O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Era o filho mais novo de Sidónio de Freitas Branco Pais (Lisboa, Mercês, 11 de novembro de 1925 - Lisboa, São Mamede,
4 de dezembro de 2006) e de sua mulher e prima em 2.º e 3.º graus
(casados a 8 de novembro de 1951) Maria de Lourdes da Costa de Sousa de
Macedo Sassetti (15 de junho de 1929), de ascendência italiana. O seu pai era neto paterno de Sidónio Pais, sobrinho materno de Luís de Freitas Branco e Pedro de Freitas Branco, primo-irmão de João de Freitas Branco, bisneto do 1.º Conde de Vila Franca do Campo e sobrinho-trineto do 1.º Visconde das Nogueiras.
A sua mãe era prima-sobrinha de Luís de Freitas Branco e Pedro de
Freitas Branco, prima em 2.º grau de João de Freitas Branco, bisneta do
5.º Visconde de Mesquitela e 3.º Conde de Mesquitela e sobrinha-trineta do 1.º Visconde das Nogueiras.
Iniciou os seus estudos de piano
clássico aos nove anos com a professora Maria Fernanda Costa e,
mais tarde, com o professor António Menéres Barbosa, tendo frequentado
também a Academia dos Amadores de Música. Dedicou-se ao jazz,
estudando com Zé Eduardo, Horace Parlan e Sir Roland Hanna. Em 1987
começa a sua carreira profissional, em concertos e clubes locais, com o
quarteto de Carlos Martins e o Moreiras Jazztet; participa em inúmeros
festivais com músicos tais como Al Grey, John Stubblefield, Frank Lacy e
Andy Sheppard. Desde então, nos primeiros quinze anos de carreira,
apresenta-se por todo o mundo ao lado de Art Farmer, Kenny Wheeler, Freddie Hubbard, Paquito D'Rivera, Benny Golson, Curtis Fuller, Eddie Henderson, Charles McPherson, Steve Nelson, integrado na United Nations Orchestra e no quinteto de Guy Barker
com o qual gravou o CD "Into the blue" (Verve), nomeado para os Mercury
Awards 95- Ten álbuns of the year. Em novembro de 1997, também com Guy
Barker, gravou "What Love is", acompanhado pela Orquestra Filarmónica de Londres e tendo como convidado especial o cantor Sting.
Como compositor destacam-se as suites "Ecos de África", "Sons do
Brasil", "Mundos", "Fragments (Of Cinematic Illusion)", "Entropé" (para
piano e orquestra) e "4 Movimentos Soltos" (para piano, vibrafone,
marimba e orquestra). O seu primeiro trabalho discográfico como líder,
Salsetti (Groove/Movieplay), foi gravado em abril de 1994 com a
participação de Paquito D'Rivera, o segundo, Mundos (Emarcy/Polygram), em janeiro de 1996.
"Nocturno", lançado pela editora Clean Feed em 2002, foi distinguido com o 1.º Prémio Carlos Paredes. "Índigo" e "Livre" são outras das suas mais recentes gravações de piano solo para a mesma editora.
Bernardo Sassetti foi casado com a atriz Beatriz Batarda, com a qual teve duas filhas, Maria e Leonor Batarda Fernandes Sassetti Pais, de 8 e 6 anos, à data da sua morte.
Faleceu no dia 10 de maio de 2012, na sequência de uma queda de 20 metros duma falésia no Guincho.
A Capitania do Porto de Cascais recebeu uma chamada às 15.15 de
quinta-feira, 10 de maio, para socorrer “um indivíduo caído numas pedras a
norte da Praia do Abano”.
Música para cinema
Dedicava-se
regularmente à música para cinema, tendo realizado vários trabalhos, de
entre os quais se destaca a sua participação no filme do realizador Anthony Minguella - "The Talented Mr. Ripley" (Paramount/Miramax). Para este projeto gravou "My Funny Valentine" com o ator Matt Damon,
entre outros temas. Compôs igualmente, em parceria com o trompetista
Guy Barker, uma série de temas para serem apresentados na estreia deste filme realizada em Los Angeles, Nova Iorque, Chicago, Berlim, Paris Londres e Roma.
Os seus mais importantes trabalhos de composição para cinema são
os seguintes: "Maria do Mar" de Leitão Barros, "Facas e Anjos" de
Eduardo Guedes, "Quaresma" de José Álvaro Morais, "O Milagre Segundo
Salomé" de Mário Barroso, "A Costa dos Murmúrios" de Margarida Cardoso,
"Alice" de Marco Martins, o documentário "Noite em Branco" de Olivier
Blanc e a curta-metragem "As Terças da Bailarina Gorda" de Jeanne Waltz.
Como solista, participou também no filme "Pax" de Eduardo Guedes e na
curta-metragem "Bloodcount" de Bernard McLoughlan.
A sua composição mais conhecida é "Feelin' Alright", gravada pelos Traffic em 1968 e regravada por diversos outros artistas, incluindo Joe Cocker, que obteve enorme êxito com a sua versão em 1969.
Sid Vicious nasceu a 10 de maio de 1957, em Londres. Batizado como John
Simon Ritchie, era filho de um ex-guarda, John Ritchie, e de Anne
Randall, uma hippie,
o que o deixava à vontade. Alguns consideravam-no um pouco
problemático desde pequeno, sentia falta de atenção e fazia de tudo
para que todos olhassem para ele. A família morava em Lee Green e o seu
pai abandonou Anne logo após o seu nascimento.
