quinta-feira, dezembro 29, 2011

Sismo em S. Miguel - atualização


Já com os dados do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (CVARG) da Universidade dos Açores, o sismo teve intensidade IV nas localidades próximas do epicentro (ver mapa). Há ainda a salientar que dia 26 houve um outro sismo, também em S. Miguel, com intensidade III/IV em Água do Alto e relacionada a zona Fogo-Congro e a sua atual crise sísmica:

Data UTC Lat. Lon. Mag.  Região Int. EMM Localidade
2011-12-29 17:49:1538.111-26.0462.2 MLFossa Hirondelle

2011-12-29 17:24:3137.805-25.5232.8 MLFogo-Congro (S. Miguel)IV S.MIGUEL:Santa Barbara
2011-12-29 00:30:1138.616-29.2922.7 MLW Faial

2011-12-28 23:03:1238.628-29.2542.8 MLW Faial

2011-12-28 10:04:4738.612-29.2743.1 MLW Faial

2011-12-26 18:31:3337.718-25.4591.1 MLFogo-Congro (S. Miguel)III/IV S. MIGUEL: Agua de Alto

Sismo em S. Miguel

Recebido via e-mail do Instituto de Meteorologia (IM):

O Instituto de Meteorologia informa que no dia 29-12-2011 pelas 16:24 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores, um sismo de magnitude 3.0 (Richter) e cujo epicentro se localizou próximo de Santa Bárbara (Ribeira Grande - S. Miguel). De acordo com a informação disponível, este sismo foi sentido, devendo em breve ser emitido novo comunicado com informação instrumental e macrossísmica actualizada.

Se a situação o justificar serão emitidos novos comunicados.

Sugere-se o acompanhamento da evolução da situação através da página do IM na Internet (www.meteo.pt) e a obtenção de eventuais recomendações junto do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros (www.srpcba.pt).

Música adequada à data

Tim Hardin morreu de overdose há 31 anos


Tim Hardin (23 de Dezembro de 1941 - 29 de Dezembro de 1980) foi um compositor e cantor de música folk que fez parte da cena musical de Greenwich Village nos anos 60.
Hardin nasceu em Eugene, Oregon. Aos 18 anos de idade saiu da escola para se alistar na marinha norte-americana. Depois de dispensado, mudou-se para Nova Iorque em 1961, aonde fez parte brevemente da Academia Americana de Artes Dramáticas. Ele foi recusado por actuar mal e passou a focar sua carreira musical ao começar a apresentar-se em Greenwich Village tocando blues.
Depois de se mudar para Massachusetts, Boston, em 1962, Hardin foi descoberto pelo produtor Erik Jacobson, que arranjou uma reunião com a Columbia Records. Em 1964 ele volta à Greenwich para gravar seu primeiro disco. A Columbia não gostou do resultado final, e só lançaria o disco depois da aparição de Hardin no Festival de Woodstock em 1969.
Seu primeiro álbum, Tim Hardin 1, foi lançado em 1966 pela Verve Records. Mostrava uma transformação de seu estilo tradicional de blues para o folk, que definiria o restante de sua carreira. Este LP continha a canção "Reason to Believe", que seria sucesso na voz Rod Stewart anos depois. Tim Hardin 2 foi lançado em 1967 e apresentava sua música mais famosa, "If I Were a Carpenter". Hardin não fez tournée para divulgar o disco; seu vício em heroína e o medo dos palcos fazia com que seus shows fossem deveras erráticos. Tim Hardin 3, lançado em 1968 apresentava gravações ao vivo assim como novas versões de suas músicas antigas.
Nos anos seguintes Hardin revezou-se entre a Inglaterra e os EUA. O vício em heroína já havia tomado controle de sua vida na época do lançamento de seu último álbum, Tim Hardin 9 em 1973. Ele morreu em 29 de Dezembro de 1980 em Los Angeles, Califórnia, de uma overdose de heroína e morfina.


O Combate de Joaquim Namorado transposto para coro por Lopes-Graça


Combate

Nada poderá deter-nos,
Nada poderá vencer-nos.
Vimos do cabo do mundo
Com esse passo seguro
De quem sabe aonde vai.

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Guerras perdidas e ganhas
Marcaram o nosso corpo
Mas nunca em nós foi vencida
Essa certeza sabida
De saber aonde vamos

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Os mortos não os deixamos
Para trás, abandonados,
Fazemos deles bandeiras,
Guias e mestres, soldados
do combate que travamos

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Nada poderá deter-nos
Pró assalto das muralhas
nossos corpos são escadas
para as batalhas da rua
nossos peitos barricadas

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!

Nada poderá deter-nos
Vimos do cabo do mundo
Vimos do fundo da vida:
Que somos o próprio mundo
E somos a própria vida

Nada poderá deter-nos
Nada poderá vencer-nos!


Joaquim Namorado

Poema de Joaquim Namorado na voz de Mário Viegas


PORT-WINE

O Douro é um rio de vinho
que tem a foz em Liverpool e em Londres
e em Nova-York e no Rio e em Buenos Aires:
quando chega ao mar vai nos navios,
cria seus lodos em garrafeiras velhas,
desemboca nos clubes e nos bars.

O Douro é um rio de barcos
onde remam os barqueiros suas desgraças,
primeiro se afundam em terra as suas vidas
que no rio se afundam as barcaças.

Nas sobremesas finas, as garrafas
assemelham cristais cheios de rubis,
em Cape-Town, em Sidney, em Paris,
tem um sabor generoso e fino
o sangue que dos cais exportamos em barris.

As margens do Douro são penedos
fecundados de sangue e amarguras
onde cava o meu povo as vinhas
como quem abre as próprias sepulturas:
nos entrepostos dos cais, em armazéns,
comerciantes trocam por esterlino
o vinho que é o sangue dos seus corpos,
moeda pobre que são os seus destinos.

Em Londres os lords e em Paris os snobs,
no Cabo e no Rio os fazendeiros ricos
acham no Porto um sabor divino,
mas a nós só nos sabe, só nos sabe,
à tristeza infinita de um destino.

O rio Douro é um rio de sangue,
por onde o sangue do meu povo corre.
Meu povo, liberta-te, liberta-te!,
Liberta-te, meu povo! – ou morre.

in
Operário em Construção - Joaquim Namorado

O escritor neo-realista Alves Redol nasceu há um século

(imagem daqui)

António Alves Redol (Vila Franca de Xira, 29 de dezembro de 1911Lisboa, 29 de novembro de 1969), foi um escritor, considerado como um dos expoentes máximos do neo-realismo português.

