segunda-feira, agosto 28, 2023

O ditador corrupto José Eduardo dos Santos nasceu há 81 anos

 

José Eduardo Van-Dúnem dos Santos (Luanda, 28 de agosto de 1942 – Barcelona, 8 de julho de 2022) foi um engenheiro, militar e político angolano que serviu como Presidente de Angola de 1979 a 2017. Como presidente, José Eduardo dos Santos também foi comandante-em-chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA) e presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido que governou Angola desde que obteve independência em 1975.

Em 11 de março de 2016, ele anunciou que deixava a carreira política em 2018, ano em que completaria 76 anos. Porém acabou deixando o cargo em setembro de 2017, sendo sucedido por João Lourenço.

Faleceu em 8 de julho de 2022, de doença prolongada, internado nos cuidados intensivos de um centro médico da cidade de Barcelona, Espanha, aos 79 anos de idade. 
   
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José Eduardo dos Santos foi frequentemente associado à grande corrupção e ao desvio de recursos do petróleo, em grande parte proveniente da província de Cabinda. A sua família é detentora de imenso património, que inclui casas nas principais capitais europeias, participações em grandes empresas, sociedades controladoras em paraísos fiscais e contas bancárias na Suíça — um património acumulado ao longo de décadas de exercício do poder. Os seus oponentes acusam-no de ignorar as necessidades sociais e económicas de Angola, concentrando seus esforços em acumular riqueza na sua família, ao mesmo tempo em que silenciava a oposição ao seu governo.

Em 2012 cerca de 70% da população angolana vivia com menos de 2 dólares por dia, enquanto Santos e sua família acumularam uma imensa fortuna, que inclui participações nas principais empresas do país, bem como em grandes empresas estrangeiras.

Santos enriqueceu desde que assumiu o poder, mas acumulou uma enorme quantidade de bens sobretudo depois da abertura de mercado. A partir do cessar-fogo de 1989/1992, quando grande parte da economia do país foi parcialmente privatizada, ele assumiu o controlo de diversas empresas emergentes e apoiou ofertas públicas de aquisição de várias outras companhias de exploração de recursos naturais.

Eventualmente o Parlamento de Angola considerou ilegal que o presidente, pessoalmente, tivesse participação financeira em empresas. Na sequência, a fortuna de sua filha, Isabel dos Santos, baseada na participação acionista em várias empresas angolanas e estrangeiras, passou a crescer exponencialmente. Paralelamente, o governo passou a assumir o controle acionista em empresas que o presidente indiretamente controlava.

Ao mesmo tempo, o orçamento governamental chegou a 69 mil milhões de dólares em 2012, graças aos rendimentos proporcionados pelo petróleo, os quais saltaram de 3 mil milhões de dólares, em 2002, para 60 mil milhões, em 2008. No entanto, segundo o Fundo Monetário Internacional, 32 mil milhões de dólares das receitas de petróleo desapareceram dos registos do governo. 

José Eduardo dos Santos e o regime que representava tornaram-se alvo de protestos políticos por parte dos jovens angolanos, desde fevereiro de 2011. Uma grande manifestação pública realizada em Luanda, no início de setembro de 2011, foi duramente reprimida pela polícia, com dezenas de pessoas detidas e vários manifestantes feridos. A contestação ocorre sob outras formas, inclusive pelo "kuduro", rap e através de redes sociais da Internet.

Em junho de 2016, José Eduardo dos Santos nomeou a filha Isabel dos Santos para as funções de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol. Um grupo de 12 juristas angolanos apresentou uma providência cautelar para suspender a eficácia da posse da empresária.
   

Sterling Morrison nasceu há 81 anos...

  
Holmes Sterling Morrison, Jr. (East Meadow, New York, 28 de agosto de 1942Poughkeepsie, New York, 30 de agosto de 1995) foi um dos fundadores e membro da banda de rock The Velvet Underground, tocava guitarra e, ocasionalmente, baixo.
Morrison formou-se em Inglês na Universidade de Siracusa, onde conheceu Lou Reed, um estudante bolsista de Inglês. Embora os dois estudassem juntos, separaram-se depois de Morrison terminar os seus estudos e Reed se formar em 1964, voltando a encontrar-se em Nova York, em 1965. Nessa época, Reed conheceu John Cale que estava interessado em começar uma banda, então, quando encontrou Morrison, convidou-o para participar, surgindo assim os The Velvet Underground.
Morrison tocou principalmente guitarra na banda, nos dois primeiros álbuns, embora quando Cale - baixista oficial da banda - tocava viola ou teclados, Morrison frequentemente tocava baixo. Outras músicas, no entanto, (incluindo "Heroin" e "Sister Ray") têm Reed e Morrison na guitarra, enquanto Cale tocou viola ou órgão. Embora Morrison tenha sido elogiado algumas vezes como baixista (em faixas como "Sunday Morning" e "Lady Godiva's Operation"), não gostava de tocar esse instrumento.
Após o fim da banda, Morrison continuou a colaborar com os demais membros tendo participado de álbuns de John Cale, Moe Tucker e Nico.
Em 1994, Morrison tocou em duas faixas ("Friendly Advice" e "Great Jones Street") do álbum Bewitched da banda de dream pop e indie rock Luna.
Morreu de um linfoma não-Hodgkin (LNH), que é uma neoplasia maligna que se origina nos gânglios linfáticos (que são muito importantes no combate a infeções), apenas dois dias depois de fazer 53 anos.
   

