domingo, abril 13, 2025

D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, morreu há 36 anos...

  
D. António Ferreira Gomes (Milhundos, 10 de maio de 1906 - Ermesinde, 13 de abril de 1989) foi um religioso católico português, bispo titular da Diocese do Porto de 1952 a 1982.
A figura do bispo portuense é emblemática, não só por ter pago com dez anos de exílio (1959-1969) o seu amor à verdade, a sua fidelidade à doutrina social da Igreja, mas por ser um grande homem do pensamento português, pela inovação com que lê a tradição nacional. O ter aliado a intervenção da reflexão com a vivência do testemunho guindam o perfil da sua estatura moral a um nível fora do comum. Faz doutrina ao longo de quase quarenta anos, variando de temas segundo a realidade que tinha diante e a partir das referências da renovação da doutrina cristã, desde Pio XII ao Concílio, desde S. Tomás a Rahner. Reflete, como poucos, o carácter ético da busca da verdade, em diálogo e confronto com os grandes “mestres da suspeita” como Nietzche, Marx e Freud.
Homem livre, configurando a liberdade em referência ao Absoluto, defende os direitos humanos em tom profético, com intransigência de génio. Entusiasma-se com o II Concílio do Vaticano e percebe as resistências interiores à mudança de perspetiva, exigida pelo fim do constantinismo. A dimensão sócio-política das suas reflexões integra-se perfeitamente e unicamente na missão pastoral da Igreja. Foi sempre impulsionado pelo dever de bispo que D. António abriu caminho a um diálogo com a cultura contemporânea, consciente e atento observador das suas manifestações concretas no viver da sociedade. O diálogo crítico que entabulou com a modernidade partiu da novidade do evento Jesus Cristo, pela ligação entre história e Revelação acontecida nele. Ao caminhar para uma civilização de liberdade e de amor, como meta da história, estava ciente do mundo ecuménico e pluralista e lançava pontes para uma relação entre cultura e transcendência.
O Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, nasceu na freguesia de Milhundos (Penafiel) a 10 de maio de 1906. Milhundos é uma pequena terra rural atravessada por um riacho, o Cavalum, que dá fertilidade às breves encostas companheiras do seu percurso. António era o quarto de nove filhos de Manuel Ferreira e Albina Rosa de Jesus, lavradores abastados do lugar da Quintela, que teve educação firme, solidificada na disciplina e pautada pela honra. Entrou para o Seminário a 16 de outubro de 1916. O facto de ter um tio padre e cónego motivava-o para abraçar a vida de serviço à Igreja. Acabaria os estudos filosófico-teológicos em Roma, na Universidade Gregoriana, entre 1925 e 1928. Aos 22 anos é presbítero (22 de setembro de 1928), sendo ordenado na Torre da Marca, por D. António Augusto de Castro Meireles. É logo depois nomeado prefeito e diretor de disciplina no Seminário de Vilar. Por impedimento do seu tio, Cónego Ferreira Gomes, em 1936 iria ser vice-reitor com funções de Reitor. Em junho de 1936 é feito cónego da Sé do Porto, juntamente com Manuel Valente e Sebastião Soares de Resende. Foi, então, o exigente professor de filosofia, firmado no seu imperturbável pensamento, seguido com temor e espanto pelos alunos. A ele se deve a colocação de duas máximas nas paredes do Seminário de Vilar: “De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens” e “Fostes resgatados por grande preço, não queirais tornar-vos servos dos homens” (1Cor 7, 23). A vinda para o Porto de D. Agostinho de Jesus e Sousa, em agosto de 1942, depois dos problemas atribulados surgidos na diocese, foi ocasião para relações de colaboração cordial entre o diretor de Vilar e do novo bispo portucalense.
Em 15 de janeiro de 1948, Ano da Proclamação da Declaração Universal dos Direitos do Homem, dos quais foi insistente defensor, o Papa nomeia-o bispo e coadjutor de Portalegre, com direito a sucessão. É ordenado na Sé do Porto a 2 de maio de 1948, dia de Santo Atanásio de Alexandria. Coincidência imprevisível de exilados! Preside à celebração D. Agostinho de Jesus e Sousa, sendo ladeado por D. António Valente da Fonseca, bispo de Vila Real e D. Manuel Maria Ferreira da Silva, bispo titular de Gurza. Tomou posse a 25 de maio. Pela morte de D. Domingos Frutuoso, a 6 de junho de 1949, é nomeado Bispo de Portalegre e aí prossegue o contacto com a realidade do Alentejo que estuda, como testemunha o seu então secretário particular, P. José Geraldes Freire (ver Voz Portucalense, de 18 de março de 1982); o outro secretário seria o P. Elias Lopes, que o acompanharia durante alguns meses no Porto. De facto a experiência alentejana iria durar pouco. A sua sensibilidade para com os problemas sociais vem ao de cima desde a primeira hora, perante a situação do proletariado alentejano. Sonhou constituir uma associação agrária de inspiração cristã, com base na doutrina social da Igreja, para apresentar soluções para os graves problemas aí vividos e juntamente com as necessidades económicas atender aos valores morais. O proprietário e engenheiro agrónomo José Pequito Rebelo, lançou em março de 1949 um apelo ao novo bispo para que se fizesse defensor da criação de uma irmandade dos proprietários alentejanos de Lisboa, junto dos bispos vizinhos de Évora e Beja. António Ferreira Gomes contrapõe razões à ideia de Pequito: era o bispo mais novo para tomar iniciativas em todo o Alentejo, tinha prioridades pastorais como a construção do Seminário, a associação não devia valorizar os absentistas. Perante esta resposta Pequito advoga que não vale a pena deitar mãos à criação da associação como D. António a concebera. De facto a ideia foi sendo trabalhada. Em 1951, nasce a Ação Católica Agrária, animada pelo engenheiro Nuno Vaz Pinto e cria-se uma Fraternidade Operária, inaugurada a 8 de abril de 1951, com operários de toda a diocese. Os poucos anos de contacto com as gentes do Alentejo foram suficientes para criar no bispo um carinho e um apreço muito especiais.
A 13 de julho de 1952 é nomeado bispo do Porto. Toma posse por procuração a 14 de setembro e entra solenemente no dia 12 de outubro, uma vez que continuou como Administrador Apostólico de Portalegre até à tomada de posse do sucessor, D. Agostinho Lopes de Moura, a 2 de maio de 1953. De 1952 a 1958, o bispo do Porto notabilizou-se pela atenção à miséria social do povo português, pela critica do corporativismo do Estado e pela exigência de livre expressão do pensamento e da ação política (célebres discursos aos jornalistas, no dia de S. Francisco de Sales).
A seguir à campanha do General Humberto Delgado para a Presidência da República tornou-se conhecido o pró-memória, enviado pelo bispo do Porto a Oliveira Salazar, para anteceder uma conversa que este desejou. É conhecida erradamente como Carta a Salazar (13 de julho de 1958). Ao terminar o Pro memoria para uma conversa com Salazar, o bispo do Porto lançou quatro perguntas relativas às possíveis objeções que o Estado teria à ação da Igreja e dos católicos. Com estas questões não pretende qualquer favor e declara: “antes, pelo contrário, penso que se não forem capazes de aguentar o desfavor e a animosidade do Poder, pouco podem merecer o respeito e a liberdade. Apenas sugiro e peço, mas isso com toda a nitidez e firmeza, o respeito, a liberdade e a não-discriminação devidos ao cidadão honesto em qualquer sociedade civil.” (Gomes - D. António, pp. 139)
  
