Mostrar mensagens com a etiqueta Nuno Guimarães. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Nuno Guimarães. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, agosto 29, 2024

O poeta e músico Nuno Guimarães nasceu há 82 anos...

   

José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (Perosinho, Vila Nova de Gaia, 29 de agosto de 1942 - 15 de agosto de 1973) foi um poeta e músico português. 

 

 Biografia

José Nuno Guimarães Guedes dos Santos nasceu a 29 de agosto de 1942, em Perosinho, Vila Nova de Gaia, Porto.

Estudou Filologia Românica em Coimbra, na Faculdade de Letras. Nesta cidade, integrará a publicação coletiva de poesia Confluência (1963). Autor de letras, músicas e arranjos de acompanhamento da Canção de Coimbra e intérprete da guitarra de Coimbra, contribui para renovar a estética do género entre 1964 e 1967. A sua primeira colaboração na revista Vértice data de junho de 1967. Concluirá a licenciatura no mês seguinte, com uma tese sobre a obra de Machado de Assis e as suas relações com Garrett (1967). Em outubro, inicia o serviço militar em Mafra. Aí, "entre espingardas e sistemas criptográficos" vem a conhecer, em janeiro de 1968, Gastão Cruz, encetando-se uma amizade para lá de meia década. É depois enviado para Luanda, onde também leciona e vem a casar. De regresso ao Porto, exerce a docência no então Liceu D. Manuel II.

Publica o primeiro livro de poemas, Corpo Agrário, em 1970. Seguir-se-ão a presença na antologia 10 Poemas para Che Guevara (1972) e a segunda publicação, Os Campos Visuais (1973). Nesse mesmo ano, após breve doença, acabará por falecer, interrompendo uma promissora voz na poesia portuguesa.

É, anos mais tarde, e pela mão do amigo, professor e poeta Fernando Guimarães, que se reunirão as suas Poesias Completas (1995), pelas Edições Afrontamento. Por último, seguindo a lição anterior, é publicado o volume Entre Sílabas e Lavas: poesia completa (2024), pela Assírio & Alvim, restituindo integralmente uma entrevista dada a Maria Teresa Horta, no jornal A Capital.

 

in Wikipédia

Seguro então a vida em pleno

 

Seguro então a vida em pleno
solo. Aí me deito
com os sinais perpétuos: árvores,
bosque, sombra, a permanência
de objectos olhados ou suspensos.
Agora, a outra lei – extractos
De sol sobre a retina – cede. Ao fácil
 
vento, à comoção do ar
pensado, onde se vive. Deste lugar os
elementos se afastam. Estão mortos,
inactivos no foco. Ou pela sombra
gravados, suspensos de algum livro.
Criaram-se da luz! São objectos
perecíveis: na imprecisão
da imagem, no seu repouso
exterior – entre a ciência e a vista.

 
 
 
Nuno Guimarães

Música para recordar um poeta que era músico da canção de Coimbra...

 

Título original: A ROSA E A NOITE
Música: José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Letra: José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Incipit: Meu amor/Anda perdido no mar
Origem: Coimbra
Género: Canção de Coimbra
Arranjo: José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1965)
Data: 1964-1965 (SPA: 4.05.1965)

Meu amor
Anda perdido no mar
Dizei, ó guitarras,
Que ele há de voltar
Dizei, verdes algas,
Que ele há de voltar
Meu amor que foi para o mar.

Ó ondas brancas de espuma,
Ondas brancas de luar,
Quero morrer no mar alto
Quero morrer a cantar.

Cai a noite, rosa brava,
Fecha os teus olhos à luz do poente
O barco voltou sem gente
Rosa brava
Ao sol poente…

Informação complementar:
A primeira gravação desta obra foi vocalizada pelo tenor José Manuel dos Santos, acompanhado em 1.ª guitarra de Coimbra por Nuno Guimarães, em 2.ª guitarra por Manuel Borralho, e pelos executantes de viola de seis ordens (nylon) Rui Pato/Jorge Ferraz: EP Serenata de Coimbra, Porto, Ofir AM 4.039, ano de 1965, reeditado no CD Fados e Baladas de Coimbra. Recordando Nuno Guimarães. Solfa e letra em Recordando Nuno Guimarães, O Poeta, o Músico (1942-1973), VNGaia, Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, 1997. O arranjo de acompanhamento é da autoria de Nuno Guimarães.

 

in Guitarra de Coimbra V

quinta-feira, agosto 15, 2024

Porque um Poeta, um Músico e Cantor nunca morrem - enquanto são recordados...

Música para recordar um poeta que era músico e letrista de Fado de Coimbra...

