Conheci o Rui Knopfli em Londres, em 1990. Conselheiro de imprensa da Embaixada de Portugal desde 1975, era uma figura prematuramente frágil, nos seus 58 anos de então. Vergado e cansado, pendurado num eterno cigarro, tinha o mais caótico gabinete de que tenho memória. Homem de vícios que o foram debilitando, mantinha uma ironia cáustica e, sendo de trato fácil, era de condução diária difícil, pelos corredores da rotina diplomática a que nunca se acomodara verdadeiramente.Eternizado em posto em Londres, aposto que olhava para nós, companheiros episódicos, saídos da "carreira", com o olho arguto do artista, estudando-nos para nos sobreviver, até que fôssemos substituídos. Várias vezes "me passei" com os seus descuidos, das tropelias do eterno cão às suas frequentes ausências, para além de algumas teimosas presenças ainda mais complicadas. Mas nunca me zanguei com ele. Ficámos amigos, creio.O Rui era um fotógrafo magnífico - vale a pena ver o seu livro sobre a ilha de Moçambique - e tinha um ouvido apurado e atento ao jazz, área onde me deu a conhecer algumas excelentes novidades. Da sua terra moçambicana, contava histórias interessantes e divertidas, tributárias desse mundo que sempre lhe ficou nos genes e na escrita. Como ele próprio dizia: "Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doença incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuinamente portugueses mascara-se a doença, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo".Rui Knopfli foi um grande poeta, português e moçambicano. A sua "Obra Poética" está publicada pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda, com um prefácio magistral do Luis de Sousa Rebelo, há meses desaparecido. Para abrir o apetite à sua leitura, nestes tempos de férias, deixo aqui o seu delicioso (e trágico) "Justerini & Brooks":Este punhal de veludo,
esta fria estalactite,
esta cicuta tão lenta
e que tão profundamente
fere. Esta lâmina
líquida, doirada,
este filtro parecido ao sol,
este rarefeito odor simultâneo
ao fumo, à água, à pedra.
Este adormecer antes do sono,
só preâmbulo da vigília,
que é o gélido acordar
da imaginação para
as fronteiras dormentes
do horizonte protelado.
Este trajecto subterrâneo e húmido
pelos túneis do infortúnio,
que é o adiar moroso
da morte, no prolongar
silencioso da vida,
lágrimas da noite tornadas
pranto da madrugada,
rumor débil e distante
brandindo já no sangue
o endurecer das artérias.Rui Kopfli morreu em Lisboa, em 1997.
terça-feira, agosto 10, 2010
Rui Knopfli
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Rui Knopfli nasceu há 78 anos
Rui Manuel Correia Knopfli (Inhambane, Moçambique, 10 de Agosto de 1932 - Lisboa, 25 de Dezembro de 1997) foi um poeta, jornalista e crítico literário e de cinema.Fez os seus estudos na África do Sul e iniciou uma carreira muito activa na então cidade de Lourenço Marques (actual Maputo).Deixou Moçambique em 1975. A nacionalidade portuguesa não impediu que a sua alma fosse assumidamente africana. Tem colaboração dispersa por vários jornais e revistas e publicou alguns livros. Desempenhou funções de adido cultural na Embaixada Portuguesa em Londres.
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Velho Colono
Sentado no banco cinzento
entre as alamedas sombreadas do parque.
Ali sentado só, àquela hora da tardinha,
ele e o tempo. O passado certamente,
que o futuro causa arrepios de inquietação.
Pois se tem o ar de ser já tão curto,
o futuro. Sós, ele e o passado,
os dois ali sentados no banco de cimento.
Há pássaros chilreando no arvoredo,
certamente. E, nas sombras mais densas
e frescas, namorados que se beijam
e se acariciam febrilmente. E crianças
rolando na relva e rindo tontamente.
Em redor há todo o mundo e a vida.
Ali está ele, ele e o passado,
sentados os dois no banco de frio cimento.
Ele a sombra e a névoa do olhar.
Ele, a bronquite e o latejar cansado
das artérias. Em volta os beijos húmidos,
as frescas gargalhadas, tintas de Outono
próximo na folhagem e o tempo.
