da dança, e neste aspeto pode considerar-se que está a ser "impressionista". Embora a bailarina se encontre completamente à direita, a composição é assimetricamente equilibrada pela mancha escura do que será o chefe do corpo de baile. Tradicionalmente, a arte ocidental respeita a unidade de composição. As formas surgem ligadas a outras formas, criando um movimento ou um conjunto de linhas no espaço. A arte oriental, pelo contrário, baseia essa relação no acentuar de certos grafismos ou cores e levando em linha de conta o espaço "entre", o vazio. Degas não deixou de tomar conhecimento da exposição de gravuras japonesas realizada em Paris em 1860, assimilando o delicado traço das composições. Os objetos deixam de ser olhados como objetos em si, a retratar fielmente, mas são representados pelas qualidades pictóricas que podem emprestar ao conjunto do quadro. Nas numerosas versões de Depois do Banho, é desenvolvido o tema de mulheres fazendo a toilette. O pintor experimenta vários processos técnicos: a aguarela, o pastel, a água-forte, a litografia, o monotipo. Nos últimos anos, devido às dificuldades de visão, trabalhou quase exclusivamente com cera, pastel e barro. A sua paleta ganhou mais força e luminosidade, enquanto as formas se simplificaram.
Começara, de vez, o impressionante percurso artístico de Edgar Degas.
Cavalo de Corridas diante das tribunas, 1879, Museu d'Orsay, Paris
 
Percurso artístico
Depois da sua longa visita a Itália, onde não se absteve de estudar e até mesmo copiar as obras dos mais distintos pintores do Renascimento italiano, Degas regressou a Paris. Entusiasmado pela arte renascentista e barroca, passou a ir frequentemente ao Museu do Louvre, onde estudou as obras de pintores, seus precedentes, de toda a Europa, sem exceptuar Nicolas Poussin, Dominique Ingres, Leonardo da Vinci, Hans Memling, Ticiano, Anthony van Dyck, Joshua Reynolds, Hubert Robert, John Constable e outros mestres.
As pinturas deste período, cópias das obras dos precedentes pintores ou inspiradas nas obras dos mesmos, começaram a encarar o sucesso e foram até aceitas no Salon. Degas era reconhecido como um convencional e ecléctico pintor parisiense do Salon.
Mas, em 1870, a vida de Degas mudou algo, aquando da Guerra Franco-Prussiana. Na guerra, entre duas das maiores potências europeias - embora em declínio - que Degas serviu, na Guarda Nacional, na artilharia, agindo na defesa de Paris. Estava ali junto de Henri Rouart. Os dois ficaram instalados na casa de uns amigos da família De Gas (ou, abreviadamente, Degas), de nome Valpiçon. Foi aqui, em Ménil-Hubert, na Normandia, que Degas trabalhou em Retrato da jovem Hortense Valpiçon. O quadro revela uma assimetria semelhante a A dama dos crisântemos, que, por sua vez, retrata a mãe de Hortense, a famosa Madame Valpiçon. Esta temporada marcou o interesse maior do aristocrata pela pintura histórica.
Depois da Guerra - e para descansar - Degas retirou-se para Nova Orleans, via Londres, com o seu irmão René (que tinha o mesmo nome que o pai), onde o tio estava imigrado e mantinha um negócio de algodão. Ali concebeu um vasto número de trabalhos antes de retornar a Paris, entre A Bolsa de algodão de Nova Orleans, O pedicuro (que tem-se como mais um dos incansáveis estudos da vida quotidiana proferidos por Degas) e Negociantes do algodão em Nova Orleans. Regressou à sua cidade natal no ano de 1873, depois de permanecer cerca de cinco meses nos Estados Unidos.
Depois de tantos anos dedicado à pintura Degas quis, a par dessa actividade, experimentar uma nova ocupação. Vendo-se em favorável posição social, Degas teve acesso às mais contemporâneas tecnologias e modas. Recentemente inventada, a Fotografia também atraiu o francês. Mas por pouco tempo. De opinião conservadora, digna de um verdadeiro aristocrata, reinventou-se como coleccionador de arte e comprou vários trabalhos de Paul Gauguin, Van Gogh e Paul Cézanne, o que demonstra a aptidão que tinha para a escolha de tons vivos e fortes e a «força» que estes exercem sobre si. Criou então uma colecção, hoje, de imenso valor comercial.
Como já foi dito explicitamente, Degas gozou de uma grande estabilidade monetária. Todavia somente gozou de tanta estabilidade até 1874, aquando da morte do seu pai. Tendo herdado algumas dívidas, Degas viu-se na obrigação de vender a sua colecção de arte. Mesmo assim não deixou de parte os seus luxos, incluindo os criados, os quais retratava frequentemente. A sua governanta era Zoé Cloisier.
Em 1874, após a morte do pai, Degas precisava de ajuda para a concretização de uma exposição onde pudesse exibir as suas pinturas. A exposição, a princípio um acontecimento simples, que não deveria chamar muita atenção, acabou por se transformar na Primeira Exposição Impressionista, onde Degas se apresentou com trabalhos como Nas corridas e Cavalos de corridas. Ambas as obras estão hoje em exibição em museus: a primeira no Museum of Fine Arts, em Boston, e a segunda no Museu de Orsay, em Paris. Degas e os demais impressionistas protagonizaram mais sete exposições, a última em 1886. Degas participou em todas, sem excepção. Na maioria das exposições, Degas foi ali inserido sob alçada de Manet, o seu «amigo rival».
Depois destas exposições o mundo havia, de certo, mudado. As pessoas renovaram a sua visão da arte e foram se acostumando àquelas pinturas que a «boa-sociedade» tinha como imprudentes, escandalosas (as de Edouard Manet) e até mesmo imorais, objectos incitadores de revoluções. E de facto, os impressionistas foram mesmo revolucionários: revolucionaram a maneira muito conservadora de ver a arte, mudaram a visão naturalista que as pessoas tinham do Mundo que as rodeava, deram o primeiro passo para a Arte Moderna
Apesar de Degas, ao longo da sua vida, ter sido conservador tanto nas opiniões quanto na própria forma de vida, as transformações que sofreu, tal como com a maioria dos outros impressionistas, viriam, de facto, a transformar-se na «alavanca» do Modernismo.
 
