domingo, março 17, 2019

Hoje é o Dia do São Patrício e da Irlanda!

Patrício da Irlanda (em inglês: Patrick; em latim: Patricius) foi primeiramente um missionário cristão, sendo depois sagrado bispo e santo padroeiro da Irlanda, juntamente com Santa Brígida de Kildare e São Columba. É considerado o Apóstolo da Irlanda.
Nascido na costa oeste da Grã-Bretanha, a pequena localidade galesa de Banwen é frequentemente referida como seu lugar de nascimento, embora haja muitas hipóteses sobre este facto. Quando tinha dezasseis anos foi capturado e vendido como escravo para a Irlanda, de onde escapou e retornou à casa da sua família, seis anos mais tarde. Iniciou então a sua vida religiosa e retornou para a ilha de onde tinha fugido, para pregar o Evangelho. Converteu centenas de pessoas, muitas delas se tornaram monges. Para explicar como a Santíssima Trindade era três e um ao mesmo tempo utilizava o trevo de três folhas e por isso o mesmo tem papel importante na cultura Irlandesa. Foi incentivador do sacramento da confissão particular, tal como conhecemos hoje, visto que antes o mesmo era realizado de forma comunitária. Um século mais tarde essa prática se propagou ao restante da Europa.
A crença popular atribui a São Patrício o desaparecimento das cobras da ilha onde fica a Irlanda sendo a razão de em algumas gravuras do santo ele aparecer esmagando esses animais com seu cajado. Mas algumas evidências científicas sugerem que a Irlanda Pós-Era Glacial não era habitada por serpentes.
Muito reverenciado nos Estados Unidos, devido ao grande número de imigrantes irlandeses. Em Manhattan, Nova Iorque, há uma catedral com o seu nome, sede da arquidiocese da metrópole. No dia 17 de março há diversas comemorações na Irlanda e nos Estados Unidos, conhecidas como paradas de São Patrício, onde ocorrem festejos e desfiles em memória do santo, sendo essa a principal forma de afirmação do orgulho dos imigrantes e descendentes de irlandeses na América.
   
    

sábado, março 16, 2019

Camilo Castelo Branco nasceu há 194 anos

Camilo Castelo Branco foi um dos escritores mais prolíferos e marcantes da literatura portuguesa.
Há quem diga que, em 1846, foi iniciado na Maçonaria do Norte, o que é muito estranho ou algo contraditório, pois há indicações de que, pela mesma altura, na Revolta da Maria da Fonte, lutava a favor dos miguelistas, que criaram a Ordem de São Miguel da Ala precisamente para combater a Maçonaria. Do mesmo modo, muita da sua literatura demonstra defender os ideais legitimistas e conservadores ou tradicionais, desaprovando os que lhe são contrários.
Teve uma vida atribulada, que lhe serviu muitas vezes de inspiração para as suas novelas. Foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos literários. Apesar de ter de escrever para o público, sujeitando-se assim aos ditames da moda, conseguiu manter uma escrita muito original.
Dentro da sua vasta obra, também se encontra colaboração da sua autoria em diversas publicações peiódicas, nomeadamente nas revistas Revista universal lisbonense (1841-1859), A illustração luso-brasileira (1856-1859), Archivo pittoresco (1857-1868), Ribaltas e gambiarras (1881), A illustração portugueza (1884-1890), e a título póstumo nas revistas A semana de Lisboa (1893-1895), Serões (1901-1911) e Feira da Ladra (1929-1943).
Brasão de Armas do Visconde de Correia Botelho (daqui)

Os Amigos

Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

- Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
Que cento e nove impávidos marotos!


Camilo Castelo Branco

Nancy Wilson - 65 anos!

Nancy Lamoureux Wilson (San Francisco, Califórnia, 16 de março de 1954) é uma cantora dos Estados Unidos que, com a irmã mais velha Ann, formou a banda, Heart (Seattle).
Uma das composições (Elevator Beat) fez parte da banda sonora do filme Vanilla Sky (2001), com Tom Cruise e Penélope Cruz. Nancy Wilson é também atriz e foi casada com o cineasta do filme, Cameron Crowe, de 1986 a 2010.
Um marco na carreira de Nancy foi a interpretação da música Starway to Heaven na homenagem aos Led Zeppelin no Kennedy Center Honors, em dezembro de 2012. A bateria ficou por conta de Jason Bonham, filho do falecido baterista da banda, John Bonham. Esta apresentação foi um dos grandes momentos do tributo. Robert Plant e Jimmy Page ficaram com os olhos marejados de lágrimas.
  
