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segunda-feira, março 11, 2024

Começou o PREC há 49 anos...

11 de março de 1975. O dia que fez o PS, o CDS e o PSD tremer
 
  
A tentativa de golpe de Estado orquestrada pelo general António de Spínola acabou por não acontecer e incentivar a nacionalização da banca e dos jornais
 
No dia em que Assunção Cristas renova o seu mandato à frente do CDS, faz 43 anos que a tentativa de golpe de Estado levada a cabo pelo ex-Presidente da República general António Spínola, apoiado por militantes de direita, quase levou à extinção dos partidos de centro e da direita, entre eles o PS, PSD e CDS. Apesar da revolução ter falhado, o dia 11 de março de 1975 marca o final do PREC (Processo Revolucionário em Curso) e o início do Verão Quente de '75.
A iniciativa de Spínola foi vista como uma provocação ao 25 de Abril de 1974 pelos revolucionários, que eram apoiados pela extrema-esquerda e pelos comunistas. Por isso, nas semanas que se seguiram, as sedes dos partidos de centro e de direita foram alvo de assaltos e os partidos pequenos foram proibidos de participar nas eleições legislativas, que chegaram mesmo a estar em risco de não se realizarem. Foi o Presidente da República general Costa Gomes que interveio de forma a adiar o sufrágio para 25 de abril, um ano depois da revolução.
A Junta de Salvação Nacional chegava assim ao fim. Foi ainda dissolvido o Conselho de Estado e criado o Conselho da Revolução, composto unicamente por militares a quem foi conferido o direito de veto perante todas as decisões do governo. Os militares ganhavam cada vez mais poder, juntando ao Conselho da Revolução a Assembleia do Movimento das Forças Armadas (MFA), também criada na sequência do dia 11 de março. Outra decisão tomada foi sobre a eleição do Presidente da República que passaria a ser escolhido em conjunto pela Assembleia da MFA e por um colégio composto pelos deputados eleitos e por militares, estando estes em maioria.
A ameaça do regresso da direita, encarnada na tentativa do golpe de Estado, foi tal que o comando militar revolucionário (Copcon) chegou mesmo a prender militares, empresários, capitalistas ou civís de direita ou de centro sem acusações ou mandatos. Também dentro dos exércitos, vários militares foram colocados na reserva por não acatarem os princípios da MFA.
Foi o início do fim das colónias, o incentivo à ocupação de terras de exploração agrícola, empresas e casas de habitação e o começo das nacionalizações dos bancos, das empresas e dos jornais.

in O Sol

11 de março
 

  
Passam hoje 40 anos sobre um dos mais marcantes momentos do processo iniciado em 25 de Abril. O PREC (Processo Revolucionário Em Curso) começou verdadeiramente em 11 de Março de 1975. Aqueceu com a Primavera, mas foi no Verão, nesse Verão quente de 75, que escaldou. Incendiou-se, literalmente!
Foi-se esgotando á medida que o Verão se ia aproximando do fim... Até chegar novembro... novembro, 25. A data que completa a trilogia da revolução dos cravos, e que fecha os 19 meses mais vertiginosos da História de Portugal!
Se quisermos espreitar os rostos desta trilogia encontraremos certamente a cara de Salgueiro Maia no 25 de abril, e a de  Jaime Neves no 25 de novembro. No 11 de março pouca gente identificará o rosto de Dinis de Almeida, o jovem major ao centro na imagem acima, que retrata o momento central - tão caricato quanto marcante - dos acontecimentos que marcam esta data histórica. É o episódio em que o herói do 11 de março, comandante do então RAL 1 (Regimento de Artilharia Ligeira) e depois RALIS, atacado pelos pára quedistas de Tancos, dialoga com o comandante das forças agressoras (de costas) em frente às câmaras da RTP, que acaba a confessar-se enganado. Acabava ali a tentativa de golpe de Estado patrocinado por Spínola que, curiosamente, tinha tentado o apoio de Jaime Neves (disse-lhe que só obedecia à hierarquia) e de Salgueiro Maia, que nem lhe atenderia o telefone...

in blog Quinta Emenda

quarta-feira, janeiro 31, 2024

Há 133 anos uma pequena palhaçada no Porto tentou impor a república a Portugal

  
A revolta de 31 de janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objetivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.
  
