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sábado, janeiro 27, 2024

Saiu um livro que fez furor há 28 anos - tanto que obrigou o autor a emigrar...


(imagens daqui)

Escândalos da democracia: O livro que vendeu 30 mil exemplares e desapareceu
Não foi só o livro - o autor emigrou após as revelações que atingiram Mário Soares

Fixe bem esta data: 27 de janeiro de 1996. Era um sábado e o público português assistiu a um fenómeno sem precedentes: um livro, escrito por um autor nacional, vendeu 30.000 exemplares no lançamento. Depois foi retirado do mercado e nunca mais reapareceu."Contos proibidos. Memórias de um PS desconhecido" foi a obra "mais atrevida", segundo Nelson de Matos, a pessoa que o publicou na Dom Quixote. Numa entrevista ao "Expresso", em 2004, o editor negou ter sofrido pressões ou ameaças, mas denunciou a existência de "comentários negativos" que lhe causaram "bastantes dificuldades pessoais". "A todos expliquei que o livro existia", disse na altura. "Tinha revelações importantes e procurava ser sério ao ponto de as provar. Desse ponto de vista, achei que merecia ser discutido na sociedade." Nelson de Matos é também, provavelmente, uma das poucas pessoas que conhece o paradeiro do autor - a hipótese mais repetida é a Suécia, mas ninguém está em condições de confirmar nada. O escritor, tal como acontecera antes com o bestseller instantâneo, desapareceu sem deixar rasto. Dez anos mais tarde, o jornalista Joaquim Vieira publicou cinco textos sobre o assunto na "Grande Reportagem". Em conversa com o i, recorda que "quando o livro saiu, o Rui Mateus foi entrevistado pelo Miguel Sousa Tavares na SIC, e a primeira pergunta que este lhe fez foi: 'Então, como é que se sente na pele de um traidor?' Toda a entrevista decorreu sob essa ideia."Mas o que continha o livro afinal? Qual o motivo para as desaparições? Retomando a síntese de Vieira, que o analisou a fundo, Rui Mateus diz que Mário Soares, "após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar fundos financeiros remanescentes da campanha.
   
(...) 
   
Que, não podendo presidir ao grupo por questões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro". O investigador Bernardo Pires de Lima também leu o livro e conserva um exemplar. "Parece-me evidente que desapareceu de circulação rapidamente por ser um documento incómodo para muita gente, sobretudo altas figuras do PS, metidas numa teia de tráfico de influências complicada que o livro não se recusa a revelar com documentos", observa. A obra consta de dez capítulos e 47 anexos. Ao todo, 455 páginas que arrancam na infância do autor, percorrem o primeiro quarto de século do PS (desde as origens na clandestinidade da Ação Socialista) e acabam em 1995, perto do final do segundo mandato de Soares. Na introdução, Mateus escreve: "É um livro de memórias em redor do Partido Socialista, duma perspetiva das suas relações internacionais, que eu dirigira durante mais de uma década." Os últimos três capítulos abordam o caso Emaudio - um escândalo rebentado pelo próprio Mateus e que motivou a escrita de "Contos proibidos" para "repor a verdade". Para Joaquim Vieira e Bernardo Pires de Lima, a credibilidade do livro é de oito sobre dez. "O livro adianta imensos detalhes que reforçam a sua credibilidade e nenhum deles foi alguma vez desmentido", argumenta o jornalista e atual presidente do Observatório da Imprensa. Vieira lamenta o "impacto político nulo e nenhuns efeitos" das revelações de Mateus. "Em vez de investigar práticas porventura ilícitas de um chefe de Estado, os jornalistas preferiram crucificar o autor pela 'traição' a Soares." Apesar de, na estreia, terem tido todas as coberturas, livro e autor caíram rapidamente no esquecimento. Hoje, a obra pulula na Internet em versão PDF
   

quinta-feira, janeiro 25, 2024

Cory Aquino nasceu há noventa e um anos...

   
María Corazón Cojuangco-Aquino, nascida María Corazón Sumulong Cojuangco, (Paniqui, 25 de janeiro de 1933 - Manila, 1 de agosto de 2009), mais conhecida como Cory Aquino, foi a presidente das Filipinas entre 25 de fevereiro de 1986 (data do afastamento do poder do ditador Ferdinand Marcos) e 30 de junho de 1992. Foi a líder do movimento que derrubou a ditadura no seu país, sendo considerada a heroína desse movimento. Foi a primeira mulher a ocupar a chefia de estado de um país asiático.
   