 
Começou a circular, devido a inconfidências de um amigo de D. António e de um ministro de Salazar. Causou grande polémica nos jornais, às vezes bem reveladora do fanatismo vulgar de alguns espíritos. Certo é que, saindo do país a 24 de julho de 1959, por ser aconselhado a retirar-se uns tempos para férias, é depois proibido de entrar. Vê-se forçado a um exílio de dez anos, iniciado em Vigo e depois continuado em Santiago de Compostela, Valência, onde colabora na ação pastoral, Lourdes, Ciudad Rodrigo e Salamanca. Neste locais recebe frequentes visitas de amigos e apoio da diocese do Porto, que soube ser fiel e digna, no exílio do seu bispo.

Durante o Concilio está em Roma, é membro da Comissão dos Seminários e Estudos, e participa na aula conciliar com intervenções de interesse, relativas ao esquema dos bispos, do ecumenismo, da Igreja no mundo e da liberdade religiosa (1963-1965), talvez esta a mais pertinente. Juntamente com o portuense D. Sebastião Soares de Resende, tem as intervenções mais relevantes da débil presença portuguesa no II Concilio do Vaticano.
No ano de 1969, devido a diligências da ala liberal, em colaboração com padres diocesanos atuantes junto da Nunciatura, Marcelo Caetano autoriza a sua entrada em Portugal. Agora é o esforço de retomar e de redescobrir a diocese e de a reestruturar no estilo do Concílio. A sua preocupação dominante de pastor foi a doutrinação e a criação de organismo de correspondência eclesial.
Não deixa de ser uma figura incómoda e polémica. São exemplos: a presença no julgamento do Padre Mário Pais de Oliveira, nos dias 7 e 8 de janeiro de 1971, a homilia da paz de 1972, quando fala da teologia da guerra e inclui referências à «virtudes militares» dos capelães, o interdito à paróquia de Mozelos, no dia 1 de janeiro de 1974. A mesma linha ética se manteve após o 25 de abril do mesmo ano. Enfrenta a nova situação com a coragem merecida por uma coerência granítica. É um período de escrita singularmente fecundo. O diálogo com a cultura moderna será o seu tema central desde 1976, até ao fim. Isto após os esclarecidos avisos aos portugueses, com apelos à tolerância e a denúncia dos novos perigos pós-revolucionários. Dentro da Igreja, a crítica aos cristãos pelo socialismo demonstrou o homem da fidelidade à memória doutrinal da Igreja (ver Cristianismo, Liberdade e Socialização, in Igreja e Missão, 75/76 (1975; pp. 305/330). A partir de 1978 notam-se algumas reações do clero com posições mais irrequietas e radicais. Nos anos oitenta diminuem os momentos de intervenção.

Começa o reconhecimento público e oficial. É agraciado em 7 de agosto de 1980, com a Grã-cruz da Ordem da Liberdade e a 20 de maio de 1982 é homenageado na Assembleia da República. Escolhe mais uma vez, o dia 2 de maio de 1982 – passados trinta e quatro anos da sua ordenação sacerdotal – para se despedir do seu rebanho do Porto e ir viver para a Quinta da Mão Poderosa, casa da diocese em Ermesinde. Aí viveu discretamente e morreu serenamente. Aí escreveu as Cartas ao Papa e previa escrever um volume de Provas, mas a falta progressiva da visão e a morte do Secretário, o cónego Rebelo, fizeram-no desistir. Em 1986 esteve presente na RTP, onde afirmou em longa entrevista: «eu professo que Deus é o Senhor da História e que a História tem sentido».
Deixou testamento, redigido em 21 de agosto de 1977. Testemunha o desprendimento nobre e a pobreza essencial que nortearam a sua vida e revela a criação da Fundação Spes, com fins benéficos, educativos e culturais. Nenhum dos seus escritos foge ao carácter pastoral. Não escreveu tratados temáticos nem manuais. O conjunto da sua obra proporciona critérios bem alicerçados para os ouvintes ficarem habilitados no discernimento da realidade e da história segundo os princípios do humanismo personalista cristão. Uma ou outra vez acedeu a insistências para escrever textos introdutórios. Um deles é a Saudação para a Lusitania Sacra (1 - 1956; pp. 7-15). Aqui critica o historicismo como naufrágio da história, lança alguns desafios para o fazer de uma «história arquitetónica», como combinação de ciência, arte e filosofia. A História devia chegar a «disciplina total», compreender e respeitar a tradição por consideração para com a vida e traçar visões panorâmicas de conjunto, irradiar uma profunda filosofia da história.
Várias vezes desenhou perfis com a densidade própria da visão alargada, que é seu timbre. É o caso, por exemplo, de D. António Barroso e de D. António Castro Meireles. O drama Herói e Santo (1931) sobre a vida do beato Nuno é a sua estreia literária. Se é falho de valor dramatúrgico, embora escrito com intenção pedagógica para os alunos do Seminário, quer, já então, sugerir uma nova interpretação do Condestável, levantada de novo em Coimbra em 1974. D. António teve pena que ninguém lhe confirmasse ou rebatesse a tese sugerida. Uma conferência, pronunciada na sede da Justiça e Paz de Coimbra, tem por título: Os direitos do homem na tradição portuguesa antiga. É um contributo para conhecer melhor a tradição cristã em Portugal. O longo e belo Pórtico à 3ª edição (1969) dos Contos Exemplares de Sophia de Mello Breyner é uma profunda e erudita reflexão de teor histórico. Considera o bispo que Sophia chega à verdade não pela via platónica grega, mas pela paixão invoca o mistério e a transcendência do ser humano, ao modo católico.
A distância do tempo ajudará a estabelecer a verdadeira estatura deste vulto. Para tal contribuirá a publicação de textos que a Fundação Spes tem vindo a dar à luz. Uma estátua do escultor Arlindo Rocha foi colocada em frente da Torre dos Clérigos, ex-libris do Porto. Outra obra, da escultora Irene Vilar, comemora a presença do ilustre prelado na sua terra natal. O discurso de D. António Ferreira Gomes «entre Revelação/Tradição e Modernidade/História» (A. Pinho), ficará em amálgama com o testemunho vivido em nobre serviço à liberdade superior do homem, a interpelar o presente. A concluir fiquem, por isso, as suas próprias palavras: «O homem existe, cumpre-se e pensa-se na história. E a história não existe, faz-se. É o homem que a faz e escreve; mas também é ela, feita e escrita, que faz o homem…». Assim quisemos.
Perante a pergunta: “seremos nós os homens do fim?” (Cartas, pp. 139), o Bispo de Portalegre e do Porto assume uma atitude de profissão de fé nestes termos: “Penso e creio que a História tem um sentido, que o tempo é um dom de Deus e que os sucessivos avatares de encarnação [...] são passos [...] que sustentam o templo de Deus altíssimo” (Cartas, p.147). Ou mais adiante: ”cremos e professamos que o Bem supera o mal, que onde abundou o pecado superabundou a Redenção e que no fim o Bem triunfará. É isto que dá sentido à história” (Cartas, p. 148). Aceitou livremente a morte com plena lucidez, a 13 de abril de 1989. Também no seu fim adere à realidade e vive o último traço do seu itinerário com pleno humanismo cristão.
    