    

António Botto morreu há sessenta anos

(imagens daqui)
 
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de agosto de 1897 - Rio de Janeiro, 16 de março de 1959) foi um poeta português.
A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia Canções que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época. Foi amigo pessoal de Fernando Pessoa, que traduziu em 1930 as suas Canções para o inglês, e com quem colaborou numa Antologia de Poemas Portugueses Modernos. Homossexual assumido (apesar de ser casado com uma bejense, Carminda Alves Silva), a sua obra reflete muito da sua orientação sexual e no seu conjunto será, provavelmente, o mais distinto conjunto de poesia homoerótica de língua portuguesa. Morreu atropelado em 1959 no Brasil, para onde se tinha exilado para fugir às perseguições homófobas de que foi vítima, na mais dolorosa miséria. Os seus restos mortais foram trasladados para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa, em 1966.
  
Os primeiros anos
António Botto nasceu em Concavada, freguesia do concelho de Abrantes, Portugal, às 08.00 horas, filho de Maria Pires Agudo e de Francisco Thomaz Botto. O seu pai trabalhava como "marítimo" no rio Tejo. Em 1908 a sua família mudou-se para o bairro de Alfama em Lisboa, onde cresceu no ambiente popular e típico desse bairro, que muito influenciou a sua obra. Recebeu pouca educação formal e trabalhou em livrarias, onde travou conhecimento com muitas das personalidades literárias da época, e foi funcionário público. Em 1924 - 25 trabalhou em Santo António do Zaire e Luanda, na então colónia de Angola. 
   
Personalidade
António Botto tinha uma forte personalidade. Descrevem-no como magro, de estatura média, um dandy, de rosto oval, a boca muito pequena de lábios finos, os olhos amendoados, estranhos, inquisitivos e irónicos (de onde por vezes irrompia uma expressão perturbadoramente maliciosa) frequentemente ocultados sob um chapéu de abas largas.
Tinha um sentido de humor sardónico, incisivo, uma mente e língua perversos e irreverentes, e era um conversador brilhante e inteligente. Era amigo do seu amigo, mas ferozmente ruim se sentia que alguém antipatizava com ele ou não o tratava com a admiração incondicional que ele julgava merecer. Este seu feitio criou-lhe um grande número de inimigos. Alguns dos seus contemporâneos consideravam-no frívolo, mercurial, mundano, inculto, vingativo, mitómano, maldizente e, sobretudo, terrivelmente narcisista a ponto de ser megalómano.
Era visitante regular dos bairros boémios de Lisboa e das docas marítimas onde desfrutava a companhia dos marinheiros, tantas vezes tema da sua poesia. Apesar de ser sobretudo homossexual, António Botto foi casado até ao final da sua vida com Carminda Silva Rodrigues ("O casamento convém a todo homem belo e decadente", como escreveu). 
   
Despedido
Em 9 de novembro de 1942 António Botto foi demitido do seu emprego na função pública (escriturário de primeira-classe do Arquivo Geral de Identificação) por:
"a) ter desacatado uma ordem verbal de transferência dada pelo primeiro oficial investido ao tempo em funções de director, por impedimento do efectivo;
b) não manter na repartição a devida compostura e aprumo, dirigindo galanteios e frases de sentido equívoco a um seu colega, denunciando tendências condenadas pela moral social;
c) fazer versos e recitá-los durante as horas regulamentares do funcionamento da repartição, prejudicando assim não só o rendimento dos serviços mas a sua própria disciplina interna."
Ao ler o anúncio publicado no Diário do Governo, Botto ficou profundamente desmoralizado e comentou com ironia: "Sou o único homossexual reconhecido no País..."
Para se sustentar passou a escrever artigos, colunas e crítica literária em jornais, entre os quais a revista Contemporânea (1915-1926) e a Revista municipal(1939-1973), e publicou vários livros, entre os quais "Os Contos de António Botto" e "O Livro das Crianças", uma colecção de sucesso de contos para crianças (que seria oficialmente aprovada como leitura escolar na Irlanda, sob o título The Children’s Book, traduzido por Alice Lawrence Oram). Mas tudo isto se revelou insuficiente. A sua saúde deteriou-se devido a sífilis terciária que ele recusava tratar e o brilho da sua poesia começou a desvanecer-se. Era alvo de troça quando entrava nos cafés, livrarias e teatros. Por fim, cansou-se de viver em Portugal e em 1947 decidiu emigrar para o Brasil. Para juntar dinheiro para a viagem organizou, em maio desse ano, recitais de poesia em Lisboa e no Porto, que resultaram em grandes sucessos, com elogios por parte de vários intelectuais e artistas, entre os quais Amália Rodrigues, João Villaret e o escritor Aquilino Ribeiro. A 17 de agosto partiu finalmente para o Brasil com a sua mulher. 
  