  
Causas
No dia 31 de janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique.
A 1 de janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um diretório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima.
Estes homens apresentaram um plano de ação política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma ação imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o ator Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
  
O evento
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº 9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a implantação da república. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de São Nicolau, o actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluíam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à república, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direção à Praça da Batalha, com o objetivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.
Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da Serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes, força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
  
   
Desfecho
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Os nomeados para o "Governo Provisório" trataram de esclarecer não terem dado autorização para o uso dos seus nomes. Dizia o prestigiado professor Rodrigues de Freitas, enquanto admitia ser democrata-republicano: "mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário."
A reação oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. Em 1893 alguns seriam libertados, em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a república foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebatizada para Rua de 31 de janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efetuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca e o 5 de outubro de 1910).
   

quinta-feira, julho 27, 2023

A Revolta de 9 de Termidor foi há 229 anos

Gendarme Charles-André Merda  shooting at Robespierre during the night of the Thermidor
    
The Thermidorian Reaction was a revolt in the French Revolution against the excesses of the Reign of Terror. It was triggered by a vote of the National Convention to execute Maximilien Robespierre, Louis Antoine de Saint-Just, and several other leading members of the Terror. This ended the most radical phase of the French Revolution.
The name Thermidorian refers to 9 Thermidor Year II (27 July 1794), the date according to the French Revolutionary Calendar when Robespierre and other radical revolutionaries came under concerted attack in the National Convention. Thermidorian Reaction also refers to the remaining period until the National Convention was superseded by the Directory; this is also sometimes called the era of the Thermidorian Convention. Prominent figures of Thermidor include Paul Barras, Jean-Lambert Tallien, and Joseph Fouché.
    
Background
Thermidor represents the final throes of the Reign of Terror. With Robespierre the sole remaining strong-man of the Revolution following the assassination of Jean-Paul Marat (13 July 1793), and the executions of Jacques Hébert (24 March 1794) and Georges Danton (5 April 1794), his apparently total grasp on power became in fact increasingly illusory, especially insofar as he seemed to have support from factions to his right. His only real political power at this time lay in the Jacobin Club, which had extended itself beyond the borders of Paris and into the country as a network of "Popular Societies".
His tight personal control of the military and his distrust of military might and of banks, along with his opposition to corrupt individuals in government, made Robespierre the subject of a number of conspiracies. The conspiracies came together on 9 Thermidor (27 July) when members of the national bodies of the revolutionary government arrested Robespierre as well as the leaders of the Paris city government.
    
Conspiratorial groups
Not all of the conspiratorial groupings were ideological in motivation; many who conspired against Robespierre did so for strong practical and personal reasons, most notably self-preservation. The surviving Dantonists, such as Merlin de Thionville for example, wanted revenge for the death of Danton and, more importantly, to protect their own heads.
The Left were opposed to Robespierre on the grounds that he rejected atheism and was not sufficiently radical.
The prime mover, however, for the events of 9 Thermidor (27 July) was a Montagnard conspiracy, led by Jean-Lambert Tallien and Bourdon de l'Oise, which was gradually coalescing, and was to come to pass at the time when the Montagnards had finally swayed the deputies of the Right over to their side. (Robespierre and Saint-Just were themselves Montagnards.) Some authors argue that the then leftist Joseph Fouché played a large role in the conspiracy. Fouché was likely to be convicted and executed for treason and atheism, since Robespierre himself was about to denounce him in a speech to the Convention, which would have been delivered the day after the coup d'état (28 July). Dwelling in the shadows, he made great efforts to convince the main surviving leftists and moderates that they were meant to be the next victims of Robespierre's dictatorship, thus uniting them against Robespierre, and by those means saving his own life.
In the end, it was Robespierre himself who united all his enemies. On 8 Thermidor (26 July) he gave a speech to the Convention in which he railed against enemies and conspiracies, some within the powerful committees, as he did not give the names of these traitors, all in the Convention had reason to fear that they were the targets. Later he went and enlisted the support of the Jacobin Club, where he denounced Collot and Billaud. These men then spent the night planning the following day’s coup with other members of the convention.
   
