sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Sanctum: the real movie

Crónicas cine-espeleológicas

http://nalga.files.wordpress.com/2011/02/sanctummovie.jpg?w=301&h=156

Fomos ver o Sanctum em 3D na semana passada.

O motivo do filme: um verdadeiro clássico da Espeleologia Mundial, as crescidas! A quem nunca lhe passou semelhante evento debaixo de terra é porque, com certeza, muita espeleo não fez até hoje, ou começou ontem no “ofício” (ou tem realmente sorte, que também os há).

Bem, a ansiedade era grande, pudera Hollywood deita mão às histórias da nossa vida, isto gera sempre ansiedade e o trailer prometia: mega dolinas, floresta tropical, equipamento standart de espeleo (que é uma raridade no grande ecrã), acampamentos, e uma equipa de espeleólogos lá no fundo a tentar arrancar mais metros à gruta quando se forma uma grande tempestade…


Compro o bilhete, coloco os óculos 3D, sento-me no alto da sala de cinema e está tudo a postos para ver SANCTUM! Publicidade, grandes efeitos especiais 3D, isto promete!

Começa o filme: tudo a desembarcar toneladas de equipamento num destino tão espeleo-atractivo, como é a Papua-Nova Guiné.

Um belo voo de helicóptero, chegada ao acampamento no meio da selva, mesmo ao lado de uma brutal mega dolina, ao estilo Mexicano do Sotano de las Golondrinas!

Enquanto uns colocam a corda no rack e se soltam em estilo escalador para dentro do buraco (não fossem eles americanos, quer pelo rack, quer pelos saltos e respectivos gritinhos), outro (aquele que já se supõe que será o mau da fita, sim, sim, as expedições de espeleo também têm maus da fita) lança-se em base jump para dentro da dolina.

Aqui abro um parêntesis para informar que notei a falta da habitual publicidade à Red Bull que patrocina estes malucos. Em contrapartida a PETZL, que não dá um tusto para expedições de espeleo, patrocinou em grande o filme, é tudo PETZL, e imaginem vocês, que o Duo da PETZl agora também serve para mergulhar a grandes profundidades, fantástico, não é?

Sanctum


Convém notar que estão na gruta mais profunda do mundo (na PGN!?), mais de 2000 metros de profundidade, num arquipélago onde a profundidade conhecida pouco ultrapassa os – 1000 e é noutra ilha… (vá, a geografia falhou um bocadinho, mas imaginem rodar isto no Cáucaso, o ‘calor da Rússia’ das grutas dificultaria bastante a rodagem!)



A história é básica, desenvolve-se explorando os laços emocionais entre um pai, espeleo-mergulhador e espeleólogo de ponta, ao que ridicularizam dizendo que não tem mais nada na vida e um filho, uma beleza jovial de louros cabelos e olhos azuis.

Ora este filho foi privado de toda a sua juventude ao ser obrigado pelo pai, de mau feitio como todo o bom espeleólogo, a ir a muitas expedições espeleológicas pelo mundo fora (é caso para dizer, coitadinho!).

A juntar a isto temos também mulheres, intrépidas exploradoras, que morrem todas. Pois só se safa o garoto, depois de fazer as pazes com o pai e o admirar para todo o sempre.

Moral da história: Nunca desistas e conseguirás safar-te!

Quer dizer, aparte da moral anterior também se pode ver no sentido real e a moral da história será: que todos os rios correm para o mar…

Entre tudo isto, há uma rocha que tampona a última sala da gruta, depois descobrem uma passagem em espeleomergulho, chegam a uma grande galeria (seca), encontram o caminho graças à presença de guano de morcego, (e claro, Hollywood sem maniqueísmo? Nem pensem!) o mau da fita ataca, o bonzinho safa-se para poder contar a história.

Está bem, no meio, uma das raparigas fica com o cabelo preso do rack, sim realmente isto podia estar baseado numa história verdadeira (Sanctum: The Real Story), e a casmurrice de não aceitar as sugestões de quem sabe, também a leva à hipotermia.

Há uma competição serôdia e infantilizada pelos records das explorações, lá nisso foram bastante fieis à realidade. No fundo, apresentam o espeleólogo como alguém tosco, ridicularizado por gostar de estar entre pedras que não interessam a mais ninguém e que compete casmurramente, com a sua própria vida, se isso lhe der a capa de uma National Geographic ou o reconhecimento entre os seus pares!

É o melhor filme de espeleo-ficção que vi, não está mal, gostei! Ainda assim fica muito aquém do que prometia o trailer. Os cenários, ainda que alguns sejam interessantes, ficam também muito aquém da realidade. No entanto, nota-se um grande esforço assessorial no que concerne a toda a realidade espeleológica.

Agora, não é nada que se compare com um The Cave ou outras versões de caça-monstros nas grutas. Desaconselho levar a família a ver o Sanctum, porque se corre realmente o risco de que não voltem a descansar sempre que estejam fora “de expedição” em algum lugar do planeta.

Quanto aos efeitos 3D, nada que mereça ver o filme nessa versão…

Vá, reconheço que qualquer espeleólogo que vá ver este filme de espeleo-ficção, esteja sempre a postos para detectar a mínima falha, aliás foi a única coisa que fiz todo o filme e é por isso, que o vamos ver…
De realidade espeleológica vivemos nós, inundados!


in Blog NALGA - post de M007

Conferência em Coimbra - Armazenamento de CO2 em estruturas geológicas profundas

A pedido do amigo Doutor Fernando Pedro Figueiredo, da Universidade de Coimbra, divulgamos a seguinte actividade:

À semelhança de anos anteriores, a EAGE (European Association of Geoscientists and Engineers) patrocina uma conferência no Departamento de Ciências da Terra, desta vez subordinada ao tema “Armazenamento de CO2 em estruturas geológicas profundas”. A conferência terá lugar no próximo dia 22 de Fevereiro, 3ª-feira, no Anfiteatro A1, das 14.00 às 17.30 horas, no Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra e será apresentada pela Doutora Federica Donda, investigadora do “Geophysics of the Lithosphere Department-Instituto Nazionale di Oceanografia e di Geofisica Sperimentale (OGS)”, Trieste, Itália.
A participação na conferência é gratuita mas deverão inscrever-se através do seguinte site:


Anexos:

Apresentação pública de livro em Lisboa

 (clicar para aumentar)

No próximo dia 22 vai ser lançado, no Museu Nacional de História Natural, o livro “Aurora dos Tempos Moderno: do desaparecimento dos dinossauros à génese do Homem”, de Silvério Figueiredo do Departamento de Território, Arqueologia e Património/Laboratório de Arqueozoologia e Paleontologia (Instituto Politécnico de Tomar) e do Centro Português de Geo-história e Pré-História (Lisboa), no qual se descrevem as principais evidências fósseis e de outra natureza, e as mais importantes teorias e interpretações, no sentido de se explicar de que modo o aparecimento do homem pode estar relacionado, embora muito remotamente, com a extinção dos dinossauros.