Últimos anos
No Brasil residiu em São Paulo até 1951, quando se mudou para a cidade do Rio de Janeiro. Sobreviveu escrevendo artigos e colunas em jornais portugueses e brasileiros, participando em programas de rádio e organizando récitas de poesia em teatros, associações, clubes e, por fim, botequins.
A sua vida foi-se degradando de dia para dia e acabou por viver na mais profunda miséria. A sua megalomania agravada pela sifílis era gritante e não parava de contar histórias delirantes das visitas que André Gide lhe teria feito em Lisboa ("Se não foi o Gide, então foi o Marcel Proust..."), de ser o maior poeta vivo e de ser o dono de São Paulo. Em 1954 pediu para ser repatriado, mas desistiu por falta de dinheiro para a viagem. Em 1956 ficou gravemente doente e foi hospitalizado por algum tempo.
Em 4 de março de 1959, ao atravessar a Avenida Copacabana, no Rio de Janeiro, foi atropelado por um automóvel do governo. Cerca das 17.00 horas de 16 de Março de 1959, no Hospital da Beneficência Portuguesa, Botto, mal barbeado e pobremente vestido, expira, abraçado pela sua inconsolável mulher, que o chora perdidamente.
Em 1966 os seus restos mortais foram trasladados para Lisboa e, desde 11 de novembro do mesmo ano, estão depositados no Cemitério do Alto de São João.
O seu espólio será enviado do Brasil pela sua viúva Carminda Rodrigues a um parente, que o doará, em 1989, à Biblioteca Nacional.
Em 2012, estreou a curta-metragem "O Segredo Segundo António Botto" que sugere uma relação amorosa entre António Botto e Fernando Pessoa. 
  
A obra poética 
  
"Literatura de Sodoma"
A tempestade desencadeada por Canções e por "Sodoma Divinizada", bem como por outras obras e artigos que apareciam nas livrarias e jornais da época de que importa destacar "Decadência" de Judite Teixeira, foi tremenda, e a Federação Académica de Lisboa, tendo como porta-voz Pedro Teotónio Pereira, denuncia no jornal "A Época", em fevereiro de 1923, a "vergonhosíssima desmoralização, que sob os mais repugnantes aspectos, alastra constantemente".
A Federação Académica de Lisboa estaria com grande probabilidade apenas a servir de face pública das vontades do poder instituído da época porque pouco depois, em Março, é ordenada pelo Governo Civil de Lisboa a apreensão dos já mencionados livros de Botto, Raul Leal e Judite Teixeira.
Fernando Pessoa e Álvaro de Campos protestam contra o ataque dos estudantes a Raul Leal: "Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. (...) Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte. Mas quanto ao resto, calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível". Mas com pouco efeito. O impulso censório, moralista, obscurantista e homofóbico, ganha força com o regime do Estado Novo e a revista "Ordem Nova" declara-se "antimoderna, antiliberal, antidemocrática, antibolchevista e antiburguesa; contra-revolucionária; reaccionária; católica, apostólica e romana; monárquica; intolerante e intransigente; insolidária com escritores, jornalistas e quaisquer profissionais das letras, das artes e da informação". António Botto acaba por se ver forçado a emigrar para o Brasil e Raul Leal será vitíma de espancamentos e deixará de escrever para jornais durante 23 anos. 
  
