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quarta-feira, fevereiro 16, 2011

O Blog Geopedrados confirma - o uso de pseudopedagogias (só)cretinas prejudica o ensino-aprendizagem dos nossos alunos...



TESTE DE FÍSICA?!

O Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação não pára de nos espantar. Agora resolveram, num teste intermédio do 11.º ano de Física e Química A, repito do 11.º ano, fazer uma transcrição de um texto de um livro meu, com apenas quatro linhas e adaptado (adaptado? faz algum sentido?), pedindo aos alunos para "transcrever" (sic) uma informação trivial que está no texto. Pede-se apenas uma transcrição de uma transcrição. Já só falta assinar o nome para ser aprovado.

Não posso por isso deixar de concordar em absoluto com o comentário de Carlos Portela, responsável da Divisão Técnica de Educação da Sociedade Portuguesa de Física sobre aquela prova:
"A questão 1 do Grupo I na qual o aluno deve transcrever a parte de um texto, de apenas 4 linhas, que refere o que Oersted observou, não é admissível neste ano de escolaridade. Esta questão pode ser respondida por um aluno do 2º ciclo do ensino básico que nunca tenha estudado o assunto abordado, não permitindo avaliar se o aluno consegue distinguir entre observação e interpretação (...)

Conclui-se que este teste intermédio dá indicações erradas aos alunos sobre as suas aprendizagens e não os estimula ao esforço que é necessário para que sejam atingidos os objectivos de aprendizagem da disciplina. Constitui-se, desse modo, como um elemento que perturba o trabalho desenvolvido pelos professores na escolas, já que desincentiva a criação de hábitos de trabalho dos alunos para que possam ser atingidos os objectivos da disciplina ao dar a ideia de que é possível atingir resultados positivos sem que seja necessário investir no estudo."

Para que o leitor julgue por si próprio, deixo o excerto da prova:
"GRUPO I

Durante algum tempo o magnetismo e a electricidade ignoraram-se mutuamente. Foi só no início do século XIX que um dinamarquês, Hans Christian Oersted, reparou que uma agulha magnética sofria um desvio quando colocada perto de um circuito eléctrico, à semelhança do que acontecia quando estava perto de um íman. Existia pois uma relação entre electricidade e magnetismo.

C. Fiolhais, Física Divertida, Gradiva, 1991 (adaptado)

1. Transcreva a parte do texto que refere o que Oersted observou."

in De Rerum Natura - post do Doutor Carlos Fiolhais

terça-feira, março 16, 2010

Bravo, Nico, Bravo!

Citamos a seguinte pérola de sabedoria de um deputado alentejano do PS, professor durante dois anos antes de se dedicar à arte de fingir que dava aulas numa qualquer universidade, de fazer o papel de controleiro político (agora usa-se o termo boy...) numa qualquer Direcção Regional de Educação e de ir para o exílio dourado da Assembleia da República:


O Estatuto do Aluno tem que ser aprovado pelo Parlamento. O PÚBLICO questionou cinco deputados que integram a Comissão da Educação. Só o do CDS-PP defende sem reservas a retenção de um aluno faltoso.


1. Deve ou não um aluno ficar retido por excesso de faltas?

2. Que outras alternativas existem?

3. No quadro actual terá a retenção um valor pedagógico?


Bravo Nico, deputado do PS

1. A retenção, qualquer que seja a sua origem é sempre factor potenciador de futuros episódios de insucesso escolar e, em consequência, de abandono escolar. A generalidade da literatura científica publicada e a experiência prática das escolas portuguesas demonstram que estudantes que tenham retido raramente melhoram o seu desempenham escolar. Pelo contrário, tendem a repetir essa circunstância e contam-se entre os mais atingidos pelo abandono escolar.

2. As alternativas à retenção, resumem-se a uma palavra: aprendizagem. As situações de faltas frequentes ou reincidentes deverão ser objecto de análise pelos professores e pelas escolas, no quadro das respectiva autonomia pedagógica e devem ser estes a determinar as novas balizas do percurso de aprendizagem dos estudantes que faltam.

Mas, qualquer que seja esse percurso (que deverá contemplar actividades de recuperação das aprendizagens não concretizadas), ele deverá apontar para mais e melhor aprendizagem. Os estudantes devem sempre ficar dentro das escolas e, nestas, aprender o máximo possível, com os máximos rigor, exigência e qualidade). É esse o direito dos estudantes e é esse o dever das escolas e do Estado.

3. Nenhum! A retenção é sempre uma situação limite e, como já referi, nunca contribuiu para melhorar o desempenho escolar. A Retenção teve sempre mais um valor simbólico e social, relacionado com a punição de comportamentos inadequados (excesso de faltas) ou de insuficiências de aprendizagem. A solução mais fácil, muitas vezes, é reter um aluno que exiba grande absentismo ou que revele dificuldades de aprendizagem.

A solução mais difícil (mas que é a mais pedagógica e a única que garante o exercício do direito à Educação) é, para cada aluno e respectiva circunstância, encontrar a solução de aprendizagem mais adequada para que aquele aumente o seu desempenho escolar e encontre a motivação para as aprendizagens e para a frequência da Escola.

Muitos exemplos existem, em Portugal, de Escolas que conseguem excelentes resultados no combate ao absentismo e ao insucesso e abandono escolares, através da concretização de projectos envolventes (com recurso a parcerias com as comunidades locais). É por aqui que deve ser o caminho a percorrer.

(...)


NOTA: o negrito/bold do texto são da minha responsabilidade - há que louvar a clareza com que fala a novilíngua eduquesa, cujas consequências iremos pagar bem caro, daqui a uns anos, enquanto nação. Há que salientar, de facto, que o único deputado que disse qualquer coisa de jeito foi o do partido mais a direita no parlamento, de seu nome Michael Seufert. Queremos ainda dedicar a seguinte canção semi-tradicional alentejana a Senhor Deputado BRAVO NICO, pois decididamente merece:



ADENDA: há tantas coisas boas alentejanas (como a música, a paisagem, a gastronomia, os recursos minerais, o património natural e construído, as pessoas...) - por que raio tinha de aparecer esta aventesma a representar essa região no Parlamento?!?