 


Título original: ANJO NEGRO
Música: José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Letra: José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1942-1973)
Incipit: Nuvem branca
Origem: Coimbra
Género: Canção de Coimbra
Arranjo: José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (1965)
Data: 1964-1965 (SPA: 4.05.1965)
 
 
Anjo Negro

Nuvem branca
É como a noite
Anjo negro é como a flor

Meu amor é um anjo negro
Quanto mais me prendo a ele
Maior minha perdição.

Mas eu vou
Roubar-te as asas,
Anjo negro como a flor,
Ficas na terra sozinho

Anda procurar comigo
Anjo negro, a perdição.
 

Informação complementar:
Composição musical paraestrófica em compasso quaternário, no tom de Mi Menor, magnificamente vocalizada pelo 1.º tenor José Manuel dos Santos no EP Serenata de Coimbra, Porto, OFIR AM 4.039, ano de 1965. Os acompanhamentos são de Nuno Guimarães/Manuel Borralho (guitarras) e Rui Pato/Jorge Ferraz (violas). Remasterização no CD Fados e Baladas de Coimbra. Recordando Nuno Guimarães, Porto, OFIR DSA-CD-401, ano de 1997, faixa nº 7 (ver em particular o texto de Armando de Carvalho Homem no livreto desta reedição). Pauta em Recordando Nuno Guimarães, Vila Nova de Gaia, Edição da CMVNG, 1997, pág. 25.
O autor, poeta, compositor e executante de guitarra de Coimbra, nasceu em Perosinho, Vila Nova de Gaia, em 1942 e faleceu precocemente em 1973. Frequentou a Faculdade de Letras da UC entre 1961/1962 e 1967. Redescoberto como poeta singular, continua esquecida no mainstream intelectual português a sua originalidade como compositor musical, autor de arranjos inovadores e intérprete-criador no campo da segunda modernidade coimbrã.

 

in Guitarra de Coimbra V

O poeta e músico Nuno Guimarães faleceu há 51 anos...

   

José Nuno Guimarães Guedes dos Santos (Perosinho, Vila Nova de Gaia, 29 de agosto de 1942 - 15 de agosto de 1973) foi um poeta e músico português. 

 

 Biografia

José Nuno Guimarães Guedes dos Santos nasceu a 29 de agosto de 1942, em Perosinho, Vila Nova de Gaia, Porto.

Estudou Filologia Românica em Coimbra, na Faculdade de Letras. Nesta cidade, integrará a publicação coletiva de poesia Confluência (1963). Autor de letras, músicas e arranjos de acompanhamento da Canção de Coimbra e intérprete da guitarra de Coimbra, contribui para renovar a estética do género entre 1964 e 1967. A sua primeira colaboração na revista Vértice data de junho de 1967. Concluirá a licenciatura no mês seguinte, com uma tese sobre a obra de Machado de Assis e as suas relações com Garrett (1967). Em outubro, inicia o serviço militar em Mafra. Aí, "entre espingardas e sistemas criptográficos" vem a conhecer, em janeiro de 1968, Gastão Cruz, encetando-se uma amizade para lá de meia década. É depois enviado para Luanda, onde também leciona e vem a casar. De regresso ao Porto, exerce a docência no então Liceu D. Manuel II.

Publica o primeiro livro de poemas, Corpo Agrário, em 1970. Seguir-se-ão a presença na antologia 10 Poemas para Che Guevara (1972) e a segunda publicação, Os Campos Visuais (1973). Nesse mesmo ano, após breve doença, acabará por falecer, interrompendo uma promissora voz na poesia portuguesa.

É, anos mais tarde, e pela mão do amigo, professor e poeta Fernando Guimarães, que se reunirão as suas Poesias Completas (1995), pelas Edições Afrontamento. Por último, seguindo a lição anterior, é publicado o volume Entre Sílabas e Lavas: poesia completa (2024), pela Assírio & Alvim, restituindo integralmente uma entrevista dada a Maria Teresa Horta, no jornal A Capital.

 

in Wikipédia

Palavras que rebentam

 

Palavras que rebentam. Aflorando
a pedra, a solidão, deslizam, vagas,
gramaticais, roendo inconformadas
as arestas, o atrito, puras. Quando
 
nos líquidos, no éter, na distância,
diluem-se e morrem acabadas.
Não nos corpos, nas rugas, nas arcadas:
combatem, rumorosas, cal e cântico.
 
É difícil atarem corpo e vida
aos que vivem e morrem subjacentes
subjazendo, talhados para mina.
 
Mas despertadas, bem ou mal medidas,
rebentam em ogiva, funcionais
chamas supostamente adormecidas.

 
 
 
Nuno Guimarães