segunda-feira, outubro 15, 2018

O músico Cole Porter morreu há 54 anos


O seu trabalho inclui as comédias musicais Kiss Me, Kate (1948 - baseada na peça de Shakespeare The Taming of the Shrew), Fifty Million Frenchmen e Anything Goes, bem como as músicas "Night and Day", "I Get a Kick Out of You" e "I've Got You Under My Skin". Ele é notório pelas letras sofisticadas (às vezes vulgares), ritmos inteligentes e formas complexas. Ele é um dos maiores contribuidores do Great American Songbook.
  
  


domingo, outubro 14, 2018

Sebastião Alba morreu há dezoito anos

(imagem daqui)
  
Dinis Albano Carneiro Gonçalves, cujo pseudónimo é Sebastião Alba (Braga, 11 de março de 1940 - Braga, 14 de outubro de 2000 - 60 anos), foi um escritor português naturalizado moçambicano. Pertenceu à jovem vaga de autores moçambicanos que vingaram na literatura lusófona.
Nasceu em Braga, onde viveu durante alguns anos. Radicou-se, juntamente com a sua família, em 1950, em terras moçambicanas e só voltou a Portugal em 1984, voltando novamente para a «Cidade dos Arcebispos», Braga. Mas foi em Moçambique que se formou em jornalismo, lecionou em várias escolas e contraiu matrimónio, com uma moçambicana.
Publicou, em 1965, Poesias, inspirado na sua própria biografia. Um dos seus primeiros poemas foi Eu, a canção. Os seus três livros colocaram-no numa posição cimeira no ambiente cultural bracarense.
Faleceu com 60 anos, atropelado numa rodovia. Deixa um bilhete dirigido ao irmão: «Se um dia encontrarem o teu irmão Dinis, o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá».
Obras publicadas
  • Poesias, Quelimane, Edição do Autor, 1965.
  • O Ritmo do Presságio, Maputo, Livraria Académica, 1974.
  • O Ritmo do Presságio, Lisboa, Edições 70, 1981.
  • A Noite Dividida, Lisboa, Edições 70, 1982.
  • A Noite Dividida (O Ritmo do Presságio / A Noite Dividida / O Limite Diáfano), Lisboa, Assírio e Alvim, 1996.
  • Uma Pedra Ao Lado Da Evidência, (Antologia: O Ritmo do Presságio / A Noite Dividida / O Limite Diáfano + inédito), Porto, Campo das Letras, 2000.
  • Albas, Quasi Edições, 2003
   
in Wikipédia
  
Epílogo
  
  
Fui
hóspede desta mansão
na encruzilhada
dos meus sentidos.

O verso apenas é,
transversal e findo,
o poleiro evocativo
da ave do meu canto.
 
Essa ave em que o Outono
se perfila
e, cada vez mais exígua
no rumo e nas vigílias
do seu bando,
de súbito, espirala
até sumir-se
num país imaginário.

Poema alusivo à data

(imagem daqui)

Como os outros
  
  
Como os outros discípulo da noite
frente ao seu quadro negro que é
exterior à música dispo o reflexo
sou um e baço
 
dou-me as mãos na estreita
passagem dos dias
pelo café da cidade adoptiva
os passos discordando
mesmo entre si
 
As coisas são a sua morada
e há entre mim e mim um escuro limbo
mas é nessa disjunção o istmo da poesia
com suas grutas sinfónicas
no mar.
  
  
Sebastião Alba

Há 75 anos os prisioneiros do Campo de Concentração nazi de Sobibor revoltaram-se e conseguiram fugir

 Um memorial na entrada do campo
Sobibor foi um campo de extermínio alemão, localizado na Polónia ocupada pela Alemanha nazi, que foi parte da Operação Reinhard, no Holocausto. Judeus, prisioneiros de guerra soviéticos e possivelmente ciganos, foram transportados para Sobibor de comboio e assassinados em câmaras de gás alimentadas pelos gases de escape de um motor a diesel. Cerca de 260.000 pessoas foram assassinadas em Sobibor pelos alemães.
Sobibor foi também o sítio da única revolta bem sucedida de prisioneiros de um campo alemão. A 14 de outubro de 1943, membros da revolta conseguiram matar secretamente 11 dos guardas da SS e alguns guardas ucranianos também. Apesar do plano ter sido matar todos os guardas alemães da SS e sair pela porta principal do campo, as mortes foram descobertas e os prisioneiros tiveram de correr pelas suas vidas em todas as direções. Dos cerca de 600 prisioneiros do campo, usados como escravos, cerca de 300 conseguiram fugir.
A maior parte deles foi cercada e assassinada nos dias subsequentes, mas cerca de 50 prisioneiros conseguiram sobreviver à II Guerra Mundial. Esta fuga forçou os alemães a fechar o campo. Eles desmantelaram-no e plantaram uma floresta no local para tentar esconder o que se tinha passado ali.
A revolta foi dramatizada em 1987 pelo telefilme "Fuga de Sobibor," baseado no livro do mesmo nome escrito por Richard Raschke, publicado em 2011 no Brasil pela editora Universo, retratando, através de testemunhos e documentos, a realidade do campo e a mais bem sucedida revolta ocorrida em um campo de extermínio alemão.
O documentário "Sobibor, 14 de outubro de 1943, 16.00" (a hora exacta da revolta) do realizador suíço Claude Lanzmann contém uma descrição dos acontecimentos, usando filmes da época e relatos de alguns dos sobreviventes, que ainda vivem hoje em Israel.
  