Redol tem sua origem nos espaços rurais (infância marcada pela pobreza, já que seu pai era um comerciante de pequeno porte). Em função disso, começou desde cedo a trabalhar. Presencia, desde essa altura, as péssimas condições de vida do homem rural, o que, mais tarde, vai se refletir, preponderantemente, em sua escrita.
Inicialmente, almejava ser médico, mas, por influência do seu avô, bem como do contato e da admiração pelos jornalistas e escritores, passa a aspirar ao ingresso no âmbito da escrita. Inicia-se nessa esfera aos 12 anos. Quando completa 14 anos, inicia sua colaboração na redação de textos para semanários e jornais. Trabalha, inicialmente, como vendedor de mercearias.
Quando completa 16 anos, em 1928, vai para África (Angola e Luanda), onde exerce, primeiramente, a função de operário e, após isso, trabalha em uma fazenda, objetivando conseguir novas/melhores perspectivas de progresso futuro. Contudo, depara, nessa região, com uma intensa situação de miséria e pobreza.
Quando regressa a Portugal, passa a trabalhar como vendedor de camiões, carros, pneus e óleos. Também lecionou Língua Portuguesa. Adere aos ideais do Partido Comunista Português e do Movimento de Unidade Democrática, contrapondo-se, veemente, à conjuntura política da época, trazendo à tona diversas questões “esquecidas”.
Em virtude de sua convivência com as péssimas condições de vida das camadas rurais e de vivenciar duplamente essas condições (na infância e na juventude), volta seu olhar para a dimensão social, mais especificamente, para as questões de reivindicação de mudança social. A essa altura, reafirma a sua vocação para a escrita. Cria a Secção “De sol a sol”, no jornal O Diabo, em que passa a publicar textos voltados para as tensões sociais, contrapondo-se, assim, aos ideais de exploração dos regimes totalitários.
Tendo como pano de fundo esse contexto, surge o Neorrealismo, uma literatura de cunho político, que se opõe, veemente, à opressão dos regimes totalitários. Eclode, assim, um novo conceito de arte em uma perspectiva de conscientização, acompanhada de novo papel social para o artista enquanto defensor da sociedade que busca melhorias a partir da ampliação da visão de mundo.
Em vista disso, Redol sofre repressão da ditadura militar (perseguição política), chegando até a ser preso e torturado. Ao lançar mão dessa postura de preocupação social, ele toma como base alguns ideais do marxismo e do socialismo, empregando-os em sua escrita os pressupostos de autores revolucionários clássicos tais como: Marx, Engels, Lenine, Lefebvre, Bukiharini e Friedman E, à luz desses escritores adeptos do Marxismo e do Socialismo, Redol passa a abordar as condições de vida dos trabalhadores que viviam à margem da sociedade por conta de uma exploração desumana. Para tanto, ele retrata os diversos profissionais rurais e urbanos (destacando seus inúmeros grupos), suas práticas corriqueiras do dia a dia e, sobretudo, suas péssimas condições de vida em decorrência do capitalismo.
Inúmeros aspectos expostos na obra de Redol refletirem suas vivências particulares. Partindo desse pressuposto, ele não só apresentava as mazelas a que era submetido esse povo, mas, sobretudo, evidenciava sua natureza. Com isso, as personagens do romancista, em geral, são apresentadas, de forma que suas individualidades sejam expostas. Contudo, refletem um todo na mesma condição. Isso, de certa forma, evidencia uma dicotomia (individual vs. coletivo). Em alguns casos, ele até estabelece comparações entre o animal e o homem, em vista das péssimas condições de vida deste último. Porém, ao apresentar essa faceta, lança mão de uma crítica e de um discurso velado, em função da repressão política. Isto é, pelo fato de a literatura estar silenciada por conta da opressão, ele adequa sua linguagem, escrevendo de forma não explícita. Em outras palavras, ele revela sua preocupação social, suas ideologias subjacentes e seu não-ditos, por intermédio de uma linguagem nem sempre objetiva e direta. Destaca-se, ainda, o fato de tal autor trabalhar em constante renovação do seu estilo de escrita.
A obra de Redol é amparada por uma perspectiva social, primando pela abordagem de aspectos sócio-políticos e económicos, focalizando, em especial, personagens que refletem a diversidade dos grupos da sociedade portuguesa (rural e urbana). Apesar de suas obras serem pautadas de uma perspectiva de junção de fatores, elegendo como objeto de estudo o romance, a dramaturgia, obras voltadas para crianças e jovens, destaca-se, sobretudo, a temática da preocupação social, evidenciando a desigualdade intensa na distribuição da rendas. Daí provém sua importância enquanto escrito neorrealista. Não só por “iniciar uma nova estética literária no século XX”, mas, sobretudo, por voltar seu olhar para o sofrimento do povo [a questão da exploração a que eram submetidos as pessoas das classes baixas, condições de vida, miséria, fome, prostituição etc..].


 Pintura de Álvaro Cunhal
António Alves Redol nasceu em 1911, em Vila Franca de Xira. Frequenta o Curso Comercial, que conclui em 1927 e no ano seguinte parte para Angola, onde fica durante três anos. A sua passagem por Angola não é muito feliz, mas traz-lhe experiências que dão uma outra visão do mundo e lhe servirão mais tarde na sua actividade literária.
É em 1936 que inicia a sua actividade literária, tornando-se colaborador do jornal O Diabo, para onde escreve crónicas e contos ribatejanos. Mas Redol viria a destacar-se principalmente como romancista e dramaturgo, sendo considerado um dos grandes expoentes do neo-realismo literário português. O grande exemplo disso é o seu primeiro romance Gaibéus (1939) que nas palavras do autor "não pretende ficar na literatura como obra de arte . Quer ser, antes de tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo. Depois disso será o que os outros entenderem."