Este blog associa-se ao evento dando os parabéns ao autor e divulgando o lançamento, ciente de que muitos geólogos estarão presentes...

Actividade gastronómica (e não só...) em Conimbriga

Recebido por e-mail dos Amigos de Conimbriga, com pedido de divulgação:



No próximo dia 24 de Fevereiro de 2011, 5ª feira, irá ter lugar no Museu Monográfico de Conimbriga a seguinte programação cultural:

18.00 horas – “À conversa com… Teresa Vendeiro e Anabela Marto”

Teresa Vendeiro, uma das mais recentes contratações para o Quadro de Pessoal do Museu Monográfico de Conimbriga, irá contar o seu extraordinário exemplo de vida. Sofre de paralisia cerebral, com uma incapacidade motora de 85%, é licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Campeã Paralímpica na modalidade de Boccia nos Jogos Paralímpicos de Seul (1988).

Anabela Marto é Professora do Ensino Especial na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra e irá falar do Boccia enquanto modalidade olímpica e da sua tradição greco-romana.

20.30 horas – “De Apicius a Columella” – Reinterpretação da Gastronomia Clássica

Dando continuidade aos jantares temáticos apresentados pelo Restaurante do Museu Monográfico de Conimbriga, os Chefes António Lagoa e Sónia Neves sugerem a seguinte ementa – ver também a informação no final deste post:

Aveludado de lavistico e mini-almôndegas de vitela

Salada agridoce de pão de espelta e “pancetta”. Rebentos em vinagrete

Frango à moda de Frontão, tâmaras recheadas e camarões marinados

Patina de pêra


“À Conversa Com…”:

Entrada grátis: + info visitas@conimbriga.pt / 239 941 177


“De Apicius a Columella”: 18 € por pessoa, com tudo incluído.

Reservas: 239 941 168 - 239 944764 - 969 279 074


NOTA: Ficheiro de Apoio - AQUI.

O Sol estará zangado...?!?

Tempestades de radiação podem causar perturbações nas telecomunicações
Sol brindou Dia dos Namorados com maior erupção dos últimos quatro anos

A erupção de dia 14 foi a maior registada em quatro anos

Conta a NASA que o Sol não produzia uma erupção como a que produziu no dia 14, Dia dos Namorados, há quatro anos. As imagens recolhidas pelo Observatório de Dinâmica Solar da agência espacial norte-americana mostram aquela que é a primeira erupção de categoria X, a categoria máxima, desde 2006.

Os dados recolhidos por este observatório, que visam estudar a actividade da nossa principal estrela, revelam, diz a NASA, que há um novo ciclo solar a iniciar-se, com uma actividade fora do comum no hemisfério sul do Sol, diz a agência no seu site.

Estas tempestades solares emitem altos níveis de radiação, que podem provocar constrangimentos a nível das comunicações, por exemplo. Segundo a NASA, a capacidade destas erupções seria mais potentes do que mil milhões de bombas de hidrogénio.

A erupção registada em 2006, a maior em trinta anos, foi de categoria X-9. Esta última, registada no dia 14, foi de categoria X-1.

A sexta extinção - notícia no Público

A Terra estará a viver a sexta extinção em massa por causa das alterações do clima
16.02.2011 - Teresa Firmino

As espécies do Sul da Europa deverão migrar cada vez mais para norte

Qual vai ser o impacto das alterações climáticas na árvore da vida, no final do século XXI? Pela primeira vez, um artigo, publicado amanhã, quinta-feira, pela equipa do biólogo Miguel Araújo na revista Nature, avaliou os efeitos das alterações do clima na árvore da vida. A Terra pode estar a viver a sexta extinção em massa, desta vez pela mão humana, se não forem travadas as emissões de gases com efeito de estufa.

Já houve cinco momentos de desaparecimento maciço de biodiversidade, causados por fenómenos geológicos catastróficos — como a colisão de um asteróide com a Terra há 65 milhões de anos, que ficou famosa porque, entre os desaparecidos, estavam os dinossauros. Agora, devido às alterações do clima pela acção humana, há a tese de que a Terra estará a viver a sexta extinção em massa.

Mas uma vaga de desaparecimentos tem de cumprir quatro condições para ser uma extinção em massa, explica Miguel Araújo, coordenador do pólo na Universidade de Évora do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos: tem de ocorrer de forma generalizada em todo o mundo; num período de tempo geológico curto; envolver grandes quantidades de espécies; e afectar espécies de um leque vasto de grupos biológicos.

Por exemplo, se as extinções afectarem muitas espécies só de algumas partes da árvore da vida, as extinções serão dramáticas, com impacto nos ecossistemas, mas não será a sexta extinção em massa, diz Araújo, titular da cátedra Rui Nabeiro em Biodiversidade, a primeira criada em Portugal com fundos privados (cem mil euros anuais, por cinco anos).

À procura de resposta, a equipa do biólogo, que inclui Wilfried Thuiller, entre outros cientistas da Universidade Joseph Fourier, em França, reconstruiu as relações evolutivas de grande número de espécies de aves, mamíferos e plantas, estudando o caso da Europa. Nestas relações evolutivas, a equipa projectou depois as conclusões para o risco de extinção das espécies. Teve em conta quatro cenários de alterações climáticas, consoante estimativas distintas de emissões de gases de estufa, até 2080, e usando modelos que reproduzem o clima da Terra.