Com 3 anos, John foi com a mãe para Ibiza
(ilha espanhola) com a ajuda financeira do pai. Anne vendia drogas
para sobreviver e, após perder o apoio financeiro do "ex", foi obrigada
a voltar para a Inglaterra com John.
Após o regresso de Ibiza, John e a mãe não tiveram uma residência fixa e
a mãe acabou casando com Christover Beverly, que morreu 6 meses
depois, antes mesmo de adotar a criança. Em 1971 (ou 1974 - varia
conforme a fonte) John mudou-se para Hackney (com ou sem a mãe, também
varia de acordo com a fonte). Segundo o que se conta, o garoto foi
estudar fotografia e arte e nessa época já tinha tido empregos
temporários e já tinha vendido LSD em concertos, para ajudar a mãe.
O encontro com Johnny Rotten
Em Hackney (bairro no nordeste de Londres), John conheceu John Joseph Lydon (que mais tarde se tornou Johnny Rotten),
John Wardle e John Gray, formando "o bando de Johns". Nessa época,
ficou bastante amigo de John Lydon e já eram considerados estranhos,
pois ele pintava os cabelos, influenciado por David Bowie.
Antes de ser Sid Vicious, John eram chamado de Sly e acabou trocando
seu apelido após levar uma mordida do roedor de John Lyndon, Sydney, e
chamá-lo de perverso (vicious significa perverso em inglês - daí surgiu
o nome Sid Vicious).
Sid e John andavam sempre estranhos e Sid inspirava-se muito em David Bowie. John não aguentava mais o fanatismo religioso da família e fugiu de casa, levando Sid com ele.
Abandonando a escola, Sid e o amigo passaram por diversos "squats"
(prédios abandonados que são invadidos por jovens, e que passaram a
ficar conhecidos por se tornarem centros culturais e de encontros
promovidos por punks) e acabaram ficando no apartamento de Linda Ashby, uma prostituta lésbica amiga deles.
Formação dos Sex Pistols
Nessa época, Sid vivia sem emprego fixo e a suas ideias anarquistas
começavam a surgir. A vida era difícil e, noutro canto da cidade, Malcom McLaren teve a brilhante ideia de criar uma banda (os Sex Pistols) para divulgar sua loja, a Sex, onde vendia roupas para interessados no rock e acessórios considerados "estranhos", que atraiam jovens como Sid e John.
Um dia, Sid e John chamaram a atenção de McLaren na Sex, pelo seu cabelo vermelho e estilo estranho. Os Sex Pistols precisava de um vocalista e Malcon convenceu Lydon a tentar preencher o cargo.
Foi cantando com uma jukebox a música "I'm Eighteen", de Alice Cooper que Lydon se tornou oficialmente vocalista da banda punk e Sid, que acompanhava de perto, se apaixonou de vez pelo estilo.
Sid substituiu David Bowie pelo estilo punk, que cada vez mais crescia, e, no primeiro festival punk, o 100 Club, em Oxford Street, apareceu como baterista da banda Siouxsie & The Banshees. O festival contava com outras bandas, tais como: Subway Seet, The Clash
e os próprios Sex Pistols. Mesmo nunca tendo tocado bateria, Sid
impressionou com a sua performance, que durou pouco, pois a banda foi
criada apenas para o evento. Após a bateria, Sid arriscou-se e passou a
vocalista da banda The Flowers of Romance, que também durou pouco.
Os Sex Pistols cresceram mas havia constantes disputas entre Johnny Rotten (Lydon já havia adquirido o novo nome nessa época) e o baixista Glen Matlock - que segundo o que dizem, era o único da banda que realmente sabia tocar.
Sex Pistols
Sem Matlock, Malcom foi atrás de Vicious para assumir a vaga de
baixista. Sid não sabia tocar mas compensava com o seu estilo e
aparência, o mais importante da banda. Em março de 1977, Sid entra para os Pistols e recusa a ajuda de Matlock para aprender a tocar baixo.
Como Sid não sabia tocar baixo, Jones (o guitarrista da banda) teve que
ajuda-lo em todas as músicas do álbum da banda, com exceção de
"Anarchy in the UK" que o Glen Matlock (baixista original da banda)
gravou.
Mesmo que não tivesse nenhum senso sobre como tocar, Sid era uma imagem publicitária enorme para os Pistols e
eles fecham um contrato com a A&M Records. Como a festa de
comemoração do novo contrato acabou em muita disputa e pancadaria (bem
ao estilo deles), pelo que a A&M cancelou tudo e eles ficaram
novamente sem gravadora.
Com os problemas causados pelas letras polémicas e desrespeito pelas
regras impostas pelo país e pela Rainha da Inglaterra (eles foram
proibidos de tocar em território inglês, pelo que fizeram um show num
barco, sob as águas da Inglaterra) e foram parar à cadeia. Eles
começaram a ser obrigados a tocar escondidos e a palavra "bollocks" no
encarte de seu disco (Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols) fez com que ele fosse retirado das lojas.
Para a felicidade de McLaren, os Sex Pistols deixavam notícias
por onde passavam. Porém, além de alguns problemas envolvendo Sid e
Nancy, as disputas entre os integrantes fez com que a banda finalmente
acabasse, em 1978, em São Francisco após a turnê americana.
Os outros integrantes dos Pistols nunca gostaram de Sid, pois achavam-no um idiota.