Biografia
Corazón era oriunda de uma rica família sino-filipina. Casou-se em 1954 com Benigno Aquino, com quem teve cinco filhos. O seu marido, que era líder da oposição, foi assassinado, em 1983, no aeroporto, quando voltava do exílio. Seguindo a carreira do pai, um dos seus filhos, Benigno Aquino III, foi senador e posteriormente presidente das Filipinas.
Durante o seu mandato sofreu pelo menos sete tentativas de golpe. Após a presidência, manteve-se ativa em organizações da sociedade civil, até mesmo integrando protestos contra a presidente Gloria Macapagal-Arroyo, cuja família esteve envolvida em escândalos de corrupção. Foi candidata ao Prémio Nobel da Paz em 1986.
  
Morte
Corazón estava com cancro há mais de um ano, mas havia anunciado que não combateria mais a doença. Morreu de insuficiência cardíaca, decorrente de complicações do cancro no intestino.
   

sexta-feira, janeiro 05, 2024

Juan Carlos I faz hoje 86 anos

(imagem daqui)

   

Juan Carlos da Espanha (nascido João Carlos Afonso Vítor Maria de Bourbon e Bourbon-Duas Sicílias; Roma, 5 de janeiro de 1938) foi o rei da Espanha de 22 de novembro de 1975 a 19 de junho de 2014. Nasceu na Itália, durante o exílio do seu avô, sendo filho de Juan de Borbón y Battenberg e de Maria das Mercedes de Bourbon e Orléans, Princesa das Duas Sicílias.

O seu avô, Afonso XIII, foi rei da Espanha até 1931, altura em que foi deposto pela Segunda República Espanhola. Por expresso desejo de seu pai, a sua formação fundamental desenvolveu-se na Espanha, onde chegou pela primeira vez aos 10 anos, procedente de Portugal, onde residiam os Condes de Barcelona desde 1946, na vila atlântica do Estoril, e foi aluno interno num colégio dos Marianos da cidade suíça de Friburgo.

O ditador General Francisco Franco foi quem designou João Carlos como príncipe herdeiro, em 1969, após a Espanha já ter extinto a monarquia. Após a morte de Franco, conseguiu fazer a transição pacífica do regime franquista para a monarquia e democracia parlamentar e, segundo sondagens de opinião, já gozou de muito pouca popularidade entre os espanhóis. Contudo, alguns incidentes durante o seu reinado levaram a que dois terços dos espanhóis desejassem que o Rei Juan Carlos abdicasse do trono.

Em 2 de junho de 2014, o primeiro-ministro Mariano Rajoy recebeu do monarca a sua carta de abdicação. Sucedeu-lhe o seu filho, Filipe VI, após a aprovação de uma lei orgânica tal como estabelece o artigo 57.5 do texto constitucional espanhol.

Em 11 de junho de 2014, o Parlamento Espanhol aprovou a sua abdicação, com 299 votos a favor, 19 contra e 23 abstenções.

   
Brasão de armas de Juan Carlos I
    

Konrad Adenauer nasceu há 148 anos

 
Konrad Adenauer
(Colónia, 5 de janeiro de 1876 - Bad Honnef, 19 de abril de 1967) foi um político alemão cristão-democrata, advogado, prefeito de Colónia e também um dos arquitectos da economia social de mercado. Foi ainda Chanceler da República Federal da Alemanha (1949 - 1963) e Presidente da União Democrata-Cristã (CDU), o partido democrata-cristão.
Primeiro chanceler da Alemanha Ocidental (República Federal da Alemanha) entre 1949 e 1963, logo depois que o país havia sido formado, no fim da Segunda Guerra Mundial.
Nascido em 5 de janeiro em Colónia, Adenauer estudou em várias universidades até se formar em direito, foi prefeito de Colónia entre 1917 e 1933 e membro do poder legislativo. Como católico, na época fez oposição aos nazis e, com o advento de Adolf Hitler ao poder, foi expulso de seu cargo político e obrigado a se aposentar.
Com a iminência do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1944, Adenauer foi mandado para um campo de concentração e foi libertado quando as tropas aliadas invadiram a Alemanha.
Em 1945, participou na fundação da União Democrata-Cristã (CDU) e assumiu a presidência da liga na zona de ocupação britânica. Com o estabelecimento da Alemanha ocidental, em 1949, Adenauer assumiu o cargo de primeiro chanceler. Por 14 anos, liderou a coligação entre a União Democrata-Cristã (CDU), o seu partido-irmão da Baviera, União Social Cristã (CSU), e os Democratas Livres, o partido liberal alemão (FDP). Entre 1951 e 1955 também serviu como ministro para assuntos exteriores da Alemanha Ocidental.
Adenauer tinha um grande objetivo: estabelecer a Alemanha Ocidental como uma proteção para conter a expansão dos soviéticos na Europa. Assim, ele promoveu um estreitamento nas relações com os Estados Unidos e se reconciliou com a França. Foi durante o mandato de Adenauer que a Alemanha Ocidental passou a integrar o Organização do Tratado do Atlântico Norte e passou a ser reconhecida como uma nação independente.
Adenauer retirou-se em 1963, após concluir um tratado - que havia perseguido durante anos - de cooperação com a França e continuou no parlamento até à sua morte, em 19 de abril de 1967.
    

