Reconhecimento póstumo
terça-feira, janeiro 16, 2024
Jan Palach imolou-se, pelo fogo, há cinquenta e cinco anos...
Reconhecimento póstumo
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domingo, janeiro 14, 2024
Yukio Mishima nasceu há 99 anos...
Origens
Kimitake Hiraoka nasceu no dia 14 de janeiro de 1925, em Tóquio. Teve uma infância problemática marcada por eventos que mais tarde influenciariam fortemente a sua literatura. Ainda criança foi separado dos seus pais e passou a viver com a avó paterna, uma aristocrata ainda ligada à Era Tokugawa. A avó mal deixava a criança sair de sua vista, de forma que Kimitake teve uma infância isolada. Muitos biógrafos de Mishima acreditam emergir desta época seu interesse pelo Kabuki e a sua obsessão pelo tema da morte.
Aos doze anos Kimitake voltou a viver com os pais e começou a escrever suas primeiras histórias. Matriculou-se num colégio de elite em Tóquio. Seis anos depois, publicou numa revista literária um conto que posteriormente foi editado em livro. O seu pai, um funcionário burocrático do governo, era totalmente contra as suas pretensões literárias. Nessa época adotou o pseudónimo Yukio Mishima, em parte para ocultar seus trabalhos literários do conhecimento paterno. Foi recrutado pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, porém ficou fora das linhas de frente por motivos físicos e de saúde. Este facto tornou-se depois fator de grande remorso para Mishima que testemunhou a morte dos seus compatriotas e perdeu a oportunidade de ter uma morte heroica. Forçado pelo pai, matriculou-se na Universidade de Tóquio, onde se formou em Direito. Após a licenciatura conseguiu um emprego promissor no Ministério das Finanças. No entanto, tornou-se tão desgostoso que, por fim, convenceu o pai a aceitar a sua carreira literária. O seu pai, um sujeito rude e disciplinador, teria dito que, já que era para ser escritor, era melhor ele se tornar o melhor escritor que o Japão já viu.
Depois da publicação de Confissões de Uma Máscara, Mishima adquire uma postura mais realista e ativa, tentando deixar para trás o jovem frágil e obsessivo. Começa a praticar artes marciais e junta-se ao Exército de Auto-Defesa japonês, onde, um ano depois, forma o Tatenokai (Sociedade da Armadura), uma entidade de extrema direita, composta por jovens estudantes de artes marciais que estudavam o Bushido sob a disciplina e tutela de Mishima. Casou-se em 1958 com Yoko Sugiyama, tendo com ela um filho e uma filha. Nos últimos dez anos de sua vida, atuou como ator em filmes e co-dirigiu uma adaptação de uma de suas histórias.
“A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte.
Acredita-se que Mishima tenha preparado o seu suicídio durante um ano. Segundo John Nathan, o seu biógrafo, tradutor e amigo, teria criado este cenário apenas como pretexto para o suicídio ritual com o qual sempre sonhou. Quando morreu, Mishima tinha acabado de escrever O Mar da Fertilidade.
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sábado, dezembro 30, 2023
Del Shannon nasceu há oitenta e nove anos...
Del Shannon (Grand Rapids, Michigan, 30 de dezembro de 1934 - Santa Clarita, Califórnia, 8 de fevereiro de 1990) foi um famoso cantor e compositor norte-americano. O seu nome completo de batismo era Charles Weedon Westover.
Vale destacar também que em certos períodos, Del Shannon foi muito mais popular na Inglaterra do que nos Estados Unidos, tendo gravado lá seu disco ao vivo, em 1972. A sua grande popularidade no Reino Unido também fica evidenciada no grande número de lançamentos de discos, por vezes até superando os do seu país de origem.
Em 1988 chegou a gravar participação na música "The World we know", do grupo norte-americano The Smithereens. No mesmo ano, Del Shannon foi convidado para formar os Travelling Wilburys, com George Harrison, Bob Dylan, Jeff Lynne, Tom Petty e Roy Orbison, no entanto, recusou o convite. Mais tarde, em fevereiro de 1990, o músico suicidou-se.
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terça-feira, dezembro 19, 2023
Phil Ochs nasceu há oitenta e três anos...