Funeral de D. António Ferreira Gomes, em 1989
      

A URSS reconheceu, finalmente, a autoria do Massacre de Katyn há 35 anos...

       
O Massacre de Katyn, também conhecido como Massacre da Floresta de Katyn, foi uma execução em massa ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial contra oficiais polacos prisioneiros de guerra, polícias e cidadãos comuns, acusados de espionagem e subversão pelo Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD), a polícia secreta soviética, comandada por Lavrentiy Beria, entre abril e maio de 1940, após a rendição da Polónia à Alemanha nazi. Através de um pedido oficial de Beria, datado de 5 de março de 1940, o líder soviético Estaline (e quatro membros do Politburo) aprovaram o genocídio. O número de vítimas é calculado em cerca de 22.000, sendo 21.768 o número mínimo identificado. De acordo com documentos soviéticos liberados em 1990, 21.857 prisioneiros e internos polacos foram executados após 3 de abril de 1940: 14.552 prisioneiros de guerra (a maioria deles dos três campos, Kozelsk, Ostashkov e Starobelsk) e 7.305 prisioneiros em áreas do oeste da Ucrânia e da Bielorrússia. Do total, 4.421 eram de Kozelsk, 3.820 de Starobelsk, 6.311 de Ostashkov, e 7.305 de prisões ucranianas e bielorrussas. O chefe do departamento de prisioneiros de guerra da NKVD, major-general P.K. Soprunenko, organizou seleções dos oficiais polacos para serem massacrados em Katyn e nas outras áreas.

Entre os que morreram na floresta de Katyn, estavam um almirante, dois generais, 24 coronéis, 79 tenente-coronéis, 258 majores, 654 capitães, 17 capitães de marinha, 3.420 suboficiais, sete capelães, três proprietários rurais, um príncipe, 43 oficiais de forças diversas, 85 soldados, 131 refugiados, 20 professores universitários, 300 médicos, várias centenas de advogados, engenheiros e mais de 100 jornalistas e escritores, assim como 200 pilotos de combate da Força Aérea. No total, a NKVD executou mais da metade do corpo de oficiais das forças armadas polacas. Contando com os massacres nas outras áreas, foram executados catorze generais, entre eles Leon Billewicz. Nem todos os mortos eram de etnia polaca, uma vez que a Segunda República Polaca era um estado multiétnico e vários de seus oficiais eram ucranianos, bielorrussos e judeus. Estima-se que cerca de 8% dos militares assassinados em Katyn eram judeus polacos.

Mais de 99% dos prisioneiros restantes foram executados posteriormente. Prisioneiros do campo de Kozelsk foram executados no local dos assassinatos em massa, em Katyn, na área de Smolensk. Prisioneiros de Starobelsk foram assassinados dentro da prisão da NKVD em Kharkov e os corpos enterrados em Piatykhatky e oficiais de polícia de Ostashkov mortos na prisão da NKVD, em Kalinin, e enterrados em Mednoye.

Informações detalhadas sobre as execuções foram prestadas por Dmitrii Tokarev, ex-chefe da NKVD em Kalinin, durante uma audiência. De acordo com ele, os fuzilamentos começavam no início da noite e terminavam ao amanhecer. O primeiro transporte de prisioneiros trazia 390 pessoas e os executores tiveram um árduo trabalho para matar tantas pessoas durante uma noite. As levas seguintes de homens traziam no máximo 250 presos. As execuções eram normalmente feitas com uma arma automática alemã, a Walther PPK, calibre 7,65 mm, fornecidas por Moscovo, mas foram também usados revólveres Nagant M1895 russos. Os assassinos usaram armas alemães ao invés do revólver-padrão das forças soviéticas, em virtude do coice dessas armas ser muito forte, o que provocava dores no braço após as primeiras dúzias de tiros. Vasili Blokhin, um oficial soviético conhecido por ser o principal carrasco de Estaline, matou pessoalmente mais de 7.000 prisioneiros do campo de Ostashkov, alguns deles com apenas 18 anos, na prisão da NKVD em Kalinin, num período de 28 dias, em abril de 1940.

