quinta-feira, agosto 08, 2019
The Edge - 58 anos
Ruy Belo morreu há 41 anos
Trinta dias tem o mês
e muitas horas o dia
todo o tempo se lhe ia
em polir o seu poema
a melhor coisa que fez
ele próprio coisa feita
ruy belo portugalês
Não seria mau rapaz
quem tão ao comprido jaz
ruy belo, era uma vez
in Homem de Palavra(s), 1969 - Ruy Belo
quarta-feira, agosto 07, 2019
Há 21 anos começou o terror e a guerra da Al-Qaeda
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Rabindranath Tagore morreu há 78 anos
À Espera do Amado
Disse-me baixinho:
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele não foi.
Chegou ao pé de mim e agarrou-me as mãos...
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele não deixou.
Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele não se envergonhou.
Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele não fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque é que ele não volta?
in O Coração da Primavera - Rabindranath Tagore (tradução de Manuel Simões)
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Marcadores: bengali, Índia, Índia Britânica, literatura, música, poesia, polímata, Prémio Nobel, Rabindranath Tagore
Caetano Veloso - 77 anos!
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Bruce Dickinson - 61 anos
in Wikipédia
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A criadora do Índice de Apgar morreu há 45 anos
Tabela para cálculo do índice | |||
Pontos | 0 | 1 | 2 |
Frequência cardíaca | Ausente | <100/min | >100/min |
Respiração | Ausente | Irregular | Forte/Choro |
Tónus muscular | Flácido | Flexão de pernas e braços | Movimento ativo e boa flexão |
Cor | Cianose ou palidez | Cianose de extremidades | Rosado |
Irritabilidade reflexa ao cateter nasal | Ausente | Alguns movimento ou caretas | Espirros ou choro |
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Políbio Gomes dos Santos nasceu há 108 anos
Políbio Gomes dos Santos (Ansião, 7 de agosto de 1911 - Ansião, 3 de agosto de 1939, foi um poeta português.
Só para ver curar minhas pernas partidas
Nas dores eternas
Dos saltos gorados,
Eu amo a aparente inconsciência dos loucos,
Embora fique aos poucos nos meus saltos
Desabridos e falhados.
Apraz-me, no espelho, esta face esmagada,
À força de querer transpor o além
Da minha porta fechada...
Porém,
Seja o que for, que seja,
Se uma CERTEZA alcanço
E uma mulher me beija.
Que importa
Que eu fique molemente olhando a minha porta
Aberta,
Ou que eu parta e a morte me espreite
Num desfiladeiro?...
E quem virá chorar e quem virá,
Se a morte que vier for a de lá
Certeira e minha...
E merecida como um sono que se dorme
Após a noite perdida?...
E que piedade anda a escrever um frágil,
Na embalagem dos ossos
Que trago emprestados...
Que deixarei ficar ao sol e à chuva
E que serão limados
No entulho dos calhaus que também foram rocha?...
Para quê, se mil vezes provoco
Os tombos do chegar e do partir?!
- A minha fragilidade
Foi-me dada
Para me servir.
in As Três Pessoas (1938) - Políbio Gomes dos Santos
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terça-feira, agosto 06, 2019
Jorge Amado morreu há dezoito anos
- O País do Carnaval, romance (1930)
- Cacau, romance (1933)
- Suor, romance (1934)
- Jubiabá, romance (1935)
- Mar morto, romance (1936)
- Capitães da areia, romance (1937)
- A estrada do mar, poesia (1938)
- ABC de Castro Alves, biografia (1941)
- O cavaleiro da esperança, biografia (1942)
- Terras do Sem-Fim, romance (1943)
- São Jorge dos Ilhéus, romance (1944)
- Bahia de Todos os Santos, guia (1945)
- Seara vermelha, romance (1946)
- O amor do soldado, teatro (1947)
- O mundo da paz, viagens (1951)
- Os subterrâneos da liberdade, romance (1954)
- Gabriela, cravo e canela, romance (1958)
- A morte e a morte de Quincas Berro d'Água, romance (1959)
- Os velhos marinheiros ou o capitão de longo curso, romance (1961)
- Os pastores da noite, romance (1964)
- O Compadre de Ogum, romance (1964)
- Dona Flor e Seus Dois Maridos, romance (1966)
- Tenda dos milagres, romance (1969)
- Teresa Batista cansada de guerra, romance (1972)
- O gato Malhado e a andorinha Sinhá, historieta infanto-juvenil (1976)
- Tieta do Agreste, romance (1977)
- Farda, fardão, camisola de dormir, romance (1979)
- Do recente milagre dos pássaros, contos (1979)
- O menino grapiúna, memórias (1982)
- A bola e o goleiro, literatura infantil (1984)
- Tocaia grande, romance (1984)
- O sumiço da santa, romance (1988)
- Navegação de cabotagem, memórias (1992)
- A descoberta da América pelos turcos, romance (1994)
- O milagre dos pássaros, fábula (1997)
- Hora da Guerra, crónicas (2008)
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Marcadores: Brasil, comunistas, Jorge Amado, romance
Albano Dias Martins nasceu há 89 anos
Albano Dias Martins (Fundão, 6 de agosto de 1930 – Vila Nova de Gaia, 6 de junho de 2018) foi um poeta português.