A breve Primavera de Praga começou há 56 anos...

 

(imagens daqui)
 
A Primavera de Praga foi um período de liberalização política na Checoslováquia durante a época de domínio pela União Soviética, após a Segunda Guerra Mundial. Esse período começou a 5 de janeiro de 1968, quando o reformista eslovaco Alexander Dubček chegou ao poder, e durou até ao dia 21 de agosto, quando a União Soviética e os países fantoches do Pacto de Varsóvia invadiram o país para interromper as reformas.
As reformas da Primavera de Praga foram uma tentativa de Dubček, aliado a intelectuais checoslovacos, de conceder direitos adicionais aos cidadãos num ato de descentralização parcial da economia e de democratização. As reformas concediam também um relaxamento das restrições às liberdades de imprensa, de expressão e de movimento e ficaram conhecidas como a tentativa de se criar um “socialismo com face humana”.
Dubček também dividiu o país nas duas repúblicas separadas; essa foi a única reforma que sobreviveu ao fim da Primavera de Praga.
As reformas não foram bem recebidas pelos soviéticos que, após as falhas nas negociações, enviaram milhares de tropas e tanques do Pacto de Varsóvia para ocupar o país. Uma grande onda de emigração varreu o país. Apesar de ter havido inúmeros protestos pacíficos no país, inclusive o suicídio de um estudante, não houve resistência militar. A Checoslováquia continuou ocupada até 1990.
Após a invasão, a Checoslováquia entrou em um período de normalização: os lideres seguintes tentaram restaurar os valores políticos e económicos que prevaleciam antes de Dubček ganhar o poder no Partido Comunista da Checoslováquia (KSČ, em checo). Gustáv Husák, que substituiu Dubček e que também se tornou presidente, destruiu quase todas as reformas de Dubček. A Primavera de Praga imortalizou-se na música e na literatura pelas obras de Karel Kryl e de Milan Kundera, como A Insustentável Leveza do Ser.
  
História
O movimento da Primavera de Praga foi liderado por intelectuais reformistas do Partido Comunista Checo, interessados em promover grandes mudanças na estrutura política, económica e social, na Checoslováquia. A proposta surpreendeu a sociedade checa, que em 5 de abril de 1968 soube das propostas reformistas dos intelectuais comunistas.
O objetivo de Dubcek era "desestalinizar" o país, removendo os vestígios de despotismo e autoritarismo, que considerava aberrações no sistema socialista. Com isso, o secretário-geral do partido prometeu uma revisão da Constituição, que garantiria a liberdade do cidadão e os direitos civis. A abertura política abrangia o fim do monopólio do partido comunista e a livre organização partidária, com uma Assembleia Nacional que reuniria democraticamente todos os segmentos da sociedade checa. A liberdade de imprensa, o Poder Judiciário independente e a tolerância religiosa eram outras garantias expostas por Dubcek.
As propostas foram apoiadas pela população. O movimento que propôs a mudança radical da Checoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, foi chamada de Primavera de Praga. Assim sendo, diversos setores sociais se manifestaram a favor da rápida democratização. No mês de junho, um texto de “Duas Mil Palavras” saiu publicado na Liternární Listy (Gazeta Literária), escrito por Ludvík Vaculík e assinado por personalidades de todos sectores sociais, pedindo a Dubcek que acelerasse o processo de abertura política. Eles acreditavam que era possível transformar, pacificamente, um regime ortodoxo comunista para um regime socialista democrático em moldes ocidentais. Com estas propostas, Dubcek tentava provar a possibilidade de uma economia coletivizada conviver com ampla liberdade democrática.
A União Soviética, temendo a influência que uma Checoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdade na sociedade, pudesse passar às nações socialistas e às "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 21 de agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado a Moscovo. Na cidade de Praga a população reagiu à invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas. A organização quase espontânea foi em parte liderada pela cadeia de vários pequenos transmissores, construídos à pressa, por membros do exército checo e por aficionados por radio transmissores: a Rádio Checoslováquia Livre. Cada emissora transmitia instruções para a população por não mais que 9 minutos e depois saia do ar, dando o espaço para uma outra, impossibilitando assim a triangulação do sinal. As suas instruções eram para a população manter a calma e, sobretudo, não colaborar com os invasores. Os russos ainda tentaram trazer uma potente estação de rádio para criar interferências nos sinais, porém, os ferroviários checoslovacos, com uma extrema competência, atrasaram a entrega e, quando a estação chegou ao seu destino, estava inutilizável.
Os russos conseguiram uma ocupação total em poucas horas, porém chegaram a um impasse político: as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população checoslovaca foi eficiente em minar a moral das tropas. No dia 23 iniciou-se uma greve geral e, no dia 26, foi publicado o decálogo da não cooperação:
   