On 9 Thermidor (27 July), in the Hall of Liberty in Paris, Saint-Just was in the midst of reading a report to the Committee of Public Safety when he was interrupted by Tallien, who impugned Saint-Just and then went on to denounce the tyranny of Robespierre. The attack was taken up by Billaud-Varenne, and Saint-Just's typical eloquence fled him, leaving him subject to a withering verbal assault until Robespierre leapt to the defense of Saint-Just and himself. Cries went up of 'Down with the tyrant! Arrest him!' Robespierre then made his appeal to the deputies of the Right, "Deputies of the Right, men of honour, men of virtue, give me the floor, since the assassins will not." However, the Right was unmoved, and an order was made to arrest Robespierre and his followers.
Troops from the Paris Commune arrived to liberate the prisoners. The Commune troops, under General Coffinhal, then marched against the Convention itself. The Convention responded by ordering troops of its own under Paul Barras to be called out. When the Commune's troops heard the news of this, order began to break down, and Hanriot ordered his remaining troops to withdraw to the Hôtel de Ville. Robespierre and his supporters also gathered at the Hôtel de Ville.
The Convention declared them to be outlaws, meaning that upon verification the fugitives could be executed within 24 hours without a trial. As the night went on the Commune forces at the Hôtel de Ville deserted until none of them remained. The Convention troops under Barras approached the Hôtel around 2:00 am on 28 July. As they came, Robespierre's brother Augustin leapt out of a window in an escape attempt, broke his legs, and was arrested. Le Bas committed suicide. Couthon, who was paralysed from the waist down, was found lying at the bottom of a staircase.
Robespierre was shot in the face, and his jaw was shattered. There are two accounts of how he received the wound. One states that, anticipating his own downfall and wanting to have the death of a hero, Robespierre attempted to kill himself and shattered his own jaw with a shot. The contrary view is that he was shot by one of the Convention's troops. At the time, a gendarme named Charles-André Merda claimed to have pulled the trigger.
Saint-Just made no attempt at suicide or concealment. Hanriot tried to hide in the Hôtel de Ville's yard, by some sources after being thrown out a window into a stack of latrine and hay, but the Convention troops quickly discovered him and assaulted him badly, allegedly gouging one of his eyes out so that it hung from its socket.
       

sábado, março 11, 2023

Começou o PREC há 48 anos...

 

Dias confusos e asneiras grandes - ainda hoje pagamos as opções desses dias...

terça-feira, janeiro 31, 2023

Há 132 anos uma pequena palhaçada no Porto tentou impor a república a Portugal

  
A revolta de 31 de janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objetivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.
  
  
Causas
No dia 31 de janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique.
A 1 de janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um diretório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima.
Estes homens apresentaram um plano de ação política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma ação imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o ator Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
  
O evento
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº 9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a implantação da república. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de São Nicolau, o actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluíam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à república, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direção à Praça da Batalha, com o objetivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.
Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da Serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes, força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
  
   
Desfecho
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Os nomeados para o "Governo Provisório" trataram de esclarecer não terem dado autorização para o uso dos seus nomes. Dizia o prestigiado professor Rodrigues de Freitas, enquanto admitia ser democrata-republicano: "mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário."
A reação oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. Em 1893 alguns seriam libertados, em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a república foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebatizada para Rua de 31 de janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efetuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca, e o 5 de outubro de 1910).
   

sexta-feira, outubro 14, 2022

Os prisioneiros do Campo de Concentração de Sobibor revoltaram-se e conseguiram fugir há 79 anos