Os assassinatos eram metódicos. Após a verificação das suas informações pessoais, o prisioneiro era algemado e levado para uma cela isolada com pilhas de sacos de areia e encerrada por uma porta pesada. A vítima recebia ordens de se ajoelhar no meio da cela, o executor se aproximava por trás e lhe dava um tiro na nuca ou na parte de trás da cabeça. O corpo era então carregado por uma porta de saída, do outro lado da cela, e atirado para dentro de um dos camiões que esperavam para recolher os corpos, enquanto o próximo condenado era introduzido na cela pela porta de entrada. Além do amortecimento do barulho dos tiros causados pelo isolamento da cela, máquinas - talvez grandes ventiladores - passavam a noite toda operando fazendo grande barulho. Este procedimento foi seguido todas as noites, à exceção do feriado de Primeiro de Maio.

Foram enterrados em Bykivnia e Kurapaty, nos arredores de Minsk, entre 3 e 4 mil polacos mortos em prisões na Ucrânia e na Bielorrússia. A tenente Janina Lewandowska, filha do general Józef Dowbor-Muśnicki, comandante-militar da Revolta da Grande Polónia, no final da Primeira Guerra Mundial, foi a única mulher assassinada nos massacres de Katyn.
    
(...)
    
Memorando de Lavrentiy Beria a Estaline, propondo a execução dos oficiais polacos
        
A União Soviética alegou que o genocídio havia sido praticado pelos nazis e continuou a negar responsabilidade sobre os massacres até 13 de abril de 1990, quando o governo de Mikhail Gorbachev reconheceu oficialmente o massacre e condenou os crimes levados a cabo pela NKVD em 1940, assim como o seu subsequente encobrimento. No ano seguinte, Boris Yeltsin trouxe a público os documentos, datados de meio século antes, que autorizavam o genocídio.
    
(...)
    
Em 13 de abril de 1990, no 47º aniversário da descoberta das valas comuns em Katyn, a União Soviética formalmente expressou o seu "profundo pesar" e admitiu a responsabilidade da polícia secreta soviética pelos crimes. O dia 13 de abril foi declarado mundialmente como o Dia da Memória de Katyn.
  

La Fontaine morreu há 330 anos...

   
Jean de La Fontaine (Château-Thierry, 8 de julho de 1621 - Paris, 13 de abril de 1695) foi um poeta e fabulista francês.
Era filho de um inspetor de águas e florestas, e nasceu na pequena localidade de Château-Thierry. Estudou teologia e direito em Paris, mas o seu maior interesse sempre foi a literatura.
Por desejo do pai, casou em 1647 com Marie Héricart. Embora o casamento nunca tenha sido feliz, o casal teve um filho, Charles.
Em 1652 La Fontaine assumiu o cargo de seu pai como inspetor de águas, mas alguns anos depois colocou-se a serviço do ministro das finanças, Nicolas Fouquet, mecenas de vários artistas, a quem dedicou uma coletânea de poemas.
Escreveu o romance "Os Amores de Psique e Cupido" e tornou-se próximo dos escritores Molière e Racine. Com a queda do ministro Fouquet, La Fontaine tornou-se protegido da Duquesa de Bouillon e da Duquesa d'Orleans.
Em 1668 foram publicadas as primeiras fábulas, num volume intitulado "Fábulas Escolhidas". O livro era uma coletânea de 124 fábulas, dividida em seis partes. La Fontaine dedicou este livro ao filho do Rei Luís XIV. As fábulas continham histórias de animais, magistralmente contadas, contendo um fundo moral. Escritas em linguagem simples e atraente, as fábulas de La Fontaine conquistaram imediatamente seus leitores.
Em 1683 La Fontaine tornou-se membro da Academia Francesa, a cujas sessões passou a comparecer com assiduidade. Na famosa "Querela dos antigos e dos modernos", tomou partido dos poetas antigos.
Várias novas edições das "Fábulas" foram publicadas em vida do autor. A cada nova edição, novas narrativas foram acrescentadas. Em 1692, La Fontaine, já doente, converteu-se ao catolicismo. A última edição de suas fábulas foi publicada em 1693.
Antes de vir a ser fabulista, foi poeta e tentou ser teólogo. Além disso, também entrou para um seminário, mas aí perdeu o interesse.
Aos 26 anos casou-se, mas a relação só durou onze anos. Depois disso, La Fontaine foi para Paris, e iniciou a sua grande carreira literária. No início, escrevia poemas, mas em 1665 escreveu a sua primeira obra, chamada “Contos”. Montou um grupo literário que tinha como integrantes Racine, Boileau e Molière.
No período de 1664 a 1674, ele escreveu quase todas as suas obras. Nas suas fábulas, contava histórias de animais com características humanas. Em 1684, foi nomeado para a Academia Francesa de Letras.
Onze anos depois, já muito doente, decidiu aproximar-se da religião. Até pensou em escrever uma obra de fé, mas não chegou a escrevê-la.
A sua grande obra, “Fábulas”, escrita em três partes, no período de 1668 a 1694, seguiu o estilo do autor grego Esopo, o qual falava da vaidade, estupidez e agressividade humanas através de animais.
La Fontaine é considerado o pai da fábula moderna. Sobre a natureza da fábula declarou: “É uma pintura em que podemos encontrar nosso próprio retrato”.
Algumas fábulas escritas e reescritas por ele são A Lebre e a Tartaruga, O Homem, O Menino e a Mula, O Leão e o Rato, e O Carvalho e o Caniço.
Está sepultado no cemitério Père-Lachaise, em Paris, ao lado do dramaturgo Molière.
 
A lebre e a tartaruga - Arthur Rackham, 1912
 

A cigarra e formiga - gravura de Gustave Doré
   

O Messias, de Handel, foi tocado pela primeira vez há 282 anos

Título da edição de 1741, manuscrita por Handel

Messias (Messiah) (HWV 56, 1741) é um oratório de Georg Friedrich Händel com 51 movimentos divididos em 3 partes, durando entre cerca de duas horas e quinze minutos e duas horas e trinta minutos. Deve notar-se, desde já, que o tempo varia em função das diferentes interpretações (como qualquer outra composição musical que se mede por compassos e não por minutos).
Embora o 42.º movimento (o célebre "Aleluia") seja reconhecível por qualquer pessoa (mesmo não sabendo a que obra pertence ou que compositor a escreveu), a obra "O Messias" não é tão conhecida na sua totalidade como merecia. A maior parte das vezes, os programas de concertos apenas escolhem alguns movimentos (recitativos, árias e corais), perdendo assim o sentido integral e unitário da obra. Se a "fama" e o grau de popularidade fossem critérios válidos de apreciação estética, considerar-se-ia a mais famosa criação de Händel.
Por razões de economia de tempo e em virtude das práticas artísticas da segunda metade do séc. XIX e primeira do séc. XX, algumas edições e interpretações de "O Messias" apresentam-se divididas apenas em 2 partes e com inúmeras variantes. A oratória foi concebida como um tríptico, sublinhando simbolicamente a importância do nº 3 na cultura teológica. Da mesma forma, o número de músicos pensado pelo compositor para a sua interpretação era muito menor do que habitualmente se assiste nos grandes concertos (rondariam os 60 músicos, incluindo coro, orquestra e solistas). Felizmente, existem já várias interpretações e gravações que se regem pelo rigor e respeito historicista, baseando-se em estudos multidisciplinares de forma a reproduzirem o mais fielmente possível as práticas musicais da época.
   