O tempo que cada qual, a seu modo,
vai aproveitando.
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Marcadores: Moçambique, poesia, Rui Knopfli
segunda-feira, agosto 09, 2010
O bombardeamento de Nagasaki foi há 65 anos
Em 2004 a cidade tinha uma população estimada em 447 419 habitantes e uma densidade populacional de 1 320,91 h/km². Tem uma área total de 338.72 km².É um importante porto do sudoeste do Japão, sendo capital da província do mesmo nome e constituindo um grande centro industrial.(...)Em 1570 os navegadores portugueses — que aportaram pela primeira vez no Japão em 1543 — fundaram a cidade de Nagasaki, na baía do mesmo nome, onde passaram a habitar. Criaram um centro comercial que durante muitos anos foi a porta do Japão para o mundo, um porto comercial para os ingleses, holandeses, coreanos e chineses. Mas em 1637 devido a uma grande reacção interna, os portugueses foram expulsos, e também outros povos ao longo do século XVII . Dotada pela natureza de um belo porto natural, esta cidade foi o cenário da ópera "Madame Butterfly" de Giacomo Puccini. Apesar disso, a cidade de Nagasaki só ficou mundialmente conhecida em 1945, por ter sido quase totalmente destruída no dia 9 de Agosto, após sofrer um ataque com a segunda bomba atómica, lançada pelos Estados Unidos.in Wikipédia
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Marcadores: bomba atómica, Japão, Nagasaki
sábado, agosto 07, 2010
Caetano Veloso nasceu há 68 anos!
Caetano Emanuel Viana Teles Veloso (Santo Amaro da Purificação, 7 de Agosto de 1942) é um músico e escritor brasileiro.
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sexta-feira, agosto 06, 2010
A Lei da Rolha e a triste Rainha da Inglaterra
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Marcadores: ética, PGR, Pinto Monteiro, Rainha de Inglaterra
O primeiro bombardeamento nuclear foi há 65 anos
Enola gay, you should have stayed at home yesterday
Aha words can't describe the feeling and the way you lied
These games you play, they're gonna end it more than tears someday
Aha enola gay, it shouldn't ever have to end this way
It's 8:15, and that's the time that it's always been
We got your message on the radio, conditions normal and you're coming home
Enola gay, is mother proud of little boy today
Aha this kiss you give, it's never ever gonna fade away
Enola gay, it shouldn't ever have to end this way
Aha enola gay, it shouldn't fade in our dreams away
It's 8:15, and that's the time that it's always been
We got your message on the radio, conditions normal and you're coming home
Enola gay, is mother proud of little boy today
Aha this kiss you give, it's never ever gonna fade away
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Marcadores: 1945, bomba atómica, Enola Gay, Hiroshima, II Grande Guerra
quinta-feira, agosto 05, 2010
Dia em Coimbra
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Marcadores: Coimbra, Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra, Universidade de Coimbra
Sobre a destruição do património paleontológico açoriano
Recebido via e-mail de amigos açorianos:
Os Amigos dos Açores – Associação Ecológica manifestam a premência da criação de um instrumento legal que regulamente a visitação das jazidas fossilíferas, as actividades de extracção de fósseis para fins científicos e o respectivo transporte e musealização, e respectiva fiscalização. Só com estes mecanismos bem definidos e postos em prática se garantirá que as gerações futuras terão o direito de compreender in loco a singularidade geológica e paleontológica da ilha de Santa Maria.