 Um memorial na entrada do campo
   
Sobibor foi um campo de extermínio alemão, localizado na Polónia ocupada pela Alemanha nazi, que foi parte da Operação Reinhard, no Holocausto. Judeus, prisioneiros de guerra soviéticos e possivelmente ciganos, foram transportados para Sobibor de comboio e assassinados em câmaras de gás alimentadas pelos gases de escape de um motor a diesel. Cerca de 260.000 pessoas foram assassinadas em Sobibor pelos nazis.
Sobibor foi também o sítio da única revolta bem sucedida de prisioneiros de um campo alemão. A 14 de outubro de 1943, membros da revolta conseguiram matar secretamente 11 dos guardas da SS e alguns guardas locais também. Apesar do plano ter sido matar todos os guardas alemães da SS e sair pela porta principal do campo, as mortes foram descobertas e os prisioneiros tiveram de correr pelas suas vidas em todas as direções. Dos cerca de 600 prisioneiros do campo, usados como escravos, cerca de 300 conseguiram fugir.
A maior parte deles foi cercada e assassinada nos dias subsequentes, mas cerca de 50 prisioneiros conseguiram sobreviver até ao final da II Guerra Mundial. Esta fuga forçou os alemães a fechar o campo. Eles desmantelaram-no e plantaram uma floresta no local para tentar esconder o que se tinha passado ali.
A revolta foi dramatizada em 1987 pelo telefilme "Fuga de Sobibor," baseado no livro do mesmo nome escrito por Richard Raschke, publicado em 2011 no Brasil pela editora Universo, retratando, através de testemunhos e documentos, a realidade do campo e a mais bem sucedida revolta ocorrida em um campo de extermínio alemão.
O documentário "Sobibor, 14 de outubro de 1943, 16.00" (a hora exata da revolta) do realizador suíço Claude Lanzmann contém uma descrição dos acontecimentos, usando filmes da época e relatos de alguns dos sobreviventes, que ainda vivem hoje em Israel.
   
Localização do campo de Sobibor
  

quarta-feira, julho 27, 2022

A Revolta de 9 de Termidor foi há 228 anos

Gendarme Charles-André Merda  shooting at Robespierre during the night of the Thermidor
    
The Thermidorian Reaction was a revolt in the French Revolution against the excesses of the Reign of Terror. It was triggered by a vote of the National Convention to execute Maximilien Robespierre, Louis Antoine de Saint-Just, and several other leading members of the Terror. This ended the most radical phase of the French Revolution.
The name Thermidorian refers to 9 Thermidor Year II (27 July 1794), the date according to the French Revolutionary Calendar when Robespierre and other radical revolutionaries came under concerted attack in the National Convention. Thermidorian Reaction also refers to the remaining period until the National Convention was superseded by the Directory; this is also sometimes called the era of the Thermidorian Convention. Prominent figures of Thermidor include Paul Barras, Jean-Lambert Tallien, and Joseph Fouché.
    
Background
Thermidor represents the final throes of the Reign of Terror. With Robespierre the sole remaining strong-man of the Revolution following the assassination of Jean-Paul Marat (13 July 1793), and the executions of Jacques Hébert (24 March 1794) and Georges Danton (5 April 1794), his apparently total grasp on power became in fact increasingly illusory, especially insofar as he seemed to have support from factions to his right. His only real political power at this time lay in the Jacobin Club, which had extended itself beyond the borders of Paris and into the country as a network of "Popular Societies".
His tight personal control of the military and his distrust of military might and of banks, along with his opposition to corrupt individuals in government, made Robespierre the subject of a number of conspiracies. The conspiracies came together on 9 Thermidor (27 July) when members of the national bodies of the revolutionary government arrested Robespierre as well as the leaders of the Paris city government.
    