Não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!
   
Através de uma rede de radioamadores, a população era informada sobre ações que poderiam ser organizadas para levar a cabo uma resistência não violenta. Tal reação foi espontânea, devido à impossibilidade de utilizarem a ação violenta. De certa forma, a população se inspirou num livro picaresco muito popular, "O valente soldado Chveik", onde o personagem usava travessuras para expulsar as tropas invasoras.
A paralisação dos comboios interrompeu a comunicação com os países aliados, e para evitar que os tanques chegassem até Praga, as placas de sinalização foram invertidas, e depois pintadas com uma tinta fácil de se raspar. Quando os soldados raspavam a tinta para verem a direção correta, acabavam voltando na direção de Moscovo.
Enquanto isso, os raptores contavam a Dubcek que a população checoslovaca estava a ser massacrada, como fora a população húngara, doze anos antes, o que o levou a assinar um acordo de renúncia.
As reformas foram canceladas e o regime de partido único continuou a vigorar na Checoslováquia. Em protesto contra o fim das liberdades conquistadas, o jovem Jan Palach auto-imolou-se, ateando fogo ao próprio corpo numa praça de Praga, a 16 de janeiro de 1969.
Por sua vez, os comunistas checos mais conservadores apoiaram a invasão soviética, uma vez que eles acreditavam que as reformas de Dubček trariam um precoce desastre económico e social, o que mais tarde realmente ocorreria, em 1991, com o colapso soviético. Sinal disto, é a divisão do partido em dois lados, os liberais (reformistas) e os conservadores, que contariam com o apoio soviético, o poder mais influente.
   

 

terça-feira, dezembro 26, 2023

José Estêvão nasceu há 214 anos

     
José Estêvão Coelho de Magalhães (Aveiro, 26 de dezembro de 1809 - Lisboa, 4 de novembro de 1862), mais conhecido por José Estêvão, foi um notável jornalista, político e orador parlamentar português, sendo durante o período de 1836 a 1862 a figura dominante da oposição de esquerda na Câmara dos Deputados. Era bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, veterano das guerras liberais e um dos académicos que viveu o exílio em Inglaterra e na ilha Terceira e participou no desembarque do Mindelo. Em 1841 fundou a A Revolução de Setembro, o mais influente jornal da imprensa liberal. Sempre mais radical que as soluções preconizadas pelos partidos políticos da época, foi por várias vezes obrigado a procurar refúgio fora do país devido à sua frontalidade na oposição. Participou activamente na Patuleia, integrando o exército rebelde que operava no Alentejo
   

domingo, dezembro 17, 2023

Simón Bolívar morreu há 193 anos...

  
Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte-Andrade y Blanco
(Caracas, 24 de julho de 1783 - Santa Marta, 17 de dezembro de 1830), comummente conhecido como Simón Bolívar, foi um militar e líder político venezuelano. Juntamente com José de San Martín, foi uma das peças chave nas guerras de independência da América Espanhola do Império Espanhol.
Após o triunfo contra a Monarquia Espanhola, Bolívar participou da fundação da primeira união de nações independentes na América Latina, nomeada Grã-Colômbia, na qual foi Presidente, de 1819 a 1830.
Simón Bolívar é considerado por alguns países da América Latina como um herói, visionário, revolucionário e libertador. Durante o seu curto tempo de vida, levou a Bolívia, a Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela à independência e ajudou a lançar bases ideológicas democráticas na maioria da América Hispânica. Por essa razão, é referido por alguns historiadores como o "George Washington da América do Sul".
     