Sid e Nancy
Em novembro de 1977, Sid conheceu Nancy Spungen, por quem se apaixonou. Nancy era uma drogada que tentara a vida como prostituta em Nova York e que acabou apelidada de groupie,
por se aproximar de vários astros do rock. Ninguém gostava dela,
então ela arriscou a sua sorte em Inglaterra e foi parar ao
apartamento da sua amiga Linda, o mesmo de Sid e Johnny, na época em
que Sid entrou para os Sex Pistols.
Nancy já era viciada em heroína, enquanto Sid ainda era virgem.
Começaram a namorar, e Sid pediu a Nancy que lhe desse heroína,
afirmando que já sabia usar. Passou o dia inteiro a vomitar.
Nancy dividia um colchão com Sid no apartamento. Ela relata que lhe tirou a virgindade e o encantou.
Sid uniu-se a ela e aos seus amigos e se viciaram juntos na heroína
(ele já tinha a filosofia de vida de viver intensamente e morrer jovem).
Ele usava liamba e anfetaminas apenas para se divertir.
Os amigos de Sid tentaram ajudá-lo a sair da situação. Eles achavam que
afastá-lo de Nancy seria a solução. Malcon, sem sucesso, tentou
sequestrá-la, mas apenas conseguiu mantê-la fora da turnê americana. De
qualquer forma, Sid bebia e falava de Nancy o tempo todo durante a
turnê, o que comprova que a sua vontade era estar com Nancy.
Após o fim da banda, Sid foi morar com Nancy em Nova York, no hotel
Chelsea. Spungen tornou-se a sua manager em 1978. Chegou um momento em
que Sid estava convencido de que ele era a alma da banda e que poderia
muito bem seguir numa carreira a solo. Até fez uma versão da música My Way (de Paul Anka),
mas não foi muito longe. A carreira a solo de Sid fracassou
completamente e todo o dinheiro que conseguia era destinado ao vício em
heroína.
A morte de Nancy
Vicious e a namorada tinham constantes disputas e, em 12 ou 13 de
outubro, varia conforme a fonte, ele encontrou a sua namorada morta na
casa de banho, com uma facada no abdómen, no quarto nº100 onde
moravam. Uma das histórias, diz que Sid estava drogado e a matou.
Outra versão, envolve dinheiro desaparecido durante o assassinato e
conta que Nancy foi assassinada por um traficante que vivia no
apartamento. A terceira versão da história diz que Nancy, drogada, se
matou. Ela não esperava nada da vida e eles tinham feito um pacto de
suicídio.
Sid foi preso acusado de assassiná-la e, arrasado, tentou se matar
várias vezes na cadeia. Enquanto esteve lá, Sid escreveu poesias e
músicas para Nancy.
Juntando 30 mil dólares, a gravadora pagou a fiança e Sid foi
libertado. Dizem que ele era um bom compositor e que as letras escritas
na prisão nunca foram gravadas.
A recuperação de Sid e a sua morte
Após ser libertado, Sid começa a namorar Michelle Robinson e, mesmo estando com ela, ele envolveu-se com a namorada do irmão de Patti Smith,
Todd Smith. A história acaba com uma luta e Sid agridiu Todd com uma
garrafa de cerveja no rosto. Sid regressa à cadeia e mais uma vez sob
fiança, sai de lá após 55 dias, com liberdade condicional.
Todos acreditavam na desintoxicação de Sid mas, após uma festa de
homenagem pela sua libertação, na casa da sua mãe, ele fechou-se na casa
de banho e injetou uma grande dose de heroína. Foi achado morto,
deitado de costas na cama do apartamento de Michelle Robinson, na manhã
de 2 de fevereiro de 1979, aos 21 anos, de overdose de heroína.
Acredita-se que Sid havia roubado a droga à própria mãe (que tinha ido
para a prisão por posse de drogas). Uma das últimas pessoas que
estiveram com ele naquela noite foi Jerry Only o baixista do Misfits.
Após a morte, a sua mãe encontrou na sua jaqueta uma carta de suicida, que dizia:
We had a death pact, and I have to keep my half of the bargain.
Please bury me next to my baby in my leather jacket, jeans and
motorcycle boots. Goodbye.
(Nós fizemos um pacto de morte, e eu tenho que manter a minha
parte do acordo. Por favor, enterrem-me ao pé do meu amor com a minha
jaqueta, jeans e botas de motard. Adeus.)
- Sid Vicious
Pelo facto de Nancy ser judia e ter sido enterrada num cemitério
israelita, Vicious não foi autorizado a ser enterrado próximo de Nancy.
Ele foi cremado e conta-se que a sua mãe perdeu parte das suas cinzas
no aeroporto de Heathrow e depositou o resto no túmulo de Nancy,
contrariando as autoridades judaicas.
O seu romance com Nancy tornou-se a versão de Romeu e Julieta no mundo punk.
Cientistas revelam o rosto de um neandertal que viveu há 75 mil anos (e avisam que as descobertas podem não ficar por aqui)
Reconstrução do rosto de Neandertal que viveu há 75 mil anos
Uma mulher de 40 e
poucos anos foi enterrada numa gruta há 75 mil anos, numa vala escavada
para acolher o seu corpo. A sua mão esquerda estava enrolada debaixo da
cabeça e uma pedra atrás da cabeça pode ter sido colocada como almofada.
Conhecida
como Shanidar Z, em homenagem à caverna no Curdistão iraquiano onde foi
encontrada em 2018, a mulher era um neandertal, um tipo de humano
antigo que desapareceu há cerca de 40 mil anos.
