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domingo, março 05, 2023

Afonso Duarte morreu há 65 anos...

(imagem daqui)
   
Joaquim Afonso Fernandes Duarte (Ereira, 1 de janeiro de 1884 - Coimbra, 5 de março de 1958) foi um poeta português.
   
Biografia
Nasceu em Ereira, Montemor-o-Velho e formou-se em Ciências Físico-Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Professor da Escola Normal, interessava-se por etnografia e arte popular, refletidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária. A sua sensibilidade poética deu-lhe um convívio com literatos de vários grupos e escolas. Colaborou na "Águia" e dirigiu a "Rajada" (1912-1914).
Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Atlântida (1915-1920) e Contemporânea (1915-1926).
   
Obra
Trata-se dum poeta em permanente atualidade, dado que vai acompanhando todos os movimentos poéticos da primeira metade do século XX. Nasce numa atmosfera de saudosismo, dominado por Teixeira Pascoais. Entretanto, surgem outras escolas a que adere sem compromisso, mas com ironia e pendor populista. Logo as crianças, o desenho infantil, as pedras, as águas. Aparece, então, como saudosista, no conteúdo, e um modernista, na forma. 
   
  
  
Humana Condição

Um sonhar-me distante, um longe incrível
É agora o meu estado: Eu sonho o Espaço
Que se fixa no mundo ao invisível
Como se o mundo andasse por meu braço,

Existo além: Sou o animal temível
De Jesus com o mundo-Deus na mão.
Sou para além do mundo concebível
Onde morre e começa a criação.

Eu, homem, sondo e meço o Infinito;
Sou corpo e espírito, esse corpo oculto,
E é só na mão de Deus que ressuscito.

E chamam a isto humana condição ...
Um nada, e tudo: — Vivo e me sepulto
Dentro e fora do próprio coração.
  


in Ossadas (1947) - Afonso Duarte

sábado, março 05, 2022

O poeta Afonso Duarte morreu há 64 anos

(imagem daqui)
   
Joaquim Afonso Fernandes Duarte (Ereira, 1 de janeiro de 1884 - Coimbra, 5 de março de 1958) foi um poeta português.
   
Biografia
Nasceu em Ereira, Montemor-o-Velho e formou-se em Ciências Físico-Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Professor da Escola Normal, interessava-se por etnografia e arte popular, reflectidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária. A sua sensibilidade poética deu-lhe um convívio com literatos de vários grupos e escolas. Colaborou na "Águia" e dirigiu a "Rajada" (1912-1914).
Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Atlântida (1915-1920) e Contemporânea (1915-1926).
   
Obra
Trata-se dum poeta em permanente actualidade, dado que vai acompanhando todos os movimentos poéticos da primeira metade do século XX. Nasce numa atmosfera de saudosismo, dominado por Teixeira Pascoais. Entretanto, surgem outras escolas a que adere sem compromisso, mas com ironia e pendor populista. Logo as crianças, o desenho infantil, as pedras, as águas. Aparece, então, como saudosista, no conteúdo, e um modernista, na forma. 
   
  
  
Humana Condição

Um sonhar-me distante, um longe incrível
É agora o meu estado: Eu sonho o Espaço
Que se fixa no mundo ao invisível
Como se o mundo andasse por meu braço,

Existo além: Sou o animal temível
De Jesus com o mundo-Deus na mão.
Sou para além do mundo concebível
Onde morre e começa a criação.

Eu, homem, sondo e meço o Infinito;
Sou corpo e espírito, esse corpo oculto,
E é só na mão de Deus que ressuscito.

E chamam a isto humana condição ...
Um nada, e tudo: — Vivo e me sepulto
Dentro e fora do próprio coração.
  


in Ossadas (1947) - Afonso Duarte

sexta-feira, março 05, 2021

O poeta Afonso Duarte morreu há 63 anos

(imagem daqui)
   
Joaquim Afonso Fernandes Duarte (Ereira, 1 de janeiro de 1884 - Coimbra, 5 de março de 1958) foi um poeta português.
    
