Sob a liderança de Estaline, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da
Alemanha nazi na
Segunda Guerra Mundial (
1939 -
1945) e passou a atingir o
estatuto de
superpotência,
após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo
soviético, durante esse período, o país também expandiu seu território
para um tamanho semelhante ao do antigo
Império Russo.
(...)
Vítimas
Em 1991, com o
colapso da União Soviética, parte dos arquivos soviéticos finalmente foi disponibilizada. Os relatórios do governo continham os seguintes registos:
Entre 1921–53 o número de condenações políticas foi de 4.060.306, divididas da seguinte maneira:
Já quanto as condenações não-políticas, entre 1937–52, 34.228 pessoas foram executadas.
Entretanto, esses números devem ser maiores, pois os arquivos
soviéticos são omissos em vários aspectos: por exemplo, eles não
abrangem as várias
Transferências populacionais na União Soviética. Esta é uma omissão relevante, pois, de acordo com Eric D. Weitz, a taxa mortalidade das mais de 600.000 pessoas deportadas do
Cáucaso entre 1943 e 1944 chegava a 25%, o que acrescentaria mais 150.000 vítimas mortas.
Outros dados que não constam dos arquivos da
NKVD incluem o controverso e famoso
Massacre de Katyn, bem como diversos outros de menor repercussão em áreas ocupadas. Também não constam as execuções de
desertores pela NKVD durante a guerra, que se estima em 158.000 execuções.
Outros dados que não constam dos arquivos da
NKVD incluem o controverso e famoso
Massacre de Katyn, bem como diversos outros de menor repercussão em áreas ocupadas. Também não constam as execuções de
desertores pela NKVD durante a guerra, que se estima em 158.000 execuções.
Além disso, as estatísticas oficiais de mortalidade nos
Gulags
excluem as mortes ocorridas logo após a libertação dos prisioneiros,
mas cuja morte estava ligada ao tratamento recebido naqueles campos de
trabalho forçado.
A ideia de que os arquivos guardados pelas autoridades soviéticas são
incompletos e não refletem a totalidades das vítimas é apoiada por
diversos historiadores, a exemplo de
Robert Gellately e
Simon Sebag Montefiore.
Segundo eles, além dos registos não serem abrangentes, é altamente
provável, por exemplo, que suspeitos presos e torturados até a morte
durante investigações não sejam contabilizados como execução (não são
contados como vítimas de pena de morte).
Após a extinção do regime comunista na União Soviética,
historiadores passaram a estimar que, excluindo os que morreram por fome, entre 4-10 milhões de pessoas morreram sob o regime de Estaline. O escritor russo Vadim Erlikman, por exemplo, faz as seguintes estimativas:
Quantidade de pessoas |
Razão da morte |
1,5 milhão |
Execução |
5 milhões |
Gulags |
1,7 milhão |
Deportados¹ |
1 milhão |
Países ocupados² |
¹ Erlikman estima um total de 7,5 milhões de deportados.
² Diz respeito aos mortos civis durante a ocupação russa.
Este total estimado de 9 milhões, para alguns pesquisadores, deve ainda ser somado a 6-8 milhões dos mortos na
fome soviética de 1932-1933, episódios também conhecidos como
Holodomor.
Existe controvérsia entre historiadores a respeito desta fome ter sido
ou não provocada deliberadamente por Estaline para suprimir opositores de
seu regime. Muitos argumentam que a
fome ocorreu por questões circunstanciais não desejadas por Estaline ou que foi uma consequência acidental de uma tentativa de
forçar a coletivização naquelas áreas afetadas pela fome.
Todavia, também existem argumentos no sentido contrário, de que a fome
foi sim provocada por Estaline. Para a última corrente, uma prova de que a
fome foi provocada seria o fato de que a exportação de grãos da
União Soviética para a
Alemanha Nazi aumentou consideravelmente no ano de 1933, o que provaria que havia alimento disponível. Esta versão da história é retratada pelo
documentário The Soviet Story.
