sábado, setembro 05, 2009

Sócrates (versão 2.0)

Dr. Jekyll e Mr. Hyde
2009-09-03

Depois da entrevista do primeiro-ministro à RTP e das declarações à imprensa em que a ministra da Educação se tem desdobrado nos últimos (longe vá o agoiro) tempos, os professores ficaram a saber com o que podem contar num próximo eventual mandato de Maria de Lurdes Rodrigues: talvez um pouco mais de "delicadeza", provavelmente até preliminares, vaselina e outras boas práticas, mas a mesma virilidade por assim dizer reformista, ou "guerra", como a ministra diz.

Um fenómeno interessante das campanhas eleitorais é que elas facultam aos eleitores descobrir o afável e confiável Dr. Jekyll que se esconde afinal atrás de cada Mr. Hyde. No momento de prestarem contas ao chamado "país" e de tentarem reconquistar a sua confiança, os políticos fazem todos como aquele "mauvais sujet repenti" de Brassens, arrepiando caminho pela via dos melhores propósitos. É assim que a ministra parece agora mais uma vítima de erros seus, má fortuna, amor ardente do que o provável algoz de uma nova maioria de Sócrates. Como nos velhos filmes mudos, "à mercredi prochain" (que é como quem diz até que a campanha termine).

Viva a liberdade de expressão!

Censura.jpg

in Buraco da Fechadura - desenho de Zé Oliveira

Poesia alusiva à época

Estranha noite

Estranha noite velada,
Sem estrelas e sem lua.
Em cuja bruma recua
Fantasma de si mesma cada imagem

Jaz em ruínas a paisagem,
A dissolução habita cada linha.
Enorme, lenta e vaga
A noite ferozmente apaga
Tudo quanto eu era e quanto eu tinha

E mais silenciosa do que um lago,
Sobre a agonia desse mundo vago,
A morte dança
E em seu redor tudo recua
Sem força e sem esperança.

Tudo o que era certo se dissolve;
O mar e praia tudo se resolve
Na mesma solidão eterna e nua.

in Dia do Mar (1947) - Sophia de Mello Breyner Andresen

Ciência Viva com os Faróis

Pela segunda vez (em 2007 fui ao Farol do Penedo da Saudade, em S. Pedro de Moel) no âmbito do programa Ciência Viva no Verão, pude visitar mais um Farol português: o Farol de Alfanzina, no Algarve. Com alguma família (éramos sete), lá fomos no dia 30.08.2009 até ao litoral de Lagoa, tendo tido o privilégio de uma sessão só para família (os restantes 8 inscritos chegaram atrasados...). A simpatia dos faroleiros, os painéis explicativos, a visita à óptica, tudo foi excelente (só falhou porque me esqueci da máquina fotográfica e porque o GPS do meu sobrinho estava sem bateria...).

É uma pena que estes eventos tenham tão poucas pessoas (dos 50 possíveis visitantes, que se inscrevem via Internet, só foram preenchidas 15 vagas - podiam ter vindo mais 35!) e que a divulgação seja tão pouca e esqueça, no caso do Algarve, os alóctones não-lusos veraneantes. Mas vale a pena ir até este farol, pela simpatia dos senhores da Marinha, pela vista e pelas explicações.

E agora uma fotos, roubadas na Internet (e aconselha-se a visita ao site Faróis visto por fora):





View farol de alfanzina in a larger map

Recordar El-Rei D. Manuel II


sexta-feira, setembro 04, 2009

A Censura e a Liberdade

Caso TVI
Opinião: O PS de Sócrates é contra a liberdade
04.09.2009 - 15h15 Eduardo Cintra Torres

A decisão de censurar o Jornal Nacional de 6ª (JN6ª) foi tudo menos estúpida. O núcleo político do PS-governo mediu friamente as vantagens e os custos de tomar esta medida protofascista. E terá concluído que era pior para o PS-governo a manutenção do JN6ª do que o ónus de o ter mandado censurar. Trata-se de mais um gravíssimo atentado do PS de Sócrates contra a liberdade de informar e opinar. Talvez o mais grave. O PS já ultrapassou de longe a acção de Santana Lopes, Luís Delgado e Gomes da Silva quando afastaram a direcção do DN e Marcelo da TVI.