Biografia
Nasceu em Ereira, Montemor-o-Velho e formou-se em Ciências Físico-Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Professor da Escola Normal, interessava-se por etnografia e arte popular, reflectidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária. A sua sensibilidade poética deu-lhe um convívio com literatos de vários grupos e escolas. Colaborou na "Águia" e dirigiu a "Rajada" (1912-1914).
Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Atlântida (1915-1920) e Contemporânea (1915-1926).
   
Obra
Trata-se dum poeta em permanente actualidade, dado que vai acompanhando todos os movimentos poéticos da primeira metade do século XX. Nasce numa atmosfera de saudosismo, dominado por Teixeira Pascoais. Entretanto, surgem outras escolas a que adere sem compromisso, mas com ironia e pendor populista. Logo as crianças, o desenho infantil, as pedras, as águas. Aparece, então, como saudosista, no conteúdo, e um modernista, na forma. 
   

 

Cabelos Brancos
 
 
Cobrem-me as fontes já cabelos brancos,
Não vou a festas. E não vou, não vou.
Vou para a aldeia, com os meus tamancos,
Cuidar das hortas. E não vou, não vou.
 
Cabelos brancos, vá, sejamos francos,
Minha inocência quando os encontrou
Era um mistério vê-los: Tive espantos
Quando os achei, menino, em meu avô.
 
Nem caiu neve, nem vieram gelos:
Com a estranheza ingénua da mudança,
Castanhos remirava os meus cabelos;
 
E, atento à cor, sem ter outra lembrança,
Ruços cabelos me doía vê-los ...
E fiquei sempre triste de criança.
 
 
in
Ossadas (1947) - Afonso Duarte

terça-feira, março 05, 2019

O poeta Afonso Duarte morreu há 61 anos

(imagem daqui)
  
Afonso Duarte (Ereira, 1 de janeiro de 1884 - Coimbra, 5 de março de 1958) foi um poeta português.
Afonso Duarte interessou-se por temas de etnografia e arte popular portuguesa, reflectidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária.
Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Atlântida (1915-1920) e Contemporânea (1915-1926).
Biografia completa

1884 - Nasce Afonso Duarte, a 1 de janeiro, na aldeia da Ereira, freguesia de Verride, concelho de Montemor-o-Velho, filho de Henrique Fernandes Duarte e D. Maria Pereira Cantante.

1896 - Faz exame de instrução primária na Escola de Alfarelos.

1898 - Entra para o Colégio Mondego, de Coimbra, onde permanece como aluno interno durante 3 anos.

1902- Assenta praça nos Lanceiros de EI-Rei e matricula-se no Liceu de José Falcão.

1904 - Sabe-se que tinha já concluído nesta altura o seu primeiro livro de versos, Composições verdes, que não chegou a ser publicado.

1908 - Matricula-se na Universidade de Coimbra (prepararatórios para a Escola do Exército)

1909 - Desiste da carreira das armas, passando a frequentar o curso de Ciências Físico-Naturais da Faculdade de Filosofia, hoje extinta.

1912 - Publica o Cancioneiro das Pedras na Livraria Ferreira, de Lisboa, livro que reúne as poesias escritas de 1906 a 1910. Funda, com Nuno Simões, a revista Rajada.

1913 - Bacharela-se em Ciências Físico- Naturais.

1914 - Publica a Tragédia do Sol-posto, Franca Amado Editor, Coimbra. É colocado como professor provisório no Liceu de Vila Real de Trás-os-Montes.

1915- Abandona Vila Real para frequentar a Escola Normal Superior de Lisboa.

1916 - Publica a Rapsódia do Sol-nado seguida do Ritual do Amor, Renascença Portuguesa, Porto.

1917 - É nomeado professor do Liceu de Gil Vicente, de Lisboa. Mobilizado pouco depois, dá entrada na Escola de Oficiais Milicianos de Artilharia de Costa.

1918 - É licenciado a seguir ao Armistício, sobrevindo-lhe então a grave doença que esteve quase a inutilizá-lo (paraplegia) e de que nunca mais se curou completamente.

1919 - Volta a exercer funções públicas como chefe de secretaria do Liceu Infanta D. Maria e professor da Escola Normal Primária de Coimbra.

1924 - Lança com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca a revista Triptico.