Sendo assim, se o número de vítimas da fome for incluído, chega-se a
um número mínimo de 10 milhões de mortes (mínimo de 4 milhões de mortos
por fome e mínimo de 6 milhões de mortos pelas demais causas expostas).
No entanto, Steven Rosefielde tem como mais provável o número de 20
milhões de mortos
, Simon Sebag Montefiores sugere número um pouco acima de 20 milhões, no que é acompanhado por
Dmitri Volkogonov (
autor de
Stalin: Triunfo e Tragédia),
Alexander Nikolaevich Yakovlev,
Stéphane Courtois e Norman Naimark. O pesquisador
Robert Conquest recentemente reviu sua estimativa original de 30 milhões de vítimas para cerca de 20 milhões, afirmando ainda ser muitíssimo pouco provável qualquer número abaixo de 15 milhões de vidas ceifadas pelo regime de Estaline.
(...)
Morte
Em
5 de março de
1953, Estaline
morreu de
hemorragia cerebral (derrame) em circunstâncias ainda hoje pouco esclarecidas.
Avtorkhanov desenvolveu uma detalhada teoria, publicada inicialmente em
1976, apontando
Beria
como o principal suspeito de tê-lo envenenado. Todavia, outros
historiadores ainda consideram que Estaline morreu de causas naturais.
Nikita Khrushchov escreveu em suas memórias que, imediatamente após a morte de Estaline,
Lavrenty Beria
teria começado a "vomitar seu ódio (contra Estaline) e a zombá-lo", e que
quando Estaline demonstrou sinais de consciência, Beria teria se colocado
de joelhos e beijado as mãos de Estaline. No entanto, assim que Estaline
ficou novamente inconsciente, Beria imediatamente teria se levantado e
cuspido com nojo.
Em 2003, um grupo de historiadores russos e americanos anunciaram sua conclusão de que Estaline ingeriu
varfarina, um poderoso veneno de rato que inibe a coagulação sanguínea e predispõe a vítima à
hemorragia cerebral
(derrame). Como a varfarina é insípida ela provavelmente teria sido o
veneno utilizado. No entanto, os fatos exatos envolvendo a morte de Estaline provavelmente nunca serão conhecidos.
O período imediatamente anterior ao seu falecimento, nos meses de fevereiro-março de
1953,
foi marcado por uma atividade febril de Estaline nos preparativos de uma
nova onda de perseguições e campanhas repressivas, exceção até para os
padrões da era estalinista. Tratava-se do conhecido
complot dos médicos: em 3 de janeiro de 1953, foi anunciado que nove
catedráticos de
medicina, quase todos
judeus e que tratavam dos membros da liderança soviética, tinham sido "desmascarados" como agentes da
espionagem americana e
britânica, membros de uma organização judaica internacional, e assassinos de importantes líderes soviéticos.
Tratava-se da preparação de um novo julgamento-espetáculo, desta vez com claros traços de
anti-semitismo, que certamente levaria a um
pogrom nacional, e que implicaria, segundo
Isaac Deutscher,
na auto-destruição das próprias raízes ideológicas do regime, razão
pela qual a morte de Estaline pareceu a muitos ter sido provocada pelos
seus seguidores imediatos, claramente alarmados diante da iminente
fascistização
promovida por Estaline. O fato de que Beria estivesse alheio à preparação
deste novo expurgo fez com que ele fosse apresentado como possível
autor intelectual do suposto assassinato de Estaline; o facto é, no
entanto, que Estaline era idoso e que sua saúde, desde o final da
Segunda Guerra Mundial,
era precária; aqueles que tiveram contacto pessoal com ele nos seus
últimos anos lembram-se do contraste entre sua imagem pública de ente
semi-divino e sua aparência real, devastada pela idade.
Simon Sebag Montefiore considera que, apesar de Estaline haver recebido assistência atrasada para o
derrame que o vitimaria, a tecnologia médica da época nada poderia fazer por ele em termos terapêuticos.