A linguagem de Santos Silva e do próprio Sócrates na quinta-feira sobre o assunto não engana: pelo meio da lágrimas de crocodilo, nem um nem outro fizeram qualquer menção à liberdade de imprensa. Falaram apenas dos interesses do PS e do governo. Sócrates, por uma vez, até disse uma verdade: o PS não intervinha no JN6ª. Pois não, foi por isso que varreu o noticiário do espaço público.

O PS-Governo de Sócrates não consegue coexistir com a liberdade dos outros. Criou uma central de propaganda brutal que coage os jornalistas. Intervém nas empresas de comunicação social. Legisla contra a liberdade. Fez da ERC um braço armado contra a liberdade (a condenação oficial do JN6ª pela ERC em Maio serviu de respaldo ao que aconteceu agora). Manda calar os críticos. Segundo notícias publicadas, pressiona e chantageia empresários, procura o controle político da justiça e é envolvido em escutas telefónicas. Cria blogues de assessores com acesso a arquivos suspeitos que existem apenas para destruir os críticos e os adversários políticos. Pressiona órgãos de informação. Coloca directa ou indirectamente “opiniões” e “notícias” nos órgãos de informação. Etc.

O relato da suspensão do JN6ª, no Jornal de Notícias e no Diário de Notícias e outros jornais de ontem é impressionante, sinistro e muito perigoso. Provir de supostos “socialistas”, portugueses e espanhóis, em nada diminui a gravidade desta censura. Esta suposta “esquerda” dos interesses, negócios e não resolvidos casos de justiça é brutal.

Intervindo na TVI, o PS-Governo atingiu objectivos fundamentais. Como disse Mário Crespo (SICN, 03.09), o essencial resume-se a isto: J. E. Moniz e M. Moura Guedes foram eliminados — e com eles as direcções de Informação e Redacção e um comentador independente como V. Pulido Valente.

Este PS-Governo é muito perigoso para a liberdade. Até o seu fundador está preso nesta teia, por razões que têm sido referidas. Ao reduzir a censura anticonstitucional, ilegal e protofascista do JN6ª a um caso de gestão, Soares desceu ao seu mais baixo nível político. É vergonhoso que seja ele, o da luta pela liberdade, a dizer uma coisa destas. Será que em 1975 o República também foi calado só por “razões de empresa”?

O PS-governo segue o mesmo caminho de Chávez, ao perseguir paulatinamente, um a um, os seus críticos: e segue o mesmo caminho de Putin, ao construir uma democracia meramente formal, em que se pode dizer que a decisão foi da Prisa não dele, em que se pode dizer que os empresários são livres, que os juízes são livres, que os funcionários públicos são livres, que os professores são livres, que os jornalistas são livres, que a ERC é livre, etc — mas o contrário está mais próximo da verdade. Para todos os efeitos, Portugal é uma democracia formal, mas estas medidas protofascistas vão fazendo o seu caminho. Não dizia Salazar que Portugal era mais livre que a livre Inglaterra? Sócrates e Santos Silva dizem o mesmo.

Eduardo Cintra Torres é crítico de televisão e escreve no PÚBLICO

Fado de Coimbra em Leiria

Parece que no dia 12 de Setembro de 2009 (sábado) haverá uma Monumental Serenata de Fado de Coimbra, realizada pela Velha Guarda de Coimbra, organização a cargo da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa do Bairro dos Anjos (Leiria).

É em homenagem aos Doutores de Leiria, é às 22.00 horas nas Escadas do Antigo Liceu Rodrigues Lobo (próximo da Igreja de Santo Agostinho e da Ponte Hintze Ribeiro).

Como antevisão, o Fado "Balada do Encantamento":


PS - putra versão do mesmo, com imagens de Leiria, AQUI.

Pobre Pinóquio...

Photobucket

in Blog aDesenhar

Inquietação



Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos o são, mesmo os melhores, às suas horas
E todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
Para fazer funcionar fraternamente
A humidade da próstata ou das glândulas lacrimais,
Para além da rivalidade, invejas e mesquinharias
Em que tanto se dividem e afinal se irmanam.
Dizer-se que é de heróis e santos o país,
E ver se se convertem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
Ingénuos e sacaneados é que foram disso?

Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
Porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
Que a nobreza, a dignidade, a independência,
a Justiça, a bondade, etc., etc., sejam
Outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
A um ponto que os mais não capazes de atingir.


No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então neste país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma

Jorge de Sena


Κύριε ἐλέησον [em vernáculo: Senhor, tende piedade da desempenada estupidez de quem nos toma por parvos]

in Blog cinco dias - post de Francisco Santos

Música adequada à época

Manuela Moura Guedes - Foram parvos, foram rosas




NOTA: a letra é de Miguel Esteves Cardoso e a música foi um verdadeiro sucesso no início dos anos oitenta - o título foi adaptado ao momento...

Um esclarecedor comunicado da redacção da TVI

A redacção da TVI, reunida no dia 3 de Setembro de 2009, vem por este meio repudiar a decisão da administração do grupo Prisa de retirar do ar o Jornal Nacional de Sexta-Feira.

O prestígio da TVI depende do trabalho livre e responsável dos seus profissionais. Ao retirar o Jornal de Sexta, na véspera da sua emissão, a administração põe em causa a seriedade e a competência de todos os seus profissionais, um dos maiores capitais da empresa.

A redacção da TVI reprova quaisquer actos que ponham em causa a sua dignidade profissional e independência jornalística, bem como a liberdade de imprensa em geral. A redacção da TVI exige que esses valores sejam respeitados e que esta situação seja esclarecida.


PS - deve-se ler ouvindo isto - pode ser que alguns jornalistas pouco esclarecidos percebam:




NOTA: Dos cerca de 130 jornalistas que compõem a redacção da TVI, 115 já assinaram, mas ainda está a decorrer a recolha de assinaturas, refere a Lusa citando fonte da redacção. Enquanto houver homens e mulheres com espinha, há esperança neste país.

Os Professores não esquecem

NoWayJosé

©Protestográfico

Quem não conhece ou não entende a história está condenado a repeti-la. Desde o ínicio do mandato deste governo que fiquei intrigado com a explícita animosidade demonstrada face aos professores. Pensei, ao princípio, que fosse uma questão de estilo, uma espécie de “falar grosso” para meter a casa em ordem. Mas não. Tratava-se de um plano de acção muito mais vasto. Estou hoje convencido que esta animosidade que o governo PS nem se deu ao trabalho de disfarçar é uma questão de regime. Os professores (e digo isto sem laivos corporativistas) são uma das classes profissionais mais cultas e, sobretudo, com uma maior consciência política e social. Por isso foram desde logo um alvo a abater. Todo o mandato foi caracterizado pela tentativa de proletarização e domesticação dos professores. A ideia era transformá-los em meros funcionários públicos submissos e executores das políticas educativas de base mercantilista emanadas deste governo cujo rótulo de “socialista” só pode ser uma piada e uma afronta ao conceito ideológico, político que é o verdadeiro socialismo.

Os professores foram diabolizados e desautorizados perante a opinião pública na tentativa de quebrar a sua resistência e cercear a autonomia intelectual que lhes permite denunciar e expor esta política funesta delineada para a educação do país.

Mas porquê então atacar desta maneira os professores e a escola pública? Quem lucra com isso?

Os alunos não são certamente. Medidas como as “novas oportunidades”, por exemplo, em que é dada a hipótese de obtenção de diplomas do ensino básico e secundário podem parecer boas mas não passam de uma fraude. Os candidatos ficam certificados pelos portfolios que elaboram mas permanecem ignorantes. Também o estatuto do aluno permite que este praticamente possa ficar aprovado no ano lectivo sem assistir às aulas, fazendo do acto de estar presente uma mera brincadeira que pode aceitar com o mais displicente dos ânimos.

A certificação tornou-se mais importante do que a formação, o certificado mais importante do que o conhecimento.

E porque não interessa a este poder que existam cidadãos cultos, intelectualmente autónomos e capazes de juízo crítico? Muito simples. Porque isso é uma ameaça àquilo que consideram mais importante: a sua perpetuação no poder. A permanência não só desta classe política mas de todos os poderosos interesses económicos que dela se servem e que por ela são servidos. O tipo de cidadãos que interessa “produzir” não é do tipo culto e autónomo mas sim do tipo obediente, ignorante e, acima de tudo, sem consciência política. É esse tipo de cidadão (que não o é), massificado, anestesiado com a televisão, com o futebol e com as ilusões da publicidade e do consumismo, que irá, sem questionar, ocupar os balcões das lojas e os bancos das fábricas, ganhando miseravelmente para servir uma elite de quem fatalmente depende.