1925 - Abandona o cargo de chefe de secretaria do Liceu de José Falcão, para onde transitara do Liceu Infanta D. Maria, entregando-se a partir de então, na Escola Normal, a uma experiência pedagógica absorvente, que alcançou verdadeira repercussão europeia. Publica Barros de Coimbra, edições Lumen, Coimbra.

1929 - Dá a lume Os sete poemas líricos, edições Presença, Coimbra, compilação da sua obra poética, inédita e publicada.

1932 - É colocado na situação de adido fora do serviço e compelido à aposentação.

1933 - Publica Desenhos animistas de uma criança de 7 anos, Imprensa da Universidade, Coimbra.

1936 - Publica o ciclo do Natal na literatura oral portuguesa, Biblioteca Etnográfica e Histórica Portuguesa, Barcelos.

1947 - Publica Ossadas, edição da Seara Nova, Lisboa. Poesias escritas, provavelmente, entre 1922 e 1946.

1948 - Publica Um esquema do cancioneiro popular português, também edição da Seara Nova.

1949 - Publica o Post-scriptum de um combatente, Colecção Galo, Coimbra. Escrito em janeiro e fevereiro de 1948, excepto as poesias «Post-scriptum de um combatente» (1917), «Coimbra» (1918), «4 de junho de 1944», «Terra Natal (1947), «Eugénio de Castro» (1947) e a «Saudação a Pascoaes» (1949).

1950 - Publica Sibila, edição do autor, Coimbra. Tanto as «trinta e cinco redondilhas fingidas» como o «Soneto verdadeiro» datam de abril de 1950.

1952 - Publica Canto de Babilónia e Canto de morte e amor, ambos edições do autor, o primeiro escrito em 1951, o segundo de janeiro a março de 1952.

1956 - Sai a 1.ª edição da sua Obra Poética, Iniciativas Editoríais, Lisboa. É uma recolha de todos os livros de poesia já publicados e inclui o livro inédito O Anjo da Morte e outros poemas, coligido e completado de 1952 a 1956, embora no plano geral da obra o autor o insira antes do tríptico de redondilhas formado por Sibila, Canto de Babílónia e Canto de Morte e Amor. Acompanha a Obra Poética um apêndice biobibliográfico, organizado por Carlos de Oliveira e João José Cochofel.

1956 - A 24 de junho é-lhe prestada pública homenagem na Ereira, sua terra natal, e descerrada no Castelo de Montemor-o-Velho uma lápide com estes versos seus: Onde nasceu o Fernão Mendes Pinto? Jorge de Montemor onde nasceu? A mesma terra, o mesmo céu que eu pinto, Castelo velho, o que foi deles é meu.

1957 - Segunda edição da Obra Poética, Guimarães Editores, Lisboa, aumentada de novas poesias.

1958 - Morre em Coimbra, a 5 de março. É sepultado no cemitério da Ereira.

1960 - Sai o volume póstumo Lápides e outros poemas (Iniciativas Editoriais, Lisboa), organizado por Carlos de Oliveira e João José Cochofel.

1974 - Publica-se esta 3.ª edição, definitiva, da Obra Poética. A inclusão (não cronológica) de Lápides e outros poemas entre os livros o anjo da morte e Sibila faz-se por determinação de Afonso Duarte, que insistentemente indicou os cicios das redondilhas como fecho de toda a sua obra.

 in EPAAD


In Extremis

1

Só a criança conhece a Eternidade
Que é inocência do desconhecido.
E o que me dá saudade
É havê-la em mim perdido.

Outra herança de tudo que não sou
Podeis levá-la! Faça-se a vontade:
Que a imortal, perene propriedade,
Perdeu-a o homem quando semeou.

Ah! como a onda do mar que é mais bravia
É que abraça os escolhos,
Só terra de poesia
Foi na minh'alma dor, o luto dos meus olhos.

Entre o homem e o mundo há um novelo
De linha preta:
Meu acto de Fé é ser criança, e crê-lo,
Que é ser poeta.

2

O que levamos da terra
É o céu que possuímos:
Esperança das sepulturas.

E à morte que damos vida
Todos os deuses se igualam
Ao mesmo Deus das Alturas.

Sê, ó Morte, o meu dia de Juízo
Se é fantasia o que penso
Sonho a terra que piso.