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Marcadores: Açores, Amigos dos Açores, Paleontologia, Santa Maria
quarta-feira, agosto 04, 2010
O mito de El-Rei D. Sebastião começou há 432 anos
D. Sebastião I de Portugal (Lisboa, 20 de Janeiro de 1554 - Alcácer-Quibir, 4 de Agosto de 1578) foi o décimo sexto rei de Portugal, cognominado O Desejado por ser o herdeiro esperado da Dinastia de Avis, mais tarde nomeado O Encoberto ou O Adormecido. Foi o sétimo rei da Dinastia de Avis, neto do rei João III de quem herdou o trono com apenas três anos. A regência foi assegurada pela sua avó Catarina da Áustria e pelo Cardeal Henrique de Évora. Aos 14 anos assumiu a governação manifestando grande fervor religioso e militar. Solicitado a cessar as ameaças às costas portuguesas e motivado a reviver as glórias do passado, decidiu a montar um esforço militar em Marrocos, planeando uma cruzada após Mulei Mohammed ter solicitado a sua ajuda para recuperar o trono. A derrota portuguesa na batalha de Alcácer-Quibir em 1578 levou ao desaparecimento de D. Sebastião em combate e da nata da nobreza, iniciando a crise dinástica de 1580 que levou à perda da independência para a dinastia Filipina e ao nascimento do mito do Sebastianismo.(...)Desaparecimento e lendaNa batalha de Alcácer-Quibir, o campo dos três reis, os portugueses sofreram uma derrota às mãos do sultão Abd al-Malik (Mulei Moluco) e perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a Sebastião, provavelmente morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Mas para o povo português de então o rei havia apenas desaparecido. Este desastre teria as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes ainda mais agravou as dificuldades financeiras do país.Em 1582, Filipe I de Portugal, mandou transladar para o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa um corpo que alegava ser o do rei desaparecido, na esperança de acabar com o sebastianismo, o que não resultou, nem se pôde comprovar ser o corpo realmente o de Sebastião I. O Túmulo de Mármore que repousa sobre dois elefantes, pode ainda hoje ser observado em Lisboa. A dúvida que persiste há mais de 425 anos poderia provavelmente hoje ser resolvida com um simples teste de ADN.Tornou-se então numa lenda do grande patriota português - o "rei dormente" (ou um Messias) que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias, uma imagem semelhante à que o Rei Artur tem em Inglaterra ou Frederico Barbarossa na Alemanha.Durante o subsequente domínio espanhol (1580-1640) da coroa portuguesa, três pretendentes afirmaram ser o rei D. Sebastião, tendo o último deles - o italiano Marco Tullio Catizone - sido enforcado em 1619.Já em fins do século XIX, no Brasil, lavradores sebastianistas no sertão da Baía acreditavam que o rei iria regressar para ajudá-los na luta contra a "república ateia brasileira", durante a chamada Guerra de Canudos.in Wikipédia
Postado por Fernando Martins às 17:10 0 bocas
Marcadores: A Lenda de El Rei D. Sebastião, anos 60, D. Sebastião, música, Quarteto 1111, sebastianismo
Idiotias ideológicas versus critérios científicos
Jus sanguinis
Fico preocupado quando percebo que a agenda ideológica do Governo se quer sobrepor aos critérios técnicos em temas sensíveis como a recolha de sangue.
Postado por Pedro Luna às 12:52 0 bocas
Marcadores: dadores de sangue, homossexuais, idiotas
terça-feira, agosto 03, 2010
Uma candidatura em banho-de-maria
UNESCO: candidatura dos icnofósseis de dinossauros da Península Ibérica estava incompleta
Os sítios dos icnofósseis dos dinossauros da Península Ibérica não foram incluídos na Lista do Património Mundial em análise na 34ª Sessão do Comité do Património Mundial, que decorre até amanhã em Brasília, mas sua candidatura voltará a ser analisada numa próxima reunião do Comité da UNESCO.
A decisão, tomada há pouco no âmbito da 34ª sessão do Comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), foi revelada à Lusa por fonte ligada ao património da Península Ibérica.
Segundo a mesma fonte, a decisão foi bem recebida pelos representantes de Portugal e Espanha na reunião, porque ainda há possibilidade da sua inclusão na Lista do Património Mundial.
De acordo com a assessoria da Unesco, o dossier da candidatura foi considerado incompleto e será devolvido aos Estados que fizeram o pedido de registo, para adicionarem outras informações.
Três dos locais dos icnofósseis de dinossauros encontram-se em território português e cerca de uma dezena em Espanha.
Os representantes de Portugal e Espanha já tinham dito à Lusa que não consideravam fácil a inserção daqueles vestígios na Lista do Património Mundial e, portanto, a decisão do Comité da UNESCO foi aplaudida pelas delegações da Península Ibérica.