Philip David "Phil" Ochs (El Paso, Texas, December 19, 1940 – Far Rockaway, New York City, April 9, 1976) was an American protest singer (or, as he preferred, a topical singer) and songwriter who was known for his sharp wit, sardonic humor, earnest humanism, political activism, insightful and alliterative lyrics, and distinctive voice. He wrote hundreds of songs in the 1960s and '70s and released eight albums.
Ochs performed at many political events during the 1960s counterculture era, including anti-Vietnam War and civil rights rallies, student events, and organized labor events over the course of his career, in addition to many concert appearances at such venues as New York City's Town Hall and Carnegie Hall. Politically, Ochs described himself as a "left social democrat" who became an "early revolutionary" after the protests at the 1968 Democratic National Convention in Chicago led to a police riot, which had a profound effect on his state of mind.
After years of prolific writing in the 1960s, Ochs's mental stability declined in the 1970s. He eventually succumbed to a number of problems including bipolar disorder and alcoholism, and died by suicide in 1976.
Some of Ochs's major musical influences were Woody Guthrie, Pete Seeger, Buddy Holly, Elvis Presley, Bob Gibson, Faron Young, and Merle Haggard. His best-known songs include "I Ain't Marching Anymore", "Changes", "Crucifixion", "Draft Dodger Rag", "Love Me, I'm a Liberal", "Outside of a Small Circle of Friends", "Power and the Glory", "There but for Fortune", and "The War Is Over".
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domingo, dezembro 17, 2023
A Primavera Árabe começou há treze anos...
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sexta-feira, dezembro 08, 2023
Hoje é o tristemente duplo aniversário de Florbela Espanca...
Não tenhas medo, não! Tranquilamente,Como adormece a noite pelo outono,Fecha os olhos, simples, docemente,Como à tarde uma pomba que tem sono…
Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...
Florbela Espanca
sábado, novembro 25, 2023
Yukio Mishima morreu há cinquenta e três anos...
Yukio Mishima (Tóquio, 14 de janeiro de 1925 - Tóquio, 25 de novembro de 1970) é o nome artístico utilizado por Kimitake Hiraoka, novelista e dramaturgo japonês mundialmente conhecido por romances como O Templo do Pavilhão Dourado e Cores Proibidas. Escreveu mais de 40 novelas, poemas, ensaios e peças modernas de teatro Kabuki e Nô.
Mishima tinha 24 anos quando publicou Confissões de Uma Máscara, uma história com sabores autobiográficos de um jovem talento homossexual que precisa se esconder atrás de uma máscara para evitar a sociedade. O romance acabou alcançando um tremendo sucesso literário, o que levou Mishima a tornar-se uma celebridade, seguindo-se-lhe outras publicações e traduções, de forma a ficar internacionalmente conhecido. Yukio Mishima concorreu a três Prémios Nobel de literatura, sendo o último deles concedido ao seu amigo, Yasunari Kawabata, que o introduziu nos círculos literários de Tóquio nos anos 40.
Depois da publicação de Confissões de Uma Máscara, Mishima adquire uma postura mais realista e ativa, tentando deixar para trás o jovem frágil e obsessivo. Começa a praticar artes marciais e se alista no Exército de Auto-Defesa japonês, onde, um ano depois, forma o Tatenokai (Sociedade da Armadura), uma entidade de extrema direita, composta de jovens estudantes de artes marciais que estudavam o Bushido sob a disciplina e tutela de Mishima. Casou-se em 1958 com Yoko Sugiyama, tendo com ela um filho e uma filha. Nos últimos dez anos de sua vida, atuou como ator em filmes e co-dirigiu uma adaptação duma das suas histórias.
Tentativa de golpe de estado e seppuku
Em 25 de novembro de 1970, Yukio Mishima, acompanhado de 4 membros do Tatenokai tentaram forçar a rendição do comandante do quartel general das Forças de Auto-Defesa japonesas em Tóquio. Ele realizou um discurso patriótico, na tentativa de persuadir os soldados do quartel a restituírem ao Imperador todos os seus poderes. Notando a indiferença dos soldados, Yukio Mishima cometeu seppuku, sendo assistido por Hiroyasu Koga, uma vez que Masakatsu Morita, o seu amante, falhou no momento final.