Localização do campo de Sobibor
  

Usher faz hoje quarenta anos!

Usher Terry Raymond IV (Dallas, 14 de outubro de 1978), mais conhecido como Usher, é um cantor, dançarino e ator norte-americano. Ele é considerado em todo o mundo como o príncipe do R&B. Usher, chegou à fama no final dos anos 90 com o lançamento do seu segundo álbum, My Way, que gerou o seu primeiro hit n.º 1 na Billboard Hot 100, "Nice and Slow". O seu álbum seguinte, 8701, teve mais dois hits n.º um na Billboard Hot 100, "U Remind Me" e "U Got It Bad". Ambos os álbuns venderam mais de 8 milhões de cópias em todo o mundo, estabelecendo Usher como um dos melhores artistas de R&B em relação a vendas da década de 90.
O sucesso de Usher continuou com seu álbum de 2004, Confessions, que vendeu mais de 10 milhões de cópias só nos Estados Unidos, e obteve a certificação de diamante pela RIAA. Confessions tem a maior primeira semana de vendas para um artista R&B da história, e vendeu mais de 20 milhões de cópias no mundo todo. Ele gerou um recorde de quatro singles consecutivos no topo da Billboard Hot 100 "Yeah!","Burn","Confessions Part II" e "My Boo". O álbum de 2008 Here I Stand vendeu mais de 5 milhões de cópias em todo o mundo, e o single "Love In This Club" atingiu um pico de número um na Billboard Hot 100.
Em 30 de março de 2010, Usher lançou o seu sexto álbum de estúdio, Raymond V. Raymond, que se tornou o seu terceiro álbum consecutivo a estrear no n.º um nos Estados Unidos, na Billboard 200. Foi certificado platina pela RIAA e gerou outro hit n.º um na Hot 100 "OMG". A canção tornou-se o seu nono n.º um nos Estados Unidos, fazendo dele o primeiro artista da década colocando singles n.º um em três décadas consecutivas, e apenas o quarto artista de todos os tempos a alcançar esse feito. Mais tarde, ele lançou um Extended Play e a versão deluxe de "Raymond v. Raymond", intitulado Versus , que estreou no número quatro no Billboard 200. O seu primeiro single "DJ Got Us Fallin' in Love", alcançou sucesso internacional e chegou a n.º quatro no Billboard Hot 100.
A RIAA classificou Usher como um dos artistas que mais vendeu na história da música americana, tendo vendido mais de 23 milhões de cópias nos Estados Unidos. Até hoje, ele já vendeu mais de 65 milhões de discos em todo o mundo, fazendo dele um dos artistas mais vendidos da música de todos os tempos. Usher, já ganhou inúmeros prémios, incluindo sete prémios Grammy, quatro World Music Awards, seis American Music Awards e 22 Billboard Music Awards. Em 2008, Usher foi classificado como o vigésimo primeiro artista mais bem sucedido na Billboard Hot 100 de todos os tempos pela revista Billboard. A Billboard também classificou Usher o artista número um da Hot 100 na década de 2000, nomeando-o o segundo artista mais bem-sucedido da década dos anos 2000, com o seu álbum de 2004, Confessions, a ser classificado como o álbum a solo melhor e segundo álbum mais bem sucedido da última década. Em novembro de 2010, Usher foi o sexto classificado pela Billboard na lista dos 25 artistas Top R&B/Hip-Hop dos últimos 25 anos (1985-2010), vencendo mais do que qualquer outro artista de sua geração. Usher alcançou nove hits n.º um na Hot 100, todos como um artista principal. Além de sua carreira musical, ele é considerado como um símbolo sexual. Em 1998 as pessoas o nomearam o mais sexy artista de R&B vivo. Em 2010, o Glamour o nomeou um dos 50 homens mais sexy vivo.
     
 

sábado, outubro 13, 2018

Poesia para recordar um dia triste...

(imagem daqui)
   
Requiem
  
  
(ao menino morto, eu próprio)
 
A tarde declina com uma luz ténue.
Estou grave e calmo.
E não preciso de ninguém
Nem a luz da tarde me comove: entendo-a.
Até as imagens me são inúteis porque contemplo tudo.

Os ventos rodam, rodam, gemem e cantam
E voltam. São os mesmos.
Como os conheço desde a infância!
E a terra húmida das tapadas da quinta...
O estrume da égua morta quando eu tinha seis anos
Gira transparente nesta brisa fria...
(Na noite gotas de orvalho sumiam-se sob as folhas das ervas)
Oh, não há solidão, nas neblinas de inverno
Pela erma planície...
 
E foi engano julgar-te morto e tão só nas tapadas em silêncio...
 
Agora sei que vives mais
Porque começo a sentir a tua presença, grande como o silêncio...
Já me não vem a vaga tristeza do teu chamamento longínquo
Já me confundo contigo.


Ao meu cão
 
 
Deixei-te só, à hora de morrer.
Não percebi o desabrigado apelo dos teus olhos
Humaníssimos, suaves, sábios, cheios de aceitação
De tudo... e apesar disso, sem o pedir, tentando
Insinuar que eu ficasse perto,
Que, se me fosse, a mesma era a tua gratidão.
 
Não percebi a evidência de que ias morrer
E gostavas da minha companhia por uma noite,
Que te seria tão doce a minha simples presença
Só umas horas, poucas.
Não percebi, por minha grosseira incompreensão,
Não percebi, por tua mansidão e humildade,
Que já tinhas perdoado tudo à vida
E começavas a debater-te na maior angústia, a debater-te com a morte.
E deixei-te só, à beira da agonia, tão aflito, tão só e sossegado.
  