Mas quando o corpo, a natureza morta
Me for nas mãos dos homens
Com suas luvas pretas,

Ai, cante um rouxinol minha hora derradeira,
Porventura o mais fiel dos cantos
Amigo dos poetas.

 

in O Anjo da Morte e Outros Poemas (1956) - Afonso Duarte

quarta-feira, março 05, 2014

Afonso Duarte morreu há 56 anos

(imagem daqui)

Afonso Duarte (Ereira, 1 de janeiro de 1884 - Coimbra, 5 de março de 1958) foi um poeta português.
Afonso Duarte interessou-se por temas de etnografia e arte popular portuguesa, reflectidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária.
Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Atlântida (1915-1920) e Contemporânea (1915-1926).


Biografia completa

1884 - Nasce Afonso Duarte, a 1 de janeiro, na aldeia da Ereira, freguesia de Verride, concelho de Montemor-o-Velho, filho de Henrique Fernandes Duarte e D. Maria Pereira Cantante.

1896 - Faz exame de instrução primária na Escola de Alfarelos.

1898 - Entra para o Colégio Mondego, de Coimbra, onde permanece como aluno interno durante 3 anos.

1902- Assenta praça nos Lanceiros de EI-Rei e matricula-se no Liceu de José Falcão.

1904 - Sabe-se que tinha já concluído nesta altura o seu primeiro livro de versos, Composições verdes, que não chegou a ser publicado.

1908 - Matricula-se na Universidade de Coimbra (prepararatórios para a Escola do Exército)

1909 - Desiste da carreira das armas, passando a frequentar o curso de Ciências Físico-Naturais da Faculdade de Filosofia, hoje extinta.

1912 - Publica o Cancioneiro das Pedras na Livraria Ferreira, de Lisboa, livro que reúne as poesias escritas de 1906 a 1910. Funda, com Nuno Simões, a revista Rajada.

1913 - Bacharela-se em Ciências Físico- Naturais.

1914 - Publica a Tragédia do Sol-posto, Franca Amado Editor, Coimbra. É colocado como professor provisório no Liceu de Vila Real de Trás-os-Montes.

1915- Abandona Vila Real para frequentar a Escola Normal Superior de Lisboa.

1916 - Publica a Rapsódia do Sol-nado seguida do Ritual do Amor, Renascença Portuguesa, Porto.

1917 - É nomeado professor do Liceu de Gil Vicente, de Lisboa. Mobilizado pouco depois, dá entrada na Escola de Oficiais Milicianos de Artilharia de Costa.

1918 - É licenciado a seguir ao Armistício, sobrevindo-lhe então a grave doença que esteve quase a inutilizá-lo (paraplegia) e de que nunca mais se curou completamente.

1919 - Volta a exercer funções públicas como chefe de secretaria do Liceu Infanta D. Maria e professor da Escola Normal Primária de Coimbra.

1924 - Lança com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca a revista Triptico.

1925 - Abandona o cargo de chefe de secretaria do Liceu de José Falcão, para onde transitara do Liceu Infanta D. Maria, entregando-se a partir de então, na Escola Normal, a uma experiência pedagógica absorvente, que alcançou verdadeira repercussão europeia. Publica Barros de Coimbra, edições Lumen, Coimbra.

1929 - Dá a lume Os sete poemas líricos, edições Presença, Coimbra, compilação da sua obra poética, inédita e publicada.

1932 - É colocado na situação de adido fora do serviço e compelido à aposentação.

1933 - Publica Desenhos animistas de uma criança de 7 anos, Imprensa da Universidade, Coimbra.

1936 - Publica o ciclo do Natal na literatura oral portuguesa, Biblioteca Etnográfica e Histórica Portuguesa, Barcelos.

1947 - Publica Ossadas, edição da Seara Nova, Lisboa. Poesias escritas, provavelmente, entre 1922 e 1946.

1948 - Publica Um esquema do cancioneiro popular português, também edição da Seara Nova.

1949 - Publica o Post-scriptum de um combatente, Colecção Galo, Coimbra. Escrito em janeiro e fevereiro de 1948, excepto as poesias «Post-scriptum de um combatente» (1917), «Coimbra» (1918), «4 de junho de 1944», «Terra Natal (1947), «Eugénio de Castro» (1947) e a «Saudação a Pascoaes» (1949).