Para estudar como as alterações climáticas actuais poderiam afectar a evolução da árvore da vida, foi ainda necessário distinguir as extinções causadas pelas mudanças do clima das que ocorreriam ao acaso. Para tal, a equipa removeu aleatoriamente “ramos” exteriores da actual árvore da vida, para ver até que ponto as extinções modeladas na sequência das alterações climáticas seriam diferentes de aleatórias. “Se não diferisse — é o nosso resultado —, estaríamos perante um padrão de extinções não selectivo, que afectaria a totalidade da árvore”, explica Araújo, também do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid. “As alterações climáticas previstas afectam os ramos da vida de forma uniforme, tornando-os menos densos e farfalhudos com o tempo”, diz.

“Outros estudos têm demonstrado que as ameaças humanas afectam determinados ramos concretos da árvore da vida, por exemplo espécies grandes, especializadas em determinados tipos de comida ou habitats, ou anfíbios”, diz. “O nosso artigo demonstra que as alterações climáticas terão tendência a afectar todos os ramos da árvore.”

O estudo não permite dizer, porém, qual o número de espécies que irá desaparecer. E a estes impactos há que juntar outros de origem humana, como a destruição de habitats, a caça e pesca excessivas, a propagação de espécies invasoras e de agentes patogénicos, que afectam mais uns troncos da árvore do que outros. “Como os impactos se adicionam uns aos outros, o futuro poderá reservar-nos um aumento generalizado de espécies ameaçadas que afectará quase todos os ramos da árvore da vida.”

Portanto, as alterações climáticas poderão alterar as contas actuais sobre a extinção das espécies. A Terra está então viver a sexta extinção em massa? “No caso de haver impactes de grande magnitude que afectem um grande número de espécies, o padrão de extinções modelado por nós assemelha-se ao que se esperaria numa extinção em massa, já que estas não afectaram ramos particulares da árvore da vida, mas a sua quase totalidade”, responde Miguel Araújo.


Perdas no Sul da Europa

Outra conclusão é que as espécies do Sul da Europa, que perde biodiversidade, deverão deslocar-se para o Norte. Já hoje, aliás, as alterações do clima estão a empurrar mais para norte espécies de aves e borboletas.

É também provável que espécies do Norte de África entrem no Sul da Europa — “o que já está a verificar-se com algumas aves e insectos”. Os recém-chegados tanto podem trazer mais biodiversidade, como acentuar a perda de espécies por competição ou novas doenças. “É difícil prever as consequências destas colonizações. Mas, havendo um mar entre os dois continentes, só espécies capazes de o atravessar podem colonizar a margem Norte, o que limita a diversidade de colonizadores.”

Memórias de Rómulo de Carvalho

O título completo é, à maneira barroca, “Memórias que para instrução e divertimento de seus tetranetos escreveu certa pobre criatura que, entre milhares de milhões de outras, vagueou por este mundo na última centúria do seguindo milénio da era de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Mas na capa vem só, lapidarmente, “Memórias”.

A “pobre criatura”, cujo retrato ocupa todo o frontispício, é um dos mais notáveis homens de cultura portugueses da última centúria: Rómulo de Carvalho, professor de Ciências Físico-Químicas, prolixo autor de vários manuais escolares e pioneiro na divulgação de ciências para “gente nova”, exímio historiador de ciência com especial predilecção pelo século das luzes, e, como se isso tudo fosse pouco, também poeta, durante muito tempo escondido, sob o pseudónimo de António Gedeão. Apesar de os destinatários directos da obra, os tetranetos do autor, ainda não terem nascido, temos a sorte de a podermos ler hoje, graças à amável autorização da família que transcreveu um muito legível manuscrito, e à atenção do Serviço de Educação e Bolsas da Fundação Gulbenkian, que foi inexcedível a prodigalizar os necessários cuidados de impressão. É mesmo uma sorte, pois o livro, extraordinariamente bem escrito (ou não fossem Rómulo e Gedeão mestres, respectivamente, da prosa e da escrita em língua portuguesa), é um retrato não só de um autor, que os seus alunos, directos e indirectos, amigos e leitores muito estimam e admiram, mas também um retrato do nosso século XX, ou quase um século, pois a vida do autor vai de 1906, quando a monarquia constitucional vivia nos seus últimos tempos, até 1997, já Portugal, adiantado na era pós 25 de Abril, estava a entrar no segundo milénio.

O dia do nascimento de Rómulo de Carvalho, 24 de Novembro, é hoje, concretizando uma ideia do Ministro da Ciência e Tecnologia José Mariano Gago, o Dia Nacional da Cultura Científica e Tecnológica. Conta o próprio Rómulo no início da obra: “Chamo-me Rómulo e nasci no dia de São João da Cruz com sete meses de gestação.” Não foi só no nascimento que Rómulo se revelou prematuro. Entrado no ensino primário com apenas cinco anos, quando já sabia ler, concluiu aos sete anos, com a nota de óptimo, o exame de primeiro grau da instrução primária, para pouco depois concluir o exame do segundo grau e ficar como assessor da professora a ensinar os outros meninos. Foi também prematuro ao versejar como aliás também faziam a sua mãe Rosinha e a sua irmã mais velha Noémia, que tinham o "dom" mediúnico de comunicar com os mortos. Mas não se revelou nada precoce em dar a conhecer a sua alma poética, pois só publicou a sua primeira obra de poesia quando tinha meio século, no ano da graça de 1956.

O dia da morte não sobreveio cedo: 19 de Fevereiro de 1997. As Memórias terminam com a palavra Adeus escrita duas semanas antes de falecer. Antes do “Adeus” o autor recupera as palavras do início atrás citadas e acrescenta “Faleci em de de ”, onde os intervalos seriam preenchidos pela sua segunda esposa, a escritora Natália Nunes, que, num apaixonado Post scriptum, escreve: “Coube-me a mim, tua Natália, preencher os espaços que deixaste em branco para escrever as datas da tua morte. Não te digo adeus. A minha alma estará sempre contigo, que foste o meu único e grande amor.”

