Concepção artística de Isaac Asimov por Rowena Morrill
Asimov é considerado um dos mestres da Ficção Científica e, junto com
Robert A. Heinlein e
Arthur C. Clarke, foi considerado um dos "três grandes" da ficção científica. A obra mais famosa de Asimov é a
série da Fundação, também conhecida como
Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galáctico e que logo combinou com sua outra grande série dos
Robots. Também escreveu obras de mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de não-ficção. No total, escreveu ou editou mais de 500 volumes, aproximadamente 90.000 cartas ou postais, e tem obras em cada categoria importante do
sistema de classificação bibliográfica de Dewey, exceto em
filosofia.
A maioria de seus livros mais populares sobre ciência, explicam conceitos científicos de uma forma histórica, voltando no tempo o mais longe possível, quando a ciência em questão estava nos primeiros estágios. Ele providencia, muitas vezes, datas de nascimento e falecimento dos cientistas que menciona, também etimologias e guias de pronunciação para termos técnicos. Alguns exemplos incluem, "Guide to Science", os três volumes de "Understanding Physics" e a "Chronology of Science and Discovery", e trabalhos sobre
Astronomia,
Matemática, a
Bíblia, textos sobre
William Shakespeare e
Química.
Asimov foi membro e vice-presidente por muito tempo da
Mensa, ainda que faltasse frequentemente: ele os descrevia como "intelectualmente combalidos". Exercia, com mais frequência e assiduidade, a presidência da
American Humanist Association (Associação Humanista Americana).
Em 1981, um
asteroide recebeu o seu nome em sua homenagem, o
5020 Asimov. O
robô humanóide "
ASIMO" da
Honda, também pode ser considerada uma homenagem indireta a Asimov, pois o nome do robô significa, em inglês, Advanced Step in Innovative Mobility, além de também significar, em
japonês, "também com pernas" (
ashi mo), em um trocadilho linguístico em relação à propriedade inovadora de movimentação deste robô.
Biografia
Isaac Asimov nasceu em
Petrovichi, no
Oblast de Smolensk,
República Soviética Russa (hoje
província de Mahilou,
Bielorrússia), filho de Anna Rachel Berman Asimov e Judah Asimov, um moleiro de uma família de
judeus. Em virtude das diferenças entre o
calendário hebraico e o
calendário juliano (à época ainda em uso na região pela
Igreja Ortodoxa), bem como pela falta de registos, a sua data de nascimento não pode ser precisada, situando-se entre
4 de outubro de
1919 e
2 de janeiro de
1920, sendo esta última considerada como a correta por Asimov, que sempre celebrou seu aniversário a
2 de janeiro. A família deriva seu nome de uma palavra da
língua russa que significa um cereal de inverno, que o seu bisavô negociava, ao qual o sufixo paterno foi adicionado. A sua família emigrou para os
Estados Unidos quando ele tinha só três anos de idade. Como os seus pais falavam sempre
iídiche e
inglês com ele, ele nunca aprendeu
russo. Enquanto crescia em
Brooklyn,
Nova Iorque, Asimov aprendeu a ler, por si próprio, quando tinha cinco anos e permaneceu fluente em
iídiche, bem como em inglês. Os seus pais tinham uma loja de doces, e toda a gente da família tinha de lá trabalhar. Revistas baratas de papel de fraca qualidade, chamadas
pulp, sobre
ficção científica eram vendidas em lojas, e ele começou a lê-las. Por volta dos onze anos, começou a escrever histórias próprias e, por volta dos dezanove anos, tendo-se tornado fã de ficção científica, começou a vender as suas histórias a revistas.
John W. Campbell, o editor de
Astounding Science Fiction,, a quem ele vendeu as suas primeiras histórias, foi uma forte influência formativa e tornou-se um amigo seu.
Asimov foi aluno das
New York City Public Schools (escolas públicas de Nova Iorque), inclusive a Boys' High School, de Brooklyn. A partir daí, ele foi para a
Universidade de Columbia, onde se graduou em 1939, depois tirando um
Ph.D. em bioquímica, em 1948. Entretanto, passou três anos, durante a
Segunda Guerra Mundial, a trabalhar como civil na
Naval Air Experimental Station, do porto da
Marinha em
Filadélfia. Quando a guerra acabou, ele foi destacado para o
Exército Americano, tendo só servido nove meses antes de ser honrosamente reformado. Durante a sua breve carreira militar, ele ascendeu ao posto de
cabo, baseado na sua habilidade para escrever à máquina, e escapou por pouco na participação nos testes da
bomba atómica em 1946, no
atol de Bikini.
Depois de completar o seu doutoramento, Asimov entrou para a Faculdade de Medicina da
Universidade de Boston, à qual permaneceu associado a partir daí. Depois de 1958, isto foi sem ensinar, já que se virou para a escrita em tempo integral (os seus rendimentos da escrita já excediam os do salário académico). Pertencer ao quadro permanente significou que ele manteve o título de
professor associado e, em 1979, a universidade honrou a sua escrita promovendo-o a
professor catedrático de bioquímica. Os arquivos pessoais de Asimov, a partir de 1965, estão arquivados na
Mugar Memorial Library da universidade, doados por ele a pedido do
curador, Howard Gottlieb. A colecção preenche 464 caixas em 71
metros de prateleira.
Asimov casou-se com Gertrude Blugerman (Canadá, 1917 - Boston, 1990), em 26 de julho de 1942. Tiveram duas crianças, David (nascido em 1951) e Robyn Joan (nascida em 1955). Depois da separação, em 1970, ele e Gertrude divorciaram-se em 1973, e Asimov casou-se com Janet Jeppson mais tarde, no mesmo ano.