Conspiratorial groups
Not all of the conspiratorial groupings were ideological in motivation; many who conspired against Robespierre did so for strong practical and personal reasons, most notably self-preservation. The surviving Dantonists, such as Merlin de Thionville for example, wanted revenge for the death of Danton and, more importantly, to protect their own heads.
The Left were opposed to Robespierre on the grounds that he rejected atheism and was not sufficiently radical.
The prime mover, however, for the events of 9 Thermidor (27 July) was a Montagnard conspiracy, led by Jean-Lambert Tallien and Bourdon de l'Oise, which was gradually coalescing, and was to come to pass at the time when the Montagnards had finally swayed the deputies of the Right over to their side. (Robespierre and Saint-Just were themselves Montagnards.) Some authors argue that the then leftist Joseph Fouché played a large role in the conspiracy. Fouché was likely to be convicted and executed for treason and atheism, since Robespierre himself was about to denounce him in a speech to the Convention, which would have been delivered the day after the coup d'état (28 July). Dwelling in the shadows, he made great efforts to convince the main surviving leftists and moderates that they were meant to be the next victims of Robespierre's dictatorship, thus uniting them against Robespierre, and by those means saving his own life.
In the end, it was Robespierre himself who united all his enemies. On 8 Thermidor (26 July) he gave a speech to the Convention in which he railed against enemies and conspiracies, some within the powerful committees, as he did not give the names of these traitors, all in the Convention had reason to fear that they were the targets. Later he went and enlisted the support of the Jacobin Club, where he denounced Collot and Billaud. These men then spent the night planning the following day’s coup with other members of the convention.
   
On 9 Thermidor (27 July), in the Hall of Liberty in Paris, Saint-Just was in the midst of reading a report to the Committee of Public Safety when he was interrupted by Tallien, who impugned Saint-Just and then went on to denounce the tyranny of Robespierre. The attack was taken up by Billaud-Varenne, and Saint-Just's typical eloquence fled him, leaving him subject to a withering verbal assault until Robespierre leapt to the defense of Saint-Just and himself. Cries went up of 'Down with the tyrant! Arrest him!' Robespierre then made his appeal to the deputies of the Right, "Deputies of the Right, men of honour, men of virtue, give me the floor, since the assassins will not." However, the Right was unmoved, and an order was made to arrest Robespierre and his followers.
Troops from the Paris Commune arrived to liberate the prisoners. The Commune troops, under General Coffinhal, then marched against the Convention itself. The Convention responded by ordering troops of its own under Paul Barras to be called out. When the Commune's troops heard the news of this, order began to break down, and Hanriot ordered his remaining troops to withdraw to the Hôtel de Ville. Robespierre and his supporters also gathered at the Hôtel de Ville.
The Convention declared them to be outlaws, meaning that upon verification the fugitives could be executed within 24 hours without a trial. As the night went on the Commune forces at the Hôtel de Ville deserted until none of them remained. The Convention troops under Barras approached the Hôtel around 2:00 am on 28 July. As they came, Robespierre's brother Augustin leapt out of a window in an escape attempt, broke his legs, and was arrested. Le Bas committed suicide. Couthon, who was paralysed from the waist down, was found lying at the bottom of a staircase.
Robespierre was shot in the face, and his jaw was shattered. There are two accounts of how he received the wound. One states that, anticipating his own downfall and wanting to have the death of a hero, Robespierre attempted to kill himself and shattered his own jaw with a shot. The contrary view is that he was shot by one of the Convention's troops. At the time, a gendarme named Charles-André Merda claimed to have pulled the trigger.
Saint-Just made no attempt at suicide or concealment. Hanriot tried to hide in the Hôtel de Ville's yard, by some sources after being thrown out a window into a stack of latrine and hay, but the Convention troops quickly discovered him and assaulted him badly, allegedly gouging one of his eyes out so that it hung from its socket.
       

sexta-feira, março 11, 2022

Há 47 anos a Revolução dos Cravos travestiu-se no PREC...

 

Dias confusos, asneiras grandes - ainda hoje pagamos as opções desses dias...

segunda-feira, janeiro 31, 2022

Há 131 anos uma pequena revolta no Porto tentou impor a república

  
A revolta de 31 de janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objetivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.
  