Esta preocupação em não se limitar à ficção e partir da experiência vivida e documentada será um traço fundamental da sua obra. Além de ir para a Ribeira do Tejo ouvir as histórias dos trabalhadores e das varinas e do Ciclo do Arroz, "viveu no Pinhão para ficar a conhecer o Douro e as suas gentes, descendo o rio com as tripulações dos barcos rabelos, esteve à beira de um naufrágio nos mares da Nazaré, ao sair para a faina com os pescadores para preparar "Uma Fenda na Muralha""(Ana Maria Pereirinha, 1996)
Como romancista Alves Redol destaca-se ainda pelas obras Marés (1941); Avieiros (1943; Fanga (1944); Reinegros (1945); Porto Manso (1946); Ciclo Port-Whine, composto de três romances escritos entre 1949 e 1953; A Barca dos Sete Lemes (1958); Uma Fenda na Muralha (1959) e Barranco de Cegos (1962), a sua obra-prima. Estas três últimas fazem parte de uma fase que começou com A Barca dos Sete Lemes e em que a intervenção política e social é posta em segundo plano, dando lugar a um centramento nas personagens e na sua evolução psicológica. Dá-se, portanto, na obra de Alves Redol, um desvio da corrente literária neo-realista.
Como dramaturgo destacam-se as peças de teatro Forja (1948) e O Destino Morreu de Repente (1967), objectos de censura nas tentativas que se fizeram de as levar à cena.
"A obra literária de Alves Redol poderá ficar para a história da literatura do século XX  fundamentalmente como uma obra desigual, em termos de valor formal e artístico, mas é unanimemente considerada como uma obra de grande capacidade de rigor e observação da realidade social e de grande autenticidade e honestidade no seu empreendimento"(idem)
Alves Redol morreu, em Lisboa, em 1969.

in CITI

Joaquim Namorado morreu há 25 anos


Joaquim Namorado (30.06.1914 - 29.12.1986) nasceu em Alter do Chão, Alentejo. Licenciou-se em Ciências Matemáticas pela Universidade de Coimbra, dedicando-se ao ensino. Notabilizou-se como poeta neo-realista, tendo colaborado nas revistas Seara Nova, Sol Nascente, Vértice, etc. Obras poéticas: Aviso à Navegação (1941), Incomodidade (1945), A Poesia Necessária (1966).

Adaptado de Projecto Vercial

Legenda para a vida de um vagabundo

Nasci vagabundo em qualquer país,
minhas fronteiras são as do mundo.
Esta sina vem-me no sangue:
não me fartar! Um desejo morto,
mais de dez a matar.

O caminho é longo!…
— Mas nada é longe e distante
quando se quer realmente…
E nunca o cansaço é tão grande
que um passo mais senão possa dar.

in Incomodidade - Joaquim Namorado

Tomás Becket foi assassinado há 841 anos

Retrato de Becket num vitral da Catedral de Cantuária

S. Thomas Becket, ou Tomás Becket (circa 111829 de dezembro de 1170), foi Arcebispo de Cantuária 1162 a 1170. É venerado como santo e mártir pela Igreja Católica e pela Igreja Anglicana. Envolvido num conflito com o rei Henrique II da Inglaterra pelos direitos e privilégios da Igreja, foi assassinado por seguidores do rei na Catedral de Cantuária.

Educação
Thomas Becket nasceu c. 1118 no bairro de Cheapside, Londres, em uma família da classe média-alta da Normandia, filho de Gilbert de Thierceville e Rosea ou Matilda de Caen.
Richer de L'aigle, amigo de Gilbert de Thierceville, interessado nas irmãs de Thomas, convidava regularmente Thomas para a sua propriedade no Sussex. Foi lá que Thomas aprendeu a cavalgar, a caçar, etiqueta, e a participar de desportos populares como as justas, ou torneios. Desde os 10 anos de idade, Becket recebeu uma excelente educação em lei canónica civil no Priorado de Merton, na Inglaterra, e depois em Paris, Bolonha e Auxerre.
Ao regressar à Inglaterra, por se tratar de um jovem com educação, entrou para o serviço de Teobaldo, arcebispo de Cantuária, que lhe confiou várias missões importantes a Roma e por fim recompensou-o com o arquidiaconado de Cantuária e a reitoria da escola de Beverley. Distinguiu-se de tal modo pelo seu zelo e eficiência que Teobaldo o recomendou ao rei Henrique II da Inglaterra para o importante cargo de chanceler, que manteve durante sete anos.
Chanceler de Henrique II da Inglaterra
Henrique II desejava ser senhor absoluto dos seus domínios, tanto da Igreja como do Estado, e conseguiu encontrar um precedente nas tradições do reino para retirar privilégios especiais ao clero inglês, que ele considerava como empecilhos à sua autoridade.
Enquanto chanceler, Becket cobrou um imposto de protecção do reino contra invasores, uma tradição medieval cobrada de todos os proprietários de terras, incluindo igrejas e bispados, o que lhe criou dificuldades e ressentimentos do clero inglês. Becket aumentou ainda mais a sua imagem de homem secular ao tornar-se um cortesão bem sucedido e extravagante, e um alegre companheiro dos prazeres do rei. O jovem Thomas era dedicado aos interesses do seu soberano, de um modo tão firme apesar de diplomático, que quase ninguém, com a possível excepção de John of Salisbury, bispo de Chartres, duvidava da sua lealdade à coroa inglesa.
De modo a honrar o seu vassalo, e segundo o costume da época de crianças nobres serem educadas em outras casas nobres, o rei enviou o seu primogénito, Henrique, o Jovem para a casa de Becket. Posteriormente, essa seria uma das razões por que este se revoltaria contra o pai, tendo formado uma ligação emocional a Becket como figura parental. Conta-se que Henrique, o Jovem teria declarado que Becket lhe dera mais afecto paternal em um dia que o seu próprio pai durante toda a vida.

Arcebispado
Em 1162, Henrique II recompensou Becket fazendo-o arcebispo de Cantuária. A escolha terá sido olhada com desconfiança pelo clero inglês, e Thomas só conseguiu o cargo vários meses após a morte do anterior arcebispo, Teobaldo. O rei tencionava aumentar a sua influência ditando as acções do seu fiel e nomeado vassalo, e diminuir a independência e a influência da Igreja na Inglaterra.
Mas o carácter de Becket pareceu modificar-se imediatamente. Passou a viver uma vida de simplicidade e pobreza e, apesar de anteriormente ter ajudado Henrique a diminuir o poder dos bispos, passou a defender activamente os direitos da Igreja.
Vários hagiógrafos do santo retratam-no de modos bastante diferentes: uns falam do comportamento virtuoso como parte do seu dia-a-dia de sempre (por exemplo, o uso de roupas grossas, desconfortáveis, por baixo das roupagens de cortesão); outros que a sua devoção cresceu em revolta contra o homem de paixões que era Henrique II; ainda outros acusam-no de ser motivado apenas pelos seus próprios interesses e pelo seu desejo de poder. A maioria dos relatos dos primeiros tempos de Thomas como arcebispo foram escritas depois da sua morte e influenciadas pelos respectivos ambientes políticos. As interpretações das políticas de Henrique II e do papado, e as implicações da sua canonização para ambos, foram de grande importância no jogo de poderes europeu.
Primeiro confuso com a atitude de Thomas, e depois sentindo-se traído pelo antigo companheiro, Henrique II viu o arcebispo afastar-se ainda mais quando este abandonou o seu cargo de chanceler e manteve os rendimentos das terras da Cantuária sob o seu controle. Começaram assim uma série de conflitos legais sobre a jurisdição dos tribunais seculares sobre o clero inglês. Em Outubro de 1163, o rei tentou colocar a opinião e a influência dos outros bispados contra Thomas em Westminster, com o objectivo de obter a aprovação dos privilégios reais.