(...)
    
Em 17 de dezembro de 1830, com a idade de quarenta e sete anos, Simón Bolívar morreu, após uma batalha dolorosa contra a tuberculose, na Quinta de San Pedro Alejandrino, em Santa Marta, Grande Colômbia (atual Colômbia). No seu leito de morte, Bolívar pediu ao seu ajudante-de-campo, o general Daniel F. O'Leary, para queimar o extenso arquivo remanescente de seus escritos, cartas e discursos. O'Leary desobedeceu à ordem e os seus escritos sobreviveram, proporcionando aos historiadores uma vasta riqueza de informações sobre o pensamento e a filosofia liberais de Bolívar, bem como detalhes da sua vida pessoal, como o seu caso amoroso de longa data com Manuela Sáenz
        

quarta-feira, dezembro 06, 2023

A Espanha escolheu unanimente a Democracia e a Monarquia Constitucional há 45 anos

Papeleta favorable a la Constitución de 1978
       
En aplicación de lo dispuesto en el artículo 3º de la Ley para la Reforma Política, por el Real Decreto 2550/1978 de 3 de noviembre, se convocó el Referéndum para la aprobación del Proyecto de Constitución que tuvo lugar el miércoles 6 de diciembre de 1978. Se llevó a cabo de acuerdo con lo prevenido en el Real Decreto 2120/1978, de 25 de agosto. La pregunta planteada fue "¿Aprueba el Proyecto de Constitución?". El Proyecto fue aprobado por el 87,78 por 100 de votantes que representaba el 58,97 por 100 del censo electoral.
    
Referéndum Constitucional 1978
¿Aprueba el proyecto de Constitución?
Datos Postura Votos  %
  • Censo: 26.632.180
    • Votantes: 17.873.271 (67,11%)
    • Abstención: 8.758.909 (32,89%)
      • Válidos: 17.739.485 (99,25%)
      • Votos nulos: 133.786 (0,75%)
15.706.078 88,54
No 1.400.505 7,89
En blanco 632.902 3,57
  
Tanto en el Senado como en el Congreso de los Diputados el texto fue aprobado con los votos de UCD, PSOE, AP (aunque 5 de sus diputados votaron en contra), PDPC, UDC-DCC y PCE, que, junto a ORT, PTE (estos dos en una decisión de última hora) y el PC entre otros, pidieron el voto favorable en el referéndum.
Por su parte, ERC, que en la votación del Congreso se abstuvo, en el referéndum se sumó al voto negativo; mientras que PNV, MC y otros pequeños partidos de izquierdas hicieron campaña por la abstención. Asimismo, también pidieron el voto negativo Euskadiko Ezkerra (EE), Herri Batasuna (HB), OCI (actual POSI), POUM, PSAN, BNPG (futuro BNG), FE-JONS, FN, AFN, UC, LCR y CRPE, entre otros.
  
     

sábado, novembro 25, 2023

Para profunda mágua e trauma inacabável da extrema-esquerda, o PREC e o Verão Quente faleceram há 48 anos...


(imagem daqui)
      
O golpe de 25 de novembro de 1975 foi uma tentativa de golpe militar por parte de forças associadas às forças políticas radicais e cuja derrota resultou no fim da influência que esta exercia sobre o país e permitiu que se instaurasse em Portugal uma democracia pluralista do estilo ocidental.
"Após um Verão Quente de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder do Conselho da Revolução, civis e militares começaram a contar espingardas para um possível confronto armado. Este, tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de novembro de 1975, tropas pára-quedistas ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas opondo-se-lhes eficazmente um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, liquidou a revolta, substituindo o PREC - "Processo Revolucionário em Curso" pelo "Processo Constitucional em Curso".
  