Vocês, eu não sei… mas eu convivo muito mal com a ideia de ter de viver num país com esta perspectiva de futuro. Quero uma sociedade mais séria e justa. Não me venham dizer que é utopia. Bastariam uns pequenos “toques” de bom senso e bons exemplos da parte de quem governa. Só isso. Não são precisas grandes ideologias ou epopeias políticas.

Este sistema de alternância de poder em que temos vivido claramente não funciona. Temos trinta anos de percurso para o provar. Há que encarar esse problema de frente e procurar alternativas que se baseiem na verdade e na leitura das coisas como elas realmente são, sem artifícios. Entretanto cabe-nos preservar o sentido de memória e a autonomia intelectual para não esquecer e assim não repetir os erros cometidos.

Eu não me esqueço.

in Protesto Gráfico

quinta-feira, setembro 03, 2009

...e agora o desmentido do nosso Presidente do Conselho...

... em italiano, para o lápis azul e o olho vesgo da SIS não perceber tudo:


Não fomos nós...

O Blog Geopedrados orgulha-se de apresentar, em primeira mão, o filme em que os homens do PS dizem que não foram eles a retirar do ar o Jornal da TVI de 6ª da Manuela Bocas Guedes (até porque é chato para uma televisão ter o Telejornal com mais audiências...):


Percurso pedestre na Serra dos Candeeiros


No dia 19.09.2009, sábado, vamos realizar - o Fernando e Adelaide Martins e os Blogues Geopedrados e GeoLeiria - um Percurso Pedestre no PNSAC, para professores das Escolas Rodrigues Lobo e Correia Mateus e seus familiares, bem para como os leitores dos blogues antes referidos.


A actividade começa às 06.30 horas da manhã, na Travessa da Rua das Olhalvas (junto ao Café Olhalvas), de onde se parte para a Bezerra (Porto de Mós). Os carros são deixados no início do Percurso (junto do campo de futebol) e depois é só fazer os cerca de 12 quilómetros (da Bezerra até à Corredoura e regresso ao ponto inicial), primeiro pela antiga linha de comboio e depois a meia encosta (passando no Carvalhal de Figueiredo).


O objectivo é partir para ver o nascer-do-Sol já no percurso (que demora cerca de 3 a 4 horas e é lindíssimo...), fazer um picnic no fim e depois decidir conjuntamente o que fazer à tarde (eu estava a pensar em ir à disjunção prismática de Portela de Teira, à depressão de Alvados ou até às pedreiras de Cabeço das Pombas)...


Os interessados deverão comunicar-nos a sua participação, até 6.ª-feira às 23.00 horas, via e-mail: fernando.oliveira.martins@gmail.com. É necessário calçado para trekking (umas boas botas - há pedras soltas no início do percurso...), boné, protector solar, bastante água e comida para partilhar no picnic.


Mapa da 1ª parte do Percurso


Percurso pedestre Bezerra - Corredoura


NOTA: post alterado - a data da actividade foi modificada por doença de um dos inscritos...

A mordaça da TVI tem um culpado


Ontem, Sócrates foi à TVI. Hoje, Manuela Moura Guedes foi despedida. Não há nada como o patrão ir à loja para entrar tudo nos eixos.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Quase tive pena da senhora


Na entrevista de ontem, José Sócrates tentou dizer aos portugueses - e à classe docente - que nada teve a ver com o processo de avaliação do desempenho docente.

Não tinha uma boa impressão da "Ministra da guerra". Ontem cheguei à conclusão que o Primeiro-ministro consegue ser bem pior que esta. Sócrates não teve qualquer pudor em desmarcar-se da sua Ministra preferida ou mesmo das suas próprias posições.

Nem Maria de Lurdes Rodrigues merecia isto do Primeiro-ministro.

Para Sócrates vale tudo.