As constituições de Clarendon
Em 30 de Janeiro de 1164, Henrique II da Inglaterra convocou uma assembleia no Palácio de Clarendon, em Wiltshire, onde apresentou as suas exigências em 16 constituições. Pretendia com isto diminuir a independência do clero e a influência de Roma na política inglesa. Henrique conseguiu negociar e pressionar o consentimento de todos, inclusivamente de Richer de L'aigle, o amigo de longa data da família de Thomas. Foi oficialmente exigido a Becket que assinasse as cartas do rei, caso contrário enfrentaria repercussões políticas e legais, graves para a sua pessoa e para a Igreja.
Por fim, até mesmo Becket expressou a sua disponibilidade em concordar com as constituições, mas quando chegou o momento da assinatura, recusou-se. Isto significava a guerra entre os dois poderes. Henrique instaurou um processo judicial contra o arcebispo e convocou-o a aparecer perante um concelho em Northampton, a 8 de Outubro de 1164, para responder a alegações de desobediência à autoridade real e ilegalidades cometidas como chanceler do reino.

Fuga para França
Henrique perseguiu-o com uma série de edictos, dirigidos também aos seus amigos e apoiantes, mas o seu rival Luís VII de França recebeu o arcebispo fugitivo e ofereceu-lhe protecção. Becket passou quase dois anos na abadia cistercense de Pontigny, até que as ameaças do rei contra a sua ordem o obrigaram a voltar a Sens.
Becket lutou com as armas legais da Igreja, pedindo ao papa Alexandre III a excomunhão de Henrique II da Inglaterra e o interdicto (o equivalente à excomunhão para um território) da Inglaterra. Mas apesar de concordar com a posição do seu arcebispo, o papa preferia tentar uma solução mais diplomática. O papa e o arcebispo desentenderam-se, principalmente quando o primeiro enviou legados, em 1167 com a autoridade de agir como árbitros do conflito. Ressentido com esta limitação da sua jurisdição, e firme nos seus príncipios, Becket não se submeteu aos enviados do papa, uma vez que a sua posição o obrigava a lealdade tanto com a coroa inglesa como com a Igreja.
A sua firmeza parecia ter compensado quando, em 1170, o papa parecia inclinado a promulgar o interdicto contra a Inglaterra. Alarmado pela ideia, uma vez que isto implicava um confito mais ou menos aberto com as nações europeias sujeitas a Roma, Henrique II decidiu elevar o seu filho e herdeiro Henrique, o Jovem a rei da Inglaterra, mantendo para si poder imperial. Uma vez que Becket estava no exílio, o arcebispo de York sagrou a coroação. Furioso, o arcebispo da Cantuária ameaçou excomungar o rei e todos os envolvidos na cerimónia. No entanto, seguiu-se uma débil reconciliação e Thomas voltou à Cantuária com a promessa de que poderia re-coroar o príncipe.

Assassinato
Assim que aportou em Sandwich, Kent, Becket mostrou que continuaria inflexível como sempre, excomungando os bispos envolvidos na coroação. Quando informado disto, o rei, furioso, terá dito qualquer coisa como "Não haverá ninguém capaz de me livrar deste padre turbulento?".
A maioria dos historiadores parece concordar que o rei não pretendia realmente o assassinato de Becket, apesar das suas duras palavras. Seja como for, quatro dos cavaleiros presentes (Reginald Fitzurse, Hugh de Moreville, William de Traci e Richard le Breton) terão interpretado isto como uma ordem. Responderam que sabiam como fazer isso e partiram para a Cantuária. Em 29 de Dezembro de 1170, entraram na catedral e assassinaram Becket, segundo alguns nos degraus do altar, quando os monges cantavam as vésperas. Existem vários relatos contemporâneos do acto, em particular um de Edward Grim, um visitante da catedral que teria também sido ferido no ataque.

Canonização
Depois do assassinato, descobriu-se que Becket usava um cilício (neste contexto uma camisa de tecido grosso e desconfortável) por baixo das suas vestes de arcebispo. Em pouco tempo, a fiéis por toda a Europa começaram a venerar Thomas Becket como mártir, e em 1173, cerca de três anos após a sua morte, foi canonizado pelo papa Alexandre III na Igreja de S. Pedro em Segni.
Em 12 de Julho de 1174, durante a revolta dos seus três filhos Henrique, o Jovem, Ricardo, futuro Coração de Leão e Geoffrey Plantageneta de 1173-1174, Henrique II da Inglaterra fez penitência pública junto ao túmulo de Becket, que se tornou em um dos mais populares locais de peregrinação da Inglaterra até à sua destruição durante a Dissolução dos Mosteiros (1538 a 1541).
Em 1220, os restos de Becket foram transladados para um relicário na recentemente concluída Capela da Trindade, em Cambridge. O pavimento deste está hoje em dia assinalado com uma vela acesa. Os arcebispos actuais celebram a eucaristia neste local para lembrar o martírio e a transladação.