Um reconhecimento que tarda
"A vasta obra poética de Botto, em parte ainda dispersa ou não-recoligida, apesar de e também pelo muito que ele publicou, republicou, reorganizou em volumes dispersos ou suprimia de volumes anteriores, etc., poderá repartir-se em quatro fases: a juvenil, em que continua o tom da quadra dita popular, conjugando-o com aspectos da dicção simbolista que poetas como Correia de Oliveira, Augusto Gil, e sobretudo Lopes Vieira haviam introduzido nela; a simbolistico-esteticista, em que a juvenilidade tradicionalizante se literaliza dos requebros esteticísticos que marcaram, nos anos 20, muita poesia simultâneamente da tradição saudosista e modernista (é a das primeiras edições das Canções e breves plaquetes seguintes, em que todavia a personalidade do poeta já figura inteira em diversos poemas); a fase pessoal e original, nos anos 30, desde as edições de 1930-32 das Canções (em que ele ia incorporando selecções de colectâneas anteriores) até a Vida Que Te Dei e Os Sonetos (fase que é também a dos seus excepcionais contos infantis que tiveram realmente as edições estrangeiras que se julgava ser uma das mentiras megalomaníacas do poeta, da «novela dramática» António, e da peça Alfama); e a última fase, nos anos 40 e 50, até à morte que é a de uma longa e triste decadência, com poemas desvairadamente oportunistas, revisões desastrosas afectando nas reedições alguns dos melhores poemas anteriores [...]" em Líricas Portuguesas, de Jorge de Sena.
Sobre a poesia de António Botto escreveu Fernando Pessoa no prefácio do seu livro Motivos de Beleza, publicado em 1923:
"A elegância espontânea do seu pensamento, a dolência latente de sua emoção asseguram-lhe facilmente, conjugando-se, a mestria nesta espécie de lirismo [...] Distingue-se pela simplicidade perversa e pela preocupação estética destituída de preocupações. Foge da complicação com o mesmo ardor com que se esconde da intenção directa. É em verdade singular que se seja simples para dizer exactamente outra coisa, e se vá buscar as palavras mais naturais para por meio delas ter entendimentos secretos.
Certo é que o que António Botto escreve, em verso ou em prosa, há que ser lido sempre com a intenção posta em o que não está lá escrito." 
  
Obras
  
Poesia
  • Trovas (1917)
  • Cantigas de Saudade (1918)
  • Cantares (1919)
  • Canções do Sul (1920)
  • Canções (várias edições, revistas e acrescentadas pelo autor, entre 1921 e 1932)
  • Motivos de Beleza (1923)
  • Curiosidades Estéticas (1924)
  • Pequenas Esculturas (1925)
  • Olimpíadas (1927)
  • Dandismo (1928)
  • Ciúme (1934)
  • Baionetas da Morte (1936)
  • A Vida Que te Dei (1938)
  • Sonetos (1938)
  • O Livro do Povo (1944)
  • Ódio e Amor (1947)
  • Fátima - Poema do Mundo (1955)
  • Ainda Não se Escreveu (1959)
  
Ficção
  • António (1933)
  • Isto Sucedeu Assim (1940)
  • Os Contos de António Botto (1942) - literatura infantil
  • Ele Que Diga Se Eu Minto (1945)
  
Teatro
  
in Wikipédia
  
Anda, Vem

Anda, vem… por que te negas,
Carne morena, toda perfume?
Por que te calas,
Por que esmoreces
Boca vermelha,- rosa de lume!

Se a luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos n'um beijo.

Dá-me o infinito gozo
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, - meu amor!

E ouve, mancebo alado,
Não entristeças, não penses,
— Sê contente,
Porque nem todo o prazer
Tem pecado…

Anda, vem… dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;

Tenho Saudades da vida!

Tenho sede dos teus beijos!


in
Canções (1932) - António Botto

O Exército ensaiou o 25 de Abril faz hoje 45 anos

(imagem daqui)
  
O Levantamento das Caldas, também referido como Intentona das Caldas, Revolta das Caldas ou Golpe das Caldas, foi uma tentativa de golpe de Estado frustrada, ocorrida em 16 de março de 1974, em Portugal. O golpe foi descrito como "uma tentativa de avançar com o golpe que não foi devidamente preparada", tendo sido precursor da Revolução dos Cravos que, a 25 de Abril seguinte, derrubou o regime ditatorial do Estado Novo Português. É referido, por vários autores, como o catalisador que aglutinou o oficialato em torno do Movimento das Forças Armadas (MFA).
  