Os cientistas que
estudam os seus restos mortais juntaram meticulosamente o crânio a
partir de 200 fragmentos de ossos, um processo que demorou nove meses.
Utilizaram os contornos do rosto e do crânio para guiar a reconstrução e
compreender como terá sido a sua aparência.
A
impressionante recriação é apresentada num novo documentário “Secrets
of the Neanderthals” (Segredos dos Neandertais) produzido pela BBC para a
Netflix, que já está disponível para transmissão.
Com
os contornos das sobrancelhas pronunciados e sem queixo, os crânios dos
neandertais são diferentes dos da nossa espécie, o Homo sapiens,
explica Emma Pomeroy, paleoantropóloga e professora associada do
departamento de arqueologia da Universidade de Cambridge, que
desenterrou o esqueleto e aparece no novo filme. A reconstrução facial
de Shanidar Z indica que essas diferenças podem não ter sido tão
acentuadas em vida,
“Há alguma liberdade
artística aqui, mas no centro está o crânio real e dados concretos sobre
o que sabemos acerca destas pessoas”, diz.
“Ela
na verdade tem um rosto bastante grande para o seu tamanho”, constata
Pomeroy. “Tem o contorno das sobrancelhas bastante grande, que
normalmente não veríamos, mas penso que vestida com roupas modernas
provavelmente não olharíamos duas vezes.”
Os
neandertais viveram na Europa, no Médio Oriente e nas montanhas da Ásia
Central durante cerca de 300 mil anos, sobrepondo-se aos humanos
modernos durante cerca de 30 mil anos. A análise do ADN dos seres
humanos atuais revela que, durante este período, os neandertais e o Homo
sapiens se encontraram ocasionalmente e cruzaram entre si.
A gruta de Shanidar no Curdistão iraquiano
foi escavada pela primeira vez na década de 50; foram aí encontrados
os restos mortais de mais de 10 neandertais
Nova análise
Quando
Pomeroy escavou o esqueleto pela primeira vez, o seu sexo não foi
imediatamente óbvio, porque apenas a metade superior do corpo estava
preservada. Faltavam-lhe os ossos pélvicos reveladores. A equipa que
inicialmente estudou os restos mortais baseou-se numa técnica
relativamente nova que envolve a sequência de proteínas no interior do
esmalte dos dentes para determinar o sexo de Shanidar Z, que é revelado
pela primeira vez no documentário.
Os investigadores das
universidades de Cambridge e Liverpool estimam a altura do espécime em
cerca de 1,5 metros, comparando o comprimento e o diâmetro dos ossos do
braço com dados relativos a humanos modernos. Uma análise do desgaste
dos dentes e dos ossos sugeriu que tinha cerca de 40 anos na altura da
sua morte.
“É uma
estimativa razoável, mas não podemos ter 100% de certeza, na realidade,
de que não eram mais velhos”, afirma Pomeroy. “O que podemos dizer é
que se trata de alguém que viveu uma vida relativamente longa. Para essa
sociedade, teria sido provavelmente muito importante em termos de
conhecimentos e experiência de vida”.
O crânio foi encontrado esmagado e
fragmentado em 200 pedaços; reconstruí-lo foi um “quebra-cabeças 3D de
alto risco”, diz Pomeroy
A gruta onde Shanidar Z foi enterrada é bem conhecida entre os
arqueólogos porque uma sepultura neandertal aí descoberta em 1960 levou
os investigadores a acreditar que os neandertais poderiam ter enterrado
os seus mortos com flores - o primeiro desafio à visão predominante de
que os antigos humanos eram tontos e brutos. Investigações posteriores
da equipa de Pomeroy lançaram, contudo, dúvidas sobre a teoria do
enterro de flores.
m vez disso, suspeitam que o pólen descoberto entre as sepulturas pode ter chegado através de abelhas polinizadoras.
Ainda
assim, ao longo dos anos, os cientistas têm encontrado cada vez mais
provas da inteligência, sofisticação e complexidade dos neandertais,
incluindo arte, cordas e ferramentas.
Os
neandertais regressavam repetidamente à Gruta de Shanidar para enterrar
os seus mortos. Os restos mortais de 10 deles foram desenterrados no
local, metade dos quais parecem ter sido sepultados deliberadamente em
série, segundo a investigação.
Os
neandertais podem não ter honrado os seus mortos com ramos de flores,
mas os habitantes da Gruta de Shanidar eram provavelmente uma espécie
empática, sugere a investigação. Por exemplo, um neandertal macho ali
enterrado era surdo e tinha um braço paralisado bem como um traumatismo
craniano, que provavelmente o tornava parcialmente cego, mas viveu muito
tempo, pelo que deve ter sido tratado com carinho, de acordo com o
estudo.
Shanidar
Z é o primeiro neandertal encontrado na caverna em mais de 50 anos,
conta Pomeroy, mas o local ainda pode render mais descobertas. Durante
as filmagens do documentário em 2022, Pomeroy encontrou uma omoplata
esquerda, alguns ossos das costelas e uma mão direita pertencente a
outro neandertal.
“Penso
que a nossa interpretação neste momento”, diz, “é que, na verdade,
estes são provavelmente os restos mortais de um único indivíduo, que
depois foi mexido”.