“A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte.
Acredita-se que Mishima tenha preparado o seu suicídio durante um ano. Segundo John Nathan, seu biógrafo, tradutor e amigo, ele teria criado este cenário apenas como pretexto para o suicídio ritual com o qual sempre sonhou. Quando morreu, Mishima tinha acabado de escrever O Mar da Fertilidade.
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quarta-feira, novembro 22, 2023
Michael Hutchence, vocalista dos INXS, morreu há vinte e seis anos...
Michael falou com a ex-namorada Michelle Bennett, com quem combinou um almoço no dia seguinte. Michelle passou logo de manhã, no dia 22, no quarto de Michael, mas presumiu que este estava dormindo, já que não obteve resposta deste. Foi uma empregada que abriu a porta e encontrou Michael sem vida, logo após. Ele havia morrido enforcado com o próprio cinto, preso à maçaneta da porta. Apesar de suspeita de asfixia autoerótica, a versão oficial diz que se enforcou com um cinto. Segundo Rhett, irmão de Michael, o quarto estava todo revirado. O pai de Michael, Kelland Hutchence, ficou sabendo da morte do filho por um telefonema de uma rede de TV. Paula logo viajou para a Austrália com a filha Tiger.
A cerimónia ocorreu na igreja de Santo André, em Sydney, com transmissão nacional. Milhares de pessoas acompanharam do lado de fora da catedral. O caixão de Michael foi coberto por flores (Iris) e uma única tigerlily (lírio), representando a filha. Ele foi cremado e parte das cinzas foram espalhadas em Sydney.
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sexta-feira, novembro 10, 2023
Torquato Neto desistiu há cinquenta e um anos...
Cogito
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.
Torquato Neto
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domingo, outubro 29, 2023
A terça-feira negra foi há 94 anos
29 de outubro de 1929: uma multidão à porta da Bolsa de Valores de Nova Iorque
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Marcadores: Grande Depressão, Nova Iorque, suicídio, Terça-feira negra, USA, Wall Street
A poetisa Ana Cristina Cesar suicidou-se há quarenta anos...
Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono.
Ana Cristina Cesar
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sábado, outubro 14, 2023
Soares dos Reis nasceu há 176 anos
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Marcadores: escultura, Soares dos Reis, suicídio
Rommel morreu há setenta e nove anos...
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Marcadores: Afrika Korps, II Grande Guerra, II Guerra Mundial, nazis, resistência, Rommel, suicídio
sexta-feira, outubro 13, 2023
Saudades de Cristovam Pavia...
Não fugir. Suster o peso da hora
Sem palavras minhas e sem os sonhos,
Fáceis, e sem as outras falsidades.
Numa espécie de morte mais terrível
Ser de mim despojado, ser
Abandonado aos pés como um vestido.
Sem pressa atravessar a asfixia.
Não vergar. Suster o peso da hora
Até soltar sua canção intacta.
in 35 poemas (1959) - Cristovam Pavia
Postado por Pedro Luna às 11:11 0 bocas
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Triste dia - há 55 anos a língua portuguesa e a poesia perderam dois dos seus maiores...
Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Manuel Bandeira
Cristovam Pavia, ou Cristóvam Pavia, pseudónimo de Francisco António Lahmeyer Flores Bugalho (Lisboa, 7 de outubro de 1933 - Lisboa, 13 de outubro de 1968) foi um poeta português, filho do também poeta Francisco Bugalho (da geração da revista Presença), oriundo de Castelo de Vide.
Além do pseudónimo Cristovam Pavia, António Flores Bugalho assinou
composições com os pseudónimos Sisto Esfudo, Marcos Trigo e Dr. Geraldo
Menezes da Cunha Ferreira.
Para José Bento, "A poesia de Cristovam Pavia é a revelação de si
próprio, de uma personalidade em conflito com o mundo em que vive e que
procura uma fuga pela recuperação da infância morta, pela aceitação do
seu conhecer-se diferente e despojado do que lhe é mais caro (a
infância, o amor, o espaço e o tempo em que ambos se situavam), a
transformação do seu próprio ser pelo sofrimento, num movimento de
ascese e de autodestruição, quando o poeta atinge a consciência de si
próprio e da sua voz."