Lendas
Depois da canonização, nasceram algumas lendas locais que, apesar de serem histórias hagiográficas típicas, também refletem a personalidade do arcebispo:
  • O Poço de Becket, em Otford, Kent, foi criado quando Becket, desagradado com o gosto da água local, bateu no chão com o seu báculo (ceptro) episcopal. Teriam nascido imediatamente duas nascentes de água fresca no local.
  • A ausência de rouxinóis na mesma localidade também lhe é atribuída. Becket, perturbado nas suas orações pelo seu chilrear, teria proibido para sempre os rouxinóis de cantar na cidade.
  • Os bebés da cidade de Strood, também em Kent, teriam passado a nascer com caudas. Os homens de Strood tinham alinhado com o rei contra o arcebispo e, para demonstrar o seu apoio, teriam cortado a cauda do cavalo de Becket quando este passava pela cidade.
Literatura

in Wikipédia

Pau Casals nasceu há 135 anos

Pau Casals o Pau Carles Salvador Casals i Defilló (Vendrell, 29 de diciembre de 1876 - San Juan de Puerto Rico, 22 de octubre de 1973), más conocido como Pau Casals, y también como Pablo Casals en Latinoamérica y el mundo anglosajón, es uno de los músicos españoles más destacados del siglo XX. De padre español y madre puertorriqueña, Casals es considerado uno de los mejores violonchelistas de todos los tiempos.
Una de sus composiciones más célebres es el "Himno de las Naciones Unidas", conocido como el "Himno de la Paz", compuesto mientras residía en su segunda patria, Puerto Rico (donde había nacido y se había criado con su madre), y donde residían otros españoles renombrados internacionalmente, como Juan Ramón Jiménez y Francisco Ayala. Magnífico director de orquesta y notabilísimo compositor, Casals fue siempre un artista completísimo, de férrea disciplina y gran dedicación.
Además de destacar como intérprete, Pau Casals también fue reconocido por su activismo en la defensa de la paz, la democracia, la libertad y los derechos humanos, que le valieron prestigiosas condecoraciones como la Medalla de la Paz de la ONU y ser nominado al Premio Nobel de la Paz. Casals también manifestó públicamente su oposición al régimen franquista y su deseo de ver una Cataluña no necesariamente independiente pero con un grado alto de autonomía (vide cap. V de sus memorias, dictadas originariamente en francés a Albert E. Kahn y traducidas al catalán como Joia i Tristor).
Pau Casals murió el 22 de octubre de 1973, a la edad de 96 años, en San Juan de Puerto Rico, a consecuencia de un ataque al corazón. Fue enterrado en el Cementerio Conmemorativo de San Juan de Puerto Rico. En esa localidad se organiza el actual Festival Casals de Puerto Rico y está ubicado el Museo Pablo Casals.
El 9 de noviembre de 1979, restablecida la democracia en España, sus restos fueron trasladados al cementerio de Vendrell, su población natal, donde actualmente descansan.
En el centro de Vendrell se ubica la Casa-Museo de Pau Casals, y en el barrio de San Salvador de la misma población, la sede de la Fundación Pau Casals, con otra casa-museo frente a un auditorio bautizado con su nombre, y con un busto realizado por el escultor Josep María Subirachs.

Entre las contribuciones más importantes de Pau Casals destaca haber cambiado la técnica de la interpretación de violonchelo, buscando movimientos más naturales alejados de la técnica rígida del siglo XIX y pegando el arco a las cuerdas siempre. Rescató del olvido las estupendas suites para violonchelo de Johann Sebastian Bach, son legendarias las grabaciones que de ellas hizo entre 1936 y 1939, aunque las grabó repetidamente.
Casals mostró ya desde su infancia una gran sensibilidad por la música. Su padre, Carles Casals i Ribes, también músico, le transmitió los primeros conocimientos musicales, que Pau Casals amplió con estudios en Barcelona y Madrid. En esta ciudad compartió estudios con el otro grande del violonchelo español del siglo XX, Juan Ruiz Casaux, siendo ambos discípulos del catedrático de la Escuela Nacional de Música, Víctor Mirecki, iniciador de la escuela violonchelística española moderna, y de Jesús de Monasterio en la cátedra de perfeccionamiento de música de cámara. Con tan solo 23 años, inició su trayectoria profesional y actuó como intérprete en los mejores auditorios del mundo.
En calidad de intérprete, aportó cambios innovadores a la ejecución del violonchelo e introdujo nuevas posibilidades técnicas y expresivas. Como director, buscaba igualmente la profundidad expresiva, la esencia musical que sabía alcanzar con el violonchelo. Son especialmente conocidas las versiones que dirigió en el Festival de Malborough: Los Conciertos de Brandemburgo de J.S. Bach, su músico predilecto, Sinfonías de W. A. Mozart, etc.
Pau Casals ejerció también como profesor en el Real Conservatorio de Madrid. Además de violonchelista, también desarrolló su carrera como compositor, dejando un legado de obras, entre las que se incluyen el oratorio El Pessebre, que presentó en diversos países. Popularizó la antigua canción catalana "El cant dels ocells" tocándola en la sede de la ONU; ésta melodía ha acabado erigiéndose en un verdadero canto a la paz. En 1973, muere en San Juan de Puerto Rico: el gobierno del país declara tres días de luto nacional, se reciben las condolencias de todos los jefes importantes de estado, los grandes músicos y el pueblo en general. En la Ciudad de México, desde el teatro principal, El Palacio de las Bellas Artes, se presenta el poema sinfónico El Pessebre con renombrados solistas, dos orquestas y coro, dirigidos por Enrique Gimeno que fue retransmitido por satélite internacionalmente.





El cant dels ocells

Al veure despuntar el major lluminar en la nit més ditxosa,
els ocellets cantant a festejar-lo van amb sa veu melindrosa.

L'àliga imperial pels aires va voltant, cantant amb melodia,
dient: 'Jesús és nat per treure'ns de pecat i dar-nos l'Alegria'.

Respon-li lo pardal: 'Esta nit és Nadal, és nit de gran contento'.
El verdum i el lluer diuen, cantant també: 'Oh, que alegria sento!'

Cantava el passerell: 'Oh, que formós i que bell és l'Infant de Maria!'.
I lo alegre tord: 'Vençuda n'és la mort, ja neix la Vida mia'.

Cantava el rossinyol: 'Hermós és com un sol, brillant com una estrella'.
La cotxa i lo bitxac festegen el manyac i sa Mare donzella.

La garsa, griva i gaig diuen: 'Ja ve lo maig'. Respon la cadernera:
'Tot arbre reverdeix, tota planta floreix, com si tot fos primavera'.





El canto de los pájaros

Al ver despuntar el mayor resplandor en la noche más dichosa
los pajaritos van a cantarle con su melosa voz

El águila imperial va por los aires, cantando con melodía,
diciendo: Jesús ha nacido para librarnos del pecado y darnos la Alegría

Le responde el gorrión: Esta noche es Navidad, es noche de gran contento.
El verderón y el lúngano dicen, cantando también: ¡Oh, qué alegría siento!