Os paleoartistas holandeses Adrie e Alfons Kennis criaram uma reconstrução facial da mulher de Neandertal para o documentário
Reconstruir o crânio
Pomeroy
descreve a reconstrução do crânio de Shanidar Z, que tinha sido
esmagado relativamente pouco tempo depois da morte, como um “puzzle 3D
de alto risco”. Os ossos fossilizados foram endurecidos com uma
substância semelhante a cola, removidos em pequenos blocos de sedimentos
da caverna e embrulhados em papel de alumínio antes de os
investigadores os enviarem para a Universidade de Cambridge para
análise.
No
laboratório de Cambridge, os investigadores fizeram microtomografias de
cada bloco e utilizaram-nas para orientar a extração dos fragmentos de
osso. A colega de Pomeroy, Lucía López-Polín, uma conservadora
arqueológica do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução
Social, em Espanha, juntou mais de 200 pedaços de crânio a olho nu para
lhe devolver a forma original.
A
equipa digitalizou e imprimiu em 3D o crânio recriado, que serviu de
base a uma cabeça reconstruída feita pelos paleoartistas holandeses
Adrie e Alfons Kennis, irmãos gémeos que construíram camadas de músculo
fabricado e de pele para revelar o rosto de Shanidar Z.
Pomeroy garante que a reconstrução ajudou a “preencher a lacuna entre a anatomia e os 75 mil anos de tempo”.
Em 1973 lançou a sua primeira música de sucesso, "Piano Man".
De acordo com o RIAA, Joel é o sexto artista que mais vendeu nos Estados Unidos, com 78,5 milhões de discos.
Joel tem 10 músicas de sucesso entre os anos 70, 80, e 90; ganhou o Grammy 6 vezes e teve 23 nomeações e já vendeu mais de 150 milhões de álbuns pelo mundo fora. Foi incluído no Songwriters Hall of Fame em 1992, no Rock and Roll Hall of Fame, e no Long Island Music Hall of Fame. Parou de gravar música pop em 1993 mas continuou com turnês (algumas vezes com Elton John). Em 2001 lançou Fantasies & Delusions, um CD com composições clássicas para piano. Em 2007 voltou a gravar um single intitulado "All My Life", seguido de uma extensa turnê (2006-2009) indo a muitas das maiores cidades do mundo.
A coletânea "Greatest Hits Volume I & Volume II" é o disco duplo mais vendido de todos os tempos, segundo lista da RIAA.
Em março de 2009, Joel voltou aos palcos com a popular turnê Face to Face com o amigo Elton John.
Os dois artistas apresentarem-se juntos pela primeira vez em 1994,
mas não tinham voltado com uma turnê desde maio de 2003. A turnê
terminou em março de 2010 e atualmente não há novas datas, embora Joel,
que firmou o desejo de descansar em 2010, ter dito à revista Rolling Stone: "Nós provavelmente vamos voltar. É sempre divertido tocar com ele."
O dia da Europa ou dia da União Europeia é uma data comemorativa celebrada anualmente na Europa (ou na União Europeia) no dia 9 de maio. A data escolhida reflete o dia 9 de maio de 1950 em que o estadistafrancêsRobert Schuman avançou com a proposta de uma entidade europeia supranacional. Essa proposta ficou conhecida como a Declaração Schuman e é considerada o embrião da atual União Europeia.
O Dia da Europa é, juntamente com a bandeira, o hino, o lema (Unida na Diversidade) e o euro, um dos símbolos da identidade comum da União Europeia.
Os festejos e atividades deste dia proporcionam uma oportunidade de
aproximação dos cidadãos europeus ao conceito de Europa unida e dos
povos da União entre si.
António Bernardo da Costa Cabral (Fornos de Algodres, Algodres, 9 de maio de 1803 - Porto, 1 de setembro de 1889), 1.º conde e 1.º marquês de Tomar, mais conhecido simplesmente por Costa Cabral, foi um políticoportuguês que, entre outros cargos e funções, foi deputado, par do Reino, conselheiro de Estado efetivo, ministro da Justiça e Negócios Eclesiásticos, ministro do Reino e presidente do Conselho de Ministros. Defensor da Revolução de Setembro
de 1836, a sua conduta política evoluiu num sentido mais moderado e,
depois de nomeado administrador de Lisboa, foi o principal obreiro da
dissolução da Guarda Nacional. Durante o seu primeiro mandato na
presidência do ministério, num período que ficaria conhecido pelo Cabralismo, empreendeu um ambicioso plano de reforma do Estado, lançando os fundamentos do moderno Estado português. Considerado um valido da rainha D. Maria II, apesar das suas origens modestas, foi feito conde de Tomar e depois elevado a marquês de Tomar.
Foi uma das figuras mais controversas do período de consolidação do
regime liberal, admirado pelo seu talento reformador, mas vilipendiado e
acusado de corrupção e nepotismo por muitos. Foi obrigado a exilar-se em Madrid na sequência da Revolução da Maria da Fonte,
mas voltaria poucos anos depois, demonstrando uma extraordinária
capacidade de recuperação e persistência, a ocupar a chefia do governo.
A figura preponderante deste estadista na política portuguesa durante
a primeira fase da monarquia constitucional permite afirmar que em
torno dela girou toda a política de consolidação institucional do
liberalismo que caracterizou o reinado de D. Maria II.
José Ortega y Gasset nasceu em Madrid (Espanha), no dia 9 de maio de 1883.
A família de sua mãe, Dolores Gasset, era proprietária do jornal “El
Imparcial”. O seu pai, José Ortega Munilla, era jornalista e diretor desse
jornal (um dos familiares do filósofo fundou o diário El País, um dos
mais conhecidos da Europa.