 


Free at last...

 
A Marcha de Washington colocou mais pressão na administração do então presidente John F. Kennedy para que as questões de direitos civis fossem levadas até o Congresso, mas com o assassinato do presidente Kennedy, mais tarde, naquele mesmo ano, foi o seu sucessor, Lyndon B. Johnson, conseguiu fazer com que o Civil Rights Act of 1964 (Ato de Direitos Civis de 1964) fosse aprovado pelo Congresso, seguido do 1965 Voting Rights Act (Ato de Direitos do Voto de 1965).
No acordar do seu discurso e da Marcha de Washington, King foi escolhido como Homem do Ano de 1963 pela revista Time. E mais tarde, em 1964, King tornou-se a pessoa mais nova a receber um prémio Nobel da Paz.

"I have a dream speech"

I am happy to join with you today in what will go down in history as the greatest demonstration for freedom in the history of our nation.

Five score years ago, a great American, in whose symbolic shadow we stand, signed the Emancipation Proclamation. This momentous decree came as a great beacon light of hope to millions of Negro slaves who had been seared in the flames of withering injustice. It came as a joyous daybreak to end the long night of captivity.

But 100 years later, we must face the tragic fact that the Negro is still not free. One hundred years later, the life of the Negro is still sadly crippled by the manacles of segregation and the chains of discrimination. One hundred years later, the Negro lives on a lonely island of poverty in the midst of a vast ocean of material prosperity. One hundred years later, the Negro is still languishing in the corners of American society and finds himself an exile in his own land.

And so we've come here today to dramatize an appalling condition. In a sense we've come to our nation's capital to cash a cheque. When the architects of our republic wrote the magnificent words of the Constitution and the Declaration of Independence, they were signing a promissory note to which every American was to fall heir. This note was a promise that all men would be guaranteed the inalienable rights of "Life, Liberty, and the pursuit of Happiness."

It is obvious today that America has defaulted on this promissory note insofar as her citizens of colour are concerned. Instead of honouring this sacred obligation, America has given the Negro people a bad cheque which has come back marked "insufficient funds." But we refuse to believe that the bank of justice is bankrupt. We refuse to believe that there are insufficient funds in the great vaults of opportunity of this nation. So we've come to cash this cheque - a cheque that will give us upon demand the riches of freedom and the security of justice.

We have also come to this hallowed spot to remind America of the fierce urgency of now. This is no time to engage in the luxury of cooling off or to take the tranquilizing drug of gradualism. Now is the time to rise from the dark and desolate valley of segregation to the sunlit path of racial justice. Now is the time to lift our nation from the quicksands of racial injustice to the solid rock of brotherhood. Now is the time to make justice a reality for all of God's children.

It would be fatal for the nation to overlook the urgency of the moment. This sweltering summer of the Negro's legitimate discontent will not pass until there is an invigorating autumn of freedom and equality. 1963 is not an end, but a beginning. Those who hope that the Negro needed to blow off steam and will now be content will have a rude awakening if the nation returns to business as usual.

There will be neither rest nor tranquillity in America until the Negro is granted his citizenship rights. The whirlwinds of revolt will continue to shake the foundations of our nation until the bright day of justice emerges.

But there is something that I must say to my people, who stand on the warm threshold which leads into the palace of justice: in the process of gaining our rightful place we must not be guilty of wrongful deeds. Let us not seek to satisfy our thirst for freedom by drinking from the cup of bitterness and hatred. We must forever conduct our struggle on the high plane of dignity and discipline. We must not allow our creative protest to degenerate into physical violence. Again and again we must rise to the majestic heights of meeting physical force with soul force.

The marvellous new militancy which has engulfed the Negro community must not lead us to distrust of all white people, for many of our white brothers, as evidenced by their presence here today, have come to realize that their destiny is tied up with our destiny. They have come to realise that their freedom is inextricably bound to our freedom. We cannot walk alone. And as we walk, we must make the pledge that we shall march ahead. We cannot turn back.