(...)  
    

Em 1741, Händel recebeu um convite do Lord Lieutenant da Irlanda para ajudar a angariar dinheiro para três instituições de caridade de Dublin através de apresentações musicais. Embora doente nessa época, Händel estava determinado a compor um novo oratório sacro para a ocasião, pedindo a Charles Jennens (libretista de Saul e Israel in Egypt) um tema apropriado. Jennens respondeu com uma criteriosa recolha de versículos e escrituras do Velho e Novo Testamentos arranjados num "argumento" em três partes (como ele o descreveu). O resultado foi o mais conhecido e amado oratório de Händel. A obra estreou-se em Dublin, no período da Páscoa, em 13 de abril de 1742.

À época, o texto suscitou controvérsia com jornais ponderando sobre sua natureza "blasfema". A obra acabada, contudo, teve outra recetividade, sendo elogiada em Berlim e depois em Londres. Händel fez várias revisões subsequentes, incluindo uma versão criada em 1754 para o "Thomas Coram's Foudling Hospital" (fundação para a educação de crianças abandonadas à qual Händel passa a dedicar mais tempo a partir de 1749). Atualmente ainda é um obra muito apreciada e requisitada para os eventos natalícios, embora frequentemente apenas a 1ª Parte e o "Aleluia" (com que encerra a 2ª Parte) sejam interpretados, não respeitando a integridade do oratório.

O costume de o público colocar-se de pé para ouvir o coro "Aleluia" se origina da crença de que, na estreia de Londres, o rei George II o fez, o que obrigaria a todos a permanecerem de pé. Não há evidências convincentes de que o rei estivesse presente ou que ele tenha assistido a qualquer performance subsequente de O Messias; a primeira referência da prática de permanecer em pé aparece numa carta datada de 1756, três anos antes da morte de Handel.


 

Johann Gottlieb Goldberg morreu há 269 anos


(imagem daqui)
  
Johann Gottlieb Goldberg (Danzig, batizado a 14 de março de 1727 – Dresden, 13 de abril de 1756) foi um virtuoso alemão de cravo, organista e compositor do barroco tardio e do início do período clássico. A sua maior fama foi emprestar o seu nome, provavelmente como o intérprete original, às famosas Variações Goldberg de Johann Sebastian Bach.
  

 

O escritor Gunter Grass, Nobel de Literatura de 99, morreu há dez anos...


Günter Wilhelm Grass (Danzigue, 16 de outubro de 1927Lübeck, 13 de abril de 2015) foi um autor, romancista, dramaturgo, poeta, intelectual e artista plástico alemão. A sua obra alternou a atividade literária com a escultura, enquanto participava de forma ativa da vida pública de seu país. Recebeu o prémio Nobel de Literatura de 1999. Também é reconhecido como um dos principais representantes do teatro do absurdo da Alemanha. O seu nome é por vezes grafado Günter Graß

 

A poetisa Francisca Aguirre morreu há seis anos...

 

  

Francisca Aguirre Benito (Alicante, 27 de octubre de 1930 - Madrid, 13 de abril de 2019),​ también conocida como Paca Aguirre, fue una escritora española, nombrada Hija Predilecta de Alicante en 2012 y Premio Nacional de las Letras Españolas en 2018.

 

Biografía

Francisca Aguirre Benito nació en el seno de una familia de artistas. Se formó de manera autodidacta, aprendiendo de sus padres en la infancia y leyendo incansablemente en su adolescencia. Al finalizar la Guerra Civil, se exilió con su familia a Francia, pero regresaron a partir de la ocupación alemana en 1940. Su padre, el pintor y policía Lorenzo Aguirre, fue detenido, condenado a muerte por la dictadura franquista y ejecutado a garrote vil en 1942.  Con quince años empezó a trabajar de telefonista. En esa época, se refugió más que nunca en la lectura, intentando alejarse de la dura realidad que la rodeaba.

En los años 50 comenzó a frecuentar las tertulias del Ateneo de Madrid y el Café Gijón, donde se relacionó con escritores y poetas como Luis Rosales, Gerardo Diego, Miguel Delibes, Antonio Buero Vallejo... En aquel ambiente literario conoció al poeta Félix Grande con quien se casó en 1963. ​ Según cuenta, su casa era conocida como la "embajada de Argentina y Perú" debido a las visitas de intelectuales que recibían. Vivió la militancia política y el mayo del 68.​ Su hija fue la poeta Guadalupe Grande, heredera de su pasión por la escritura y la literatura.

A partir de 1971, trabajó en el Instituto de Cultura Hispánica, ejerciendo de secretaria de Luis Rosales, hasta su jubilación en 1994.

Falleció en Madrid el 13 de abril de 2019.

 

Trayectoria

Francisca Aguirre empezó a escribir en la adolescencia. Con veinte años ya leía a Pablo Neruda, Miguel Hernández y Vicente Aleixandre. Leyó también algunos poemas de Antonio Machado, Blas de Otero y José Hierro. Cuando llegó a sus manos una traducción del poema de Constantino Kavafis, "Esperando a los bárbaros", fue para ella una revolución. Según manifestó acerca de ese momento, "Quemé las cinco carpetas que tenía con mis anteriores trabajos y empecé con Ítaca". Tardó seis años en finalizar lo que sería su ópera prima, que se publicó en 1972 y por el que recibió el premio de poesía Leopoldo Panero el año anterior. En este poemario dio voz a las mujeres de la posguerra y a las personas silenciadas. El origen de esta obra nació ante la necesidad de contar la "odisea de Penélope", narrando así, en contraste con las vivencias de Ulises, la historia cotidiana de las mujeres como "aventureras del infortunio" que siempre han faltado en la Odisea.

