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domingo, março 03, 2024

Bulhão Pato nasceu há 196 anos

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro
     
Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.
   
Biografia
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou os seus primeiros anos no distrito de Deusto, na época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, a sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à literatura ultrarromântica então em voga, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto a sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Pelo seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e os seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao se crer retratado no romance - o que Eça negou, numa deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila -, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).
   
  
  
   
Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos.
É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confecionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
As Amêijoas à Bulhão Pato foram um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa.
  
 
Improviso 


Porque lânguida essa frente
Descai, quando a tarde expira?
Porque nesse olhar dormente
Tua alma ingénua suspira?

Porquê? ai! porquê? responde;
Que se amor do ceu procura,
Ei-lo; em meu peito se esconde;
Vive, é teu, tens a ventura!

Verás como então brilhante,
Seduz, toma vida, inspira,
Esse teu belo semblante,
Que apenas hoje se admira!
 
 
Bulhão Pato

quinta-feira, agosto 24, 2023

Bulhão Pato morreu há 111 anos...

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro
     
Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.
   
Biografia
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou os seus primeiros anos no distrito de Deusto, na época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, a sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à literatura ultrarromântica então em voga, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto a sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um ato, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Pelo seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e os seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao se crer retratado no romance - o que Eça negou, numa deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila -, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).
   
  
  
   
Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos.
É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confecionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
As Amêijoas à Bulhão Pato foram um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa.
  
   

A Mãe e o Filho Morto

A pobre da mãe cuidava
Que o filhinho inda vivia,
E nos braços o apertavas
O coração que batia
Era o dela, e não do filho,
Que já do sono da morte
Havia instantes dormia.
Olhei, e fiquei absorto
Na dor daquela mulher
Que tinha, sem o saber,
Nos braços o filho morto!

Rezava, e do fundo dalma!
Enquanto a infeliz rezava
O pobre infante esfria
Quando gelado o sentira,
O grito que ela soltou,
Meu Deus! — que dor expressou!

Pensei então: a mulher,
Para alcançar o perdão
De quantos crimes tiver,
Na fervorosa oração,
Basta que Possa dizer:
"Tive um filhinho, Senhor,
E o filho do meu amor
Nos braços o vi morrer!"

 

Bulhão Pato

sexta-feira, março 03, 2023

Bulhão Pato nasceu há 195 anos

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro
     
Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.
   
Biografia
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou os seus primeiros anos no distrito de Deusto, na época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, a sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à literatura ultrarromântica então em voga, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto a sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Pelo seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e os seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao se crer retratado no romance - o que Eça negou, numa deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila -, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).
   
  
  
   
Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos.
É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confecionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
As Amêijoas à Bulhão Pato foram um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa.
  
 
Improviso 


Porque lânguida essa frente
Descai, quando a tarde expira?
Porque nesse olhar dormente
Tua alma ingénua suspira?

Porquê? ai! porquê? responde;
Que se amor do ceu procura,
Ei-lo; em meu peito se esconde;
Vive, é teu, tens a ventura!

Verás como então brilhante,
Seduz, toma vida, inspira,
Esse teu belo semblante,
Que apenas hoje se admira!
 
 
Bulhão Pato

quinta-feira, março 03, 2022

Bulhão Pato nasceu há 194 anos

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro
     
Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.
   
Biografia
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou os seus primeiros anos no distrito de Deusto, na época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, a sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à literatura ultrarromântica então em voga, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto a sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Pelo seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e os seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao se crer retratado no romance - o que Eça negou, numa deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila -, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).
   
  
  
   
Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos.
É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confeccionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
As Amêijoas à Bulhão Pato foram um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa.
  
 
Improviso 


Porque lânguida essa frente
Descai, quando a tarde expira?
Porque nesse olhar dormente
Tua alma ingénua suspira?

Porquê? ai! porquê? responde;
Que se amor do ceu procura,
Ei-lo; em meu peito se esconde;
Vive, é teu, tens a ventura!

Verás como então brilhante,
Seduz, toma vida, inspira,
Esse teu belo semblante,
Que apenas hoje se admira!
 
 
Bulhão Pato

quarta-feira, março 03, 2021

Poesia e gastronomia numa só publicação - Bulhão Pato nasceu há 193 anos...!

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro
     
Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.
   
Biografia
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou os seus primeiros anos no distrito de Deusto, na época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, a sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à literatura ultrarromântica então em voga, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto a sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Pelo seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e os seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao se crer retratado no romance - o que Eça negou, numa deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila -, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).
   