Estilo artístico
Degas é considerado vulgarmente como um dos impressionistas, todavia, tal afirmação revela-se um erro, visto que o autor nunca adoptou o leque de cores típico dos impressionistas, proposto por Monet e Boudin, e para além disso desaprovou vários trabalhos seus. Pelo contrário, Degas misturava o estilo impressionista - inspirado em Manet - com inspirações conservadoras, com bases assentes na Renascença italiana e no Realismo francês. Mas à semelhança de muitos modernistas - desta época ou de outras, veja-se Matisse, que viveu posteriormente -, inspirou-se muito nas odaliscas de Dominique Ingres.
Na primeira exibição impressionista, Degas constava na lista dos que ali tinham obras expostas. As suas obras reuniam uma gama de influências vastas e sem semelhança, onde sobressaem as gravuras japonesas e os torneados humanos de Dominique Ingres. Como é de notar os quadros de Degas não surpreenderam tanto como os de Monet, por exemplo. O público não se espantava tanto com as suas pinturas; eram tão mais delicadas, sem a agressividade que viram nos outros trabalhos, fazia-lhes até lembrar a pintura histórica, os grandes mestres italianos e o encanto dos franceses do setecento.
Degas ficou conhecido por muito pintar bailarinas, principalmente, cavalos, retratos de família - dos quais o mais conhecido é Retrato da Família Bellelli - ou individuais (por exemplo, o Retrato de Edmond Duranty), cenas do quotidiano parisiense e cenas domésticas, como o banho (como A banheira), paisagens e pela burguesia de Nova Orleans. Todavia, durante algum tempo Degas aplicou-se a pintar as tensões maritais, entre homem e mulher (recorde-se O estupro e O amuo).
Na década de 60, Degas adquire finalmente o estilo que o tornaria famoso e diferente dos seus colegas: a pintura histórica. Apesar desse particular não deixou de continuar a pintar as cenas de ópera e concertos, mulheres e finalmente, as bailarinas. Sim, as famosas bailarinas que o tornaram um pintor de renome. Desta série que perdurou ao longo do final do seu glorioso percurso artístico, as mais famosas pinturas são, sem dúvida, A primeira bailarina e A aula de dança. Nestes trabalhos o francês aplicou-se vivamente nos tons vibrantes, que vigoraram vulgarmente ao longo da sua vida. Porém, durante este período os seus trabalhos tornaram-se muito expressivos, alarmantes, assustadores. Veja-se o caso do primeiro. A bailarina parece que voa e o ambiente em torno dela é inspirador e implacável. Um quadro vivo, uma obra-prima inquestionável.
É impossível esquecer Músicos da Ópera, uma verdadeira cena saída de um conto literário. Um particular interessante na pintura de Degas é o facto de conceder a cada personagem dos seus trabalhos uma atmosfera brilhante e eclética que faz com estas pareçam reais, móveis, tocáveis, inexplicáveis. Degas era, incontestavelmente, um mestre da pintura. Músicos da Ópera não foge à regra.
Até aqui era frequente utilizar pastel, todavia, durante a década de 70 era mais frequente a pintura a óleo, nos seus trabalhos.
Devido à sua brilhante técnica, hoje, as pinturas de Edgar Degas são das mais procuradas pelos compradores de todo o Mundo. Em 2004 um trabalho de Degas de nome As corridas no Bosque de Boulonha foi vendido na Sotheby's pela quantia espantosa de cerca de 10 milhões de Euros, ao lado de O tomateiro, de Pablo Picasso e de alguns outros trabalhos do seu eterno «amigo-rival» Edouard Manet.