  
 
ÚLTIMAS DISPOSIÇÕES DO H.M.E.

Para começar tirem-me este trapo da cara, que faz cócegas
e amortalhem nele o meu gato e enterrem-no
ali onde era o meu jardim cromático.

Levem a coroa de latão de cima do meu peito
e atirem-na às estátuas erguidas no entulho,
e ofereçam os laços às putas, para que com eles se enfeitem.

Rezem as orações a um telefone antiquado e sem fio
ou embrulhem-nas num lenço de assoar cheio de farelos
para os estúpidos peixes do charco.

O Bispo que fique em casa e se emborrache,
dêem-lhe uma garrafa de rum
(o sermão vai fazer-lhe sede).
E deixem-me em paz com lápides e chapéus altos!
Com o belo basalto pavimentem uma viela
onde ninguém more,
uma Ruazinha para pássaros.

Na minha mala há muito papel amarelo para o meu primo miúdo
fazer com ele avionetes que hão-de voar, bonitas, da ponte
e ir mergulhar no rio.

O mais que fica (umas cuecas, um isqueiro, uma linda opala
e um despertador) isso é para oferecer a Calístenes, o trapeiro,
com a devida gorjeta.
 
Quanto à ressurreição da carne, entretanto, e à vida eterna,
dessas coisas trato eu, se estão de acordo:
É cá comigo, não acham? Então, adeus!
 
Na banca de cabeceira há ainda alguns cigarros.
  

Poesia adequada à data

(imagem daqui)
  
  
Auto-retrato
 
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.
  
Manuel Bandeira



O Bicho
 
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira


Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.





Manuel Bandeira

Manuel Bandeira morreu há cinquenta anos

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 - Rio de Janeiro, 13 de outubro de 1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 1922 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Clarice Lispector e Joaquim Nabuco, entre outros, representa o melhor da produção literária do estado de Pernambuco.
   
  
O Último Poema
 
Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
 
Manuel Bandeira

Cristovam Pavia morreu há cinquenta anos

(imagem daqui)
   
Poeta português, nascido em 7 de outubro de 1933, em Lisboa, e falecido a 13 de outubro de 1968, na mesma cidade, filho do poeta presencista Francisco Bugalho, oriundo de Castelo de Vide. A partir de 1940 reside em Lisboa, onde terminou os estudos liceais. Frequentou a Faculdade de Direito de Lisboa, que abandonará para ingressar na Faculdade de Letras. Entre 1960 e a sua morte, trabalhando na construção civil, viveu entre Lisboa, Castelo de Vide, Paris e Heidelberg, onde recebeu acompanhamento psicoterapêutico. A sua única obra poética publicada em vida, 35 Poemas, data de 1959, embora tenha publicado anteriormente colaboração poética em jornais e revistas, como Diário Popular, Árvore, Anteu, Távola Redonda, Serões. Além do pseudónimo Cristovam Pavia, António Flores Bugalho assinou composições com os pseudónimos, ou "semi-heterónimos" (cf. BENTO, José - introdução, notas e comentários a Poesia de Cristovam Pavia, Lisboa, 1982), Sisto Esfudo, Marcos Trigo e Dr. Geraldo Menezes da Cunha Ferreira. Para José Bento, "A poesia de Cristovam Pavia é a revelação de si próprio, de uma personalidade em conflito com o mundo em que vive e que procura uma fuga pela recuperação da infância morta, pela aceitação do seu conhecer-se diferente e despojado do que lhe é mais caro (a infância, o amor, o espaço e o tempo em que ambos se situavam), a transformação do seu próprio ser pelo sofrimento, num movimento de ascese e de autodestruição, quando o poeta atinge a consciência de si próprio e da sua voz." ("Sobre a Poesia de Cristovam Pavia", in Poesia de Cristovam Pavia, Lisboa, 1982, p.15).
   
Na noite da minha morte
   
Na noite da minha morte
Tudo voltará silenciosamente ao encanto antigo...
E os campos libertos enfim da sua mágoa
Serão tão surdos como o menino acabado de esquecer.
  
Na noite da minha morte
Ninguém sentirá o encanto antigo
Que voltou e anda no ar como um perfume...
Há-de haver velas pela casa
E xales negros e um silêncio que eu
Poderia entender.
 
Mãe: talvez os teus olhos cansados de chorar
Vejam subitamente...
Talvez os teus ouvidos, só eles ouçam, no silêncio da casa velando,
E mesmo que não saibas de onde vem nem porque vem
Talvez só tu a não esqueças.
  
in
35 poemas (1959) - Cristovam Pavia

A Rainha que nos ajudou a separar da Espanha dos Filipes nasceu há 405 anos

D.ª Luísa Maria Francisca de Gusmão (Sanlúcar de Barrameda, 13 de outubro de 1613 - Lisboa, 6 de novembro de 1666), pelo seu casamento com João, duque de Bragança em 12 de janeiro de 1633, veio a ser a primeira Rainha de Portugal da quarta dinastia.
  