There are those who are asking the devotees of civil rights: "When will you be satisfied?" We can never be satisfied as long as the Negro is the victim of the unspeakable horrors of police brutality. We can never be satisfied as long as our bodies, heavy with the fatigue of travel, cannot gain lodging in the motels of the highways and the hotels of the cities. We cannot be satisfied as long as the Negro's basic mobility is from a smaller ghetto to a larger one. We can never be satisfied as long as our children are stripped of their selfhood and robbed of their dignity by signs stating "For Whites Only". We cannot be satisfied and we will not be satisfied as long as a Negro in Mississippi cannot vote and a Negro in New York believes he has nothing for which to vote. No, no, we are not satisfied, and we will not be satisfied until justice rolls down like waters and righteousness like a mighty stream.

I am not unmindful that some of you have come here out of great trials and tribulations. Some of you have come fresh from narrow jail cells. Some of you have come from areas where your quest for freedom left you battered by the storms of persecution and staggered by the winds of police brutality. You have been the veterans of creative suffering. Continue to work with the faith that unearned suffering is redemptive.

Go back to Mississippi, go back to Alabama, go back to Georgia, go back to Louisiana, go back to the slums and ghettos of our northern cities, knowing that somehow this situation can and will be changed.

Let us not wallow in the valley of despair. I say to you today, my friends, that in spite of the difficulties and frustrations of the moment, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American dream.

I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed - we hold these truths to be self-evident: that all men are created equal.

I have a dream that one day on the red hills of Georgia the sons of former slaves and the sons of former slave-owners will be able to sit down together at a table of brotherhood.

I have a dream that one day even the state of Mississippi, a desert state, sweltering with the heat of injustice and oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.

I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the colour of their skin but by the content of their character.

I have a dream today!

I have a dream that one day, down in Alabama, with its vicious racists, with its governor having his lips dripping with the words of interposition and nullification; one day right there in Alabama little black boys and little black girls will be able to join hands with little white boys and white girls as sisters and brothers.

I have a dream today!

I have a dream that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed, and all flesh shall see it together.

This is our hope. This is the faith that I will go back to the South with. With this faith we will be able to hew out of the mountain of despair a stone of hope.

With this faith we will be able to transform the jangling discords of our nation into a beautiful symphony of brotherhood. With this faith we will be able to work together, to pray together, to struggle together, to go to jail together, to stand up for freedom together, knowing that we will be free one day.

This will be the day, this will be the day when all of God's children will be able to sing with a new meaning: "My country, 'tis of thee, sweet land of liberty, of thee I sing. Land where my fathers died, land of the pilgrim's pride, from every mountainside, let freedom ring." And if America is to be a great nation, this must become true.

And so let freedom ring from the prodigious hilltops of New Hampshire.
Let freedom ring from the mighty mountains of New York.
Let freedom ring from the heightening Alleghenies of Pennsylvania!
Let freedom ring from the snow-capped Rockies of Colorado.
Let freedom ring from the curvaceous peaks of California.
But not only that.
Let freedom ring from Stone Mountain of Georgia.
Let freedom ring from Lookout Mountain of Tennessee.
Let freedom ring from every hill and every molehill of Mississippi, from every mountainside, let freedom ring!

And when this happens, when we allow freedom to ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual: "Free at last! Free at last! thank God Almighty, we are free at last!"

D. Afonso V morreu há 542 anos

Retrato de D. Afonso V, com cerca de 25 anos, por Georg von Ehingen (1428-1508), um cavaleiro da Suábia que esteve no exército do Rei, em Ceuta, em 1458-59
   
D. Afonso V de Portugal, (Sintra, 15 de janeiro de 1432 - Sintra, 28 de agosto de 1481), foi o décimo-segundo Rei de Portugal, cognominado o Africano pelas conquistas no Norte de África. Filho do rei D. Duarte, sucedeu-lhe, em 1438, com apenas seis anos. Por ordem paterna a regência foi atribuída a sua mãe, D. Leonor de Aragão mas passaria para o seu tio D. Pedro, Duque de Coimbra, que procurou concentrar o poder no rei em detrimento da aristocracia e concluiu uma revisão na legislação conhecida como Ordenações Afonsinas. Em 1448 D. Afonso V assumiu o governo, anulando os editais aprovados durante a regência. Com o apoio do tio homónimo D. Afonso I, Duque de Bragança declarou D. Pedro inimigo do reino, derrotando-o na batalha de Alfarrobeira. Concentrou-se então na expansão no norte de África, onde conquistou Alcácer Ceguer, Anafé, Arzila, Tânger e Larache. Concedeu o monopólio do comércio na Guiné a Fernão Gomes, com a condição de este explorar a costa, o que o levaria em 1471 à Mina, onde descobriu um florescente comércio de ouro cujos lucros auxiliaram o rei na conquista. Em 1475, na sequência de uma crise dinástica, D. Afonso V casou com a sobrinha D. Joana de Trastâmara assumindo pretensões ao trono de Castela, que invadiu. Após não obter uma clara vitória na batalha de Toro, com sintomas de depressão, D. Afonso abdicou da coroa para o filho, D. João II de Portugal, falecendo em 1481.
  