En 1976 publicó el poemario Trescientos escalones, dedicado a su padre y por el que le concedieron el Premio Ciudad de Irún ese mismo año. Dos años después publicó La otra música, completando esta primera etapa de su obra.

Pasaron diecisiete años hasta que volvió a publicar dos libros en prosa, en 1995ː Que planche Rosa Luxemburgo, de narraciones breves y las memorias Espejito, espejito. Posteriormente, Ensayo general (1996) y Pavana del desasosiego (1999) fueron los poemarios que publicó. Finalmente, en el año 2000, publicó Ensayo general. Poesía completa, 1966-2000, donde se recoge toda su obra poética hasta esa fecha. En 2019 se publicó su antología por la editorial Olé Libros de la mano de su hija Guadalupe Grande.

Seis años después, volvió a publicar varios libros de poesíaː La herida absurda (2006) y Nanas para dormir desperdicios (2007). En 2010 obtuvo el Premio Miguel Hernández con su poemario Historia de una anatomía, obra con la que ganó en 2011 el Premio Nacional de Poesía. Ese año publicó Los maestros cantores y en 2012 Conversaciones con mi animal de compañía.

En enero de 2018, la editorial Calambur publicó su obra completa bajo el título Ensayo general. En noviembre de ese mismo año 2018 recibió el Premio Nacional de las Letras. En opinión de su hija Guadalupe Grande, y de ella misma, este premio serviría para reivindicar la herencia de todas esas voces femeninas que fueron quedando de lado. A veces, por doble motivo: por ser mujeres y por estar exiliadas.

El 25 de abril de 2018, en el Teatro Español de Madrid, se estrenó Encendidas, un espectáculo sobre textos de Francisca Aguirre. Un homenaje de su amiga y actriz, Lola López, que firmó la dirección y dramaturgia. Lo volvió a representar del 12 al 14 de abril de 2024, en el Teatro Fernán Gómez. Centro Cultural de la Villa de Madrid. Guadalupe fue creadora de los telones y carteles; la música en directo fue del maestro José María Gallardo del Rey y la voz de Paco del Pozo.

Su poesía ha sido traducida al inglés, francés, italiano, portugués y valenciano. 

 

 in Wikipédia


TESTIGO DE EXCEPCIÓN


Un mar, un mar es lo que necesito.
 Un mar y no otra cosa, no otra cosa.
 Lo demás es pequeño, insuficiente, pobre.
 Un mar, un mar es lo que necesito.
 No una montaña, un río, un cielo.
 No. Nada, nada,
 únicamente un mar.
 Tampoco quiero flores, manos,
 ni un corazón que me consuele.
 No quiero un corazón
 a cambio de otro corazón.
 No quiero que me hablen de amor
 a cambio del amor.
 Yo sólo quiero un mar:
 yo sólo necesito un mar.
 Un agua de distancia,
 un agua que no escape,
 un agua misericordiosa
 en que lavar mi corazón
 y dejarlo a su orilla
 para que sea empujado por sus olas,
 lamido por su lengua de sal
 que cicatriza heridas.
 Un mar, un mar del que ser cómplice.
 Un mar al que contarle todo.
 Un mar, creedme, necesito un mar,
 un mar donde llorar a mares
 y que nadie lo note.
 

Francisca Aguirre



Testemunha de exceção
 

Um mar, um mar é o que eu preciso,
um mar e não outra coisa, não outra coisa.
O resto é pequeno, pobre, mesquinho.
Um mar, um mar é o que eu preciso,
não um monte, um rio, um céu.
Não, nada, nada,
só um mar.
Também não quero flores, nem mãos,
nem coração que me console,
não quero um coração
em troca de coração,
nem que me falem de amor
em troca de amor.
Eu só quero um mar,
só preciso de um mar,
água distante, piedosa,
para lavar o coração
e deixá-lo na beira,
empurrado pelas ondas,
lambido pela língua salgada
que cicatriza as feridas.
Um mar, um mar cúmplice,
para lhe contar tudo.
Um mar, vede, preciso de um mar,
onde possa chorar um mar de lágrimas
sem ninguém reparar.

 

Francisca Aguirre (tradução Albino M.)

Porque hoje é Domingo de Ramos...

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 Entrada triunfal em Jerusalém - Pietro Lorenzetti (1320)



Estavam já perto de Jerusalém, e tinham chegado à povoação de Betfagé, no Monte das Oliveiras. Jesus mandou então dois discípulos 2com este recado: «Vão àquela povoação ali em frente. Logo que lá entrarem, hão de encontrar uma jumenta presa e um jumentinho com ela. Soltem-nos e tragam-mos. Se alguém vos disser alguma coisa respondam que o Senhor precisa deles. E ele em breve os manda entregar.»

Isto aconteceu para que se cumprissem as palavras do profeta:

Digam ao povo de Sião

O teu rei vem ter contigo!

Vem, humilde, montado numa jumenta

e num jumentinho,

filho dum animal de carga.

Os discípulos foram e fizeram exatamente o que Jesus lhes tinha mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram as suas capas sobre os animais e Jesus sentou-se em cima. Uma grande multidão estendia as suas capas no caminho, enquanto outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo chão fora. E tanto as pessoas que iam à frente de Jesus como as que iam atrás exclamavam:

«Glória ao Filho de David!

Bendito seja aquele que vem

em nome do Senhor!

Glória a Deus nas alturas

Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou em alvoroço e perguntavam: «Quem é este?» E da multidão respondiam: «Este é Jesus, o profeta que é de Nazaré da Galileia!»

 

Mateus, 21:1-11

 

 

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Flevit super illam - Enrique Simonet (1892)
 

 

Quando chegou perto de Jerusalém, ao ver a cidade, Jesus chorou por ela e exclamou: «Se tu também compreendesses, ao menos hoje, aquilo que te pode dar a paz! Mas por agora não conseguirás entender! Lá virá o tempo em que os teus inimigos farão uma muralha em volta de ti e te cercarão por todos os lados. Hão de deitar-te por terra e matar os teus habitantes e não deixarão em ti uma pedra sobre outra, porque não reconheceste o tempo em que Deus te veio visitar.» 