A morte aparece como lenitivo de um final de vida bastante sofrido pela progressão da doença: “a vida tornou-se-me um martírio”. Algumas das últimas palavras são de um enorme desprendimento:

“A vida nunca me seduziu. Entre o viver e o morrer sempre preferi morrer. Se não tivesse nascido, ninguém daria pela minha falta. Reconheço que estou a ser indelicado com todos aqueles que gostam de mim, mas peço-lhes que me desculpem. É preciso ter vocação para viver…”

À visão do autor, nos seus últimos dias, marcados por um darwinismo extremo (“O mundo é repugnante e a vida não tem sentido. É uma luta permanente e feroz em que cada um busca a satisfação dos seus interesses exactamente como outros quaisquer seres vivos, animais ou plantas, que se espreitam e atacam”) contrapõe-se a voz crente da mulher (“Peço a Deus que te dê a paz eterna, pelo que trabalhaste, sofreste e amaste, pela tua bondade e generosidade para com todos”). O mundo pode ser uma selva, mas Rómulo foi, de facto, nessa selva um homem bom ou, como ele reconhece com modéstia, um homem “útil”.

Apesar da vida não ter seduzido o autor este livro resume noventa e um anos intensamente vividos. A obra conta, com rigor e objectividade que se aliam literariamente a ironia e humor, uma biografia completa e cheia. Desde a infância na Rua do Arco do Limoeiro, perto da Sé de Lisboa, até à velhice na Rua Sampaio Bruno, em Campo de Ourique, também em Lisboa, não muito longe do “seu” Liceu Pedro Nunes, passando pelos anos do Porto e de Coimbra, muitas foram as peripécias de um século que, em Portugal conheceu vários regimes, embora tivesse sido dominado pelo Estado Novo do “Deus, Pátria e Família”. Para conhecer melhor esse século, desde pormenores do quotidiano doméstico até às vicissitudes da vida cultural passando pelo sistema escolar, não há como ler estas páginas. Alguns trechos são implacáveis para o modo de ser português: basta reparar como o autor reage à instituição nacional da “cunha”, que o pai, funcionário dos Correios e Telégrafos, cultivava como era uso e costume à época. Rómulo abandonou o seu lugar de professor no Liceu Camões para ingressar no Pedro Nunes simplesmente por não ter querido favorecer um aluno, em cujo sucesso o Reitor tinha especial empenho. Era possível ser íntegro num tempo de não-integridade!

Seja-me permitida terminar com uma nota pessoal. Frequentei, passados muitos anos, a mesma escola, o Liceu Normal de D. João III, em Coimbra, onde o professor Rómulo de Carvalho exerceu a sua profissão. O que ele conta do Reitor de então foi também testemunhado por mim. O Reitor Guerra era tão pequenino e belicoso que lhe chamávamos o “Pulga Escaramuça”. Atacava os alunos à estalada fosse porque iam a correr no corredor fosse porque tinham faltado a uma sessão da Mocidade Portuguesa. Na Biblioteca desse Liceu encontrei, para meu grande proveito, a ciência viva nos volumes da colecção Ciência para Gente Nova que Rómulo escreveu em Coimbra para a editora Atlântida, inaugurando a sua faceta de divulgador científico. Como estudante do último ano do liceu visitei o Gabinete de Física Experimental da Universidade de Coimbra, guiado pelo Doutor Almeida Santos que tinha recebido Rómulo interessado no seu estudo - só agora na leitura das Memórias soube da saga que foi a publicação do seu livro sobre o Gabinete, que inaugura os seus estudos de história da ciência. Foi, finalmente, numa livraria de Coimbra talvez frequentada outrora por Rómulo que comprei as obras de António Gedeão, que foram inauguradas nessa cidade nas condições de secretismo descritas nas Memórias. É, por isso, natural que, na escolha da designação para a biblioteca e mediateca especializada no ensino e na divulgação das ciências que criei na Universidade de Coimbra, no quadro da rede de Centros Ciência Viva espalhados pelo país, o nome que se impôs tenha sido inescapável: Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho.

- Rómulo de Carvalho, “Memórias”, Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.

in De Rerum Natura - post de Carlos Fiolhais

Conferência em Vila Real



COMEMORAÇÃO DOS 25 ANOS DO MUSEU DE GEOLOGIA DA UTAD


A quinta conferência deste ciclo debruça-se sobre:

«As muitas caras do Silício, dos poluentes aos minerais industriais»


Professor Doutor Fernando Barriga

Museu Nacional de História Natural

Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa


[Local]
Auditório de Geociências - UTAD


[Data]
18 de Fevereiro 2011


[Horas]
15h00


[Organização]
Departamento de Geologia da UTAD


Museu de Geologia da UTAD

Música adequada à data

Regina Spektor - 31 anos


Regina Spektor (Moscovo, 18 de Fevereiro de 1980), é uma cantora, compositora e pianista russa radicada nos Estados Unidos. Sua música é associada ao cenário antifolk de Nova Iorque localizado no East Village.
Regina Spektor nasceu em Moscovo, na extinta União Soviética, numa família de músicos: seu pai, um fotógrafo, era também um violinista amador, e sua mãe era uma professora de música da Universidade de Música Russa (agora ela lecciona numa escola pública em Mount Vernon, Nova Iorque). 
Regina aprendeu a tocar piano praticando em um "Petrof" que sua mãe havia recebido de seu avô. Ela também conviveu com a música de bandas de rock como The Beatles, Queen, e The Moody Blues graças a seu pai, que trouxe cassetes da União Soviética. A família deixou o país em 1989, quando Regina tinha nove anos, durante o período da Perestroika, quando era permitido que os cidadãos judeus emigrassem. Nessa ocasião, Regina teve que deixar seu piano para trás. A importância dos estudos de piano fez com que seus pais pensassem duas vezes antes de sair do país, mas por razões políticas e religiosas decidiram fazê-lo.
Viajando primeiro para a Áustria e depois para a Itália, sua família se estabeleceu no Bronx, em Nova Iorque, onde Regina se formou na SAR Academy, uma escola yeshiva de médio porte. Ela então, cursou dois anos na Frisch School e outros dois na Fair Lawn High School, onde terminou seus estudos.
Regina no começo se interessava apenas por música clássica, mas depois passou a se interessar também por hip hop, rock, e punk.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

O sufoco - quanto falta para o grand finale?