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No desenvolvimento da Guerra da Beltraneja assinou com os Reis Católicos o Tratado das Alcáçovas-Toledo, inicialmente na vila portuguesa de Alcáçovas, no Alentejo, a 4 de setembro de 1479, colocando fim à Guerra de Sucessão de Castela (1479-1480) e posteriormente ratificado na cidade castelhana de Toledo, a 6 de março de 1480. Além de formalizar o fim das hostilidades (pelo qual Joana e seu tio e marido Afonso V de Portugal, desistiam para sempre das suas pretensões ao trono de Castela), o Tratado continha cláusulas concernentes à política de projeção externa de ambos os países, num momento em que os dois reinos competiam pelo domínio do Oceano Atlântico e das terras até então descobertas na costa africana: Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o arquipélago dos Açores, o de Cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam as próprias ilhas. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África.
Desiludido e com sintomas de depressão, D. Afonso retira-se para o convento de Varatojo em Torres-Vedras e abdica para o filho D. João, futuro D. João II de Portugal. Tendo-se retirado da vida política, morre em 1481 aquando da sua chegada a Sintra. A descrição da sua morte é a de que pediu, e lhe deram, um copo de água, e que morreu de seguida.
   

Sá de Miranda nasceu há 542 anos

   
Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 28 de agosto de 1481 - Amares, 15 de março de 1558) foi um poeta português, introdutor do soneto e do Dolce Stil Nuovo na nossa língua.
Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra: possivelmente em 28 de agosto de 1481 (data em que D. João II subiu ao trono, dizem os biógrafos). Outros autores apontam para a data de "27 de outubro de 1495". Meio-irmão de Mem de Sá, era filho de Gonçalo Mendes de Sá, cónego da Sé de Coimbra e de Inês de Melo, solteira, nobre, e neto paterno de João Gonçalves de Crescente, cavaleiro fidalgo da Casa Real, e de sua mulher Filipa de Sá que viveram em São Salvador do Campo em Barcelos e em Coimbra, no episcopado de D. João Galvão. Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito, passando de aluno aplicado a professor considerado e frequentando a Corte até 1521, datando-se de então a sua amizade com Bernardim Ribeiro, para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV. O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, impresso em 1516, publica treze poesias do Doutor Francisco de Sá. Os seus versos, à maneira dos trovadores da época, já revelam o carácter do homem e a vivacidade e cultura do seu espírito. Sá de Miranda começou imitando os poetas do Cancioneiro General de Hernan Castillo, impresso em 1511, glosando, em castelhano, os motes ou cantigas de Jorge Manrique e de Garcia Sanchez. Nunca abandonou as formas tradicionais da redondilha, antes e depois de conhecer e aceitar a escola italiana, e de introduzir em Portugal o verso decassílabo.
  
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Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e posteriores, como António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero Andrade de Caminha, Luís de Camões, D. Francisco Manuel de Melo ou ainda, mais recentemente, Jorge de Sena, Gastão Cruz e Ruy Belo, entre outros, manifestando alguns textos destes autores nítida intertextualidade com textos mirandinos, sobretudo com o tão conhecido soneto «O Sol é grande, caem co'a calma as aves».
  
  
O Sol é Grande

O sol é grande, caem co’a calma as aves,
do tempo em tal sazão, que sói ser fria;
esta água que d’alto cai acordar-m’-ia
do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
qual é tal coração qu’em vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d’amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-m’eu fiz doutras cores:
e tudo o mais renova, isto é sem cura! 
 
    
   