O balanço dos novos sítios registados como Património da Humanidade será feito na tarde desta segunda-feira pelo presidente do Comité, o ministro brasileiro da Cultura, Juca Ferreira.
A 34ª Sessão do Comité do Património Mundial encerra no próximo dia 3.
Postado por Fernando Martins às 11:43 0 bocas
Marcadores: Dinossáurios, icnofóssil, Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios da Serra de Aire, Pegadas de Dinossáurios de Vale de Meios, UNESCO
Passeio pedestre em Rio Seco - fotos
Postado por Fernando Martins às 01:43 0 bocas
Marcadores: Falhas, Maunça, percursos pedestres, Reguengo do Fetal, Rio Seco, Torrinhas
segunda-feira, agosto 02, 2010
Da Gasolina à Escola Sem Chumbo
Postado por Fernando Martins às 23:38 0 bocas
Marcadores: chumbos, estupidez, Ministra da Educação, música, Traz outro amigo também, Zeca Afonso
A Rosinha dos Limões - Francisco José
Postado por Fernando Martins às 23:34 0 bocas
Marcadores: A Rosinha dos Limões, Francisco José, música
Geologia no Verão - mais uma actividade
Postado por Fernando Martins às 01:13 1 bocas
Marcadores: Geologia no Verão, Liga dos Amigos de Condeixa, Maciço Calcário de Sicó e Serra da Lousã, Serra do Sicó
domingo, agosto 01, 2010
Música dedicada a uma senhora e um senhor que querem facilitar a vida aos estudantes
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
Deixarmo-nos arrastar
É tão fácil
Deixar que as coisas apareçam
E é tão fácil
Haver alguém que nos puxe
E nós sempre de olhos fechados
Pela ganza
Deixarmo-nos ir
É tão fácil
Ir pela carneirada fora
É tão fácil
Deixar os outros ir primeiro
É tão fácil
Haver alguém que nos puxe
E nós sempre da mesma maneira
Acabamos por…
Ficar parados
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
É tão
É tão triste
É tão triste
É tão triste
Ser tudo tão fácil
É tão triste
As pessoas fáceis
É tão triste
Ser tudo tão fácil
E é tão difícil
Conquistarmos
Coisas por nossa própria vontade
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
É tão fácil
Postado por Fernando Martins às 11:21 0 bocas
Marcadores: 2007, Albino Almeida, É tão fácil, facilitismo, Isabel Alçada, Ministra da Educação, música, Xutos e Pontapés
Férias!
É amanha dia um de Agosto
E tudo em mim é um fogo posto
Sacola às costas, cantante na mão
Enterro os pés no calor do chão
É tanto o sol pelo caminho
Que vendo um, não me sinto sozinho
Todos os anos, em praias diferentes
Se buscam corpos sedosos e quentes
Adoro ver a praia dourada
O estranho brilho da areia molhada
Mergulho verde nas ondas do mar
Procuro o fundo p'ra lhe tocar
Estendido ao sol, sem nada dizer
Sorriso aberto de puro prazer
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sábado, julho 31, 2010
A falha geológica do Alqueva
LI HÁ DIAS que a barragem de Alqueva estava cheia até mais não. Sempre me interessei por este empreendimento e, nessa medida, acompanhei, com toda a atenção, a polémica em torno da existência de uma falha geológica mesmo sob o paredão da represa. Na opinião de muito boa gente, esta obra imensa representa o mais recente e talvez o mais grandioso e esperançoso abraço entre o Alentejo e o grande rio. Esperemos que os inconfessáveis interesses de alguns não estraguem as esperanças dos que aqui vivem e dos que, por todo o Portugal, esperam que este empreendimento contribua para levantar a economia do País.
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O cantor Francisco José morreu há 22 anos
Francisco José Galopim de Carvalho (Évora, 16 de Agosto de 1924 - Lisboa, 31 de Julho de 1988), foi um cantor português.
Francisco José ficou conhecido com a sua balada romântica Olhos Castanhos, lançada em 1951, e Guitarra Toca Baixinho, em 1973.
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