  
Causas
No dia 31 de janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique.
A 1 de janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um diretório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima.
Estes homens apresentaram um plano de ação política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma ação imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o ator Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
  
O evento
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº 9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a implantação da república. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de São Nicolau, o Actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluíam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à república, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direção à Praça da Batalha, com o objetivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.
Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da Serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes, força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
  
   
Desfecho
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Os nomeados para o "Governo Provisório" trataram de esclarecer não terem dado autorização para o uso dos seus nomes. Dizia o prestigiado professor Rodrigues de Freitas, enquanto admitia ser democrata-republicano: "mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário."
A reação oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. Em 1893 alguns seriam libertados, em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a república foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebatizada para Rua de 31 de janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efetuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca, e o 5 de outubro de 1910).
   

quinta-feira, outubro 14, 2021

Os prisioneiros do Campo de Concentração nazi de Sobibor revoltaram-se e conseguiram fugir há 78 anos

 Um memorial na entrada do campo
   
Sobibor foi um campo de extermínio alemão, localizado na Polónia ocupada pela Alemanha nazi, que foi parte da Operação Reinhard, no Holocausto. Judeus, prisioneiros de guerra soviéticos e possivelmente ciganos, foram transportados para Sobibor de comboio e assassinados em câmaras de gás alimentadas pelos gases de escape de um motor a diesel. Cerca de 260.000 pessoas foram assassinadas em Sobibor pelos nazis.
Sobibor foi também o sítio da única revolta bem sucedida de prisioneiros de um campo alemão. A 14 de outubro de 1943, membros da revolta conseguiram matar secretamente 11 dos guardas da SS e alguns guardas ucranianos também. Apesar do plano ter sido matar todos os guardas alemães da SS e sair pela porta principal do campo, as mortes foram descobertas e os prisioneiros tiveram de correr pelas suas vidas em todas as direções. Dos cerca de 600 prisioneiros do campo, usados como escravos, cerca de 300 conseguiram fugir.
A maior parte deles foi cercada e assassinada nos dias subsequentes, mas cerca de 50 prisioneiros conseguiram sobreviver até ao final da II Guerra Mundial. Esta fuga forçou os alemães a fechar o campo. Eles desmantelaram-no e plantaram uma floresta no local para tentar esconder o que se tinha passado ali.
A revolta foi dramatizada em 1987 pelo telefilme "Fuga de Sobibor," baseado no livro do mesmo nome escrito por Richard Raschke, publicado em 2011 no Brasil pela editora Universo, retratando, através de testemunhos e documentos, a realidade do campo e a mais bem sucedida revolta ocorrida em um campo de extermínio alemão.
O documentário "Sobibor, 14 de outubro de 1943, 16.00" (a hora exacta da revolta) do realizador suíço Claude Lanzmann contém uma descrição dos acontecimentos, usando filmes da época e relatos de alguns dos sobreviventes, que ainda vivem hoje em Israel.
   
Localização do campo de Sobibor
  

terça-feira, julho 27, 2021

A Revolta de 9 de Termidor foi há 227 anos

Gendarme Charles-André Merda  shooting at Robespierre during the night of the Thermidor
    