Sá de Miranda

Jean-Auguste Dominique Ingres nasceu há 243 anos

Auto-retrato com 24 anos, 1804
  
Jean-Auguste Dominique Ingres (Montauban, 29 de agosto de 1780Paris, 14 de janeiro de 1867), mais conhecido simplesmente por Ingres, foi um celebrado pintor francês, atuando na passagem do Neoclassicismo para o Romantismo. Foi um discípulo de David e na sua carreira encontrou grandes sucessos e grandes fracassos, mas é considerado hoje um dos mais importantes nomes da pintura do século XIX.
Filho de um escultor ornamentista, estudou inicialmente em Toulouse. Depois, formado na oficina de David, permaneceu fiel aos postulados neoclássicos do seu mestre ao longo de toda a vida. Passou muitos anos em Roma, onde assimilou aspetos formais de Rafael e do maneirismo. Ingres sobreviveu largamente à época de predomínio do seu estilo, dado que morreu em 1867. A partir de 1830 opôs-se com veemência, da sua posição de académico, ao triunfo do romantismo pictórico representado por Delacroix.
Ingres preferia os retratos e os nus às cenas mitológicas e históricas. Entre os seus melhores retratos contam-se Bonaparte Primeiro Cônsul, A Bela Célia, O Pintor Granet e A Condessa de Hassonville. Nos nus que pintou (A Grande Odalisca, Banho Turco e, sobretudo, A Banhista) é patente o domínio e a graça com que se serve do traço. A sua obra mais conhecida é Apoteose de Homero, de desenho nítido e equilibrada composição.
A sua obra representa a última grande floração da veneranda tradição de pintura histórica. Também deixou obra notável no retrato e no nu feminino. A sua pintura tinha um acabamento técnico impecável e a qualidade de sua linha foi sempre altamente elogiada. Respeitava profundamente os mestres do passado, assumindo depois da morte de David o papel de paladino da ortodoxia clássica contra a ascensão do Romantismo. Esclareceu sua posição afirmando que seguia "os grandes mestres que floresceram naquele século de gloriosa memória quando Rafael estabeleceu os eternos e incontestáveis padrões do sublime em arte… Sou, assim, um conservador de boa doutrina, e não um inovador".
Não obstante a crítica moderna tender a considerá-lo como uma encarnação do mesmo espírito romântico que ele procurava evitar - opinião que foi expressa também por vários de seus contemporâneos -, enquanto que suas distorções expressivas de forma e de espaço o tornam um precursor da arte moderna, exercendo influência sobre artistas como Degas, Picasso, Matisse e Willem de Kooning, entre outros.

   

 

A apoteose de Homero, 1827 
   
Napoleão entronizado, 1806

Latino Coelho morreu há 132 anos


José Maria Latino Coelho (Lisboa, 29 de novembro de 1825 - Sintra, 29 de agosto de 1891), mais conhecido por Latino Coelho, militar, escritor, jornalista e político português, formado em Engenharia Militar. Seguiu a carreira das armas, tendo atingido o posto de general de brigada do estado-maior de engenharia. Seguindo um percurso político que o levaria do Partido Regenerador, pelo qual foi eleito deputado, ao Partido Republicano Português, com passagem por um governo do Partido Reformista, de que foi fundador e ministro, a sua carreira política percorreu todo o arco partidário da Monarquia Constitucional. Foi várias vezes eleito deputado, foi par do Reino eleito e exerceu as funções de ministro da Marinha e de vogal do Conselho Geral de Instrução Pública. Foi lente na Escola Politécnica de Lisboa e sócio efetivo e secretário perpétuo da Academia Real das Ciências de Lisboa. Como escritor, notabilizou-se com obras notáveis de foro histórico e ensaístico. 

   

Shania Twain - 58 anos

          
Shania Twain nome artístico de Eilleen Regina Edwards (Windsor, 28 de agosto de 1965) é uma cantora, produtora, escritora e compositora canadiana de música country e pop.
Começou a sua carreira musical no início da década de 90 com o seu primeiro álbum, intitulado Shania Twain (1993), obteve fama com o álbum de 1995 "The Woman in Me" e obteve um reconhecimento mundial com o álbum de 1997 Come on Over, que se tornou o álbum mais vendido por uma artista feminina de todos os tempos, e o álbum country mais vendido da história da música. O seu quarto álbum de estúdio intitulado Up! foi lançado em 2002 e até a data vendeu 22 milhões de cópias. Atualmente está com seu quinto álbum de estúdio já em pré-produção porém sem data exata de lançamento.
Indicada para 18 prémios Grammy sendo vencedora de cinco, Shania Twain obteve grande sucesso ao misturar Country com Pop. Shania alcançou muito sucesso como compositora e como cantora, tendo ganho 27 prémios BMI Songwriter. Ela é a única mulher que possui três Discos de Diamante consecutivos certificado pela RIAA, e três álbuns certificados de Diamante Duplo pela Music Canada. Shania já vendeu mais de 85 milhões de discos no mundo todo, sendo 48 milhões só nos Estados Unidos, tornando-se assim a 6ª artista feminina que mais vendeu discos naquele pais, é também a segunda maior artista feminina do Canadá (atrás somente da companheira canadiana Celine Dion). Shania está entre os artistas que mais venderam discos em todos os tempos.
  
   in Wikipédia

 


LeAnn Rimes faz hoje quarenta e um anos

   
Margaret LeAnn Rimes (Jackson, 28 de agosto de 1982) mais conhecida como LeAnn Rimes, é uma cantora de música country e pop americana, descoberta em 1996, aos 13 anos. O seu primeiro álbum, “Blue”, chegou a # 1 no Top de Álbuns de Country e foi certificado “multi-platina” em vendas. Aos 20 anos, já tinha vendido mais de 34 milhões de cópias.