Lucas 19:41-44

sábado, abril 12, 2025

A Guerra da Secessão, entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos, começou há 164 anos

  
A Batalha do Fort Sumter é o termo utilizado para se referir ao bombardeamento realizado entre 12 e a 13 de abril de 1861, pelo exército dos Estados Confederados da América, com a intenção de expulsar as tropas federais que ocupavam a fortificação do Fort Sumter, situada na entrada da baía de Charleston, na Carolina do Sul. A importância desta batalha, que não causou muitas baixas, provem do facto de ter sido o rastilho que desencadeou a Guerra da Secessão ou Guerra Civil Americana (1861-1865), o conflito mais sangrento ocorrido no território dos Estados Unidos.
As negociações prévias tentavam pactuar o rendimento das tropas que ocupavam o forte e das condições do mesmo. Paralelamente, ambos os governos acusavam-se mutuamente de serem culpados de uma possível entrada no conflito. Para ambos os lados, as ações prévias visavam estimular as suas tropas e convencer os estados ainda indecisos para que se unissem à sua causa, visando apresentar o adversário como o agressor, caso finalmente a guerra se iniciasse. O conflito começou com o confronto do governador de Carolina do Sul, Francis W. Pickens, com o Presidente dos Estados Unidos em exercício, o democrata James Buchanan. Este confronto continuou a partir de março, através do Presidente do Governo confederado, Jefferson Davis, com o Presidente norte-americano, Abraham Lincoln.
Após vários meses de negociação, o ataque ao forte das tropas confederadas provocou a mobilização do exército federal por Abraham Lincoln e precipitou o país na guerra civil.
    

Um ditador abandonou o dólar zimbabuano há 16 anos...


O dólar zimbabueano foi a moeda nacional do Zimbabwe, entre os anos de 1980 e 12 de abril de  2009. O seu código era ZWD e era normalmente abreviado como Z$.

Como uma das moedas mais desvalorizadas do mundo, devido ao colapso da economia do país, em julho de 2007, foi lançada a nota de 200 mil dólares zimbabueanos, que, apesar do elevado valor de face, era capaz de comprar pouco mais do que um quilo de açúcar. No mercado paralelo, a moeda, aquando do seu lançamento, era cotada a um dólar americano. Menos de um ano depois foi necessário o lançamento de uma moeda com valor de face de 500 milhões.

Em janeiro de 2009, foram emitidas notas da família "trillion dollar", que já eram impressas com valores nominais de 10, 20, 50 e 100 triliões de dólares zimbabueanos.

Esta moeda sofreu duas reformas monetárias, sendo que na primeira houve o corte de três zeros e na segunda, ocorrida em agosto de 2008, foi efetuado o corte de dez zeros, medida insuficiente para o controle da hiperinflação, que estava a um nível de descontrole tão alto a ponto de superar o fenómeno hiperinflacionário ocorrido na Hungria logo após a Segunda Guerra Mundial.

O dólar zimbabueano foi suspenso oficialmente pelo governo em 2009, devido à hiperinflação, sendo substituído oficialmente pelo dólar dos Estados Unidos (US$). Contudo, usualmente são adotados o rand sul-africano (R), o pula do Botswana (P), a libra esterlina (£) e o euro (€).  

Oficialmente o dólar zimbabueano foi desmonetizado a 30 de setembro de 2015, logo após uma conversão em série de todo papel-moeda disponível em circulação. Através de uma taxa fixa, as cédulas eram trocadas por dólares americanos, na proporção de 35 quatrilhões por um dólar americano, ou 175 quatrilhões por cinco dólares americanos.

 

 

O ouro é sempre notícia - parte II...

O momento “eureka” de um físico com os filhos pode ter revelado a origem do ouro

 


 

As explosões de raios gama, os tipos de explosões mais poderosos conhecidos no cosmos, podem ajudar a fornecer uma peça do puzzle no que diz respeito a um dos problemas em aberto mais desafiantes de toda a física – como são forjados os elementos mais pesados do universo.

Os resultados de um novo estudo sugerem que a luz extraordinariamente poderosa das explosões de raios gama pode ajudar a produzir elementos como o ouro a partir das camadas exteriores de estrelas moribundas.

Os resultados do estudo foram apresentados num artigo recentemente publicado na The Astrophysical Journal.

Anteriormente, a investigação sugeria que a formação dos elementos mais pesados, como o ouro, requer quantidades abundantes de neutrões que os núcleos atómicos podem absorver para se tornarem cada vez maiores.

Mas por causa disso, os cientistas assumiram que os elementos pesados eram criados apenas em locais onde os neutrões já existiam em grandes quantidades, explica Matthew Mumpower, físico do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, e autor principal do estudo, ao Space.com.

Normalmente, os neutrões estão ligados aos núcleos atómicos ou à matéria que constitui as estrelas extraordinariamente poderosas chamadas estrelas de neutrões.

As reações nucleares, como a fissão ou a fusão, podem libertar os neutrões das suas ligações para ajudar a gerar elementos pesados. “No entanto, os neutrões livres normalmente decaem em cerca de 15 minutos“, detalha Mumpower.

Isto limita o número de situações potenciais em que os neutrões livres estão disponíveis na abundância necessária para formar elementos pesados apenas a alguns cenários raros.

Um desses cenários é a fusão catastrófica de duas estrelas de neutrões. “Há 20 anos que estudo a origem dos elementos pesados”, diz Mumpower. “Mantém-me agarrado porque há muitas incógnitas, o que faz com que seja um dos problemas mais difíceis de resolver em toda a física.”

Agora, Mumpower e os seus colegas sugerem uma nova forma de forjar elementos pesados: os potentes fotões, ou partículas de luz, das explosões de raios gama podem ajudar a gerar neutrões.

Se tivermos fotões energéticos, produzimos neutrões e, se tivermos neutrões, podemos criar elementos pesados“, diz Mumpower.

Este novo cenário prevê a morte de uma estrela maciça quando o seu combustível se esgota. Sem a energia necessária para contrariar o impulso da sua imensa gravidade, o núcleo da estrela entra em colapso, formando um buraco negro.

Esta morte catastrófica pode lançar impulsos de radiação incrivelmente fortes - as explosões de raios gama.

As estrelas giram, incluindo o nosso Sol, e se um buraco negro produzido por uma estrela moribunda girar suficientemente depressa, pode lançar um jato poderoso e gerar fotões de alta energia nas profundezas do jato. Este jato embate na camada exterior da estrela moribunda, criando um casulo quente de material.

Neste casulo quente, os investigadores sugerem que os fotões de alta energia do jato podem interagir com núcleos atómicos, transmutando protões em neutrões de forma incrivelmente rápida — na ordem de um nanossegundo.

