Francisco de Sá de Miranda nasceu em
Coimbra: possivelmente em 28 de agosto de 1481 (data em que
D. João II subiu ao trono, dizem os biógrafos). Outros autores apontam para a data de "27 de outubro de 1495". Meio-irmão de
Mem de Sá, era filho de
Gonçalo Mendes de Sá,
cónego da
Sé de Coimbra e de Inês de Melo, solteira,
nobre, e neto paterno de
João Gonçalves de Crescente,
cavaleiro fidalgo da
Casa Real, e de sua mulher Filipa de Sá que viveram em
São Salvador do Campo em (
Barcelos) e em Coimbra, no episcopado de D. João Galvão. Estudou
Gramática,
Retórica e
Humanidades na
Escola de Santa Cruz. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em
Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em
Direito, passando de aluno aplicado a professor considerado e frequentando a Corte até 1521, datando-se de então a sua amizade com
Bernardim Ribeiro, para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV. O
Cancioneiro Geral de Garcia de Resende,
impresso em 1516, publica treze poesias do Doutor Francisco de Sá. Os
seus versos, à maneira dos trovadores da época, já revelam o carácter
do homem e a vivacidade e cultura do seu espírito. Sá de Miranda
começou imitando os poetas do Cancioneiro General de
Hernan Castillo, impresso em 1511, glosando, em castelhano, os motes ou cantigas de
Jorge Manrique e de
Garcia Sanchez. Nunca abandonou as formas tradicionais da
redondilha, antes e depois de conhecer e aceitar a escola italiana, e de introduzir em Portugal o
verso decassílabo.
Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e posteriores, como
António Ferreira,
Diogo Bernardes,
Pero Andrade de Caminha,
Luís de Camões, D.
Francisco Manuel de Melo ou ainda, mais recentemente,
Jorge de Sena,
Gastão Cruz e
Ruy Belo,
entre outros, manifestando alguns textos destes autores nítida
intertextualidade com textos mirandinos, sobretudo com o tão conhecido
soneto «O Sol é grande, caem co'a calma as aves».