(imagem daqui)

O tempo está mesmo a acabar

Atenção à convergência dos azuis. O tempo está a acabar, o que suscita a Win Thin, que escreve num dos melhores blogues de economia do mundo - Credit Writedowns - Some Thoughs On Portugal. Tem dedicado com alguma regularidade, nos últimos tempos, espaço a Portugal, uma excepção à regra aqui enunciada no Zero Hedge. E - já agora - se a atenção internacional tem sido pouca, valeria a pena dizer que a nulidade da imprensa local, em geral burra e/ou preguiçosa, ou simplesmente abrantina (é também só uma regra, que comporta excepções), não compensa essa negligência.

in O Cachimbo de Magritte - post de Jorge Costa

Os Morcegos e seus Habitats - encontro científico nas Grutas da Moeda



1.º Encontro Científico - Os Morcegos e seus Habitats

"É já no próximo dia 26 de Fevereiro que, no âmbito da celebração dos Anos do Morcego que se assinalam ao longo de 2011 e 2012, se realiza no nosso Centro de Interpretação Científico – ambiental o 1.º “Encontro Científico em Meio Cavernícola – Os Morcegos e seus Habitats”.

A iniciativa contará com a presença da reconhecida Bióloga Sofia Reboleira, especializada em Biologia Subterrânea, do espeleólogo Olímpio Martins, em representação do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros (PNSAC) e, ainda, com Maria João Silva, professora de Biologia/Geologia, que terá a tarefa de dissertar sobre a temática dos Morcegos.

O objectivo é o de contribuir para “a divulgação da importância dos morcegos e dos desafios de conservação que enfrentam”, para a conservação dos seus habitats, bem como dos ecossistemas de que dependem”.

O 1.º “Encontro Científico em Meio Cavernícola” tem início marcado para as 14.00 horas, ocasião em que os oradores convidados farão a apresentação do tema, seguindo-se já pelas 15.30 horas um Colóquio Itinerante no interior da Gruta da Moeda. Os interessados em participar podem fazê-lo gratuitamente, bastando proceder à respectiva inscrição através do seguinte endereço de email: info@grutasmoeda.com. O número limite de inscrições é de 30 pessoas.

Este evento tem o apoio do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade e do Centro de Ciência Viva do Alviela e será o primeiro de muitos outros “Encontros Científicos” que, ao longo do ano, serão desenvolvidos no CICA gm.

O CICA gm reforça deste modo o seu posicionamento em termos de empresa turística com consciência ambiental e ecológica, não se limitando a ser um espaço de interpretação científico da gruta enquanto monumento natural, aberto aos turistas."

Notícia na SIC sobre investigadora portuguesa de troglóbios

A nova Associação Astronómica promove workshop na Marinha Grande



Workshop – Iniciação à Astronomia – Março 2011

Realiza-se já no próximo dia 12 de Março de 2011, o primeiro Workshop de Iniciação à Astronomia de 2011 a ser efectuada este ano.
Este workshop terá lugar na Marinha Grande (Leiria) e decorrerá ao inicio da tarde. Começa às 14.00 horas com uma primeira parte de vertente teórica, com uma linguagem básica e acessível a todos, e onde onde os participantes terão acesso a muitos equipamentos para experimentar nas suas próprias mãos. A segunda parte, a parte mais prática, terá inicio após um interregno de duas horas para se lanchar ou jantar. Por volta das 20.00 horas e durante a noite dentro, terá início então a sessão nocturna, de observação astronómica.

O programa será o seguinte:
  • 14:00 – Recepção dos participantes
  • 14:30 – Inicio
    • As Coordenadas Celestes e Orientação
    • Binóculos e Observação
    • Telescópios, Tipos e Utilização
    • A Potência dos Telescópios
    • As Oculares e as Lentes Barlow
    • Filtros, para que servem
    • Montagens, Tipos e sua Utilização
    • Buscadores
    • Limpeza e Manutenção de Equipamentos
    • Observação, dicas úteis
  • 18:00 – Intervalo
  • 20:00 – Inicio da Sessão Nocturna
    • Apoio à montagem, alinhamento e preparação dos equipamentos às observações
    • Passeio pelo céu à descoberta das constelações
    • Exploração à Lua e suas crateras
    • Observação guiada a objectos do céu profundo (galáxias, enxames e nebulosas)
  • ~00:00 – Sessão sem hora de fim definido

Inscrições

Os preços das inscrições são os seguintes:
  • Sócios Ad-Astra –  20 Euros
  • Não sócios Ad-Astra – 25 Euros
Notas Importantes:
  • A realização do Workshop estará dependente de um numero mínimo de participantes.
  • A sessão nocturna está limitada às condições atmosféricas desse dia.
  • Caso não seja possível realizar a sessão nocturna por falta de condições atmosféricas, a sessão será agendada para data do Workshop seguinte ou em outra noite a divulgar. Este reagendamento não terá quaisquer custos adicionais.

    Música actual para geopedrados

    quarta-feira, fevereiro 16, 2011

    O Meu Amor Anda em Fama

    Recordar o Mestre da Guitarra portuguesa

    O Blog Geopedrados confirma - o uso de pseudopedagogias (só)cretinas prejudica o ensino-aprendizagem dos nossos alunos...



    TESTE DE FÍSICA?!

    O Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação não pára de nos espantar. Agora resolveram, num teste intermédio do 11.º ano de Física e Química A, repito do 11.º ano, fazer uma transcrição de um texto de um livro meu, com apenas quatro linhas e adaptado (adaptado? faz algum sentido?), pedindo aos alunos para "transcrever" (sic) uma informação trivial que está no texto. Pede-se apenas uma transcrição de uma transcrição. Já só falta assinar o nome para ser aprovado.

    Não posso por isso deixar de concordar em absoluto com o comentário de Carlos Portela, responsável da Divisão Técnica de Educação da Sociedade Portuguesa de Física sobre aquela prova:
    "A questão 1 do Grupo I na qual o aluno deve transcrever a parte de um texto, de apenas 4 linhas, que refere o que Oersted observou, não é admissível neste ano de escolaridade. Esta questão pode ser respondida por um aluno do 2º ciclo do ensino básico que nunca tenha estudado o assunto abordado, não permitindo avaliar se o aluno consegue distinguir entre observação e interpretação (...)