História
O movimento remonta à insatisfação, entre as Forças Armadas Portuguesas, com a Guerra Colonial, a falta de liberdade política e o atraso económico vivido pelo país.
A 22 de fevereiro de 1974 vem a público a obra "Portugal e o Futuro", do general António de Spínola, onde este defende que a solução para a guerra colonial deveria ser política e não militar.
Mais tarde, a 5 de março ocorre a reunião da Comissão Coordenadora do MFA. Foi lido, e decidido pôr a circular no seio do Movimento dos Capitães, o primeiro documento do Movimento contra o regime e a Guerra Colonial. Intitulava-se "Os Militares, as Forças Armadas e a Nação" e foi elaborado pelo major Ernesto Melo Antunes.
No mesmo mês, a 14, o Governo de Marcello Caetano demite os Generais António de Spínola e Francisco da Costa Gomes respectivamente dos cargos de Chefe e Vice-Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, alegando falta de comparência na cerimónia de solidariedade com o regime, levada a cabo pelos três ramos das Forças Armadas. A demissão dos dois generais virá a ser determinante na aceleração das operações militares contra o regime.
Desse modo, a 16 de março, apesar de originalmente estar prevista a participação de outras unidades militares, apenas o Regimento de Infantaria nº 5, das Caldas da Rainha, avançou para Lisboa, sob o comando do capitão Armando Marques Ramos. Isolado, o seu avanço foi sustado por unidades leais ao regime já às portas de Lisboa, sem derramamento de sangue.
Cerca de 200 homens, entre oficiais, sargentos e praças, foram detidos. Os oficiais, encarcerados na Trafaria, foram libertados no dia 25 de Abril.
  

A poetisa Natália Correia morreu há 26 anos

Natália Correia retratada por Bottelho
  
Natália de Oliveira Correia (Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de setembro de 1923 - Lisboa, 16 de março de 1993) foi uma intelectual, poeta (a própria recusava ser classificada como poetisa por entender que a poesia era assexuada) e activista social açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. Juntamente com José Saramago (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).
A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Foi uma figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.
  

O Poema
 
O poema não é o canto
que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo
é a rosa
e é aquilo que cresce.
 
É o pensamento que exclui
uma determinação
na fonte donde ele flui
e naquilo que descreve.
O poema é o que no homem
para lá do homem se atreve.
 
Os acontecimentos são pedras
e a poesia transcendê-las
na já longínqua noção
de descrevê-las.
 
E essa própria noção é só
uma saudade que se desvanece
na poesia. Pura intenção
de cantar o que não conhece.
 
in
"Poemas (1955) - Natália Correia

sexta-feira, março 15, 2019

Hitler anexou o que restou da República Checa há oitenta anos

O Protetorado da Boémia e Morávia foi um protectorado de maioria étnica checa, que a Alemanha nazi criou nas partes centrais da Boémia, Morávia e Silésia checa, no que é hoje a República Checa.
Adolf Hitler na sua visita ao Castelo de Praga depois do estabelecimento do protetorado alemão

Foi criado em 15 de março de 1939, por decreto do líder alemão Adolf Hitler, no Castelo de Praga, na sequência da declaração da República Eslovaca, independente a partir de 14 de março de 1939. A Boémia e a Morávia eram territórios autónomos administrados pelos nazis, que o governo alemão considerou parte do Grande Reich Alemão. A existência do Estado chegou ao fim com a rendição da Alemanha para os Aliados, no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Mike Love, o vocalista dos Beache Boys, faz hoje 78 anos

Michael Edward "Mike" Love (nascido a 15 de março de 1941 em Los Angeles, Califórnia) é um cantor e compositor dos Estados Unidos.
Juntamente com os seus primos, Brian, Carl e Dennis Wilson, e com o amigo de escola, Al Jardine, Mike Love fez parte da formação da banda The Beach Boys em 1961, onde atuou como vocalista principal de muitos sucessos, como "Surfin' Safari", "Surfin' USA", "Little Deuce Coupe", "Be True to Your School", "Fun, Fun, Fun", "Little Saint Nick", "I Get Around", "When I Grow Up (To Be a Man)" e "California Girls".
  
   

will.i.am aka Zuper Blahq - 44 anos

William James Adams Junior, estilizado como will.i.am, ocasionalmente conhecido como Zuper Blahq (Los Angeles, 15 de Março de 1975) é um rapper, compositor, cantor, ator, DJ e produtor musical norte-americano. will.i.am ganhou destaque na década de 90 como membro do grupo de hip hop Black Eyed Peas, juntamente com apl.de.ap, Taboo e, mais tarde, a cantora Fergie. Como produtor musical produziu outros artistas, incluindo Michael Jackson, Britney Spears, U2, Rihanna, Usher, Nicole Scherzinger, Justin Timberlake, Nicki Minaj, Cheryl Cole, 2NE1, Daddy Yankee e Juanes.
   