  
  
   
Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos.
É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confeccionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
As Amêijoas à Bulhão Pato foram um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa.
  

sábado, março 03, 2018

Bulhão Pato nasceu há 190 anos

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro

Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.
Biografia
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou os seus primeiros anos no distrito de Deusto, na época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, a sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à literatura ultrarromântica então em voga, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto a sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Pelo seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e os seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao se crer retratado no romance - o que Eça negou, numa deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila -, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889)
Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos.
É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confeccionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
As Amêijoas à Bulhão Pato foram um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa.

segunda-feira, março 03, 2014

Bulhão Pato nasceu há 186 anos

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro

Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.

Biografia
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou seus primeiros anos no distrito de Deusto. Foi a época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à voga ultrarromântica, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto a sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Por seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao se crer retratado no romance - o que Eça negou, em uma deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila -, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889)
 

 
Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos.
É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confeccionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
As Amêijoas à Bulhão Pato foram um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa.
 

domingo, março 03, 2013

O poeta ultrarromântico que imortalizou uma receita de ameijoas nasceu há 185 anos

Retrato de Bulhão Pato, por Columbano Bordalo Pinheiro

Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.

Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, capital do País Basco, Espanha, mas passou seus primeiros anos em Deusto, um distrito próximo da capital euskadi. Foi a época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, a sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2º oficial da 1ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à voga ultrarromântica, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos (1858), a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal, entre outros.
Por seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem - algo caricatural - do poeta "Tomás de Alencar", que aparece em Os Maias (1888). Ao crer-se retratado no romance, o que Eça negou, em uma deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).

Estiagem

O mar quieto. — Apenas vem
A vaga da maré cheia,
Na Costa, que fica além,
Roçar a espuma na areia.

Rufando as penas doiradas,
Vão as calhandras, palreiras,
Preando insectos, coitadas,
Por não ter um grão nas leiras!

O azul é denso; a luz viva.
O sol referve no mar,
Como na estação estiva.
Virá o tempo a mudar?

O lavrador pensativo –
Menos triste co’a esperança
Que este calor excessivo
Traga, de facto, a mudança.

Mas, quando rompeu o dia,
Era nítido o recorte
Do sol, e uma aragem fria
Vinha do lado do norte!

A lua, nas pontas curvas,
Não tem um ligeiro véu.
E nunca as estrelas turvas!
E sempre lúcido o céu!

Depois de passado Abril,
D’um ano assim não me lembro;
Nem a orvalhada subtil
Cai! — E vamos em Novembro!

Levou a ferocidade
Da canícula fatal
A minguada novidade
Da vinha e mais do olival!

É que o sol triunfador,
Em seis meses de estiagem,
Vai, como um conquistador,
Devastando na passagem.


Bulhão Pato

sábado, março 03, 2012

O poeta mais conhecido de Portugal (gastronomicamente falando...) nasceu há 184 anos

 Retrato de Bulhão Pato pintado por Columbano Bordalo Pinheiro

Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 - Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido por Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As Memórias de Bulhão Pato são uma interessante fonte para o conhecimento da política portuguesa na última metade do século XIX.

Nasceu a 3 de março de 1829 em Bilbau, foi criado em Deusto. Era filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e de Maria da Piedade Brandy. Na sua infância estava Espanha entregue aos horrores da guerra civil, deram-se os três cercos de Bilbau, e a família Bulhão Pato depois de sofrer grandes transtornos e inclemências, decidiu abandonar a casa onde vivia, e em 1837 retirou-se para Portugal.
Frequentou o colégio da rua do Quelhas, matriculou-se na Escola Politécnica em 1845. Desde então, contando apenas 15 anos, começou a conviver com as primeiras capacidades literárias e políticas daquela época. Os seus versos eram tão espontâneos e tão naturais, que o consagraram verdadeiro poeta.
Publicou o seu primeiro livro em 1850, com o título de Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 apareceu o seu segundo livro, Versos de Bulhão Pato, e em 1866 o poema Paquita.
Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare, de Ruy Blas e de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, parece que escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, que se representou no teatro de D. Maria em 1858, sendo publicada nesse mesmo ano.
Bulhão Pato foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos, 1858; a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal,entre outros.
Duas vezes foi convidado para deputado, mas sempre se recusou.



A Mãe e o Filho Morto

A pobre da mãe cuidava
Que o filhinho inda vivia,
E nos braços o apertavas
O coração que batia
Era o dela, e não do filho,
Que já do sono da morte
Havia instantes dormia.
Olhei, e fiquei absorto
Na dor daquela mulher
Que tinha, sem o saber,
Nos braços o filho morto!

Rezava, e do fundo dalma!
Enquanto a infeliz rezava
O pobre infante esfria
Quando gelado o sentira,
O grito que ela soltou,
Meu Deus! — que dor expressou!

Pensei então: a mulher,
Para alcançar o perdão
De quantos crimes tiver,
Na fervorosa oração,
Basta que Possa dizer:
"Tive um filhinho, Senhor,
E o filho do meu amor
Nos braços o vi morrer!"