Sobre os seus poemas:
sóbrios, breves, mas rutilantes, coloridos, vibrantes |
a nomeação é um acto de criação vital e a presentificação de uma realidade física. | António Ramos Rosa |
Falar do trigo e não dizer o joio.
Percorrer
em voo raso os campos
sem pousar
os pés no chão. Abrir
um fruto e sentir
no ar o cheiro
a alfazema. Pequenas coisas,
dirás, que nada
significam perante
esta outra, maior: dizer
o indizível. Ou esta:
entrar sem bússola
na floresta e não perder
o rumo. Ou essa outra, maior
que todas e cujo
nome por precaução
omites. Que é preciso,
às vezes,
não acordar o silêncio.
in Escrito em vermelho (1999) - Albano Martins
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Marcadores: Albano Dias Martins, poesia
Faz hoje 74 anos que um Little Boy acelerou o final da II Guerra Mundial
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Marcadores: bomba atómica, Enola Gay, II Grande Guerra, II Guerra Mundial, Japão, Little Boy, USA
segunda-feira, agosto 05, 2019
Carmen Miranda morreu há 64 anos
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Marilyn morreu há 57 anos
Morreu a mais bela mulher do mundo
tão bela que não só era assim bela
como mais que chamar-lhe marilyn
devíamos mas era reservar apenas para ela
o seco sóbrio simples nome de mulher
em vez de marilyn dizer mulher
Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher
mas ingeriu demasiados barbitúricos
uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha
ou suspeitou que tinha errado a vida
ela de quem a vida a bem dizer não era digna
e que exibia vida mesmo quando a suprimia
Não havia no mundo uma mulher mais bela mas
essa mulher um dia dispôs do direito
ao uso e ao abuso de ser bela
e decidiu de vez não mais o ser
nem doravante ser sequer mulher
O último dos rostos que mostrou era um rosto de dor
um rosto sem regresso mais que rosto mar
e toda a confusão e convulsão que nele possa caber
e toda a violência e voz que num restrito rosto
possa o máximo mar intensamente condensar
Tomou todos os tubos que tinha e não tinha
e disse à governanta não me acorde amanhã
estou cansada e necessito de dormir
estou cansada e é preciso eu descansar
Nunca ninguém foi tão amado como ela
nunca ninguém se viu envolto em semelhante escuridão
Era mulher era a mulher mais bela
mas não há coisa alguma que fazer se certo dia
a mão da solidão é pedra em nosso peito
Perto de marilyn havia aqueles comprimidos
seriam solução sentiu na mão a mãe
estava tão sozinha que pensou que a não amavam
que todos afinal a utilizavam
que viam por trás dela a mais comum imagem dela
a cara o corpo de mulher que urge adjectivar
mesmo que seja bela o adjectivo a empregar
que em vez de ver um todo se decida dissecar
analisar partir multiplicar em partes
Toda a mulher que era se sentiu toda sozinha
julgou que a não amavam todo o tempo como que parou
quis ser até ao fim coisa que mexe coisa viva
um segundo bastou foi só estender a mão
e então o tempo sim foi coisa que passou.
in Transporte No Tempo (1973) - Ruy Belo
Postado por Fernando Martins às 00:57 1 bocas
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