 


Florence Welch, vocalista dos Florence and the Machine, celebra hoje 37 anos

 
Florence Leontine Mary Welch (Londres, 28 de agosto de 1986) é uma música inglesa, cantora, compositora e produtora musical, vocalista e compositora da banda de indie rock Florence and the Machine. O álbum de estreia de Florence and the Machine, Lungs, foi lançado em 2009. Em 17 de janeiro de 2010, o álbum alcançou o topo de das paradas no Reino Unido após estar na lista por 28 semanas consecutivas. Lungs recebeu o Brit Award por Melhor Álbum Britânico em 2010. O segundo álgum de estúdio do grupo, Ceremonials, lançado em outubro de 2011, estreou em primeiro lugar no Reino Unido e em sexto nos Estados Unidos. O terceiro álbum da banda, How Big, How Blue, How Beautiful foi lançado em 2015 com críticas positivas e ficou bem listada no Reino Unido e Estados Unidos. O quarto álbum da banda, High As Hope, foi lançado em 2018.
Em 2018, Welch publicou um livro chamado Useless Magic, uma coleção de músicas e poemas de autoria própria, com ilustrações.     
          
   
in Wikipédia

 


John Huston morreu há 36 anos...

  
John Marcellus Huston (Nevada, Missouri, 5 de agosto de 1906 - Middletown, Rhode Island, 28 de agosto de 1987) foi um ator e diretor de cinema norte-americano, filho de Rhea Gore e do ator Walter Huston.
Era um homem de muitos interesses além do cinema, como pintura, escultura, boxe, jogo e caça à raposa, entre outros. Era o pai da também atriz Anjelica Huston e de Tony, filhos do seu casamento com Ricki Soma, e do ator Danny Huston, fruto do seu relacionamento com Zoe Sallis. John ainda era pai de Pablo (com a atriz Evelyn Keyes).

O seu pai era ator e sua mãe uma jornalista itinerante e divorciaram-se quando ele tinha seis anos. De saúde débil, aos doze anos foi enviado para um sanatório devido ao coração dilatado e problemas renais.
Depois dos estudos primários dedicou-se ao boxe e a uma série de exercícios físicos para melhorar a sua saúde. Estudou pintura e trabalhou algum tempo como jornalista e redator. Em 1933, embriagado, atropela e mata a atriz brasileira Diva Tosca, companheira do também brasileiro ator e diretor de cinema Raul Roulien.
Em 1935 foi para a empresa Warner Brothers onde trabalhou como roteirista colaborador em vários filmes. Estreou como diretor em 1941, com The Maltese Falcon (O Falcão de Malta), cujo roteiro escreveu baseando-se na novela de Dashiell Hammett. Com esse filme tornou-se um dos mestres do chamado filme noir, tendo dirigido ainda outro clássico do género: Quando a Cidade Dorme (com uma jovem Marilyn Monroe no elenco).
Mas, sem dúvida, os seus filmes de aventura como O tesouro de Sierra Madre (parábola sobre a ganância humana) e O homem que queria ser rei (sobre o orgulho), além dos clássicos Moby Dick e Uma aventura na África (cujas filmagens também foram uma aventura, conforme mostra o filme Coração de caçador, de Clint Eastwood) formaram um conjunto de obras das mais significativas da história do cinema.
Nos últimos anos, Huston filmou duas incursões de Pelé no cinema, sendo a mais conhecida o filme Fuga para a vitória.
Como ator, John Huston ficou conhecido por ter interpretado Noé, numa das partes que compuseram o filme A Bíblia. Contava não ter sido fácil fazer com que os animais entrassem aos pares na Arca, fiel à conceção dos artistas clássicos.
 

Goethe nasceu há 274 anos

 

  

Johann Wolfgang von Goethe (Frankfurt am Main, 28 de agosto de 1749 - Weimar, 22 de março de 1832) foi um escritor alemão e pensador que também fez incursões pelo campo da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX. Juntamente com Friedrich Schiller foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão Sturm und Drang. De sua vasta produção fazem parte: romances, peças de teatro, poemas, escritos autobiográficos, reflexões teóricas nas áreas de arte, literatura e ciências naturais. Além disso, sua correspondência epistolar com pensadores e personalidades da época é grande fonte de pesquisa e análise de seu pensamento. Através do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe tornou-se famoso em toda a Europa no ano de 1774. Mais tarde, com o amadurecimento de sua produção literária, e influenciado pelo também escritor alemão Friedrich Schiller, Goethe se tornou o mais importante autor do classicismo de Weimar. Goethe é até hoje considerado o mais importante escritor alemão, cuja obra influenciou a literatura de todo o mundo.