Post de Carlos Nunes Lopes - Blog 31 da Armada

Uma ministra em guerra

"Paz com professores vai sair muito cara ao país”, Maria Lurdes Rodrigues

Pelo que se depreende das palavras da incompetente ministra da Educação, o clima de guerra com os professores é o que mais interessa ao país. Para Lurdes Rodrigues, é essencial que o próximo governo prossiga com o conflito que este governo iniciou. Estou certo que os professores no dia 27 darão uma resposta a esta declaração bélica.

in Blog Jamais - post de Nuno Gouveia


Música (atrasada) para os regressados de férias




PS - dedicamos este cover aos que sonhavam com a sua cama, após umas cansativas férias, ao meu João e a aos restantes fans dos Xutos...

Estás perdoado...

Jos%C3%A9+Socrates
Entrevista à RTP
Sócrates diz que fará tudo para melhorar relação com professores se voltar a ser eleito
01.09.2009 - 21h43 Lusa

O secretário-geral do PS afirmou hoje que, se voltar a formar Governo, tudo fará para restaurar uma relação "delicada" e "atenta" com os professores, reconhecendo falhas na forma como lidou com este sector. José Sócrates falava em entrevista à RTP, após ter sido confrontado com as medidas tomadas pelo seu executivo em relação a magistrados e professores.

"Farei o meu melhor", disse o primeiro-ministro depois de interrogado sobre o que fará para reconquistar a confiança destes sectores profissionais caso vença as próximas eleições legislativas. "Acredito que exista crispação" e "um sentimento especial em relação às medidas que o Governo tomou", mas "farei tudo o que puder e o que estiver ao meu alcance para que esse ambiente não subsista".

Sobre as razões do mau relacionamento entre executivo e docentes, Sócrates admitiu que, da parte do Governo, "talvez não tivesse havido suficiente delicadeza no tratamento com os professores".

"Porventura falhámos aí nessa forma de nos explicarmos. Deixar criar a ideia de que nós fizemos isso contra os professores é tão infantil, nunca esteve no nosso espírito. Se isso aconteceu, farei tudo o que estiver ao meu alcance para corrigir isso", disse.

Ainda neste capítulo da relação entre professores e Governo, Sócrates admitiu que a sua personalidade tenha contribuído igualmente para o ambiente de crispação. "Não posso pôr isso de parte, mas não gostaria que isso acontecesse. Estou muito disponível para restaurar uma relação delicada e atenta a todos os problemas dos professores", frisou.

No entanto, segundo Sócrates, os professores têm que ter em conta as medidas feitas pelo Governo. "Todas as medidas que tomámos foi em benefício do sistema público de ensino", disse, dando como exemplos o facto de o executivo ter colocado professores colocados por quatro anos, investido na requalificação das escolas secundárias e encerrado escolas com menos de dez alunos.

No início da entrevista, o primeiro-ministro procurou encostar a presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, a posições conservadoras. Sócrates declarou que o PSD "nunca esteve tão à direita como agora" e que entre si e Manuela Ferreira Leite "há fundamentalmente uma diferença de atitude".

Interrogado sobre o facto de o ex-dirigente socialista Pina Moura ter considerado o programa do PSD como o mais focado nas questões essenciais, Sócrates procurou desvalorizar, alegando que o PS é um partido plural com diversidade de opiniões. "Essa questão não tem essa dimensão e importância. Não vou perder tempo com isso", respondeu.


ADENDA

Caro "engenheiro" Sócrates, algumas sugestões, dúvidas e comentários:

1. Vá bardam...
2. O programa Perdoa-me já acabou e era na SIC.
3. A menina das perguntas era simpática - quando é que há um jornalista com tudo no sítio para fazer as perguntas que interessam?
4. A metamorfose de homem duro e decidido para madalena arrependida devia ser mais suave e acompanhada por música à medida da palhaçada.
5. Os professores, pelo menos os que não tiraram o curso na Universidade da Farinha Amparo, num domingo à noite (e depois de enviarem um trabalho final numa língua que desconhecem e por Fax), ainda têm memória.
6. No dia 27 de Setembro os docentes lá estarão para ajudar a limpar a estrebaria em que o senhor transformou a Res Publica - mesmo contra as novas sondagens, o silêncio cúmplice de alguns jornalistas e a inocência confusa de alguns portugueses.