The Thermidorian Reaction was a revolt in the French Revolution against the excesses of the Reign of Terror. It was triggered by a vote of the National Convention to execute Maximilien Robespierre, Louis Antoine de Saint-Just, and several other leading members of the Terror. This ended the most radical phase of the French Revolution.
The name Thermidorian refers to 9 Thermidor Year II (27 July 1794), the date according to the French Revolutionary Calendar when Robespierre and other radical revolutionaries came under concerted attack in the National Convention. Thermidorian Reaction also refers to the remaining period until the National Convention was superseded by the Directory; this is also sometimes called the era of the Thermidorian Convention. Prominent figures of Thermidor include Paul Barras, Jean-Lambert Tallien, and Joseph Fouché.
Background
Thermidor represents the final throes of the Reign of Terror. With Robespierre the sole remaining strong-man of the Revolution following the assassination of Jean-Paul Marat (13 July 1793), and the executions of Jacques Hébert (24 March 1794) and Georges Danton (5 April 1794), his apparently total grasp on power became in fact increasingly illusory, especially insofar as he seemed to have support from factions to his right. His only real political power at this time lay in the Jacobin Club, which had extended itself beyond the borders of Paris and into the country as a network of "Popular Societies".
His tight personal control of the military and his distrust of military might and of banks, along with his opposition to corrupt individuals in government, made Robespierre the subject of a number of conspiracies. The conspiracies came together on 9 Thermidor (27 July) when members of the national bodies of the revolutionary government arrested Robespierre as well as the leaders of the Paris city government.
Conspiratorial groups
Not all of the conspiratorial groupings were ideological in motivation; many who conspired against Robespierre did so for strong practical and personal reasons, most notably self-preservation. The surviving Dantonists, such as Merlin de Thionville for example, wanted revenge for the death of Danton and, more importantly, to protect their own heads.
The Left were opposed to Robespierre on the grounds that he rejected atheism and was not sufficiently radical.
The prime mover, however, for the events of 9 Thermidor (27 July) was a Montagnard conspiracy, led by Jean-Lambert Tallien and Bourdon de l'Oise, which was gradually coalescing, and was to come to pass at the time when the Montagnards had finally swayed the deputies of the Right over to their side. (Robespierre and Saint-Just were themselves Montagnards.) Some authors argue that the then leftist Joseph Fouché played a large role in the conspiracy. Fouché was likely to be convicted and executed for treason and atheism, since Robespierre himself was about to denounce him in a speech to the Convention, which would have been delivered the day after the coup d'état (28 July). Dwelling in the shadows, he made great efforts to convince the main surviving leftists and moderates that they were meant to be the next victims of Robespierre's dictatorship, thus uniting them against Robespierre, and by those means saving his own life.
In the end, it was Robespierre himself who united all his enemies. On 8 Thermidor (26 July) he gave a speech to the Convention in which he railed against enemies and conspiracies, some within the powerful committees, as he did not give the names of these traitors, all in the Convention had reason to fear that they were the targets. Later he went and enlisted the support of the Jacobin Club, where he denounced Collot and Billaud. These men then spent the night planning the following day’s coup with other members of the convention.
  
   
On 9 Thermidor (27 July), in the Hall of Liberty in Paris, Saint-Just was in the midst of reading a report to the Committee of Public Safety when he was interrupted by Tallien, who impugned Saint-Just and then went on to denounce the tyranny of Robespierre. The attack was taken up by Billaud-Varenne, and Saint-Just's typical eloquence fled him, leaving him subject to a withering verbal assault until Robespierre leapt to the defense of Saint-Just and himself. Cries went up of 'Down with the tyrant! Arrest him!' Robespierre then made his appeal to the deputies of the Right, "Deputies of the Right, men of honour, men of virtue, give me the floor, since the assassins will not." However, the Right was unmoved, and an order was made to arrest Robespierre and his followers.
Troops from the Paris Commune arrived to liberate the prisoners. The Commune troops, under General Coffinhal, then marched against the Convention itself. The Convention responded by ordering troops of its own under Paul Barras to be called out. When the Commune's troops heard the news of this, order began to break down, and Hanriot ordered his remaining troops to withdraw to the Hôtel de Ville. Robespierre and his supporters also gathered at the Hôtel de Ville.
The Convention declared them to be outlaws, meaning that upon verification the fugitives could be executed within 24 hours without a trial. As the night went on the Commune forces at the Hôtel de Ville deserted until none of them remained. The Convention troops under Barras approached the Hôtel around 2:00 am on 28 July. As they came, Robespierre's brother Augustin leapt out of a window in an escape attempt, broke his legs, and was arrested. Le Bas committed suicide. Couthon, who was paralysed from the waist down, was found lying at the bottom of a staircase.
Robespierre was shot in the face, and his jaw was shattered. There are two accounts of how he received the wound. One states that, anticipating his own downfall and wanting to have the death of a hero, Robespierre attempted to kill himself and shattered his own jaw with a shot. The contrary view is that he was shot by one of the Convention's troops. At the time, a gendarme named Charles-André Merda claimed to have pulled the trigger.
Saint-Just made no attempt at suicide or concealment. Hanriot tried to hide in the Hôtel de Ville's yard, by some sources after being thrown out a window into a stack of latrine and hay, but the Convention troops quickly discovered him and assaulted him badly, allegedly gouging one of his eyes out so that it hung from its socket.
    

quinta-feira, março 11, 2021

Há 46 anos a Revolução dos Cravos transformava-se no PREC...