Quando criança, Ortega y Gasset estudou em Madrid, mas foi enviado
cedo, pela família, para estudar num colégio de jesuítas em Málaga, facto ao qual o filósofo atribui a sua forte reação a esse tipo de educação e ao projeto pessoal de reforma da filosofia.
Formou-se e doutorou-se em Filosofia na Universidade Central de Madrid em 1904, após breve passagem pela Universidade de Deusto, em Bilbao. Dali seguiu para a Alemanha,
onde viria a sofrer, na primeira etapa de sua filosofia, a influência
da escola de Marburgo, que tinha por figuras principais Hermann Cohen e
Paul Natorp com forte inclinação pelo idealismo, o qual Ortega iria combater fortemente, passado algum tempo.
Em 1910 obtém a cátedra de Metafísica na Universidade Central de Madrid. Em 1914 publica o seu primeiro livro Meditaciones del Quijote. Em 1917 torna-se colaborador do jornal El Sol, onde publicaria os seus ensaios España invertebrada (1921) e La rebelión de las masas (1930). Funda a Revista de Occidente em 1923, responsável por traduzir e comentar grandes autores contemporâneos da Filosofia, como Edmund Husserl, Oswald Spengler, Georg Simmel, Hans Driesch e Bertrand Russell.
Após desentender-se com a ditadura espanhola (em 1929 chega a demitir-se da sua cátedra universitária), exila-se na Argentina. Durante o seu exílio voluntário, de 1936 a 1945, em plena Guerra Civil Espanhola e II Guerra Mundial,
Ortega y Gasset viveu num longo e famoso silêncio em relação aos
conturbados tempos políticos de seu país, sobre o qual muitos acharam
motivos para o acusar. No entanto, pelo menos para o sociólogo brasileiro Hélio Jaguaribe – um dos mais conhecidos comentadores do autor no Brasil
– no prefácio à sua obra História como Sistema, diz que na
maior parte do tempo o filósofo espanhol foi como que um educador do seu
povo, a partir de uma profunda convicção de que o que importa, antes de
tudo, é a lucidez e a compreensão do mundo para operar nele. Essa
alternância entre o empenhamento e o distanciamento crítico configurará
as principais fases da existência de Ortega y Gasset. Regressa à Espanha
em 1948 e, em 1955, é-lhe diagnosticado um cancro, falecendo no dia 18 de outubro daquele ano.
Na sua vasta obra, onde claramente se perpetua a herança naturalista de oitocentos, ou naquela em que se afirma já um receituário atualizado, pela emergência da estética art déco, como o denuncia a floreira decorativa da Avenida dos Aliados,
é manifesta a convergência de uma singular harmonia de linhas e de
volumes, de uma correta euritmia e de uma expressividade naturalista
que confere às obras uma imensa serenidade.
Após o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918, os Habsburgos foram depostos com a formação de novos países, tais como a Áustria, a Hungria e a Checoslováquia. Carlos e Zita partiram em exílio para a Suíça e, mais tarde, para a ilha da Madeira, onde Carlos morreu, em 1922. Após a morte de seu marido, Zita e seu filho Oto tornaram-se símbolos de unidade da dinastia exilada.
Uma católica devota, ela criou uma grande família sozinha, tendo
ficado viúva aos vinte e oito anos, e permaneceu fiel à memória de
Carlos I pelo resto de sua vida.
Presa em junho de 1972 e acusada de diversos crimes, depois de dois
anos de participação nas atividades da RAF, entre eles assaltos,
atentados à bomba, assassinatos e formação de organização terrorista,
morreu na sua cela na prisão de Stammheim, em Estugarda, por enforcamento, em maio de 1976. A sua morte, se por suicídio ou assassinato, é alvo de controvérsias até hoje.
Nascida em Oldemburgo em 1934, Ulrike mudou-se para Jena com dois anos de idade com a família, após o seu pai, um historiador de arte, se ter tornado diretor do museu da cidade. O Dr. Werner Meinhof morreu de cancro
em 1940, quanto ela tinha cinco anos, fazendo com que a sua mãe
alugasse um dos quartos da casa para uma inquilina, Renate Riemeck,
para obter uma renda. Em 1946, após a II Guerra Mundial,
as Meinhof, juntamente com Renate - que além de inquilina acabou com
parte da família -, mudaram-se novamente para a cidade natal de Ulrike,
Oldemburgo, depois que Jena passou para o domínio soviético após a Conferência de Yalta.
Oito anos depois, sua mãe, Ingeborg, que trabalhou como professora após
a guerra, também morreu de cancro e Renate assumiu a adolescente e a
sua irmã mais velha sob sua guarda. Renate, uma historiadora e fervorosa
anti-nazi, ativa militantesocialista, viria a ter grande influência na formação política de Meinhof.
Ulrike completou os estudos secundários em 1955 e foi estudar filosofia, sociologia, pedagogia, literatura e língua alemã em Marburg, onde se envolveu em movimentos reformistas universitários. Em 1957, ela entrou para a Universidade de Münster, onde conheceu o marxistaespanhol
Manuel Sacristán - que mais tarde traduziria e publicaria alguns de
seus escritos - entrou para a União Socialista Alemã de Estudantes (Sozialistischer Deutscher Studentenbund), participando de protestos contra o rearmamento do Bundeswehr e seu envolvimento com armamento nuclear proposto pelo governo de Konrad Adenauer. Lia Jean-Paul Sartre, Herman Hesse, Thomas Mann, Marcel Proust e aprendeu a tocar violino.