 

 

Feliz Só Será

 

Feliz só será
A alma que amar.

'Star alegre
E triste,
Perder-se a pensar,
Desejar
E recear
Suspensa em penar,
Saltar de prazer,
De aflição morrer —
Feliz só será
A alma que amar.


 

Johann Wolfgang von Goethe 

(tradução - Paulo Quintela)

Edward Burne-Jones, pintor da Irmandade Pré-Rafaelita, nasceu há 190 anos

  

Sir Edward Coley Burne-Jones (Birmingham, 28 de agosto de 1833Londres, 17 de junho de 1898) foi um artista britânico e designer associado com a fase da Irmandade Pré-Rafaelita, que trabalhou com William Morris em artes decorativas como um parceiro de fundação, da Morris, Marshall, Faulkner & Co.

Burne-Jones esteve envolvido no rejuvenescimento da tradição da arte com vitrais na Grã-Bretanha; as suas obras incluem janelas na St. Philip's Cathedral, Birmingham, St Martin em the Bull Ring, Birmingham, Holy Trinity Church, Sloane Square, Chelsea, St Peter and St Paul Parish Church em Cromer, St Martin's Church em Brampton, Cumbria igreja projetado por Philip Webb), St Michael's Church, Brighton, Trinity Church em Frome, All Saints, Jesus Lane, Cambridge, St Edmund Hall e Christ Church, duas faculdades da Universidade de Oxford. Os seus vitrais também aparecem na Igreja de St Anne, Brown Edge, Staffordshire Moorlands e na igreja de St Edward the Confessor em Cheddleton Staffordshire. As primeiras pinturas de Burne-Jones mostram a inspiração de Dante Gabriel Rossetti, mas, na década de 1860, Burne-Jones estava descobrindo a sua própria "voz" artística.

Em 1877, ele foi persuadido a mostrar oito pinturas a óleo na Grosvenor Gallery (um novo rival da Royal Academy). Isso incluía A sedução de Merlin. O momento era certo e ele foi considerado arauto e estrela do novo movimento estético. Burne-Jones trabalhou com artesanato; incluindo o design de ladrilhos de cerâmica, joias, tapeçarias e mosaicos.
 
Pan e Psyche, 1874
 
Saint Cecilia, circa 1900, Princeton University Art Museum
 

Santo Agostinho de Hipona morreu há 1593 anos

Santo Agostinho, num afresco de Sandro Botticelli

Aurélio Agostinho (em latim: Aurelius Augustinus), dito de Hipona, conhecido como Santo Agostinho (Tagaste, 13 de novembro de 354 - Hipona, 28 de agosto de 430), foi um bispo, escritor, teólogo, filósofo e é um padre latino e Doutor da Igreja Católica.
Agostinho é uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Em seus primeiros anos, Agostinho foi fortemente influenciado pelo maniqueísmo e pelo neoplatonismo de Plotino, mas, depois de tornar-se cristão (387), ele desenvolveu a sua própria abordagem sobre filosofia e teologia e uma variedade de métodos e perspetivas diferentes. Ele aprofundou o conceito de pecado original dos padres anteriores e, quando o Império Romano do Ocidente começou a se desintegrar, desenvolveu o conceito de Igreja como a cidade espiritual de Deus (num livro homónimo), distinta da cidade material do homem. O seu pensamento influenciou profundamente a visão do homem medieval. A Igreja identificou-se com o conceito de "Cidade de Deus" de santo Agostinho, e também a comunidade que era devota de Deus.
Na Igreja Católica e na Igreja Anglicana é considerado um santo, e um importante Doutor da Igreja, e o patrono da ordem religiosa agostiniana. Muitos protestantes, especialmente os calvinistas mas também os luteranos (basta recordar que Martinho Lutero era inicialmente um sacerdote católico agostiniano), consideram-no como um dos pais teólogos da Reforma Protestante, ensinando a salvação e a graça divina.
Na Igreja Ortodoxa Oriental ele é louvado, e seu dia festivo é celebrado em 15 de junho, apesar de uma minoria ser da opinião que ele é um herege, principalmente por causa de suas mensagens sobre o que se tornou conhecido como a cláusula filioque. Entre os ortodoxos é chamado de "Agostinho Abençoado", ou "Santo Agostinho o Abençoado".
    


 

Martin Luther King teve um sonho - há sessenta anos...