    Conclui-se que este teste intermédio dá indicações erradas aos alunos sobre as suas aprendizagens e não os estimula ao esforço que é necessário para que sejam atingidos os objectivos de aprendizagem da disciplina. Constitui-se, desse modo, como um elemento que perturba o trabalho desenvolvido pelos professores na escolas, já que desincentiva a criação de hábitos de trabalho dos alunos para que possam ser atingidos os objectivos da disciplina ao dar a ideia de que é possível atingir resultados positivos sem que seja necessário investir no estudo."

    Para que o leitor julgue por si próprio, deixo o excerto da prova:
    "GRUPO I

    Durante algum tempo o magnetismo e a electricidade ignoraram-se mutuamente. Foi só no início do século XIX que um dinamarquês, Hans Christian Oersted, reparou que uma agulha magnética sofria um desvio quando colocada perto de um circuito eléctrico, à semelhança do que acontecia quando estava perto de um íman. Existia pois uma relação entre electricidade e magnetismo.

    C. Fiolhais, Física Divertida, Gradiva, 1991 (adaptado)

    1. Transcreva a parte do texto que refere o que Oersted observou."

    in De Rerum Natura - post do Doutor Carlos Fiolhais

    Orlando Ribeiro visto por Galopim de Carvalho


    NASCEU AQUI, em Lisboa, faz hoje, dia 16 de Fevereiro de 2011, 100 anos, e deixou-nos, vai para 14, em Novembro de 1997. A memória que eu e muitos outros temos dele é ainda muito fresca, tal a marca que deixou em nós.

    Geógrafo tradicional, de elevada craveira, dentro e fora do país, nos domínios da geografia física (geomorfologia) e da geografia humana, com uma notável preparação geológica, Orlando Ribeiro foi um humanista igualmente reconhecido a nível nacional e internacional. Renovador da Geografia em Portugal, o Prof. Orlando (era assim que o tratávamos), foi senhor de muitos saberes em outras áreas, como as da História, da Antropologia, da Etnografia e da Geologia, saberes que expunha numa linguagem falada e escrita de invulgar correcção, não raras vezes poética.

    De parceria com o seu colega e amigo Pierre Birot, de l’Institut de Geographie de Paris, foi pioneiro numa metodologia de investigação geomorfológica, substancialmente assente no cabal conhecimento dos sedimentos resultantes da erosão do relevo. E foi nesta linha inovadora que me concedeu o privilégio de aceitar ser meu orientador nas dissertações de doutoramento que apresentei e defendi nas Universidades de Paris e de Lisboa, factos decisivos na escolha da via de investigação que caracterizou o essencial da minha actividade com geólogo e como docente.

    Como era hábito deste ilustre Mestre, para além das frutuosas e pedagógicas discussões que travava com os seus orientandos, nas visitas que com eles fazia ao terreno, lia com eles o manuscrito, em fase final das respectivas dissertações e aí, uma vez mais, voltava a discutir, dava sugestões, fazia correcções de forma e de conteúdo, e ensinava a escrever em bom português. E foi isso que ele fez comigo, o único não geógrafo entre os muitos que orientou.

    Este meu relacionamento com o Prof. Orlando aconteceu porque eu era colega do seu filho António (hoje, o igualmente ilustre Prof. António Ribeiro), na licenciatura em Ciências Geológicas, e ambos fizéramos, com ele, proveitosas saídas de campo, onde a geomorfologia, a geologia e geografia humana se harmonizavam no rigor e na beleza, por vezes poética, do seu discurso. Aconteceu, ainda, porque éramos vizinhos. Das traseiras da sua casa falava-se para as traseiras da minha. Assim, para além da relação mestre/discípulo, fomos amigos chegados ao longo de cerca 40 anos.

    in Sopas de Pedra - post de Galopim de Carvalho

    NOTA: este é o post 4.500º do Blog Geopedrados!

    O Homem com nome de vulcão nasceu há 100 anos

    Faz hoje 100 anos que nasceu Orlando Ribeiro, cujo nome ficou ligado a um monte (vulcão) formado por uma erupção na ilha do Fogo, em Cabo Verde, em 1951 - o Monte Orlando. A foto anterior, do célebre geógrafo, ilustra o seu vulcão!

    Carlos Paredes nasceu há 86 anos





    (imagem daqui)


    Foi um dos grandes guitarristas e é um símbolo ímpar da cultura portuguesa. É um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa e grande compositor. Carlos Paredes é um guitarrista que para além das influências dos seus antepassados - pais, avós, tios, todos eles exímios guitarristas de Coimbra - mantém um estilo Coimbrão, a sua guitarra é de Coimbra, e própria afinação. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos.


    ADENDA: faz hoje anos o fadista João Ferreira-Rosa...

    Orlando Ribeiro nasceu há 100 anos

    (imagem daqui)

    Orlando Ribeiro (Lisboa, 16 de Fevereiro de 1911 - Lisboa, 17 de Novembro de 1997) foi um geógrafo e historiador português.

    (...)
    Ribeiro dedicou toda a sua vida ao ensino e investigação em Geografia, e é a justo título considerado como o renovador desta ciência em Portugal. Foi também o geógrafo português do século XX com mais projecção ao nível internacional. A sua vasta obra inclui não só científicos na Geografia, mas revela também uma diversidade de interesses intelectuais invulgares. Orlando Ribeiro licenciou-se em Geografia e História em 1932, e veio a doutorar-se em 1935 pela Universidade de Lisboa com a tese A Arrábida, esboço geográfico. Entre 1937 e 1940 (durante a guerra) viveu em Paris, e trabalhou na Sorbonne, com Marc Bloch, Emmanuel de Martonne e A. Demangeon. Em 1940, foi nomeado professor da Universidade de Coimbra, mas rapidamente se instalou em Lisboa. Em 1943, já em Lisboa, fundou o Centro de Estudos Geográficos.
    Da sua intensa actividade científico-académica destaca-se Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Em 1966, o Centro de Estudos Geográficos começou a publicar a revista Finisterra, que foi e continua a ser a principal publicação da Geografia portuguesa, com projecção internacional.
    O interesse intelectual de Ribeiro pela História, Antropologia e Etnografia foi desenvolvido essencialmente enquanto discípulo de David de Melo Lopes e de Leite de Vasconcelos. Ribeiro lançou-se também na Geologia com Carlos Teixeira. Trabalhou ainda com Juvenal Esteves, Barahona Fernandes e Celestino da Costa.
    Recebeu o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada, em 1987.

    terça-feira, fevereiro 15, 2011

    Parabéns, Galileu!