Brasão da Rainha D.ª Luísa de Gusmão
  
Da Casa Ducal de Medina-Sidónia, Dona Luísa era filha de João Manuel Peres de Gusmão, 8º duque de Medina-Sidónia, e de Joana Lourença Gomes de Sandoval e Lacerda, os senhores mais poderosos da Andaluzia. Descendia dos reis de Portugal por via paterna - a sua avó Ana de Silva e Mendonça era descendente de D. Afonso Henriques) - e por via materna - a sua outra avó, Catarina de Lacerda, descendia de D. Afonso I de Bragança.
Em 1621, na subida ao trono de Filipe IV, o plano de incorporação de Portugal na Coroa de Espanha tinha já realizado duas fases: a fase da união pela monarquia dualista jurada em Tomar (1581) por Filipe II, prometendo o respeito pela autonomia do Governo de Portugal; e a fase da anexação, entretanto operada durante o reinado de Filipe III (1598-1621).
No início do reinado de Filipe IV faltava apenas consumar a absorção de Portugal. Na Instrucción sobre el gobierno de España, que o Conde-Duque de Olivares apresentou ao rei Filipe IV, em 1625, tratava-se do planeamento e da execução dessa fase final da absorção. O conde-duque indicava três caminhos:
  1.  Realizar uma cuidadosa política de casamentos, para confundir e unificar os vassalos de Portugal e de Espanha;
  2. Ir o rei Filipe IV fazer corte temporária em Lisboa;
  3. Abandonar a letra e o espírito dos capítulos das Cortes de Tomar (1581), que colocava na dependência do Governo autónomo de Portugal os portugueses admitidos nos cargos militares e administrativos do Reino e do Ultramar (Oriente, África e Brasil), passando estes a ser vice-reis, embaixadores e oficiais palatinos de Espanha.
Dos três caminhos indicados, aquele que era talvez o mais difícil de realizar era o da política de casamentos. O casamento de Dona Luísa de Gusmão com o Duque de Bragança surgiu como uma oportunidade a não perder. Juntando duas importantes Casas Ducais, uma de Espanha e a outra de Portugal, esperava-se por seu intermédio vir a impedir o levantamento de Portugal contra a Dinastia Filipina.
Dona Luísa de Gusmão, porém, apoiou a política do marido na rebelião contra a Espanha. Tê-lo-á mesmo incitado a aceitar a Coroa do Reino de Portugal, nem que para isso fossem precisos grandes sacrifícios. O conde da Ericeira atribuiu à duquesa Dona Luísa o propósito "mais acertado de morrer reinando do que acabar servindo", a partir do qual os adversários da autonomia portuguesa fizeram depois sonoras frases ao gosto popular, como a de que ela teria afirmado, "melhor ser Rainha por um dia, do que duquesa toda a vida". Segundo a opinião de Veríssimo Serrão, «não é de manter-se a falsa tradição que fez dela um dos «motores» da Restauração, mas não oferece dúvida que se identificou com o movimento e soube enfrentar os sacrifícios com ânimo varonil».
  
Rainha de Portugal
Após a aclamação, instalou-se em Lisboa com os filhos, vivendo para a sua educação. Não teve um papel apagado, pois, aquando da revolta de 1641, foi de parecer que os culpados não mereciam perdão, mesmo o inocente duque de Caminha. Exerceu governo sempre que o Rei acorria à fronteira do Alentejo, como, em julho de 1643, auxiliada nos negócios públicos por D. Manuel da Cunha, bispo capelão-mor, Sebastião César de Meneses e o marquês de Ferreira.
Desde muito cedo, as rainhas de Portugal contaram com os rendimentos de bens, adquiridos na sua grande maioria por doação. Às rainhas cabiam tenças sobre a receita das alfândegas, a vintena do ouro de certas minas, para além dos rendimentos das terras de que dispunham e a nomeação dos respectivos ofícios.
No entanto, e de acordo com o estipulado nas Ordenações Manuelinas, as doações feitas às rainhas, mesmo quando não reservavam para o monarca nenhuma parte da jurisdição cível e crime, deviam ser interpretadas com reserva da mais alta superioridade e senhorio para o Rei. Para além de estipularem as formas de exercício da jurisdição das rainhas, determinavam o regimento do ouvidor, que era desembargador na Casa da Suplicação.
Após o período de domínio filipino, durante o qual cessara o estado, dote e jurisdição das rainhas, D. João IV determinou que sua mulher, D. Luísa Gabriela de Gusmão, detivesse todas as terras que tinham pertencido à anterior rainha D. Catarina: (Silves, Faro, Alvor, Alenquer, Sintra, Aldeia Galega e Aldeia Gavinha, Óbidos, Caldas da Rainha e Salir do Porto), com as respectivas rendas, direitos reais, tributos e ofícios (vedor, juiz, ouvidor e mais desembargadores, oficiais dos feitos de sua fazenda e estado), padroados, e toda a jurisdição e alcaidarias mores, de acordo com a Ordenação manuelina.
Por Carta de 10 de janeiro de 1643 foram confirmadas as doações e jurisdição das rainhas. A 9 de fevereiro do mesmo ano, foram doadas a D. Luísa as terras da Chamusca e Ulme, mais bens pertencentes ao morgado Rui Gomes da Silva, e ainda o reguengo de Nespereira, Monção e Vila Nova de Foz Côa.
D. Luísa, por Decreto de 16 de julho de 1643, criou o Conselho ou Tribunal do Despacho da Fazenda e Estado da Casa das Senhoras Rainhas, constituído por um ouvidor presidente, dois deputados, um provedor, um escrivão e um porteiro. O Regimento do Conselho da Fazenda e Estado, outorgado em 11 de outubro de 1656, fixou a existência de um vedor da Fazenda, um ouvidor e dois deputados, um dos quais ouvidor geral das terras das rainhas, um procurador da Fazenda e respectivo escrivão, um chanceler e um escrivão da câmara. Esse regimento viria a ser confirmado por alvará de 11 de maio de 1786.
  