Segundo a equipa, os fotões energéticos podem também quebrar os núcleos atómicos, criando neutrões livres. Todos estes neutrões podem ajudar a forjar elementos pesados.

“A inspiração para este estudo veio de conversas com os meus filhos“, disse Mumpower. “Eles adoram ver vídeos em câmara lenta no YouTube e, uma noite, durante a pandemia, vimos um vídeo incrível de um comboio de mercadorias a atravessar um enorme monte de neve. A neve não desapareceu simplesmente - foi soprada para o lado e envolveu o comboio”.

E se este comboio representasse um jato astrofísico cheio de fotões de alta energia, e a neve representasse uma estrela a ser destruída, criando um casulo quente de material capaz de gerar neutrões?” Mumpower lembra-se de ter pensado. “Essa analogia tornou-se o meu momento ‘eureka’, lançando esta investigação”.

Este mecanismo recém-descoberto pode explicar estranhas descobertas anteriores, como o facto de certos materiais radioativos, como o ferro-60 e o plutónio-244, aparecerem juntos nos sedimentos do mar profundo da Terra.

Trabalhos anteriores sugeriam uma origem extraterrestre para estas substâncias, mas as fusões de estrelas de neutrões, um dos principais mecanismos conhecidos para a formação de elementos pesados, não podem explicar facilmente estes materiais.

Estes resultados podem também explicar a recente descoberta de uma kilonova - um brilho de luz visível e infravermelha - associada a explosões de raios gama de longa duração.

Estudos anteriores associavam as kilonovas à colisão de duas estrelas de neutrões ou à fusão de uma estrela de neutrões com um buraco negro, e não ao colapso de estrelas.

Mumpower espera que observações futuras forneçam provas claras que apoiem as novas descobertas da equipa. Por exemplo, uma série de telescópios capazes de detetar luz, neutrinos e ondas gravitacionais poderia seguir a forma como uma estrela em colapso pode gerar uma explosão de raios gama e uma kilonova.

“Esta informação fornecer-nos-ia provas irrefutáveis do mecanismo físico proposto”, afirma.


 in ZAP

O ouro é sempre notícia...

Há ouro escondido à vista de todos nos areais das praias da Nova Zelândia

 

 

 

Uma nova investigação criou um atlas das partículas microscópicas de ouro que estão espalhadas nos areais das praias da Ilha do Sul da Nova Zelândia.

Cientistas da Universidade de Otago criaram o primeiro “atlas” detalhado de partículas microscópicas de ouro encontradas nas praias da Ilha do Sul da Nova Zelândia.

Utilizando microscópios eletrónicos de alta potência, os investigadores captaram imagens espantosas de partículas de ouro escondidas na areia. As descobertas foram relatadas num estudo publicado na New Zealand Journal of Geology and Geophysics.

As partículas de ouro são minúsculas – medem apenas 10 micrómetros de diâmetro, cerca de um quinto da largura de um cabelo humano – e são invisíveis a olho nu. Embora não seja suficientemente grande para desencadear uma nova corrida ao ouro, o estudo tem um valor científico significativo ao revelar como diferentes processos geológicos moldaram a paisagem da Ilha do Sul e contribuir para uma compreensão global mais profunda da morfologia do ouro nas praias.

“Este atlas fornece novos conhecimentos sobre a morfologia do ouro de praia de uma grande variedade de cenários de praia”, escreveram os investigadores. Os autores referem também que as diversas caraterísticas geológicas da Ilha do Sul – que vão desde o levantamento tectónico ao fluxo de sedimentos – fazem dela um laboratório natural único em comparação com outras regiões costeiras do mundo.

Acredita-se que o ouro encontrado nestas areias costeiras seja remanescente da corrida ao ouro da Nova Zelândia na década de 1860, uma época crucial que atraiu colonos europeus em busca de riqueza e levou a um rápido desenvolvimento nacional, refere o New Atlas.

Embora as praias da Ilha do Sul tenham sido largamente ignoradas durante a corrida ao ouro original, ainda hoje guardam vestígios do metal precioso. Os atuais garimpeiros, ou “fossickers”, podem procurar ouro, mas devem primeiro obter uma autorização da New Zealand Petroleum & Minerals.

Para além do seu significado geológico, o estudo também proporciona uma visão visualmente deslumbrante de um mundo microscópico raramente visto pelo público. Este novo atlas será agora um valioso ponto de referência para geólogos de todo o mundo, particularmente para os que estudam o transporte de sedimentos, a formação de minerais e a evolução tectónica nas regiões costeiras.

 

in ZAP

O Massacre de Xangai foi há 98 anos...

   
O Massacre de Xangai de 1927, também conhecido como o Incidente de 12 de abril, foi uma purga em grande escala dos comunistas do Kuomintang (KMT), em Xangai, ordenada pelo Generalíssimo Chiang Kai-shek, a 12 de abril de 1927, durante a Expedição do Norte contra os senhores da guerra.
O Massacre de Xangai foi um dos principais acontecimentos de 1927 e assinalou a rutura entre o Kuomintang e o Partido Comunista Chinês, e marcou o início da Guerra Civil Chinesa. Este ataque contra os seus aliados comunistas, da fação do Kuomintang liderada por Chiang Kai-shek, destinou-se a expurgar os elementos de esquerda do partido e evitar o domínio pelos comunistas na República da China.
Em chinês, o incidente é chamado de "a purificação do Partido" pelo Kuomintang (KMT), enquanto o Partido Comunista da China (PCC) se lhe refere como o "Massacre de Xangai de 1927", "golpe anti-revolucionário de 12 de abril" ou "tragédia de 12 de abril". Muitos membros comunistas proeminentes do Kuomintang foram presos ou executados por Chiang numa tentativa de destruir a influência do PCC. Ao longo de várias semanas, após o incidente de 12 de abril em Xangai, ocorreram prisões e execuções de comunistas proeminentes, distribuídos por áreas da China controladas por Chiang e seus aliados, incluindo o co-fundador do Partido Comunista Chinês, Li Dazhao, em Pequim. Depois de derrotar as insurreições comunistas nas cidades, o Kuomintang tornou-se unificado sob a liderança de Chiang, e passou a derrotar as fações dos senhores da guerra e tornou-se dominante na China. Os comunistas retiraram-se para zonas rurais, construindo uma força no meio rural para a próxima fase da guerra civil chinesa.
 
Decapitação pública de um comunista em Xangai