    Galileu, sendo imortal, faz hoje 447 anos, como bem nos lembra o AstroPT. Para além da revolução nos céus, deixa-nos uma das mais belas frases da Ciência: Eppur si muove! E, também, a famosa experiência da Torre de Pisa (uma das míticas histórias da Ciência pois, aparentemente, tal experiência nunca foi feita) em que, confrontando Aristóteles, Galileo afirma que, no vazio, não existe qualquer razão para que corpos diferentes tenham tempos de queda diferentes. Textualmente, Galileu:

    O ridículo da opinião de Aristóteles é mais claro do que a luz. Quem vai acreditar, por exemplo, que se duas esferas de chumbo forem largadas da órbita da Lua, sendo uma cem vezes maior do que a outra, a maior chegue à Terra numa hora, enquanto a menor leva cem horas no seu movimento? Ou se duas pedras forem lançadas ao mesmo tempo de uma torre alta, tendo uma o dobro do tamanho da outra, quem vai acreditar que a mais pequena vá a meio do caminho quando a grande está a chegar ao chão?

    O que Galileu não imaginava é que, vários séculos mais tarde, essa mesma experiência foi feita num outro corpo celeste e o seu nome invocado.
    Eis o capitão David Scott, da missão Apollo 15, numa demonstração pedagógica, com um martelo e uma pena...

     

    Até quando...?

    Desde 2005 a «prejudicar os interesses do país»:


    «Os números oficiais do Instituto da Gestão da Dívida Pública aí estão para evidenciar esse enorme buraco, cada vez mais descontrolado.
    Nos anos da governação de Sócrates, o aumento da dívida pública foi o seguinte:

    2005- 11,1 mil milhões de euros
    2006- 6,8 mil milhões de euros
    2007- 4,2 mil milhões de euros
    2008- 5,7 mil milhões de euros
    2009- 14,3 mil milhões de euros
    2010- 14 mil milhões de euros.
    Nos 6 anos de 2005 a 2010, a dívida aumentou 56,1 mil milhões de euros, passando de 90,7 mil milhões para 146,8 mil milhões de euros. E se, em 2004, significava 60% do PIB, em 2009 representa 79,4% e em 2010 vai aproximar-se dos 90%.
    Se a estes valores da dívida directa juntarmos cerca de 30 mil milhões de euros de dívida indirecta das empresas públicas deficitárias e que o Estado terá que honrar e ainda o valor actual dos compromissos com as PPPs no montante de cerca de 26 mil milhões de euros, teremos um valor global de 203 mil milhões de euros, equivalente a 122% do PIB. Em apenas 6 anos, a dívida pública sobe exponencialmente.
    O risco de crédito é, de facto, enorme. Os credores e agências de rating apenas vêem o óbvio.
    Por cá, o pensamento oficial insiste em negar a evidência. Para continuar na senda do despesismo de que é exemplo o aumento da despesa corrente previsto para 2010.
    Mas querem o Governo e os “pensadores” a soldo fazer de nós parvos ou quê?» (4R)
    .
    Isto, num país normal, seria suficiente para se exigir a imediata remoção desses incompetentes que andam há anos a enganar e a enganarem-se. Mas como não é de todo um país normal, temos uma oposição que anda com eles ao colo.

    in Blasfémias - post de Gabriel Silva

    O país dos records de um pseudo-engenheiro

    (imagem daqui)


    O governo dos mentirosos, aldrabões e cobardes

    (imagem daqui)

    Maioria dos cargos a extinguir na Segurança Social estão vagos

    A maioria dos cargos que Helena André diz que vai extinguir são lugares que já não estavam ocupados.

    O lugar de vogal no Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS) que o Governo disse que pretendia extinguir não está ocupado por ninguém. O cargo de subdirector-geral da Direcção-Geral da Previdência (DGSS) que se pretende eliminar, na prática, também não existe.

    O mesmo se passa com boa parte dos 100 lugares a suprimir no Instituto da Segurança Social (ISS): correspondem a postos que foram sendo deixados vagos nos últimos meses e não foram reocupados.

    Depois de no domingo ter enviado uma nota ao Negócios dizendo que "vão ser extintos, de imediato" os lugares acima referidos, ontem, o secretário de Estado da Segurança Social, esclareceu que o processo já ocorreu.

    Em declarações citadas pela Lusa, Pedro Marques (na foto) diz que os 100 cargos de dirigentes no ISS foram extintos nos últimos tempos, à custa de aposentações, não renovações de comissões de serviço e de transferência de funcionários para Instituições Privadas de Solidariedade Social. No caso do IGFSS e da DGSS, está apenas em causa riscar, da lei orgânica, os referidos lugares.

    Música (country...?!?) de um grupo que está a fazer muito sucesso

    Música (quase) actual para geopedrados


    NOTA: ideia roubada ao Blog A Educação do meu Umbigo (Paulo Guinote rules...!).