Contexto histórico
O golpe de estado em 25 de abril de 1974, conhecido por a Revolução dos Cravos, teve como objectivo principal a solução política da guerra colonial, e em segundo plano a implantação em Portugal de um regime democrático. A definição desse regime não foi consensual entre as diversas fações partidárias e movimentos sociais e políticos que surgiram então. Com a adesão espontânea de grande parte da população das principais cidades do País, o Golpe de Estado transformou-se em processo revolucionário (PREC). Na noite de 25 de abril de 1974 o MFA deu a conhecer à população portuguesa o seu Programa político e militar, o qual comportava diversas medidas de carácter político, jurídico, social e económico. O Programa do MFA não apontava para qualquer tipo específico de regime democrático mas, em contrapartida, no seu ponto 6 apontava para uma reorganização e social do País de tipo socialista (ou no mínimo socializante), anti-monopolista e favorável às classes e camadas sociais mais desfavorecidas. Foi sobretudo a favor ou contra estas provisões do Programa do MFA que a luta política, social, ideológica, económica e militar - a luta de classes - se iria desencadear. E ainda permanece entre nós... ao nível de historiadores, politólogos, especialistas de relações internacionais, políticos profissionais.
As forças mais identificadas com o modelo económico e social dito de 'economia de mercado', ou de 'livre iniciativa', ou 'capitalista' na aceção científica, como o PS, o PPD, o CDS, o PPM e as fações militares suas aliadas (spinolistas, Direita Militar mais conservadora, meloantunistas/moderados mais ou menos aliados à ala direita do PS - soarista) iriam tudo fazer para inviabilizar a implementação do ponto 6 a) e b) do Programa do MFA. Aliar-se-iam inclusive a potências estrangeiras e às respetivas agências de espionagem (EUA, RU/GB, RFA).
Algumas forças agarram-se ao referido PREC - "Processo Revolucionário em Curso", nomeadamente as coladas à extrema-esquerda parlamentar e constitucional, formada pelo MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral e a UDP União Democrática Popular e de vez em quando aliadas ao PCP - Partido Comunista Português. Constituíam o que se chamou Frente de Unidade Revolucionária e todas visavam a implantação de uma República popular. Todas elas detinham, em conjunto com o PCP, 36 dos 250 Deputados Constituintes.
Por oposição outras fações mais moderadas que um ano depois, em 1975, detinham uma ampla maioria dentro da Assembleia Constituinte, (214 dos 250 Deputados Constituintes), constituída por PS - Partido Socialista, PPD - Partido Popular Democrático e CDS - Centro Democrático Social, defendem a implantação de uma democracia constitucional de cariz semi-presidencialista. 
      
Antecedentes
A 25 de abril de 1975 decorreram as eleições para a Assembleia Constituinte. O Partido Socialista vence as eleições, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos e com uma participação eleitoral excecional e sem incidentes de maior, dando a este 38% e 116 eleitos, o Partido Popular Democrático obtém 26,5% e 81 eleitos, o Partido Comunista Português obtém 12,5% e 30 eleitos, o Centro Democrático Social obtêm 7,6% e 16 eleitos, MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral obtêm 4,14% e 5 eleitos, UDP União Democrática Popular obtém 0,79% e 1 eleito e a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM; representava os interesses de Macau e estava conotada com o CDS) obtém 0,3% e 1 eleito.
A 21 de junho, Otelo Saraiva de Carvalho, à data detentor do comando do COPCON, juntamente com o capitão Marques Júnior, à data membro do Conselho da Revolução, iniciaram uma visita de 10 dias a Cuba. A viagem foi realizada a pedido do Partido Comunista Português e apoiada pelo comunismo internacional, e tinha com o intuito atrair Otelo para o seu lado e assim garantir o controle do poder militar por parte dos comunistas.
A 11 de novembro, uma manifestação de trabalhadores da construção civil cerca a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de S. Bento, durante 36 horas. No dia 13 de novembro o almirante Pinheiro de Azevedo é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais.
Em 16 de novembro é realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial de Lisboa e das Unidades Coletivas de Produção alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular", nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no Porto, correndo rumores que a Assembleia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade.
A 20 de novembro o VI Governo Provisório auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar, nesse dia é realizada uma manifestação em frente ao Palácio de Belém a favor do "Poder Popular", Costa Gomes fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil.
No dia 21 de novembro, o Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capitão Vasco Lourenço, ligado à linha moderada, dois dias depois é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques, o mesmo conta com milhares de pessoas. No dia seguinte, a 24 de novembro, populares em Rio Maior e agricultores associados da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), na altura conotados com a direita tradicional e patriótica, cortam as estradas de acesso a Lisboa, separando o Norte de Portugal e o Sul. 
  