Regente do Reino
No testamento do esposo, D. Luísa foi nomeada regente durante a menoridade de D. Afonso VI, aclamado no Paço da Ribeira em 15 de novembro de 1656, aos 13 anos. Era voz corrente que D. Afonso sofria de grave doença, pelo que chegou-se a pensar no adiamento da cerimónia.
A regente procurou organizar o governo de modo a impor-se às facções palacianas em jogo. Nomeou D. Francisco de Faro e Noronha, conde de Odemira, para aio do monarca e manteve os ofícios da casa real nas mãos dos que os exerciam no tempo do marido. Os negócios públicos continuaram com os secretários de Estado e Mercês, Pedro Vieira da Silva e Gaspar de Faria Severim.
Mas a rivalidade entre o conde de Odemira e D. António Luís de Meneses, conde de Cantanhede, dificultou a sua acção. Viu-se assim coagida a nomear a chamada Junta Nocturna (por ter reuniões à noite) com vários conselheiros da sua confiança. Além dos dois nobres, havia ainda o marquês de Nisa, Pedro Fernandes Monteiro, o conde de São Lourenço e, o principal, Frei Domingos do Rosário, hábil diplomata. O sistema durou durante a regência, útil para a boa marcha dos negócios públicos.
Durante sua regência houve a grande vitória portuguesa das Linhas de Elvas, em 14 de janeiro de 1659, batalha decisiva porque a derrota implicaria a perda de Lisboa. Não foi uma vitória decisiva, pois o Tratado dos Pirinéus iria deixar a Espanha sem outros compromissos militares e Portugal voltaria a sentir ameaças mais graves.
O partido afecto a D. Afonso VI lançou-se abertamente na luta contra a regente, sob a orientação de D. Luís de Vasconcelos e Sousa, 3.º conde de Castelo Melhor. Em 1661, a rainha pretendia abandonar o governo, chegando a redigir um papel para justificar a sua atitude e a «monstruosidade que representava o reino com duas cabeças». Mas temendo a desastrosa administração de seu filho, resolveu manter-se regente.
A aliança com Inglaterra, assinada em 1662, foi em grande parte obra sua, bem como a organização das forças que, no ano seguinte, já no governo de D. Afonso VI, vieram a obter as vitórias da Guerra da Restauração. A viúva de D. João IV defendeu os princípios de liberdade e independência da restauração e manteve-se no governo, receosa de que o filho mais velho o comprometesse.
Jaz no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa, para onde foi trasladada de Xabregas.
  

A Poesia ficou mais pobre há cinquenta anos...


In memoriam

Todos os anos são anos de morte
Os anos morrem por partes dia a dia
O poeta pode ser fraco ou ser forte
Por vezes vai dar uma volta e demora
A treze do mês de outubro foram-se embora
manuel bandeira e cristovam pavia
Todas as mortes nos matam um pouco
Seja a de um santo seja a de um louco
Na irmã morte vive a poesia:
Viva bandeira viva pavia


in Homem de Palavra(s) (1969) - Ruy Belo

sexta-feira, outubro 12, 2018

Hoje é dia de recordar dois atentados...

O rebocador USNS Catawba (T-ATF-168), a frente, rebocando o USS Cole logo após o atentado
 
O Atentado ao USS Cole foi um ataque suicida feito contra o destroyer USS Cole (DDG 67) da Marinha dos Estados Unidos em 12 de outubro de 2000, enquanto este estava a reabastecer no porto de Áden, no Iémen. Cerca de 17 marinheiros americanos foram mortos e outros 39 ficaram feridos.
O grupo terrorista islâmico al-Qaeda assumiu a autoria do ataque. A resposta da Administração Clinton foi considerada tímida, com pouca ação militar direcionada contra os responsáveis.
 
 
 
Os atentados em Bali em outubro de 2002 ocorreram ao final do dia 12 de outubro de 2002 na zona turística de Kuta, em Bali, Indonésia. O ataque terrorista foi o ato mais mortífero da história da Indonésia, com um total de 202 pessoas assassinadas, das quais 164 eram estrangeiros e 38 cidadãos indonésios, havendo ainda 209 pessoas que ficaram feridas.
O ataque foi provocado com a detonação de três bombas: um dispositivo montado numa mochila levada por um terrorista suicida e um grande carro-bomba que foram detonados junto a populares centros noturnos em Kuta; e um terceiro dispositivo, menor, que foi detonado fora do consulado dos Estados Unidos da América em Denpasar e que apenas causou danos menores.
Vários membros do Jemaah Islamiya, um grupo terrorista islâmico, foram sentenciados pela participação no acto terrorista, incluindo três indivíduos que foram condenados à pena de morte. Abu Bakar Bashir, o suposto líder espiritual do Jemaah Islamiyah, foi julgado e considerado culpado, sentenciado a dois anos e meio de prisão. Riduan Isamuddin, geralmente conhecido como Hambali e suposto ex-líder operacional do Jemaah Islamiyah, está sob custódia dos Estados Unidos, em lugar não revelado, e não foi ainda formalmente acusado. Em 9 de novembro de 2008, Iman Samudra, Amrozi Nurhasyim e Ali Ghufron foram executados, por fuzilamento, numa prisão da ilha de Nusa Kambangan. Mais tarde, o então presidente, Abdurrahman Wahid e o ex-terrorista Umar Abdu assumiram que aquele atentado foi uma operação de bandeira falsa organizado pelo exército e o serviço de inteligência.
  