Em 1958 ela filiou-se no Partido Comunista da Alemanha - então fora da legalidade - e começou pouco depois a trabalhar na revista Konkret,
de linha política esquerdista e independente, da qual seria
editora-chefe de 1962 a 1964. Casou-se em 1961 com o co-fundador e
editor da revista, Klaus Rainer Röhl, e com ele teve duas filhas gémeas,
Regina e Bettina, no ano seguinte. O seu casamento durou até o divórcio, em 1968.
Em 1962, durante a gravidez, foi-lhe diagnosticada um tumor cerebral,
depois de sofrer de dores de cabeça contínuas. Temerosa, pois os seus
pais morreram de cancro e acreditando ter uma predisposição genética para a doença, mesmo assim Ulrike decidiu esperar até o parto para realizar a operação, em que seu crânio
teria que ser aberto, temendo que ela pudesse afetar o desenvolvimento
e nascimento das gémeas. Depois de o tumor ser retirado foi
diagnosticado como sendo benigno.
RAF
A morte do estudante Benno Ohnesorg, durante manifestações estudantis e de exilados iranianos durante a visita do XáReza Pahlevi a Berlim, em 1967, e a tentativa de assassinato do líder estudantil e amigo de Ulrike, Rudi Dutschke, no ano seguinte, levam-na à radicalização. Depois de escrever sobre o julgamento de dois militantes esquerdistas alemães, Andreas Baader e Gudrun Ensslin, processados e condenados por incendiarem duas lojas de departamentos em Frankfurt,
em fins de 1968 ou começo de 1969 ela abandonou seu emprego e resolveu
unir-se aos dois e suas ideias de revolução, antes escrevendo na
revista Konkret o que seria uma de suas mais famosas citações:
Protesto
é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu me
asseguro que aquilo que me incomoda nunca mais acontecerá.
Em abril de 1970, Andreas Baader, que, libertado em condicional junto
com Ensslin depois de alguns meses preso pelo ataques incendiários de
Frankfurt, fugiu depois que a Justiça cancelou a condicional, foi
novamente preso em Berlim. Um mês depois, em 14 de maio, Ulrike, no
papel de jornalista que faria algumas entrevistas com Baader para um
livro, participou do resgate dele do Instituto para as Questões Sociais -
local da entrevista para onde ele havia sido levado sob guarda - junto
a outros integrantes do já clandestino grupo (apenas ela continuava
levando uma vida normal em público). A fuga de Baader, que resultou em
três polícias feridos, e a participação de Meinhof nela, viraram notícia
nacional na Alemanha e Meinhof passou à clandestinidade.
No dia seguinte, cartazes da polícia começaram a aparecer com a
fotografia dos dois e os jornais sensacionalistas e de grande tiragem de
Axel Springer traziam a notícia em grandes parangonas, chamando o grupo de Gang Baader-Meinhof, pelo qual ficaram popularmente conhecidos. O filme Bambule, com roteiro
de Meinhof, sobre a vida de jovens mulheres num reformatório e
programado anteriormente para estrear na televisão alemã dez dias
depois, foi retirado da grade de programação. Em 2 de julho, o jornal anarquista 833 publica um manifesto da organização, que assina com o nome oficial de Rote Armee Fraktion (Fração do Exército Vermelho) pela primeira vez. Uma recompensa de 10.000 de marcos é oferecida por sua captura e anunciada em cartazes pelo país.
Prisão
Pelos próximos dois anos, ela participou de várias ações do grupo, como
roubos a banco e atentados à bomba. Além das ações de campo, Ulrike
escrevia manifestos e tratados da RAF. Um dos mais conhecidos e
significativos deles foi Das Konzept Stadtguerilla (O Conceito de Guerrilha Urbana), uma resposta ao ensaio publicado por Horst Mahler, outro dos fundadores do Baader-Meinhof
e preso desde 1970, que, convertido a novas ideias políticas,
criticava as ações do grupo. Nestas publicações, apareceu pela primeira
vez o logotipo da organização, uma metralhadora M5 sobre uma estrela vermelha.
Em 22 de outubro de 1971, ela foi participou de um tiroteio com a
polícia em Hamburgo durante uma tentativa de prisão. Ulrike e um
companheiro conseguiram fugir, depois que um polícia foi baleado e
morto. Novamente desaparecida, mais de seis meses se passaram até que se
tivesse alguma notícia sua.
Em novembro de 1971, Renate Riemeck tentou argumentar com sua filha adotiva. Ela publicou uma carta em Konkret
intitulada 'Desista, Ulrike!', numa mistura de crítica às ações da RAF
e elogios a seu passado político e caráter benevolente. Riemeck tentou
mudar o ponto de vista de Meinhof, elogiando-a e argumentando com ela.
Na carta, ela escrevia que acreditava que a filha era muito
inteligente e racional para confundir uma rebeldia antiautoritarismo
com o início de uma revolução geral. Também colocou que "a Alemanha
não é um lugar para uma guerrilha urbana ao estilo latino-americano" e
perguntou.. "Quem ainda entende o impulso moral e político por trás das
suas ações?". Renate concluía a carta com um apelo: "Eu não sei até
que ponto a sua influência dentro do próprio grupo se estende até onde
seus amigos sejam passíveis de considerações racionais. Mas você deve
tentar medir as possibilidades reais de um movimento de guerrilha
urbana na República Federal Alemã contra a realidade social do país.
