Após ter visto
Charlie Chaplin, interessou-se em atuar. Após a guerra, matriculou-se em 1946 na escola de
arte dramática de
Charles Dullin no
Teatro Sarah Bernhardt em
Paris, onde estudou com professores como Charles Dullin e o grande mestre
Étienne Decroux, que tinha ensinado também a
Jean-Louis Barrault. O último, observando talento excepcional de Mangel (que tinha mudado seu
sobrenome para Marceau, para evitar ser perseguido por suas origens judaicas), o integrou à sua companhia, e o escalou no papel de
Arlequim na
pantomima Baptiste - que o próprio Barrault havia interpretado no famoso filme
Les Enfants du Paradis. O desempenho de Marceau foi tão elogiado que isso o incentivou a representar seu primeiro
mimodrama, chamado
Praxitele e o Peixe Dourado, no Teatro Bernhardt no mesmo ano. A crítica positiva foi unânime e a carreira de Marceau como mímico consolidou-se.
Inspirado em comediantes como Chaplin,
Buster Keaton,
Irmãos Marx,
Harry Langdon, nos "clowns" da
commedia dell'arte italiana, além dos gestos estilizados da ópera chinesa e do teatro japonês
Noh, em 1947, Marceau criou
Bip, o
palhaço de cara pintada, que em seu casaco listrado e surrado,
chapéu de
ópera de
seda com uma
flor espetada - significando a fragilidade da vida - tornou-se seu
alter-ego, exatamente como o Vagabundo de Chaplin. As desventuras de Bip interagindo com tudo, desde
borboletas a
leões, de
navios a
trens, nos salões ou nos
restaurantes, eram ilimitadas. Com uma
pantomima de estilo, Marceau foi reconhecido como fora de série. Seus exercícios silenciosos, que incluíam trabalhos clássicos como
A Gaiola,
Andando de Encontro ao Vento (que inspirou o passo de dança
Moonwalk de
Michael Jackson), o
Fabricante de Máscara e
No Parque, também
sátiras de tudo, desde escultores a matadores, foram descritos como trabalhos de gênio. De sua soma das idades no famoso
Juventude, Maturidade, Velhice e Morte, um crítico disse,
faz em menos de dois minutos o que maioria dos escritores não fazem em volumes.
Em 1949, após receber o renomado
Prémio Deburau (criado em memória mestre da mímica do século XIX, Jean-Gaspard Deburau) para seu segundo mimodrama,
Morte Antes do Alvorecer, Marceau formou a sua
Compagnie de Mime Marcel Marceau - única companhia de pantomima do mundo naquele tempo. O grupo estreou nos principais teatros de Paris - Le Theatre de
Champs-Elysées,
Le Theatre de la Renaissance, e o
Sarah Bernhardt, assim como outras casas pelo mundo. Em 1959-60, uma retrospectiva de seus mimodramas, incluindo o famoso
Casaco por Gogol, esteve em cartaz durante um ano no Amibigu Theatre em Paris. Produziu outros 15 mimodramas, incluindo
O Pierrot de Montmartre,
As 3 Perucas,
A Loja de Penhor,
14 de Julho,
O Lobo de Tsu Ku Mi,
Paris Ri-Paris Chora e
Don Juan - adaptado do escritor espanhol
Tirso de Molina.
Atuou pelo mundo inteiro a fim espalhar a "arte do silêncio" (
L'art du silence). Excursionou primeiramente para os
Estados Unidos em 1955 e em 1956, próximo do salto de sua estreia norte-americana no Stratford Festival do
Canadá. Após sua abertura no Phoenix Theater em
Nova Iorque, que recebeu críticas elogiosas, mudou-se para o Barrymore Theater, maior para acomodar a demanda de público. Esta primeira excursão norteamericana terminou com uma quebra de recorde, retornando a se apresentar em casas de
San Francisco,
Chicago,
Washington D.C.,
Filadélfia,
Los Angeles e outras cidades principais. Suas excursões transcontinentais extensivas incluíram a
América do Sul,
África,
Austrália,
China,
Japão,
Sudeste Asiático,
Rússia e
Europa. Sua última excursão ao mundo cobriu os Estados Unidos em 2004, e retornou a Europa em 2005 e a Austrália em 2006. A arte de Marceau tornou-se familiar a milhões de pessoas com suas muitas aparições em
televisão. Seu primeiro trabalho de TV como astro performático no
Show of Shows de
Max Liebman o fez ganhar o cobiçado prémio
Emmy da indústria da televisão. Apareceu na
BBC como Scrooge em
A Christmas Carol em 1973. Era convidado favorito de
Johnny Carson,
Merv Griffin,
Mike Douglas e
Dinah Shore, e teve também seu próprio show intitulado "Meet Marcel Marceau". Juntou-se com
Red Skelton em três concertos de pantomima.
Mostrou também sua versatilidade em
filmes como "First Class", em que atuou 17 papéis diferentes; "Shanks", onde combinou sua arte silenciosa, encenando um surdo e um
títer mudo, com seu talento falante, na pele de um cientista maluco; como Professor Ping em
Barbarella; e como ele mesmo em "A Última Loucura" de
Mel Brooks, no qual, ironicamente, é o único
ator com uma parte falante: uma única palavra ("Non!") no final do filme. Também estrelou em uma película de baixo-orçamento vagamente baseada em sua história de vida chamada "Paint It White". A película nunca foi finalizada porque um outro ator do filme, um velho amigo dos tempos de escola, havia morrido no meio das gravações.
Como autor, Marceau escreveu "Marcel Marceau Alphabet Book" e "Marcel Marceau Counting Book". Outras publicações da
poesia e as
ilustrações de Marceau incluem sua "La ballade de Paris et du Monde", que escreveu em 1966, e "A História de Bip", escrita e ilustrada por Marceau e publicada por "Harper and Row". Em 1982, "Le Troisième Oeil", ("O Terceiro Olho"), coleção de dez
litografias originais, foi publicada em Paris acompanhada de um texto de Marceau. Belfond de Paris publicou "Pimporello" em 1987. Em 2001, um livro novo de
fotos para
crianças intitulado "Bip In a Book", publicado por Stewart, Tabori & Chang, apareceu nas livrarias dos Estados Unidos, França e Austrália.
Em 1978, criou sua própria escola em Paris: École Internationale de Mimodrame, Marcel Marceau. Em 1996 criou a Marceau Foundation para promover os mimos nos Estados Unidos.
Em 1995, o cantor, dançarino, coreógrafo e mímico
Michael Jackson e Marceau conceberam um concerto para a
HBO, mas o projeto nunca foi concluído. Em 2000, Marceau trouxe toda sua companhia a Nova Iorque para a apresentação de seu novo mimodrama, "O Chapéu de Bowler", visto previamente em Paris,
Londres,
Tóquio,
Taipei,
Caracas,
Santo Domingo,
Valência e em
Munique. Desde 1999, quando Marceau retornou com seu clássico espetáculo-solo a Nova Iorque e San Francisco após uma ausência de 15 anos de sucesso de críticas em salas lotadas, sua carreira em América vislumbrava renascimento notável com forte apelo a uma terceira geração. Mais tarde apareceu para sobrepujante aclamação em legendários teatros estadunidenses "The Ford's Theatre" em Washington D.C., "American Repertory Theatre" em
Cambridge,
Massachusetts, e o "Geffen Playhouse" em
Los Angeles, demonstrando apelo atemporal do trabalho e maestria deste original artista.
A nova produção da companhia de Marceau "Les Contes Fantastiques" ("Contos Fantásticos") abriu ao grande público no Théâtre Antoine em Paris.