O ator Hugh Jackman faz hoje cinquenta anos

Hugh Michael Jackman (Sydney, 12 de outubro de 1968) é um ator, cantor e produtor de cinema australiano.
O ator ganhou reconhecimento internacional pelos seus filmes internacionais, particularmente em personagens de ação e heróis ou em personagens românticos. Jackman é mundialmente conhecido por ter interpretado o personagem Wolverine na série X-Men. Outros filmes importantes na carreira do ator são Van Helsing: O Caçador de Monstros, Real Steel, Kate & Leopold, The Prestige, Australia, Les Misérables e Prisoners.
Em 2009, Jackman foi o anfitrião da Cerimónia dos Óscares, e no ano seguinte foi escolhido como o Ator Mais Sexy do Mundo pela revista People. Foi indicado para o Óscar de Melhor Ator pela sua atuação em Les Misérables, mas perdeu para Daniel Day-Lewis

O Imperador D. Pedro I do Brasil e Rei D. Pedro IV de Portugal nasceu há 220 anos

D. Pedro I (Queluz, 12 de outubro de 1798 - Queluz, 24 de setembro de 1834), alcunhado o Libertador, foi o fundador e primeiro monarca do Império do Brasil. Como Rei D. Pedro IV, reinou brevemente em Portugal, onde também ficou conhecido como o Libertador e também como o Rei Soldado. Nascido em Lisboa, Pedro I foi o quarto filho de El-Rei D. João VI de Portugal e da Rainha Carlota Joaquina, e assim membro da Casa de Bragança. Quando seu país foi invadido por tropas francesas em 1807, foi com sua família para o Brasil.
A deflagração da Revolução liberal de 1820 no Porto, com a rápida adesão de Lisboa e o resto do país, obrigou o pai de Pedro I a retornar a Portugal em abril de 1821, deixando-o para governar o Brasil como regente. Teve de lidar com as ameaças de revolucionários e com a insubordinação de tropas portuguesas, as quais foram, no entanto, todas subjugadas. A tentativa do governo português de retirar a autonomia política que o Brasil gozava desde 1808 e tornar o país que havia sido elevado a condição de reino unido a Portugal em uma colónia ultramarina novamente foi recebida com descontentamento geral. Pedro I escolheu o lado brasileiro e declarou a independência do Brasil de Portugal em 7 de setembro de 1822. Em 12 de outubro foi aclamado imperador brasileiro e, em março de 1824, já havia derrotado todos os exércitos leais a Portugal. Poucos meses depois, Pedro I esmagou a Confederação do Equador, principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora de seu governo.
Uma rebelião separatista na província sulista da Cisplatina no início de 1826, e a tentativa subsequente de sua anexação pela Províncias Unidas do Rio da Prata (futura Argentina) levaram o império a Guerra da Cisplatina. Em março de 1826, Pedro I se tornou brevemente rei de Portugal com o título de D. Pedro IV antes de abdicar em favor de sua filha mais velha, D. Maria II. A situação piorou em 1828 quando a guerra do sul resultou na perda da Cisplatina. Nesse mesmo ano, em Lisboa, o trono de Maria II foi usurpado pelo príncipe D. Miguel, irmão mais novo de Pedro I. O relacionamento sexual escandaloso e concorrente com uma cortesã maculou a reputação do imperador. Outras dificuldades surgiram no parlamento brasileiro, onde o conflito sobre se o governo e suas políticas seriam escolhidos pelo monarca ou pela legislatura dominaram os debates políticos de 1826 à 1831. Incapaz de lidar com os problemas do Brasil e de Portugal ao mesmo tempo, em 7 de abril de 1831 Pedro I abdicou em favor de seu filho, o Imperador D. Pedro II e partiu para a Europa.
D. Pedro  invadiu Portugal à frente de um exército em julho de 1834. Frente ao que parecia inicialmente uma guerra civil nacional, logo se envolveu num conflito em escala muito maior que abrangeu toda a península Ibérica numa luta entre os defensores do Liberalismo e aqueles que procuravam o retorno ao Absolutismo. Dom Pedro  morreu de tuberculose em 24 de setembro de 1834, apenas poucos meses após ele e os liberais terem emergido vitoriosos. Foi consagrado por contemporâneos e pela posteridade como uma figura chave que ajudou a propagar os ideais liberais que permitiram ao Brasil e a Portugal a se moverem de regimes autoritários a formas de governo representativo.
(...)

D. Pedro I contou, naturalmente, com o apoio do "povo" e, de volta ao Rio de Janeiro, em 12 de outubro, foi proclamado imperador e "defensor perpétuo do Brasil". Em 1 de dezembro foi sagrado e coroado. A Independência do Brasil foi contestada em território brasileiro por tropas do Exército Português, especialmente nas regiões onde, por razões estratégicas, elas se concentravam, a saber, nas então Províncias Cisplatina, da Bahia, do Piauí, do Maranhão e do Grão-Pará (Guerra da Independência do Brasil). A Independência foi oficialmente reconhecida por Portugal e pelo Reino Unido somente em 1825.
  

quinta-feira, outubro 11, 2018

Édith Piaf morreu há 55 anos

Édith Giovanna Gassion, (Paris, 19 de dezembro de 1915 - Plascassier, 11 de outubro de 1963), ou simplesmente, Édith Piaf foi uma cantora francesa de música de salão e variedades, mas foi reconhecida internacionalmente pelo seu talento no estilo francês da chanson.
O seu canto expressava claramente sua trágica história de vida. Entre seus maiores sucessos estão "La vie en rose" (1946), "Hymne à l'amour" (1949), "Milord" (1959), "Non, je ne regrette rien" (1960). Participou de peças teatrais e filmes. Em junho de 2007 foi lançado um filme biográfico sobre ela, chegando ao cinemas brasileiros em agosto do mesmo ano com o título "Piaf – Um Hino Ao Amor" (originalmente "La Môme", em inglês "La Vie En Rose"), direção de Olivier Dahan.
Édith Piaf está sepultada na mais célebre necrópole parisiense, o cemitério do Père-Lachaise. Seu funeral foi acompanhado por uma multidão poucas vezes vista na capital francesa. Hoje, o seu túmulo é um dos mais visitados por turistas do mundo inteiro.