Cantaba el pardillo: ¡Oh, qué hermoso y qué bello es el Hijo de María!
Y el tordo alegre: Vencida ha sido la muerte, ya nace mi Vida

Cantaba el ruiseñor: Es hermoso como un sol, brillante como una estrella.
El colirrojo y la tarabilla celebran la criatura y su Madre doncella

La graza, el zorzal y el arrendajo dicen: Ya viene el mayo. Responde el jilguero:
Todo árbol reverdece, toda planta florece, como si todo fuese primavera

Rilke morreu há 85 anos


Rainer Maria Rilke, por vezes também Rainer Maria von Rilke (Praga, 4 de Dezembro de 1875Valmont, Suíça, 29 de Dezembro de 1926) foi um dos mais importantes poetas de língua alemã do século XX. Escreveu também poemas em francês.

Nasceu em Praga, na República Checa, então pertencente ao Império Austro-Húngaro, e mudou seu nome, originalmente René, para Rainer.
Rilke fez seus estudos nas universidades de Praga, Munique e Berlim. Em 1894 fez sua primeira publicação, uma colecção de versos de amor, intitulados Vida e canções (Leben und Lieder). Não exerceu nenhuma profissão, tendo vivido, sempre, à custa de amigas nobres.
Alguns anos depois, em 1899, Rilke viajou para a Rússia a convite de Lou Andreas-Salomé, a escritora e depois psicanalista, filha de um general russo, e que foi sua amante por longos anos. Sua passagem pela Rússia imprimiu uma inspiração religiosa em seus poemas. Rilke passou a enxergar a natureza, dada as dimensões e exuberância das paisagens russas, como manifestação divina presente em todas as coisas. Sobre este aspecto publicou em 1900 a colecção Histórias do bom Deus.
Em 1901 casou com Clara Westhoff, da qual logo se separou. O século XX trouxe para a poesia de Rilke um afastamento do lirismo e dos simbolistas franceses com os quais ele se identificara. Em 1905, publicou O Livro das Horas de grande repercussão à época. Nesta obra, seus poemas já apresentavam um estilo concreto, bem característico desta sua fase.

Em 1902 foi para Paris, onde trabalhou como secretário do escultor Auguste Rodin entre 1905 a 1906. Rodin exerceu grande influência sobre o poema de Rilke, que se reflete em suas publicações de 1907 a 1908.
Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, em 1914, Rilke morava em Munique e lá permaneceu durante todo o conflito. Antes de se mudar para Munique, ele viveu na região do Trieste e publicou, em 1913, a A vida de Maria (Das Merien Leben) e iniciou a redacção de Elegias de Duíno (Duineser Elegien), texto que só viria a ser publicado em 1923. Duíno era um castelo na região de Trieste, Itália, onde Rilke morou por dois anos antes da Guerra, a convite da princesa Maria von Thurn und Taxis. Após o conflito na Europa, Rilke mudou-se para a Suíça, a última de suas pátrias de eleição, onde viveu até morrer.

O Solitário


Como alguém que por mares desconhecidos viajou,
assim sou eu entre os que nunca deixaram a sua pátria;
os dias cheios estão sobre as suas mesas
mas para mim a distância é puro sonho.


Penetra profundamente no meu rosto um mundo,
tão desabitado talvez como uma lua;
mas eles não deixam um único pensamento só,
e todas as suas palavras são habitadas.


As coisas que de longe trouxe comigo
parecem muito raras, comparadas com as suas —:
na sua vasta pátria são feras,
aqui sustém a respiração, por vergonha.

in O Livro das Imagens - Rainer Maria Rilke (tradução de Maria João Costa Pereira)

A vingança serve-se com veludo - há 22 anos Vaclav Havel tornou-se Presidente da Checoslováquia

Firme defensor da resistência não-violenta (tendo passado cinco anos preso por suas convicções), tornou-se um ícone da Revolução de Veludo em seu país, em 1989. Em 29 de dezembro de 1989, na qualidade de chefe do Fórum Cívico, elegeu-se presidente da Checoslováquia pelo voto unânime da Assembleia Federal.
Manteve-se no cargo após as eleições livres de 1990. Apesar das crescentes tensões, Havel apoiou a preservação da federação entre checos e eslovacos durante a dissolução da Checoslováquia. Em 3 de julho de 1992, o parlamento federal não logrou elegê-lo - o único candidato a presidente - devido à falta de apoio dos deputados eslovacos. Após a declaração de independência da Eslováquia, Havel renunciou à presidência, em 20 de julho. Quando da criação da República Checa, candidatou-se ao cargo de presidente e venceu as eleições em 26 de janeiro de 1993.
Após combater um cancro de pulmão, Havel foi reeleito presidente em 1998. Seu segundo mandato presidencial terminou em 2 de fevereiro de 2003, sucedendo-lhe seu grande adversário, Václav Klaus.


NOTA: recentemente o PCP foi o único partido a votar contra o voto de pesar pela morte deste Senhor.

Rasputin morreu há 95 anos

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Grigoriy Yefimovich Rasputin, místico russo, nasceu dia 23 de Janeiro de 1864 em Pokrovskoie, Tobolsk e foi assassinado no dia 29 de Dezembro de 1916 aos 52 anos em Petrogrado, actual São Petersburgo. Foi uma figura influente no final do período czarista da Rússia.



quarta-feira, dezembro 28, 2011

Música africana recente para geopedrados


E o PCP não está de luto?!?

por Rui Rocha | 28.12.11

Enquanto a natureza continua a chorar a morte de Kim Jong-il (convém recordar aqui os episódios da ave branca maior do que uma pomba que limpou a neve de uma estátua do Querido Líder, do grou que voou três vezes em redor de uma outra, das pombas que choraram meia-hora ou do ruído ensurdecedor do  quebrar do gelo no monte Baekdu), coisa que aliás não é surpreendente se tivermos em conta que o nascimento do agora defunto foi anunciado por um arco-íris duplo e por uma nova estrela no firmamento junto ao monte Paektu, o dito cujo foi transportado para a derradeira morada numa americaníssima limusina Lincoln. Caso para dizer: so long, buddy!

Há cidades com azar...

Porto teve um “Largo José Sócrates” mas a câmara já removeu a placa clandestina
27.12.2011 - Aníbal Rodrigues

Placa já foi retirada (Foto: Paulo Pimenta)

Tinha pouco tempo de existência, mas já se tinha transformado em objecto fotográfico para muitos passantes. No Largo Mompilher, no Porto, surgiu uma nova “placa toponímica” que rivalizava com a oficial, verde, como tantas outras na cidade. A nova placa foi colocada no edifício do café Candelabro – ao que tudo indica anteontem –, e era constituída por seis azulejos de fundo branco e adornos nas extremidades, em azul e amarelo, que remetiam para a clássica azulejaria portuguesa.