Golpe Militar de 25 de novembro
    
 
(imagem daqui)
   
No dia 25 de novembro:
  • na sequência de uma decisão do coronel piloto-aviador José Morais da Silva, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de mil camaradas de armas de Tancos, pára-quedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detêm o tenente-coronel Aníbal Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva;
  • este atos são considerados pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado, vindo de sectores mais radicais da esquerda. Esses militares, apoiados pelos partidos políticos moderados, como o PS e o PPD e depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes, ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer ação de rua, decidem então intervir militarmente para controlar o país;
  • o Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), conotado com a Esquerda Militar, toma posições no aeroporto de Lisboa, portagem de Lisboa A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas;
  • forças da Escola Prática de Administração Militar ocupam a RTP e a PM controla a Emissora Nacional, as duas Unidades militares eram conotados respetivamente com a esquerda revolucionária e com a referida Esquerda Militar ('gonçalvistas') e com a Esquerda Militar Radical ('otelistas').
  • o Regimento de Comandos da Amadora, conotada com os moderados, com a Direita Militar ('spinolistas' e outros sectores conservadores e ultra-conservadores militares, e identificados com os partidos da direita política parlamentar, a Igreja e sectores da Extrema-Direita) e com o Centro Militar ('melo-antunistas' ou 'moderados', identificados com o PS e o 'grupo do Florida'), cerca o Emissor de Monsanto, ocupado pelos para-quedistas, e a emissão da RTP é transferida para o Porto;
  • Mário Soares, Jorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS, no seguimento de um plano contra-revolucionário previamente estabelecido, saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam ao moderado Pires Veloso no Quartel da Região Militar Norte, através do General piloto-aviador José Lemos Ferreira que teria oferecido resistência ao seu comandante o brigadeiro graduado Eurico de Deus Corvacho;
  • O Presidente da República decreta o estado de sitio na área da Região Militar de Lisboa, e teve um papel determinante na contenção dos extremos;
  • o tenente-coronel António Ramalho Eanes, adjunto de Vasco Lourenço e futuro presidente da republica, ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades;
  • Vasco Lourenço dá voz de prisão a Diniz de Almeida, Campos Andrada, Cuco Rosa e Mário Tomé, todos militares conotados forças políticas de esquerda revolucionária, sendo o último inclusivamente filiado na UDP; diversos oficiais ditos 'moderados' estavam então conotados com o PS (com o qual conspiraram na preparação do plano e das operações que desembocaram no '25 de novembro de 1975') e o PPD.
  • o "Grupo dos Nove", vanguarda de todas as forças políticas e militares do Centro e da Direita (parlamentar e extra-parlamentar) e os seus aliados controlam a situação.
  
No dia 26 de novembro:
  • Jaime Neves com uma sua força dos Comandos da Amadora, ligados aos moderados, atacam o Regimento da Polícia Militar da Ajuda, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária; após a rendição, o resultado são 3 mortos;
  • prisões dos militares revoltosos;
  • forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocam-se para Lisboa;
  • Melo Antunes declara na RTP que o PCP: "é indispensável à democracia". Afastando as veleidades da direita saudosista, que tendo um plano de tomada de poder se colou ao "Grupo dos Nove".
  
No dia 27 de novembro:
  • os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respetivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON;
  • Ramalho Eanes é nomeado Chefe de Estado Maior do Exército em substituição de Carlos Fabião e graduado em General. O COPCON é integrado no Estado Maior Geral das Forças Armadas.
  • por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica;
  • são enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de novembro;
  • Costa Gomes, Presidente da República, decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa.
   
Acalmia 
A 28 de novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados, no dia seguinte em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada, o PS tem idêntica atitude.
É levantado o estado de sítio em Lisboa a 2 de dezembro, no dia seguinte a Assembleia Constituinte PS, PPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de Novembro.
Em conferência de imprensa, a 4 de dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado ativamente no 25 de novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por "anti-comunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo, nesse mesmo dia o PS, a par do PPD e CDS, defendem a revisão do "Pacto MFA-Partidos".
O PCP realiza, em 7 de dezembro, um comício no Campo Pequeno, Álvaro Cunhal reconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução".
A 1 de janeiro de 1976 a GNR intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de novembro de que resultam quatro mortos e seis feridos.
É preso, em 19 de janeiro, Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de novembro, alegadamente este estaria implicado no possível golpe militar de esquerda.
É realizada uma grande manifestação popular, no dia 20 de fevereiro, em Lisboa pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de novembro. Otelo Saraiva de Carvalho é libertado e passa ao regime de residência fixa no dia 3 de março de 1976.
  

sábado, novembro 04, 2023

A União Soviética (e os estados fantoches do pacto de Varsóvia) invadiram a Hungria há 67 anos...

         
A Revolução Húngara de 1956 (em húngaro: 1956-os forradalom) foi uma revolta popular espontânea contra as políticas impostas pelo governo da República Popular da Hungria e pela União Soviética. O movimento durou 23 de outubro até 10 de novembro de 1956.
        
