Estranha noite
Estranha noite velada,
Sem estrelas e sem lua.
Em cuja bruma recua
Fantasma de si mesma cada imagem
Jaz em ruínas a paisagem,
A dissolução habita cada linha.
Enorme, lenta e vaga
A noite ferozmente apaga
Tudo quanto eu era e quanto eu tinha
E mais silenciosa do que um lago,
Sobre a agonia desse mundo vago,
A morte dança
E em seu redor tudo recua
Sem força e sem esperança.
Tudo o que era certo se dissolve;
O mar e praia tudo se resolve
Na mesma solidão eterna e nua.
in Dia do Mar (1947) - Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, setembro 05, 2009
Poesia alusiva à época
Postado por Fernando Martins às 21:41
Marcadores: censura, poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen
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