    Planeta Homem - mais uma fantástica série BBC

    Música para a ressaca do dia dos namorados

    Porque nem todos os "amores" têm um final feliz


    Bebo & Cigala: La Bien Pagá (via O Cachimbo de Magritte)

    Site sobre Orlando Ribeiro


    O Blog Geopedrados recomenda, na véspera da passagem dos 100 anos do nascimento do Professor Doutor Orlando Ribeiro, a visita ao site que o homenageia:


    Citemos a sua introdução:

    ORLANDO RIBEIRO, 1911-1997


    Essencialmente dedicado ao ensino e investigação em Geografia, Orlando Ribeiro é considerado o renovador desta ciência no Portugal do século XX, e o geógrafo português com mais ampla projecção a nível internacional. No entanto, a sua vasta obra, produzida a par da longa e intensa carreira como professor e investigador universitário, abarca muito mais do que avanços científicos na Geografia, e revela uma diversidade de interesses e intervenções que desenham uma invulgar geografia intelectual.
    A renovação da Geografia, pela introdução do factor humano como elemento central à compreensão geográfica entendida como síntese de muitas realidades, é antes de mais fruto de um espírito humanista que desde os anos do liceu impulsionava o estudante Orlando Ribeiro para o conhecimento da História, da Antropologia, da Etnografia, através do contacto, entre outros, com David Lopes, seu professor, e Leite de Vasconcellos, de quem foi também, desde muito jovem e ao longo da vida, dedicado discípulo.
    Mas o alargamento de horizontes da Geografia como ciência é também resultado do seu espírito curioso e independente que, ainda nos bancos da escola, o levou a manter ligações com cientistas de outras áreas, onde procurou alicerces de uma formação naturalista que sempre consideraria indispensável a um geógrafo. Aprendeu geologia trabalhando no campo com Fleury e colaborando mais tarde com Carlos Teixeira e Zbyszewsky. Reflexões metodológicas e sobre questões de biologia, buscou-as na medicina através de amigos como Juvenal Esteves, Barahona Fernandes ou Celestino da Costa. Com eles partilhava também a inspiração universalista da literatura e da música, em autores como Goethe, Bach, Beethoven e Bruckner. É sobre Goethe a sua primeira conferência, no ano do centenário da morte do escritor (1932), e o seu primeiro artigo, Geografia humana, é publicado, em 1934, numa revista de medicina.
    Licenciado em Geografia e História em 1932, Orlando Ribeiro doutorou-se em Geografia pela Universidade de Lisboa em 1936, com a tese A Arrábida, esboço geográfico. Em 1937 segue para Paris como Leitor de Português na Sorbonne, onde viria a alargar horizontes com mestres como Marc Bloch, E. de Martonne e A. Demangeon. De regresso a Portugal em 1940, foi sucessivamente nomeado Professor em Coimbra e em Lisboa onde, em 1943, fundou o Centro de Estudos Geográficos. Da sua intensa actividade se destaca, desde 1945, uma das suas obras de síntese mais conhecidas, Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, e a criação, em 1966, da revista Finisterra, ainda hoje um dos veículos editoriais mais importantes para a geografia portuguesa, a nível nacional e internacional.

    A colaboração científica internacional foi, com efeito, outro aspecto marcante da actividade de Orlando Ribeiro. Em 1949 organizou em Lisboa o que seria, no pós-guerra, o primeiro Congresso da União Geográfica Internacional, organização para que viria a ser nomeado Primeiro Vice-Presidente em 1952. Ao longo da vida praticou, e estimulou nos seus alunos, o intercâmbio com geógrafos estrangeiros através de estágios e de viagens de investigação a que dedicou grande parte do seu tempo.
    São talvez as viagens, e os trabalhos delas resultantes, o melhor testemunho da sua actividade como geógrafo. Mas são também elas, por excelência, os elos que nos revelam as suas preocupações sociais com os territórios e povos estudados, e nos transportam à sua sensibilidade como fotógrafo, ao “fundo mágico da sua personalidade”, à qualidade literária da sua prosa. Viajante incansável, sobretudo em Portugal e Espanha na década de 40, e pelo Mundo fora entre 1950-1965, com destaque para o ultramar português, Orlando Ribeiro oferece-nos leituras de muitos lugares do Mundo em que a observação científica não se desliga da natureza como um todo, dos costumes, da arte e, sobretudo, do elemento humano.


    Cidadão interveniente e profícuo prosador sobre muitos outros temas como a ciência, o ensino e a universidade, as reformas educativas ou os problemas coloniais, Orlando Ribeiro usou sempre de uma frontalidade que, se não diminuía o respeito científico que lhe era reconhecido, também nunca facilitou as suas relações com os órgãos de decisão, desde o Estado Novo ao período pós 25 de Abril. Por muito tempo teve, como resposta às suas opiniões, um invariável silêncio. Contrastando com o precoce reconhecimento a nível internacional, a difusão da sua obra e as honras oficiais, no seu próprio país, surgiram muito tardiamente.
    É ainda pela própria pena de Orlando Ribeiro que podemos hoje rever toda uma época e experiência de vida através da sua rica prosa memorialística, recolhida e dada à estampa em Orlando Ribeiro: Memórias de um Geógrafo, em 2003. Mas, sobre Orlando Ribeiro e a sua obra, existem também muitos outros testemunhos publicados desde os anos 70.

    O padre guerrilheiro Camilo Torres morreu há 45 anos

    CAMILO TORRES RESTREPO
    Camilo Torres Restrepo (Bogotá, 3 de febrero de 1929 - Patio Cemento, Santander, 15 de febrero de 1966) fue un sacerdote católico colombiano, pionero de la Teología de la Liberación, cofundador de la primera Facultad de Sociología de América Latina y miembro del grupo guerrillero Ejército de Liberación Nacional (ELN). Durante su vida, promovió el diálogo y el sincretismo entre el marxismo y el catolicismo.

    segunda-feira, fevereiro 14, 2011

    Música de encerramento do Dia dos Namorados 2011

    Para os mais tímidos e para os casos perdidos, este tema imortal dos Xutos & Pontapés:



    Hás-de ver - Xutos & Pontapés


    Palavras que se enrolam na língua
    Uma timidez superlativa
    Há coisas difíceis de dizer
    Não vou ficar a olhar
    Deixar o tempo passar
    E ver o teu sorriso a desaparecer


    Kilos de alegria
    Montes de prazer
    Há-de vir o dia
    Em que te vou dizer


    Não sou gago
    Não me falta a vontade
    Sei que te me dás
    Essa liberdade
    Mas há coisas difíceis de dizer


    Vou ver se consigo
    Dizer-te ao ouvido
    Estas três palavras
    Que trago comigo
    Hás-de ver


    Kilos de alegria
    Montes de prazer
    Há-de vir o dia
    Em que te vou dizer


    Lá estou eu outra vez a tremer
    Com esta conversa pra fazer
    Farto de calar
    Farto de sofrer
    Mas há coisas difíceis de dizer
    Farto de sofrer
    Farto de calar
    Com todo o meu amor