Era uma esplêndida imagem
De olhos rasgados e belos;
Negros, negros os cabelos;
Boca gentil como a rosa,
Que à luz da manhã formosa
Sorri ao sopro da aragem.
Alta, graciosa, elegante,
Um ar de tal distinção,
Na figura e no semblante,
Que eu disse comigo ao vê-la:
«Como esta mulher é bela,
Sobre tudo na expressão
De palidez namorada,
Que tem na face encantada!
Esta sim, por Deus o juro,
Esta há-de ter coração!»
A estação, o sitio, a hora...
Era a hora do sol posto,
E um frouxo raio de luz
Vinha bater-lhe no rosto.
A estação o meigo outono,
Quando o prado se descora,
No bosque cessa a harmonia,
Quando tudo enfim seduz
Com vaga melancolia.
O sitio, ameno e saudoso,
Onde livre a alma podia
Dar-se inteira aos sentimentos
De paz, de amor, de poesia!
Aproximei-me da imagem
Meiga, risonha, singela;
Soltara a voz, era bela,
Bela sim, vibrante e pura,
Mas sem aquela ternura,
Sem aquele sentimento,
Que diz tudo num momento!
Sem tremor, sem sobressalto,
Voz que dos lábios saía,
Dos lábios só, que se via,
Não provir do coração;
Voz sonora, porem fria;
Bela sim, mas sem paixão.
«Pois essa gentil figura,
Esse pálido semblante,
Essa expressão de ternura
Que todo o teu ar respira,
A luz do olhar cintilante,
Diz enfim: quanto se admira,
Quanto ao ver-te nos encanta,
Será sem alma, e sem vida?!»
Sorrindo me respondeu:
«Aqui não há coração!»
Mas eu vi que ele bateu
D'essa vez precipitado
Por que a sua nívea mão
Tentou comprimi-lo em vão!
E no olhar enamorado,
E na voz que estremecia,
Oh! Deus! o que não dizia
A bela sem coração!
segunda-feira, março 03, 2025
Bulhão Pato, o poeta gastrónomo, nasceu há 197 anos
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sábado, agosto 24, 2024
Bulhão Pato morreu há 112 anos...
A pobre da mãe cuidava
Que o filhinho inda vivia,
E nos braços o apertavas
O coração que batia
Era o dela, e não do filho,
Que já do sono da morte
Havia instantes dormia.
Olhei, e fiquei absorto
Na dor daquela mulher
Que tinha, sem o saber,
Nos braços o filho morto!
Rezava, e do fundo dalma!
Enquanto a infeliz rezava
O pobre infante esfria
Quando gelado o sentira,
O grito que ela soltou,
Meu Deus! — que dor expressou!
Pensei então: a mulher,
Para alcançar o perdão
De quantos crimes tiver,
Na fervorosa oração,
Basta que Possa dizer:
"Tive um filhinho, Senhor,
E o filho do meu amor
Nos braços o vi morrer!"
Bulhão Pato
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domingo, março 03, 2024
Bulhão Pato nasceu há 196 anos
Descai, quando a tarde expira?
Porque nesse olhar dormente
Tua alma ingénua suspira?
Porquê? ai! porquê? responde;
Que se amor do ceu procura,
Ei-lo; em meu peito se esconde;
Vive, é teu, tens a ventura!
Verás como então brilhante,
Seduz, toma vida, inspira,
Esse teu belo semblante,
Que apenas hoje se admira!
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quinta-feira, agosto 24, 2023
Bulhão Pato morreu há 111 anos...
A pobre da mãe cuidava
Que o filhinho inda vivia,
E nos braços o apertavas
O coração que batia
Era o dela, e não do filho,
Que já do sono da morte
Havia instantes dormia.
Olhei, e fiquei absorto
Na dor daquela mulher
Que tinha, sem o saber,
Nos braços o filho morto!
Rezava, e do fundo dalma!
Enquanto a infeliz rezava
O pobre infante esfria
Quando gelado o sentira,
O grito que ela soltou,
Meu Deus! — que dor expressou!
Pensei então: a mulher,
Para alcançar o perdão
De quantos crimes tiver,
Na fervorosa oração,
Basta que Possa dizer:
"Tive um filhinho, Senhor,
E o filho do meu amor
Nos braços o vi morrer!"
Bulhão Pato
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sexta-feira, março 03, 2023
Bulhão Pato nasceu há 195 anos
Descai, quando a tarde expira?
Porque nesse olhar dormente
Tua alma ingénua suspira?
Porquê? ai! porquê? responde;
Que se amor do ceu procura,
Ei-lo; em meu peito se esconde;
Vive, é teu, tens a ventura!
Verás como então brilhante,
Seduz, toma vida, inspira,
Esse teu belo semblante,
Que apenas hoje se admira!
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quinta-feira, março 03, 2022
Bulhão Pato nasceu há 194 anos
Descai, quando a tarde expira?
Porque nesse olhar dormente
Tua alma ingénua suspira?
Porquê? ai! porquê? responde;
Que se amor do ceu procura,
Ei-lo; em meu peito se esconde;
Vive, é teu, tens a ventura!
Verás como então brilhante,
Seduz, toma vida, inspira,
Esse teu belo semblante,
Que apenas hoje se admira!
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quarta-feira, março 03, 2021
Poesia e gastronomia numa só publicação - Bulhão Pato nasceu há 193 anos...!
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sábado, março 03, 2018
Bulhão Pato nasceu há 190 anos
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