Infância
Ela nasceu como Édith Giovanna Gassion em Belleville, um distrito cheio de imigrantes em Paris. Uma lenda diz que ela nasceu na calçada da Rue de Belleville 72, mas a sua certidão de nascimento cita o Hospital Tenon, que faz parte de Belleville.
Ela recebeu o nome de Édith em homenagem a uma enfermeira britânica da Primeira Guerra Mundial que foi executada por ajudar soldados franceses e ingleses a escapar dos alemães. Piaf, um nome coloquial francês para um tipo de pardal, foi a alcunha que lhe deram vinte anos depois.
Sua mãe, Annetta Giovanna Maillard (1895–1945), era pied-noir, mais especificamente de ascendência franco-italiana por parte de pai e cabila-berbere por parte de mãe. Ela trabalhava como cantora em um café com o pseudónimo de Line Marsa. Louis-Alphonse Gassion (1881–1944), o pai de Édith, era normando e acrobata de rua com um passado no teatro. Os pais de Edith abandonaram-na cedo, e ela viveu por um curto período de tempo com sua avó materna, Emma (Aïcha) Saïd ben Mohammed (1876–1930), que deixava-a em uma saleta e não cuidava da sua higiene. Ela ficou 18 meses com a avó; antes de se alistar na armada francesa em 1916 para lutar na Primeira Guerra Mundial, o pai de Edith pegou-a de volta e levou-a para sua mãe. Esta trabalhava então em um bordel em Bernay, na Normandia. Lá, prostitutas tomaram conta da pequena Édith.
Dos sete aos oito anos, Édith ficou supostamente cega devido a uma queratite. De acordo com uma de suas biografias, ela curou-se depois de as prostitutas a terem levado para orar no túmulo de Santa Teresa de Lisieux (conhecida popularmente como Santa Teresinha). Devido a esse episódio, Édith conservou devoção a Santa Teresinha por toda sua vida.
Em 1922, o pai de Édith levou-a para viver em sua companhia, enquanto trabalhava em pequenos circos itinerantes. Em 1929, aos 14 anos, enquanto seu pai fazia performances acrobáticas nas ruas de toda a França, Édith cantou pela primeira vez em público.
Com 15 anos, deixou seu pai e foi viver num quarto do Grand Hôtel de Clermont (na rua Veron, 18, em Paris), indo sozinha cantar no Quartier Pigalle, Ménilmontant e subúrbios de Paris. Nessa época juntou-se à amiga Simone Berteaut ("Mômone") e as duas tornaram-se parceiras em travessuras. Édith estava com 16 anos quando se apaixonou por Louis Dupont, um entregador.
Aos 18 anos, Édith teve a sua única filha, Marcelle, que morreu de meningite com dois anos de idade em 7 de julho de 1935. Como a mãe, Édith encontrou dificuldade em cuidar da filha enquanto vivia de cantoria nas ruas, e deixava Marcelle para trás. Dupont criou a criança até à sua morte.
O namorado seguinte de Édith foi um proxeneta chamado Albert, que, em troca de não a forçar a se prostituir, cobrava comissões sobre o dinheiro que ela ganhava cantando. Ela terminou o namoro quando uma de suas amigas, Nadia, cometeu suicídio para não se tornar prostituta.