A placa anunciava o “Largo Eng. José Sócrates”, mas um traço na referência abreviada à habilitação académica do visado como que prenunciava o que se lia a seguir: “(Mentiroso, Corrupto, Incompetente, Primeiro-Ministro de Portugal 2005-2011)”.

Por coincidência, a nova “placa toponímica” surgiu numa altura em que a Câmara do Porto realiza obras de remodelação no Largo de Mompilher que retiraram algum estacionamento e estão a alargar a área pedonal daquele espaço.

Contactado pelo PÚBLICO, o Gabinete de Comunicação e Promoção da Câmara do Porto informou que a placa toponímica clandestina foi removida ontem, cerca das 18.00 horas, pelos serviços municipais.

in Público - ler notícia

NOTA: se tiver que ser, usem o nome do senhor "engenheiro" numa prisão nova (que ele inaugure e que uso por muitos e bons anos...). Recorde-se que, ali perto, puseram o nome de um político falecido num acidente aéreo a um aeroporto - não é preciso mais explicações.

ADENDA: O JN publicou o seguinte texto e filme no seu site:

Largo de Mompilher rebaptizado com insultos a Sócrates - JN



O Largo de Mompilher, no Porto, foi rebaptizado por desconhecidos com insultos a José Sócrates. A placa em azulejo, que terá sido colada entre segunda-feira e esta terça-feira, foi retirada por funcionários da Câmara Municipal do Porto.

Insultos? Mentiroso, Corrupto, Incompetente não são insultos, são verdades indesmentíveis - por muito que apaguem as escutas, queimem os processos do Aterro da Cova da Beira, escondam os projetos arquitetónicos na Guarda (e Covilhã...), destruam a Universidade Independente, queimem os documentos da UnI, modifiquem a ficha de deputado do senhor Pinto de Sousa, esqueçam a bomba de gasolina que o senhor teve com uns amigos, não se lembrem de perguntar de onde veio a súbita riqueza da mãe e da família, se esqueçam das suas relações com os Irmãos dos Aventais, escondam o caso Freeport, se esqueçam de quem duplicou a dívida pública portuguesa em meia dúzia de anos, quem assinou as fantásticas parcerias público-privadas, quem ajudou os sucateiros, os pedrosos, os penedos, os varas e os coelhones, tudo não será esquecido e um dia terá de ser julgado.

Sim, é possível viajar no tempo!

Decisão polémica
Samoa salta a próxima sexta-feira para acertar calendário

Samoa vai passar da direita para a esquerda da linha do Tempo Universal Coordenado (UTC)

Para todos os que vêem a sexta-feira como aquele dia interminável que nunca mais dá lugar ao fim-de-semana, as autoridades de Samoa têm uma solução: por que não riscá-lo simplesmente do calendário? Pelo menos é o que acontecerá esta semana, quando a nação insular do Pacífico puser em prática mais uma decisão radical do seu primeiro-ministro, Tuilaepa Sa’ilele Malielegaoi. Samoa vai mudar de fuso horário e, com isso, passar de um lado para o outro da linha do Tempo Universal Coordenado.

O Governo samoano quer ficar do mesmo lado do calendário que os seus vizinhos (e principais parceiros comerciais) Austrália e Nova Zelândia. “Desviar” a linha internacional da data – o que implica passar, este ano, directamente de quinta-feira para sábado – evitará desencontros entre estas nações.

Até aqui, quando Samoa estava na sexta-feira, já era sábado em Sydney e Auckland; e a segunda-feira australiana e neozelandesa calhava no domingo samoano. “Estávamos a perder dois dias de trabalho por semana”, analisa o primeiro-ministro, em declarações ao jornal de língua inglesa Samoa Observer, citadas pela CNN.com.

A decisão não está, porém, a ser recebida com agrado em todo o país, que tem 180.000 habitantes. A maioria da população, é certo, encara a coisa com a bonomia característica dos polinésios – já corre mesmo a piadola de chamar a este dia inexistente TGIF “Thank God It’s Friday” (Graças a Deus é Sexta-feira). Aliás, os samoanos já têm tradição neste procedimento: em 1892, o rei de Samoa tinha cruzado a linha internacional da data em sentido contrário, para acertar o calendário com o porto de São Francisco, EUA (nessa altura, houve dois feriados do 4 de Julho).

Mas o sector do turismo está inconsolável. Samoa era o último lugar do mundo a ver nascer o dia e onde se podia ver o pôr-do-sol, um programa aparentemente muito popular para casais em lua-de-mel. A partir de agora, o paradigma muda. Samoa será o primeiro sítio do mundo a ver o dia a nascer e a acabar. Pode não ser tão romântico, mas garante-lhe o título de primeira nação a entrar em cada ano novo. Começando já em 2012. Sem esquecer que, com a Samoa Americana a uma hora de voo e do outro lado da linha internacional, será possível comemorar o aniversário ou alguma data especial dois dias seguidos.

Esta não é a primeira decisão radical de Tuilaepa Sa’ilele Malielegaoi. Há dois anos – e numa medida bem mais polémica – os samoanos passaram a conduzir pela esquerda, para facilitar a importação de carros em segunda mão da Austrália e Nova Zelândia. Houve tumultos, protestos e até actos de vandalismo sobre a nova sinalização, mas a medida manteve-se.

in Público - ler notícia

NOTA: não é nada de especial - nós, os portugueses, em 1582, passou-se de 5 para 14 de outubro, desaparecendo dez dia. E isto para não falar de um político transfuga que, em seis anos, nos fez recuar mais de trinta...

Três museus nossos merecem

Vencedor só é conhecido em Maio
Três museus portugueses são finalistas do Museu Europeu do Ano 2012

Museu do Côa é um dos finalistas Museu do Côa é um dos finalistas

O Museu do Côa, no Douro, o Hotel-Museu do Convento de São Paulo, no Redondo, e o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, nos Açores, estão entre 46 nomeados para o Prémio do Museu Europeu do Ano 2012.

O prémio é atribuído anualmente pelo European Museum Forum (EMF), organização sem fins lucrativos criada nos anos 1970 para promover a qualidade das instituições museológicas, e que funciona sob os auspícios do Conselho da Europa.