 

Dias confusos, asneiras grandes - ainda hoje pagamos as opções desses dias...

domingo, janeiro 31, 2021

Há 130 anos uma pequena revolta no Porto tentou implantar a república

 
  
A revolta de 31 de janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.
  
  
Causas
No dia 31 de janeiro de 1891, na cidade do Porto, registou-se um levantamento militar contra as cedências do Governo (e da Coroa) ao ultimato britânico de 1890 por causa do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar, por terra, Angola a Moçambique.
A 1 de janeiro de 1891 reuniu-se o Partido Republicano em congresso, de onde saiu um directório eleito constituído por: Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Homem Cristo, Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro e Magalhães Lima.
Estes homens apresentaram um plano de acção política a longo prazo, que não incluía a revolta que veio a acontecer, no entanto, a sua supremacia não era reconhecida por todos os republicanos, principalmente por aqueles que defendiam uma acção imediata. Estes, além de revoltados pelo desfecho do episódio do Ultimato, entusiasmaram-se com a recente proclamação da República no Brasil, a 15 de novembro de 1889.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto", que sendo um movimento de descontentes grassando sobretudo entre sargentos e praças careceu do apoio de qualquer oficial de alta patente, foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o actor Miguel Verdial e Santos Cardoso, além de vultos eminentes da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
  
O evento
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº 9, liderados por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Ainda antes de chegarem, junta-se ao grupo, o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho; e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18, fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre, que assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário.
Os revoltosos descem a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a implantação da república. Acompanhavam-no Felizardo Lima, o advogado António Claro, o Dr. Pais Pinto, Abade de São Nicolau, o Actor Verdial, o chapeleiro Santos Silva, e outras figuras. Verdial leu a lista de nomes que comporiam o governo provisório da República e que incluíam: Rodrigues de Freitas, professor; Joaquim Bernardo Soares, desembargador; José Maria Correia da Silva, general de divisão; Joaquim d'Azevedo e Albuquerque, lente da Academia; Morais e Caldas, professor; Pinto Leite, banqueiro; e José Ventura Santos Reis, médico.
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde, pertencente a um Centro Democrático Federal. Com fanfarra, foguetes e vivas à república, a multidão decide subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
No entanto, o festivo cortejo foi barrado por um forte destacamento da Guarda Municipal, posicionada na escadaria da igreja de Santo Ildefonso, no topo da rua. O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.
Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da Serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes, força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
  
   
Desfecho
Alguns dos implicados conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o advogado António Claro alcançaram a Espanha, assim como o alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Os nomeados para o "Governo Provisório" trataram de esclarecer não terem dado autorização para o uso dos seus nomes. Dizia o prestigiado professor Rodrigues de Freitas, enquanto admitia ser democrata-republicano: "mas não autorizei ninguém a incluir o meu nome na lista do governo provisório, lida nos Paços do Concelho, no dia 31 de Janeiro, e deploro que um errado modo de encarar os negócios da nossa infeliz pátria levasse tantas pessoas a tal movimento revolucionário."
A reacção oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas. Em 1893 alguns seriam libertados, em virtude da amnistia decretada para os então criminosos políticos da classe civil.
Em memória desta revolta, logo que a república foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de janeiro, passando a data a ser celebrada dado que se tratava da primeira de três revoltas de cariz republicano efectuadas contra a monarquia constitucional (as outras seriam o Golpe do Elevador da Biblioteca, e o 5 de outubro de 1910).