segunda-feira, dezembro 22, 2025
Be My Baby...
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Poema adequado à data...
Cântico Negro
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
in Poemas de Deus e do Diabo (1925) - José Régio
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Karl Friedrich Abel nasceu há 302 anos...
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London Calling...
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O poeta Álvaro Cunqueiro nasceu há 114 anos
Al otro lado me dijeron
los viejos se van convirtiendo en árboles
viejos también sin hojas en el lado del sol
aguardando sin saber qué, mudos.
Pero súbitamente un árbol cualquiera
siente subir dentro de él la savia de un sueño
al borde de la muerte ya, pero todavía
tibio como la leche de la madre.
El sueño va subiendo por las venas del árbol
una vida entera que pasa
hasta hacerse pájaro en una rama
un pájaro que recuerda, canta y se marcha
poco antes de que todos los árboles mueran.
Si yo me hago árbol viejo al otro lado del río
y me toca ser el árbol que recuerda y sueña
puedes estar bien segura que soñaré contigo
con tus ojos grises como el alba
y con tu sonrisa
con la cual se vistieron los labios de los rosales
en los días mas felices.
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Saudades de Joe Cocker...
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José Régio morreu há 56 anos...

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.
Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.
Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
- Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!
Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...
O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.
Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!
Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.
Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!
Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.
Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!
Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.
Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...
Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...
Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.
in As Encruzilhadas de Deus - José Régio
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Vanessa Paradis - 53 anos
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Chico Mendes foi assassinado há trinta e sete anos...
Ceausescu foi (finalmente) derrubado há 36 anos
Após a queda de Nicolae Ceauşescu, Ion Iliescu ganhou as eleições presidenciais em 1990.
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Lech Walesa tomou posse como Presidente da Polónia há 35 anos...!
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O Massacre de Acteal foi há vinte e oito anos...
No lugar onde ocorreu o Massacre de Acteal hoje está a Coluna da Infâmia
O massacre de Acteal, ocorrido em 22 de dezembro de 1997, consistiu na chacina de 45 indígenas tzotziles que se encontravam a rezar numa igreja católica na localidade de Acteal, no estado mexicano de Chiapas. A opinião dominante é que este massacre terá sido executado por forças paramilitares eventualmente opostas ao Exército de Libertação Nacional Zapatista (EZLN) mas nunca realmente identificadas. Entre as vítimas contavam-se dezasseis crianças e adolescentes, bem como vinte mulheres (algumas delas supostamente grávidas) e nove homens adultos.
Segundo os relatos de testemunhas as vítimas, pertencentes a um grupo comunitário denominado Las Abejas (As Abelhas) simpatizante do EZLN, terão sido mortas por cerca de 90 paramilitares, supostamente membros dum grupo denominado Máscara Roja (Máscara Vermelha), durante uma operação que se terá prolongado por cerca de 7 horas, a curta distância de um posto militar. Os militares ali estacionados não intervieram de forma a evitar o massacre, existindo relatos de que na manhã seguinte alguns deles se encontravam na igreja, lavando o sangue das paredes.
Na sequência do massacre, cerca de 100 pessoas, na sua maioria indígenas, acabariam por ser detidas numa prisão de Tuxtla Gutiérrez, a capital de Chiapas.
O então bispo de San Cristóbal de las Casas, Samuel Ruiz, afirmou ser necessário que a Procuradoria Geral da República investigasse sobre quem seriam os instigadores deste massacre.
Entre os presumíveis participantes encontravam-se oito ex-oficiais das forças de segurança pública, condenados a penas de pouco mais de três anos de prisão e libertados logo de seguida.
Segundo dados não oficiais, crê-se que nessa altura em Chiapas operavam vários grupos paramilitares que combatiam o EZLN. Há quem sugira que estariam ligados ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), então no poder havia 68 anos.
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Joe Strummer, vocalista dos The Clash, morreu há vinte e três anos...

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Aurora Miranda morreu há vinte anos...
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Joe Cocker morreu há onze anos...
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Hoje é dia de ouvir a música de Júlio Pereira...!
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domingo, dezembro 21, 2025
Poema adequado à data...

(imagem daqui)
Glosa à chegada do Inverno
Ao frio suave, obscuro e sossegado,
e com que a noite, agora, se anuncia
depois de posto, ao longe, um sol dourado
que a uma rosada fímbria arrasta e esfia…
Da solidão dos homens apartado,
e entregue a tal silêncio, que devia
mais entender as sombras a meu lado
que a terra nua onde se atrasa o dia…
Recordo o amor distante que em mim vive,
sem tempo ou espaço, e apenas amarrado
à liberdade imensa que não tive,
e que não há. Como o recordo agora
que a luz do dia já se não demora,
se apenas de si próprio é recordado?
Jorge de Sena
Poesia de Bocage, para recordar o aniversário da sua morte...

Camões, grande Camões, quão semelhante
Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co'o sacrílego gigante;
Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.
Ludíbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
Modelo meu tu és, mas... oh, tristeza!...
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.
Bocage
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Pedro Luna
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Hoje é dia de ouvir Elomar Figueira Melo...
Vou cantar num canto de primeiro
As coisas lá da minha modernagem
Que me fizeram errante violeiro
Eu falo sério e não é vadiagem
É pra você que agora está me ouvindo
Eu juro inté pelo santo menino
Virgem Maria que ouve o que eu digo
Se for mentira que me mande um castigo
Ia pois pro cantador e violeiro
Só há três coisas nesse mundo vão
Amor, forria, viola, nunca dinheiro
Viola, forria, amor, dinheiro não
Cantador de trovas e martelos
De gabinetes, ligeira e mourão
Ai cantador corri o mundo inteiro
Já inté cantei nas portas de um castelo
De um rei que se chamava de João
Pode acreditar meu companheiro
A dispois de eu ter cantado o dia inteiro
O rei me disse fica
Eu disse não
Se eu tivesse de viver obrigado
Um dia e antes desse dia eu morro
Deus fez os homens e os bichos tudo forro
Já havia escrito no livro sagrado
Que a vida nessa terra é uma passagem
Cada um leva um fardo pesado
É o ensinamento que desde a modernagem
Eu trago dentro do coração guardado
Tive muita dor de não ter nada
Pensando que nesse mundo é tudo ter
Mas só depois de penar pelas estradas
Beleza na pobreza é que fui ver
Fui ver na procissão louvado seja
Mal assombro das casas abandonadas
Coro de cego nas portas das igrejas
E o ermo da solidão nas estradas
Pispiando tudo do começo
Eu vou mostrar como se faz um pachola
Que enforca o pescoço da viola
E revira toda moda pelo avesso
Sem reparar sequer se é noite e dia
Vai hoje cantando o bem da forria
Sem um tostão na cuia o cantador
Canta até morrer o bem do amor
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Pedro Luna
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Bonita música para celebrar a chegada do inverno...
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Pedro Luna
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