Você pode fazer isso, Ulrike."
A resposta de Meinhof foi encontrada três semanas depois, dentro de uma
lata de lixo. O seu título: "Uma mãe escrava roga à sua filha". Ulrike
reescreveu a carta do ponto de vista de uma mãe escrava, Renate
Riemeck, pedindo à sua filha que negasse o direito de lutar pela
liberdade, voltar atrás e se contentar em ser uma obediente e exemplar
escrava, que poderia tornar-se uma supervisora algum dia, se aceitasse
as autoridades e a sua vida de escrava. Com esta resposta, Ulricke
Meinhof cortou os últimos elos com seu passado e conscientemente
decidiu dedicar a sua vida a causa política na qual acreditava.
Em 1 de junho de 1972, Andreas Baader foi preso em Frankfurt, juntamente com Holger Meins e Jan-Carl Raspe,
membros da liderança da RAF. Uma semana depois, foi a vez de Ensslin,
presa dentro de uma boutique em Hamburgo. Em 14 de junho, a polícia
montou uma emboscada num endereço de Hannover,
depois da denúncia de que um casal de modos suspeitos estava hospedado
num apartamento. O homem do casal, ao descer para telefonar, foi
detido armado numa cabine telefónica. Era Gerhard Müller,
que havia participado do tiroteio com Meinhof meses antes. Ao baterem
na porta do apartamento, Ulrike Meinhof, a última líder da primeira
geração do Baader-Meinhof em liberdade, foi presa.
Em dezembro de 1972, ela foi retirada do isolamento da prisão de Köln-Ossendorf, em Colónia,
convocada como testemunha no julgamento de Horst Mahler, onde ele a
questionou sobre as declarações que ambos teriam dado sobre a invasão,
sequestro e morte de atletas de Israel na Vila Olímpica, durante os Jogos Olímpicos de Munique, por terroristas do Setembro Negro. Meinhof, que na época publicou um manifesto intitulado A ação do Setembro Negro em Munique: por dentro da estratégia da luta anti-imperialista,
em que fazia reflexões sobre o relacionamento entre alemães,
palestinianos e judeus como um resultado da II Guerra Mundial. A
pergunta de Mahler a fez responder:
Como
Auschwitz foi possível? O que era o anti-semitismo na Alemanha?
Usou-se o ódio do povo à sua dependência pessoal do dinheiro, como uma
maneira de troca, sua busca pelo comunismo. Auschwitz significa que
seis milhões de judeus foram assassinados e jogados em aterros
sanitários pela Europa, por serem aquilo que lhes foi apontado ser -
Dinheiro-Judeus. O que aconteceu foi que o capital financeiro, a elite e
os bancos, o núcleo do sistema do capitalismo e do imperialismo,
desviou a atenção e o ódio do povo de si mesmo para os judeus.
Após dois anos de audiências preliminares, Ulrike, já então na prisão de segurança máxima de Stammheim
juntamente com os outros líderes da RAF, foi condenada a oito anos de
reclusão, por sua participação na libertação de Andreas Baader, em
1970. Em agosto de 1975, ela, Baader, Ensslin e Raspe foram
conjuntamente acusados em conjuto de 4 homicídios, 54 tentativas de
homicídio e formação de organização criminosa. Entretanto, em maio de
1976, quando o julgamento ainda decorria, Meinhof foi encontrada morta.
Morte
Em 9 de maio de 1976, ainda durante o período de julgamento e quando se festejava o Dia da Mãe na Alemanha, Ulrike Meinhof foi encontrada morta na sua cela, enforcada com uma corda improvisada com uma toalha rasgada,
sem deixar nenhuma carta de despedida às suas filhas ou aos seus
companheiros de prisão, os militantes da Fração do Exército Vermelho
(RAF) Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Jan-Carl Raspe e Irmgard Möller. A
investigação oficial concluiu que se tratara de suicídio, tese contestada por acusações públicas de que a jornalista havia sido assassinada. Massivas demonstrações de protesto de esquerdistas ocorreram por todo o país e bombas explodem em Nice e Paris, na França e na base da Força Aérea dos Estados Unidos em Frankfurt.
Nos últimos tempos em que esteve presa, entretanto, Ulrike estava
deprimida por conflitos internos com os outros integrantes da
organização, que a relegaram ao ostracismo no grupo.
Apesar disso, Jan-Carl Raspe declarou que eles
acreditavam que ela havia sido assassinada e que as difíceis relações
entre ela e Baader-Ensslin na prisão, não eram qualquer evidência de que
ela quisesse se suicidar.
Ulrike foi enterrada em Berlim, entre milhares de simpatizantes e
discursos de intelectuais de esquerda. No enterro, em 16 de maio de 1976
no bairro de Mariendorf (então Berlim Ocidental), o editor Klaus Wagenbach disse que ela "sucumbiu às circunstâncias alemãs". O poetaErich Fried enviou para as cerimónias do funeral um telegrama chamando-a de "a maior mulher da Alemanha desde Rosa Luxemburgo". Algumas décadas após sua morte veio à tona a notícia de que o seu cérebro fora retirado pelos patologistas antes do enterro, sem conhecimento da família, e conservado durante 26 anos em formol para estudos num hospital de Magdeburg. A sua filha, a jornalista Bettina Röhl, moveu uma ação contra o Estado e o
cérebro foi enterrado na sepultura, juntamente com os restos mortais de Ulrike em
2002.