Carreira
Em 1935, Édith foi descoberta cantando na rua da área de Pigalle por Louis Leplée, dono do cabaré Le Gerny's, situado na avenida Champs Élysées, em Paris. Foi ele quem a iniciou na vida artística e a batizou de "la Môme Piaf", uma expressão francesa que significa "pequeno pardal" ou "pardalzinho", pois ela tinha uma estatura baixa (1,42 m). Lepleé, vendo o quão nervosa Piaf ficava ao cantar, começou a ensinar-lhe como se portar no palco e disse-lhe para começar a usar um vestido preto quando se apresentasse, vestuário que mais tarde se tornou sua marca registada, como roupa de apresentação. Ele também fez enorme campanha para a noite de estreia de Piaf no Le Gerny's, o que resultou na presença de várias celebridades, como o ator Maurice Chevalier. e a grande vedeta do music hall, Mistinguett. Foi durante suas apresentações no Le Gerny's que Piaf conheceu o compositor Raymond Asso e a compositora Marguerite Monnot, que se tornou sua parceira e grande e fiel amiga por toda sua vida. É de Marguerite composições como "Mon légionnaire", "Hymne à l'amour", "Milord" e "Les Amants d'un jour".
No ano seguinte (1936), Piaf assina contrato com a Polydor e lança seu primeiro disco "Les Mômes de la Cloche", que se torna um sucesso imediato. Mas no dia 6 de abril desse mesmo ano, Leplée é assassinado no seu domicílio. Piaf é interrogada e acusada de cúmplice, mas acabou sendo absolvida mais tarde. Ele foi morto por bandidos que tiveram, num passado não muito distante, laços com Piaf, o que gerou uma atenção negativa sobre ela por parte dos media, ameaçando, assim, a sua carreira. Para reerguer sua imagem, ela retoma contacto com Raymond Asso, com quem, mais tarde, ela também viria a envolver-se romanticamente. Raymond passou a ser o seu novo mentor e foi ele quem mudou o nome artístico dela de "La Môme Piaf" para "Édith Piaf" e encomendou a Marguerite Monnot canções que tratassem unicamente do passado de Piaf nas ruas. A partir deste reencontro, Raymond começou a fazer Piaf trabalhar arduamente, para se tornar uma cantora profissional de Music Hall.
Entre 1936 e 1937, Piaf apresentou-se no Bobino, um music hall no bairro de Montparnasse. Em março de 1937 faz a sua estreia no music hall ABC, onde ela se torna imediatamente uma imensa vedette da canção francesa, amada pelo público e difundida pela rádio. Em 1940 estreia no teatro em uma peça de Jean Cocteau Le Bel Indifférent, escrita especialmente para ela, e que a fez contracenar com o então seu companheiro, o ator Paul Meurisse. Ao lado de Paul, ela estreia num filme em 1941, Montmartre-sur-Seine de Georges Lacombe.
Durante a ocupação alemã na França, Piaf continua seus shows. Muitos consideraram-na uma traidora, mas a seguir à guerra, ela declarou que trabalhou a favor da resistência francesa. Na primavera de 1944, Piaf conhece o jovem cantor Yves Montand e passa a ser sua mentora e amante.
Em 1945, Piaf escreveu uma de suas primeiras canções: "La Vie en rose", a canção mais célebre dela e seu grande clássico. Em 1946, Montand estreia no cinema, ao lado de Piaf, em Etoile sans lumière. Neste ano também o romance terminaria para os dois. Piaf acaba desfazendo o relacionamento quando ele estava perto de alcançar o mesmo sucesso que ela.
Durante esse tempo Piaf estava fazendo muito sucesso em Paris e em toda a França. Após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se famosa internacionalmente, excursionando pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. De início ela se deparou com pouco sucesso entre o público norte-americano. Entretanto, após a publicação de brilhante matéria de proeminente crítico de Nova York, Piaf viu seu sucesso crescer ao ponto de sua popularidade levá-la a se apresentar oito vezes no Ed Sullivan Show e duas vezes no Carnegie Hall (1956 e 1957).
Em 1947, ela faz seus primeiros shows nos Estados Unidos. Em 1948 durante sua volta aos Estados Unidos, ela conhece o grande amor de sua vida, o pugilista Marcel Cerdan. De nacionalidade francesa, mas nascido na Argélia, Marcel era casado ao começar tórrido romance com Édith Piaf. Pouco tempo depois de os dois se conhecerem, Marcel tornou-se campeão mundial de boxe. Em 28 de outubro de 1949, Marcel morreu num acidente de avião num voo de Paris para Nova Iorque, onde a iria reencontrar. Arrasada pelo sofrimento e também pelo sofrimento de poliartrite aguda, Édith Piaf começa a usar fortes doses de morfina. O seu grande sucesso "Hymne à l'amour" e "Mon Dieu" foram cantadas por Édith em memória de Marcel.
Em 1951, o jovem cantor Charles Aznavour converte-se em seu secretário, assistente, chofer e confidente. Ela ajudou a fazer avançar a sua carreira, levando-o em turnê pelos Estados Unidos e pela França e gravando algumas de suas músicas. Em setembro de 1952 casa-se com o célebre cantor francês Jacques Pills, do qual se divorcia em 1956.
Começa uma história de amor com Georges Moustaki ("Jo"), que Édith lança para a música. Ao seu lado sofre um grave acidente automobilístico em 1958, que piora seu já deteriorado estado de saúde e a sua dependência de morfina. Edith grava novo sucesso, a canção "Millord", da qual Moustaki é o autor.
Em 1962, Piaf casa-se com Théo Sarapo, cabeleireiro de ascendência grega que se tornou posteriormente cantor e actor, 20 anos mais novo do que ela.
 
Morte
Edith Piaf morreu a 10 de outubro de 1963 em Plascassier (na localidade de Grasse nos Alpes Marítimos), aos 47 anos, com a saúde abalada pelos excessos, pela morfina e todo o sofrimento de uma vida.
Ela alugara uma mansão de 25 divisões, perto da praia, onde passou dois meses de descanso com amigos e com o marido. Segundo o seu acordeonista, Marc Bonel, foi um período de muitos gastos: almoços e jantares para 30 a 40 pessoas todos os dias, regados a champanhe e uísque.
Por medida de economia, transferiu-se para uma herdade em Plascassier, apenas com a enfermeira, o acordeonista e a secretária, o empresário e o marido, que a essa altura trabalhava num filme em Paris para "assegurar o dinheiro do casal", como dizia a própria Piaf.
Édith Piaf morreu em consequência de uma hemorragia interna, em coma, e como se disse certa vez num documentário, "sem um grito, sem uma palavra...". O transporte de seu corpo para Paris foi feito clandestina e ilegalmente e seu falecimento foi anunciado, oficialmente, no fim do dia 11 de outubro. Faleceu no mesmo dia que o seu amigo Jean Cocteau e foi enterrada no cemitério do Père-Lachaise.