A tarde declina com uma luz ténue.
Estou grave e calmo.
E não preciso de ninguém
Nem a luz da tarde me comove: entendo-a.
Até as imagens me são inúteis porque contemplo tudo.
Os ventos rodam, rodam, gemem e cantam
E voltam. São os mesmos.
Como os conheço desde a infância!
E a terra húmida das tapadas da quinta...
O estrume da égua morta quando eu tinha seis anos
Gira transparente nesta brisa fria...
(Na noite gotas de orvalho sumiam-se sob as folhas das ervas)
Oh, não há solidão, nas neblinas de inverno
Pela erma planície...
E foi engano julgar-te morto e tão só nas tapadas em silêncio...
Agora sei que vives mais
Porque começo a sentir a tua presença, grande como o silêncio...
Já me não vem a vaga tristeza do teu chamamento longínquo
Já me confundo contigo.
Cristovam Pavia
Postado por Fernando Martins às 00:55 0 bocas
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domingo, outubro 01, 2023
Donny Hathaway nasceu há 78 anos...
Donny Hathaway (Chicago, 1 de outubro de 1945 - Nova Iorque, 13 de janeiro de 1979) foi um cantor e compositor norte-americano de soul, gospel e jazz. Tem como maiores sucessos as músicas "A Song for You", "Jealous Guy", "For All We Know" e "The Closer I Get to You".
Hathaway teve seu primeiro contrato profissional com a gravadora Atlantic Records em 1969, gravando seu primeiro single "The Ghetto, Part I". No início dos anos 70, era considerado uma nova sensação na soul music. Na sua curta carreira lançou quatro álbuns de estúdio, sendo o primeiro "Everything is everything" em 1970.
No ano de 1973 foi-lhe diagnosticada esquizofrenia paranoica, sofrendo de fases de depressão desde os anos 60. Donny suicidou-se em 1979, perto do seu quarto de hotel, no Essex House Hotel, em Nova York.
Gravou com Roberta Flack a música "The Closer I Get to You e as ótimas "You Are My Heaven" e "Back Together Again".
Considerado um dos grandes nomes da soul music americana, foi homenageado com álbuns especiais após o seu falecimento, sendo influência artística e musical para as novas gerações.
in Wikipédia
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quarta-feira, setembro 20, 2023
Pedro Alpiarça morreu há dezasseis anos...
segunda-feira, setembro 11, 2023
Saudação a Antero...!
De pé (Saudação a Antero) - José Mário Branco
Que a morte, quando escolhida
É uma espécie de antever
A vida dentro da vida
É parecida
Só parecida
Com a vida por viver
À vista do oceano
Pode perder-se o olhar
Na praia do desengano
É humano
Sobre-humano
É ter um canto p'ra salvar
Saúda o mestre das oferendas
Canta, canta, coração
Que o poeta só te dá o que lhe dão
Há sempre luz ao fim do escuro
Numa ilha só morre o que lá está
O que conta no que foi, é o que será
Render-se ao desespero
E ver só morte na mão
Direita de Antero
O que eu quero
Porque quero
É negar a negação
Que veste a nossa mágoa
E esquecemos que é por nós
Que a fonte deita água
Mas eu trago-a
Sim eu trago-a
É a razão da minha voz
De pé meu canto não te rendas
Saúda o mestre das oferendas
Canta, canta, coração
Que o poeta só te dá o que lhe dão
Há sempre luz ao fim do escuro
Numa ilha só morre o que lá está
O que conta no que foi, é o que será
À vista do oceano
Pode perder-se o olhar
Na praia do desengano
É humano
Sobre-humano
É ter um canto p'ra salvar
Saúda o mestre das oferendas
Canta, canta, coração
Que o poeta só te dá o que lhe dão
Há sempre luz ao fim do escuro
Numa ilha só morre o que lá está
O que conta no que foi, é o que será
Postado por Pedro Luna às 22:22 0 bocas
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Antero deixou-nos há cento e trinta e dois anos...
Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!
Antero de Quental