1950 - Publica Sibila, edição do autor, Coimbra. Tanto as «trinta e cinco redondilhas fingidas» como o «Soneto verdadeiro» datam de abril de 1950.

1952 - Publica Canto de Babilónia e Canto de morte e amor, ambos edições do autor, o primeiro escrito em 1951, o segundo de janeiro a março de 1952.

1956 - Sai a 1.ª edição da sua Obra Poética, Iniciativas Editoríais, Lisboa. É uma recolha de todos os livros de poesia já publicados e inclui o livro inédito O Anjo da Morte e outros poemas, coligido e completado de 1952 a 1956, embora no plano geral da obra o autor o insira antes do tríptico de redondilhas formado por Sibila, Canto de Babílónia e Canto de Morte e Amor. Acompanha a Obra Poética um apêndice biobibliográfico, organizado por Carlos de Oliveira e João José Cochofel.

1956 - A 24 de junho é-lhe prestada pública homenagem na Ereira, sua terra natal, e descerrada no Castelo de Montemor-o-Velho uma lápide com estes versos seus: Onde nasceu o Fernão Mendes Pinto? Jorge de Montemor onde nasceu? A mesma terra, o mesmo céu que eu pinto, Castelo velho, o que foi deles é meu.

1957 - 2.a edição da Obra Poética, Guimarães Editores, Lisboa, aumentada de novas poesias.

1958 - Morre em Coimbra, a 5 de março. É sepultado no cemitério da Ereira.

1960 - Sai o volume póstumo Lápides e outros poemas (Iniciativas Editoriais, Lisboa), organizado por Carlos de Oliveira e João José Cochofel.

1974 - Publica-se esta 3.ª edição, definitiva, da Obra Poética. A inclusão (não cronológica) de Lápides e outros poemas entre os livros o anjo da morte e Sibila faz-se por determinação de Afonso Duarte, que insistentemente indicou os cicios das redondilhas como fecho de toda a sua obra.

 in EPAAD


In Extremis

1

Só a criança conhece a Eternidade
Que é inocência do desconhecido.
E o que me dá saudade
É havê-la em mim perdido.

Outra herança de tudo que não sou
Podeis levá-la! Faça-se a vontade:
Que a imortal, perene propriedade,
Perdeu-a o homem quando semeou.

Ah! como a onda do mar que é mais bravia
É que abraça os escolhos,
Só terra de poesia
Foi na minh'alma dor, o luto dos meus olhos.

Entre o homem e o mundo há um novelo
De linha preta:
Meu acto de Fé é ser criança, e crê-lo,
Que é ser poeta.

2

O que levamos da terra
É o céu que possuímos:
Esperança das sepulturas.

E à morte que damos vida
Todos os deuses se igualam
Ao mesmo Deus das Alturas.

Sê, ó Morte, o meu dia de Juízo
Se é fantasia o que penso
Sonho a terra que piso.

Mas quando o corpo, a natureza morta
Me for nas mãos dos homens
Com suas luvas pretas,

Ai, cante um rouxinol minha hora derradeira,
Porventura o mais fiel dos cantos
Amigo dos poetas.

 

in O Anjo da Morte e Outros Poemas (1956) - Afonso Duarte

terça-feira, março 05, 2013

Afonso Duarte morreu há 55 anos

(imagem daqui)

Afonso Duarte (Ereira, 1 de janeiro de 1884Coimbra, 5 de março de 1958) foi um poeta português.
Afonso Duarte interessou-se por temas de etnografia e arte popular portuguesa, reflectidos na sua obra poética, ligada às crenças e mitos seculares, aos motivos da terra, vida animal, ao povo e à lide agrária.


Ave Inquieta

Poema breve
Como um canto de ave,
Ou a gota de água
Onde o céu se espelha;
Pólen da flor
E mel na abelha:
Poeta
Ou a ave inquieta
Que canta de amor.
Não sei de outra dor
Tão bem sentida,
Com tanta raiz
Na fonte da vida

in Lápides e Outros Poemas (1960) - Afonso Duarte