 

Rockwell - 55 anos!

(imagem daqui)
   
Rockwell, nome artístico de Kennedy William Gordy, é um cantor afro-americano de Rhythm & Blues (R&B), nascido em 15 de março de 1964, em Detroit, Michigan, nos Estados Unidos.
Rockwell é o filho de Berry Gordy, fundador da gravadora Motown mas, ao contrário do que se poderia pensar, seu pai não teve influência no contrato do filho. De facto, para evitar a proteção paterna, Rockwell escondeu do pai até ao último momento as suas negociações com a Motown.
Assim, em 1984, Rockwell lança o álbum Somebody's Watching Me, cuja faixa-título contava com a participação dos seus amigos Michael Jackson e Jermaine Jackson nos coros do refrão. Somebody's Watching Me alcançou o Top 10 dos Estados Unidos e na Inglaterra e chegou à posição de número 1 como melhor canção R&B. Neste mesmo álbum, teve muito sucesso com a faixa romântica Knife.
Foi após o estrondoso sucesso de Somebody's Watching Me que Berry descobriu, ao ver a capa do disco, que o tal Rockwell era seu próprio filho.
Versões covers da canção sucederam-se ao redor do planeta. Royal Gigolos interpretou a sua própria versão em agosto de 2005. Outro cover de Somebody's Watching Me também fez sucesso, em março de 2006, com o grupo de dance music Beatfreakz. Antes, na década de 1990, o suíço DJ Bobo já havia utilizado a canção (adicionando alguns versos "rap") no seu álbum de estreia.
  
    

Hoje é o dia dos idos de março de que Júlio César não se acautelou...

Caio Júlio César (em latim: Caius ou Gaius Iulius Caesar ou IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS; 13 de julho, 100 a.C.15 de março de 44 a.C.), foi um patrício, líder militar e político romano que desempenhou um papel crítico na transformação da República Romana no Império Romano.
As suas conquistas na Gália estenderam o domínio romano até o oceano Atlântico: um feito de consequências dramáticas na história da Europa. No fim da vida, lutou numa guerra civil com a facção conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos optimates, tornou-se ditador (no conceito romano do termo) vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e económicas em Roma.
O seu assassinato, nos idos de março (15 de março)  de 44 a.C., por um grupo de senadores, travou o seu trabalho e abriu caminho a uma instabilidade política que viria a culminar no fim da República e início do Império Romano. Os feitos militares de César são conhecidos através do seu próprio punho e de relatos de autores como Suetónio e Plutarco.

Assassinato de César, 1865, Karl Theodor von Piloty, Hanover
   
in Wikipédia

quinta-feira, março 14, 2019

Vítor Emanuel I, o primeiro Rei da Itália unificada, nasceu há 199 anos

Vítor Emanuel II da Sardenha ou Vítor Emanuel I da Itália (em italiano: Vittorio Emanuele di Savoia; Turim, 14 de março de 1820 - Roma, 9 de janeiro de 1878) foi o primeiro rei da Itália, de 1861 a 1878, após a unificação. Era membro da Casa de Saboia e foi, de 1849 a 1861, rei da Sardenha, que então englobava, além da ilha de Sardenha, o Piemonte e Saboia.
  
(...)
  
Com a morte de Vítor Emanuel II em 9 de janeiro de 1878, subiu ao trono do Reino de Itália seu filho Humberto I. Era ainda pai da princesa Maria Clotilde de Saboia,  do rei de Espanha Amadeu I, do príncipe  Otão, Duque de Montferrat e da Rainha de Portugal Maria Pia de Saboia.
A filha de Vítor Emanuel II, Maria Pia de Saboia, tornou-se rainha de Portugal, ao casar com o rei D. Luís I, em 1864. Era assim avô do Rei D. Carlos I de Bragança.



(imagem daqui)
   
Após a Itália ser unificada, em 1861, muitas das óperas de Verdi foram reinterpretadas como Risorgimento. Começando em Nápoles, em 1859, e espalhando-se por toda a Itália, o slogan "Viva VERDI" foi usado como um acróstico de Viva Vittorio Emanuele Re D'Italia (Viva Vitor Emanuel, Rei da Itália), referindo-se a Vítor Emanuel II da Itália, então rei da Sardenha.