A pequena bailarina de catorze anos, escultura forjada em bronze a partir da imagem em cera exibida na Mostra Impressionista de 1881

A pequena bailarina
E depois de A pequena bailarina de catorze anos, Degas marca o início da sua independência do grupo dos impressionistas. Deixa-os para trás. Aquilo para ele era somente uma brincadeira, com a qual se tornou reconhecido na Europa.
Ao exibir esta escultura deixou os seus colegas chocados como toda a «boa sociedade» da época. A bailarina representada era um dançarina da Ópera que Degas conheceu. A sua família era miserável, tendo mesmo uma irmã prostituta. Estudou balett até aos dezasseis anos, já depois de Degas a ter esculpido, até que teve que se prostituir para conseguir viver.
Escandalizado, Degas fez com que a bailarina muito jovem se deixasse desenhar. Começou com simples esboço, depois as telas e depois, uma escultura revolucionária que viria a mudar o mundo. Degas fê-la com o propósito de deixar bem marcados na cera (material com que esculpiu a bailarina) os seus sentimentos face àquela miséria fútil, na qual viviam milhares de parisienses. A sua face mostra o árduo trabalho com o qual conviveu.
Ao exibí-la, chocados, todos perguntavam o porquê de estar ali exposta aquela escultura. Aquilo comovia a sociedade, remexia-lhes o peito, fazia-os tristes, não queriam olhar. Por outro lado, esta escultura foi o primeiro trabalho nesta área da arte que incluiu uma roupa real, desta feita uma saia.
A partir daí, o Mundo começou a refletir sobre aquele aristocrata que se atreveu a provocar a sociedade e Degas foi, de algum modo, rejeitado e até mesmo humilhado. Mas ninguém se pôde esquecer que ele mudara a visão conservadora e eclética do mundo, e não se esqueceu de publicitar e de tornar públicos os problemas deste. Anos mais tarde, a famosa escultura tornou-se um ícone desta forma de Arte.
Impossível é deixar de referir que Edgar Degas foi um dos maiores revolucionários da arte do século XIX e de todos os tempos.

Gwyneth Paltrow - 45 anos

Gwyneth Kate Paltrow (Los Angeles, 27 de setembro de 1972) é uma atriz, cantora e escritora norte-americana.

Lil Wayne - 35 anos

Dwayne Michael Carter, Jr. (Louisiana, 27 de setembro de 1982), mais conhecido pelo seu nome artístico de Lil Wayne, é um rapper e skateboarder norte-americano.