A cerimónia de atribuição do Prémio Museu Europeu do Ano 2012 terá lugar em Penafiel, entre 16 e 19 de Maio, onde decorrerá a assembleia anual do EMF.

Os três museus portugueses fazem parte de uma lista de 46 nomeados de 20 países, entre eles Grécia, Irlanda, Rússia, Estónia, Alemanha, Holanda, Suíça, Espanha, França e Reino Unido.

Na decisão final do júri pesam habitualmente os esforços realizados pelos museus europeus para atrair visitantes através de programas nas áreas da interpretação, responsabilidade social, comunicação e marketing.

Em declarações à agência Lusa, Margarida Ruas, actual embaixadora do EMF e antiga diretora do Museu da Água, em Lisboa, comentou que “é um motivo de orgulho para Portugal existirem três museus nomeados para o prémio”.

“É também importante que seja Penafiel a receber a assembleia do European Museum Forum porque há sempre inúmeros pedidos para acolher este encontro e cerimónia do anúncio dos premiados”, salientou.

No ano passado, o Museu do Douro, em Peso da Régua, recebeu uma menção especial do júri do EMF, no âmbito do Museu Europeu do Ano 2011, atribuído ao Museu Galo-Romano de Tongeren, na Bélgica.

Também o Conselho da Europa premeia anualmente um museu europeu, tendo anunciado este mês o distinguido com o prémio de 2012: o Rautenstrauch-Joest Museum - Kulturen der Welt, uma instituição que alberga um acervo de caráter antropológico e etnológico com sede em Colónia, na Alemanha.

O museu centenário tinha-se mudado recentemente para um novo edifício da cidade e aproveitou para fazer uma remodelação total da apresentação e design da sua exposição permanente, composta por objectos de culturas e tradições de países de todo o mundo.

Este prémio do Conselho da Europa para os museus é atribuído desde 1977 em colaboração com o EMF e entregue em Estrasburgo.


NOTA: uma excelente notícia, pela nomeação de três fantásticos museus e por o evento ser no nosso país, mas com um pequeno problema - esqueceram-se dos links para os sites dos Museus:

Hoje é dia de ouvir música clássica portuguesa

A vingança serve-se com veludo - há 22 anos Alexander Dubcek tornou-se presidente do Assembleia Federal checoslovaca

Alexander Dubček (nascido em 27 de novembro de 1921 em Uhrovec, Checoslováquia, atualmente Eslováquia - falecido em 7 de novembro de 1992 em Praga) foi um chefe de estado da antiga Checoslováquia, tornou-se líder do Partido Comunista da Checoslováquia em 1968 e iniciou as reformas da "Primavera de Praga".

Seu pai foi um operário emigrante na União Soviética. Sua educação foi na URSS. A família retornou a Eslováquia em 1938. No ano seguinte, Dubček ingressou no Partido Comunista Checoslovaco (PCCh). Durante a Segunda Guerra Mundial, tomou parte na resistência contra a ocupação nazista. Demostrou sua capacidade de organização ao protagonizar o levantamento nacionalista eslovaco contra as tropas alemãs no inverno de 1944 a 1945. Ficou ferido em repetidas ocasiões.
Em 1949 foi nomeado secretário de distrito do Partido em Trencin e em 1951 foi eleito membro do Comité Central do PCCh e deputado da Assembleia Nacional, o que motivou sua ida a Bratislava, onde estudou Direito na Universidade de Komenski.
Entre 1955 e 1958, Dubček assistiu à Escola Superior de Mandos do Partido em Moscou. Dois anos depois já era membro do Presidium do PCCh. Em maio de 1963, Dubček substituiu K. Bacílek como primeiro secretário do Partido na Eslováquia. E em janeiro de 1968, substituiu o estalinista Novotni, como primeiro secretário do CC.
Dirigiu a tentativa de democratização socialista em seu país. Seu propósito, destinado a democratizar o Estado e as estruturas internas do Partido, e abrir a nação às potencias ocidentais, foi referendado por grande parte da população checoslovaca. A tentativa (o socialismo com rosto humano) seria abortado violentamente pelas tropas soviéticas do Pacto de Varsóvia em agosto de 1968. Dubček e outros cinco membros do Presidium foram sequestrados pela polícia soviética de ocupação e levados a Moscovo, onde "os fizeram entrar na razão". Quando voltou a Praga foi considerado como um cadáver político, ostracisado.
Até 1970 foi presidente da Assembleia Federal checa. Nesse mesmo ano quando foi expulso do Partido. Nomeado embaixador na Turquia. Não tardou em ser destituído: de novo em Praga, trabalhou como burocrata de uma exploração florestal. Não houve notícias suas até 1974, quando saiu uma carta aberta, assinada por ele e dirigida à Assembleia Federal onde ratificou os postulados democráticos de 1968, criticou as posições políticas do Partido e denunciou os abusos de poder do primeiro secretário Husak.
Em 26 de novembro de 1989 Dubček foi aclamado na Praça de Letna de Praga por milhares de compatriotas. Inspirador para a troca democrática, foi feito como presidente do Parlamento checo. Dubček morrera em um acidente de automóvel, não viu a desintegração de seu país.

During the Velvet Revolution of 1989, he supported the Public against Violence (VPN) and the Civic Forum. On the night of 24 November, Dubček appeared with Václav Havel on a balcony overlooking Wenceslas Square, He was greeted with uproarious applause from the throngs of protesters below, embraced as a symbol of democratic freedom. He disappointed the crowd somewhat by calling for pruning out what was wrong with Communism. By this time, however, the demonstrators in Prague wanted nothing to do with Communism of any sort. Later that night, Dubček was on stage with Havel at the Laterna Magika theater, the headquarters of Civic Forum, when the entire leadership of the Communist Party resigned--in effect, ending Communist rule in Czechoslovakia.
Dubček was elected Chairman of the Federal Assembly (Czecho-Slovak Parliament) on 28 December 1989, and re-elected in 1990 and 1992.
At the time of the overthrow of Communist party rule, Dubček described the Velvet Revolution as a victory for his humanistic socialist outlook. In 1990, he received the International Humanist Award from the International Humanist and Ethical Union.
In 1992, he became leader of the Social Democratic Party of Slovakia and represented that party in the Federal Assembly. At that time, Dubček passively supported the union between Czechs and Slovaks in a single Czecho-Slovak federation against the (ultimately successful) push towards an independent Slovak state.


NOTA: os comunistas soviéticos não o quiseram matar, como fizeram com Imre Nagy, e tiveram este resultado... A democracia é uma chatice.