O Rei Humberto I de Itália nasceu há 175 anos

Humberto Rainiero Carlos Emanuel João Maria Fernando Eugénio de Saboia, em italiano: Umberto Rainerio Carlo Emanuele Giovanni Maria Ferdinando Eugenio di Savoia (Turim, 14 de março de 1844 - Monza, 29 de julho de 1900), cognominado "o Rei Bom", foi o segundo rei da Itália.


Família
Umberto era o segundo filho (primeiro varão) do rei Vítor Emanuel II e da arquiduquesa Maria Teresa de Áustria-Toscana. Os seus avós paternos foram o rei Carlos Alberto da Sardenha e Maria Cristina da Saxônia; e seus avós maternos foram Fernando III, Grão-duque da Toscana e Luísa das Duas Sicílias. Entre seus irmãos estavam o rei Amadeu I de Espanha e D.ª Maria Pia, rainha-consorte de Portugal.

Primeiros anos
Desde a infância, Umberto teve uma formação essencialmente militar, tendo como tutores Massimo D'Azeglio, Pasquale Stanislao Mancini e o general Giuseppe Rossi, que formou o caráter e as ideias que sustentou durante seu reinado.
Iniciou a carreira militar propriamente dita em 1858, com a patente de capitão. Participou da Segunda Guerra de Independência Italiana - distinguindo-se na Batalha de Solferino, em 1859 - e da Terceira Guerra de Independência Italiana - onde, como comandante da XVI Divisão, teve importante atuação no conflito de Villafranca di Verona, em 24 de junho de 1866, na sequência da Derrota de Custoza.
Devido à revolta causada pelos Saboia em uma série de outras casas reais (as italianas e outras relacionadas a elas, como os Bourbon de Espanha e França) em 1859-1860, apenas uma pequena parcela da realeza estava disposta a estabelecer relações com a família reinante do recém criado Reino da Itália, o que tornou a procura por uma noiva real para os filhos de Vítor Emanuel II uma tarefa bastante difícil. O conflito da família com a Igreja Católica após a anexação dos Estados Pontifícios dificultou ainda mais as negociações de casamento com pretendentes católicas.
Inicialmente, acertou-se o casamento de Umberto com a arquiduquesa Matilde de Áustria-Teschen, descendente de um ramo colateral da Casa de Habsburgo. No entanto, a arquiduquesa morreu aos dezoito anos de idade, vítima de um trágico acidente. O príncipe-herdeiro acabou casando-se com a princesa Margarida de Saboia, sua prima em primeiro grau, em 21 de abril de 1868. Margarida foi uma das raras princesas, entre todas as casas reais da Europa, com disponibilidade para contrair matrimónio com um membro da desprezada família Saboia (da qual ela também fazia parte). O casal teve um único filho, o futuro Vítor Emanuel III.

Reinado
Ascendeu ao trono com a morte do pai, em 9 de janeiro de 1878. O novo rei adotou o título de "Umberto I da Itália", em vez de "Umberto IV" (de Saboia), e permitiu que os restos mortais de Vítor Emanuel II fossem sepultados no Panteão de Roma, em vez da cripta real da Basílica de Superga, reforçando a ideia de uma Itália unificada.

Primeira tentativa de assassinato
Durante uma viagem a Nápoles, a 17 de novembro de 1878, Umberto desfilava num carro aberto acompanhado do primeiro-ministro Benedetto Cairoli quando foi atacado pelo anarquista Giovanni Passannante. O rei repeliu o golpe com seu sabre, mas Cairoli, ao tentar defendê-lo, foi gravemente ferido na coxa. O pretenso assassino foi condenado à morte, embora a lei só permitisse tal condenação em caso de morte do rei. Umberto comutou a sentença em trabalhos forçados perpétuos, que Passanante cumpriu numa cela de apenas 1,4 metros de altura, sem saneamento e com 18 quilos de correntes em seu corpo. O anarquista viria a morrer em uma instituição psiquiátrica .

Política externa
Na política externa, Umberto I aprovou a Tríplice Aliança com a Áustria-Hungria e a Alemanha, visitando Viena e Berlim diversas vezes. Muitos na Itália, no entanto, desaprovavam e viam com hostilidade uma aliança com seus antigos inimigos austríacos, que ainda ocupavam áreas reivindicadas pela Itália.
Umberto também foi favorável à política de expansão colonial iniciada em 1885 com a ocupação de Massaua, na Eritreia, e da Somália. Umberto I aspirava um vasto império no nordeste da África, mas sofreu uma desastrosa derrota na Batalha de Adwa, na Etiópia, em 1 de março de 1896.
No verão de 1900 as forças italianas, que compunham a Aliança das Oito Nações, participaram da Revolta dos Boxers, na China imperial. Através do Protocolo de Boxer, assinado após a morte de Umberto, o Reino da Itália recebeu a concessão do território de Tianjin, no nordeste da China.
Nas relações com a Santa Sé, Umberto declarou, em um telegrama de 1886, Roma "intocável" e afirmou a permanência da posse italiana da "Cidade Eterna".