(...)
        
Em 4 de novembro, o Exército Vermelho invade Budapeste, com o apoio de ataques aéreos e bombardeamentos de artilharia, derrotando rapidamente as forças húngaras. Calcula-se que 20 000 pessoas foram mortas durante a intervenção soviética. Nagy foi preso (e posteriormente executado) e substituído no poder pelo traidor simpatizante soviético János Kádár. Mais de 2 mil processos políticos foram abertos, resultando em 350 enforcamentos. Dezenas de milhares de húngaros fugiram do país e cerca de 13 mil foram presos. As tropas soviéticas apenas saíram da Hungria em 1991.
     

quinta-feira, novembro 02, 2023

A Rainha Sofia de Espanha faz hoje 85 anos...!

   
Sofia da Grécia, nascida Princesa Sofia Margarida Vitória Frederica Glucksburg da Grécia e Dinamarca (Atenas, 2 de novembro de 1938), foi a anterior rainha consorte de Espanha, sendo esposa de Juan Carlos I e mãe do atual rei Filipe VI:
   
Brasão de armas da Rainha Sofia

Primogénita do Rei Paulo I da Grécia, cristão ortodoxo, da família dinamarquesa Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, e da Rainha Frederica (nascida Princesa Frederica de Hanôver), Sofia teve que se exilar, ainda criança, com a sua família, no Egito e na África do Sul, durante a Segunda Guerra Mundial, retornando em 1946. Entre 1951 e 1955, viveu num internato alemão.
Terminou a sua educação na América e posteriormente na Grécia, onde estudou pediatria, música e arqueologia.
Conheceu o seu futuro marido, o então príncipe Juan Carlos de Bourbon, em 1954, durante um cruzeiro, organizado pela mãe, que reuniu os jovens da realeza europeia. Mas o romance com Juan Carlos de Borbón só começou em junho de 1961, quando se reencontraram num casamento, em Londres e casou-se em 14 de maio de 1962 em Atenas, convertendo-se ao catolicismo.
Em 1969, o Príncipe Juan Carlos foi indicado como sucessor do generalíssimo Francisco Franco. Em 1975, quando da morte de Franco, o casal foi proclamado rei e rainha, respetivamente.

domingo, outubro 15, 2023

O último Rei do Afeganistão nasceu há 109 anos...

   
Mohammed Zahir Xá (Cabul, 15 de outubro de 1914 - Cabul, 23 de julho de 2007) foi o segundo rei () do Afeganistão, sucedendo a seu pai, Nadir Xá.
Nascido em Cabul em 1914, Zahir foi educado na França e assumiu o trono após o assassinato do seu pai por um estudante. Era da etnia pachtum, e membro do clã Durani, um dos principais ramos pachtuns do país.
Depois de manter o país neutral durante a Segunda Guerra Mundial, começou a modernizar o país, fundando uma nova universidade, estreitando os laços comerciais e culturais com a Europa e trazendo assessores estrangeiros para o acompanharem de perto neste processo de europeização.
Em 1973, foi deposto num golpe, orquestrado pelo próprio primo, Mohammad Daoud, ministro da Defesa, que não aprovava a abertura e as relações com o Ocidente, instaurando a república.
Zahir foi o principal líder afegão num raro período de estabilidade política e relativa paz no país, entre 1933 e 1973.
Depois do golpe, o antigo monarca do Afeganistão mudou-se para Roma, de onde acompanhou à distância os períodos mais violentos da história recente de seu país - o confronto entre fações e tribos rivais, a guerra com os soviéticos, a tomada do poder pela milícia Talibã e a invasão americana depois do 11 de setembro. Em 1991, um português, convertido ao islamismo, a pretexto de obter uma entrevista, tentou assassiná-lo, num dos prováveis primeiros atos públicos da Al-Qaeda.
Em 2002, com os Talibãs fora do poder, Zahir voltou ao país para participar de uma reunião tribal sobre o futuro do Afeganistão, onde lhe foi atribuído o título de pai da nação afegã. O ex-rei apoiava o presidente interino do país Hamid Karzai. Desde então, habitou no antigo palácio real, até à sua morte, sem qualquer poder político ou isenção fiscal.
O ex-monarca faleceu em seu palácio da capital afegã, informou Karzai, numa entrevista coletiva, na qual declarou que haveria três dias de luto nacional, durante os quais as bandeiras em todo o país e nas missões diplomáticas afegãs no exterior foram colocadas a meia haste.