 

"Eu Tenho um Sonho"  (em inglês: I Have a Dream) é o nome popular dado ao histórico discurso público feito pelo ativista político americano, o pastor Martin Luther King, no qual falava da necessidade de união e coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro. O discurso, realizado no dia 28 de agosto de 1963 nos degraus do Lincoln Memorial em Washington, D.C. como parte da Marcha de Washington por Empregos e Liberdade, foi um momento decisivo na história do Movimento Americano pelos Direitos Civis. Feito em frente a uma plateia de mais de duzentas mil pessoas que apoiavam a causa, o discurso é considerado um dos maiores na história e foi eleito o melhor discurso norte-americano do século XX numa pesquisa feita no ano de 1999. De acordo com o congressista John Lewis, que também fez um discurso naquele mesmo dia como o presidente do Comité Estudantil da Não-Violência, "o Dr. King tinha o poder, a habilidade e a capacidade de transformar aqueles degraus no Lincoln Memorial em um púlpito moderno. Falando daquela maneira, conseguiu educar, inspirar e informar [não apenas] as pessoas que ali estavam, mas também pessoas em todo os EUA e outras gerações que nem sequer haviam nascido".
  
 
Degraus do Lincoln Memorial e zona envolvente do Monumento a Washington no momento em que MLK fazia o discurso
   

domingo, agosto 27, 2023

O cineasta e poeta António Reis nasceu há 96 anos

(imagem daqui)

  

António Ferreira Gonçalves dos Reis (Valadares, Vila Nova de Gaia, 27 de agosto de 1927 - Lisboa, 10 de setembro de 1991) foi um cineasta e poeta português que se distingue pelo sentido poético da sua obra. É um dos representantes no filme documentário do movimento do Novo Cinema, que explora as técnicas do cinema direto. Com contemporâneos seus, usando esses meios, empenha-se na prática da etnografia de salvaguarda.

Trás-os-Montes (1976) é, com as longas-metragens Gente da Praia da Vieira, de António Campos, e Mau Tempo, Marés e Mudança, de Ricardo Costa (cineasta), uma das primeiras docuficções do cinema português. Obras do mesmo ano, tendo como precursoras o O Ato da Primavera (1962), realizado por Manoel de Oliveira e co-realizado por Reis, e Ala-Arriba! (filme) (1948), de Leitão de Barros, caracterizam-se ainda como sendo etnoficções, explorando de modo original os métodos do filme etnográfico

 

Biografia

Tendo sido membro ativo do Cineclube do Porto, iniciou-se na atividade cinematográfica como assistente, nomeadamente no filme Ato da Primavera, de Manoel de Oliveira (1962). Um ano depois, em 1963, realizou o seu primeiro documentário, encomendado pela Câmara Municipal do Porto, Painéis do Porto. Manteve-se no documentário com Alto do Rabagão (1966), ano em que assinou o argumento de Mudar de Vida, filme de Paulo Rocha.

A curta-metragem Jaime (1974) viria a chamar a atenção para a sua atividade de realizador, ao ser premiada no Festival de Cinema de Locarno desse ano como o melhor filme de curtas-metragens (ver filmografia). Após a Revolução dos Cravos, em Abril de 1974, António Reis e a sua mulher, a psiquiatra Margarida Cordeiro, co-realizadora de uma parte importante dos seus filmes, enveredaram por um cinema não convencional, de vertente lírica, baseado em elementos da cultura popular de locais isolados do interior do país, como Trás-os-Montes. Trás-os-Montes (1976), que participou em catorze festivais internacionais, incluindo o de Roterdão e o de Veneza, foi a primeira dessas obras, a que se seguiu Ana (Veneza, 1982). António Reis e Margarida Cordeiro retratam nestes filmes locais em que o 25 de Abril de 1974 não impediu o êxodo rural. Rosa de Areia (1989), estreado no Festival de Berlim, de carácter mais ficcional, foi o seu último trabalho.

Tal como António Campos, Manoel de Oliveira, João César Monteiro, Ricardo Costa ou Pedro Costa, é um dos cineastas portugueses que se inspiraram no conceito de antropologia visual para criar obras de forte expressão poética.

António Reis deu-se também a conhecer como poeta, pintor e escultor.

A 9 de junho de 2004, foi agraciado, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
 
 Filmografia
 
 Poesia
  • Poemas Quotidianos (1957)
  • Novos Poemas Quotidianos (1959)
  • Poemas Quotidianos - Col. Poetas de Hoje (1967; reeditado em 2017 pela Tinta-da-China)

 

in Wikipédia



Só o barbeiro




Só o barbeiro
julga que adormeço

saboreio
o tempo

Sigo as bicadas
a desenharem-me no pescoço
a sombra das orelhas

rio com as cócegas

vejo
como na infância
a mão pousando a tesoura em forma de A

oiço falar de jogos

E adormeço 

 


António Reis