Desordem
O reinado de Umberto I corresponde a uma época de revolução social, embora fosse afirmado mais tarde que tenha sido uma tranquila belle époque. Tensões sociais decorrentes da ocupação relativamente recente do Reino das Duas Sicílias, a disseminação de ideias socialistas, a hostilidade do povo em relação aos planos colonialistas de vários gabinetes - especialmente o de Francesco Crispi - e a repressão às liberdades civis. Entre os opositores estava o jovem Benito Mussolini, então membro do partido socialista. Em 22 de abril de 1897, Umberto I foi atacado novamente, por Pietro Acciarito, um ferreiro desempregado, que tentou esfaqueá-lo perto de Roma.

Massacre de Bava Beccaris
O rei foi duramente criticado pela oposição socialista e anarquista-republicana por ter concedido a grã-cruz da Ordem Militar de Saboia ao general Fiorenzo Bava Beccaris que, em 7 de maio de 1898, ordenou o uso de canhões contra a multidão que participava do chamado "Motim de Milão" (também conhecido como o protesto do estômago), uma manifestação popular provocada pela grande alta no custo dos cereais. Sob as ordens de Bava Beccaris, o exército protagonizou um massacre com pelo menos uma centena de mortos e mais de 500 feridos, segundo estimativas da polícia da época, embora alguns historiadores considerem que essas estimativas tenham sido subestimadas.
Após os eventos em Milão, o governo do general Luigi Pelloux tomou um rumo autoritário, preparando-se para dissolver as organizações socialistas e radicais católicas e limitar a liberdade de imprensa e de reunião. Esta atitude, no entanto, foi vetada pelo parlamento, onde os socialistas conseguiram forçar Pelloux a dissolver o governo e convocar novas eleições, com avanço acentuado da esquerda.
Pelloux renunciou e Umberto I, em respeito à legislação vigente, nomeou Giuseppe Saracco como presidente do conselho de ministros, que deu início a uma política de reconciliação nacional. A concessão da condecoração ao general Bava Beccaris foi a causa do último e fatal ataque ao monarca, por Gaetano Bresci.

O atentado fatal
Em 29 de julho de 1900, Umberto I foi convidado a Monza para participar de uma cerimónia de entrega de prémios organizada pela Società Ginnastica Monzese Forti e Liberi, evento que contou com equipes de atletas de Trento e Trieste. Embora ele costumasse usar uma cota de malha de proteção sob a camisa, decidiu não usá-la naquele dia, por causa do calor, atitude que contrariava as instruções de seus agentes de segurança. Entre os populares que o saudavam também se encontrava Gaetano Bresci, com um revólver no bolso.
O rei permaneceu no local por cerca de uma hora e, segundo testemunhas, estava de bom humor: "Entre esses jovens inteligentes me sinto rejuvenescido.", teria declarado. Ele decidiu retornar ao palácio da Villa Reale di Monza por volta de 22.30 horas, caminhando entre a multidão e a banda de música, que iniciava a "Marcha Real".
Aproveitando-se da confusão, Bresci postou-se à frente do rei e disparou três tiros. Umberto, baleado no ombro, pulmão e coração, dirigiu-se ao general Ponzio Vaglia: "Vamos, acho que estou ferido!".
Logo após, a polícia prendeu Brescia (que não ofereceu nenhuma resistência), livrando-o do linchamento pela multidão. Enquanto isso, a carruagem chegava à Villa Reale onde a rainha, já avisada do ocorrido gritava: "Façam algo, salvem o rei!" Mas nada mais podia ser feito, o rei já estava morto.
O seu corpo foi sepultado Panteão de Roma, em 13 de agosto. Bresci foi julgado e condenado à morte por regicídio em 29 de agosto, mas a condenação foi comutada em prisão perpétua pelo novo rei, Vítor Emanuel III. Bresci morreu em 22 de maio de 1901.