Asimov era um
claustrofilo; gostava de espaços pequenos fechados. No primeiro volume da sua autobiografia, ele conta um desejo infantil de possuir uma banca de jornais numa estação de
metrô de Nova Iorque, dentro da qual ele se fecharia e escutaria o ruído dos carros enquanto lia.
Asimov tinha
medo de voar, só o tendo feito duas vezes na vida inteira (uma vez, durante seu trabalho na Naval Air Experimental Station, e outra, na volta para casa da base militar de
Oahu, em 1946). Raramente viajava grandes distâncias, em parte por causa de sua aversão a voar, adicionada às dificuldades logísticas de viajar longas distâncias. Esta fobia influenciou várias das suas obras de ficção, como as histórias de mistério de
Wendell Urth e as novelas sobre robôs de
Elijah Baley. Nos seus últimos anos, ele gostava de viajar em navios de
cruzeiro e, em várias ocasiões, ele fez parte do "entretenimento" no cruzeiro, dando palestras baseadas em ciência, em navios, como os
RMS Queen Elizabeth 2. Asimov sabia entreter muitíssimo bem, era prolífico e procurado como discursador. Seu sentido de tempo era fantástico; ele nunca olhava para um relógio, mas invariavelmente falava precisamente o tempo combinado.
Asimov era um participante habitual em convenções de ficção científica, onde ficava amável e disponível para conversa. Ele respondia pacientemente a dezenas de milhares de perguntas e outro tipo de correio com postais, e gostava de dar autógrafos. Embora gostasse de mostrar o seu talento, raramente parecia levar-se a si próprio demasiadamente a sério.
Ele era de altura mediana, forte, com bigode e um óbvio sotaque de judeus do Brooklyn. A sua motricidade física era bastante limitada. Ele nunca aprendeu a nadar ou andar de
bicicleta; no entanto, aprendeu a conduzir um carro, depois de se mudar para
Boston. No seu livro de humor,
Asimov Laughs Again, ele descreve a condução em Boston como "anarquia sobre rodas".
Ele demonstrou o seu amor por conduzir no seu conto de ficção científica,
Sally, sobre carros-robôs. Um leitor atento reparará que ele faz uma descrição detalhada de um dos carros a que chama 'Giuseppe', de
Milão - o que significa que Giuseppe era um
Alfa Romeo. Asimov não especificou nenhum outro tipo de veículo em nenhuma das suas histórias, o que levou muitos fãs a considerarem que ele foi pago por aquela marca de automóvel.
Os interesses variados de Asimov incluíram, nos seus anos tardios, sua participação em organizações devotadas à
opereta de
Gilbert and Sullivan e em
The Wolfe Pack, um grupo de seguidores dos mistérios de
Nero Wolfe, escritos por
Rex Stout. Ele era um membro proeminente da
Baker Street Irregulars, a mais importante sociedade sobre
Sherlock Holmes. De 1985 até sua morte em 1992, ele foi presidente da
American Humanist Association; seu sucessor foi o amigo e congénere escritor,
Kurt Vonnegut. Ele também era um amigo próximo do criador de
Star Trek,
Gene Roddenberry, e foram-lhe dados créditos em
Star Trek: The Motion Picture, pelos conselhos que deu durante a produção.
Asimov morreu em 6 de abril de 1992 em Nova Iorque. Foi
cremado e as suas cinzas foram espalhadas. Ele deixou tudo à sua segunda mulher, Janet, e às crianças do primeiro casamento. Dez anos depois da sua morte, a edição da autobiografia de Asimov,
It's Been a Good Life, revelou que sua morte foi causada por
SIDA; ele contraiu o vírus
HIV através de uma
transfusão de sangue recebida durante a operação de
bypass, em dezembro de 1983. A causa específica da morte foi falha cardíaca e renal, como complicações da infecção com o vírus da SIDA.
Janet Asimov escreveu no epílogo de
It's Been a Good Life que Asimov o teria querido tornar público, mas seus médicos convenceram-no a permanecer em silêncio, avisando que o
preconceito Anti-SIDA estender-se-ia a seus familiares. A família de Asimov considerou divulgar sua doença antes de ele morrer, mas a controvérsia que ocorreu, quando
Arthur Ashe divulgou que ele tinha SIDA, convenceu-os do contrário. Dez anos mais tarde, depois da morte dos médicos de Asimov, Janet e Robyn concordaram que a situação em relação à SIDA podia ser levada a público.
Asimov e a Wikipédia
No livro
Escolha a Catástrofe, Asimov disserta sobre os futuros problemas que poderiam levar a humanidade à extinção e como a tecnologia poderia salvá-la. Em certa parte do livro, ele fala sobre a educação e como ela poderia funcionar no futuro.
| Haverá uma tendência para centralizar informações, de modo que uma requisição de determinados itens pode usufruir dos recursos de todas as bibliotecas de uma região, ou de uma nação e, quem sabe, do mundo. Finalmente, haverá o equivalente de uma Biblioteca Computada Global, na qual todo o conhecimento da humanidade será armazenado e de onde qualquer item desse total poderá ser retirado por requisição. | |
| …Certamente, cada vez mais pessoas seguiriam esse caminho fácil e natural de satisfazer suas curiosidades e necessidades de saber. E cada pessoa, à medida que fosse educada segundo seus próprios interesses, poderia então começar a fazer suas contribuições. Aquele que tivesse um novo pensamento ou observação de qualquer tipo sobre qualquer campo, poderia apresentá-lo, e se ele ainda não constasse na biblioteca, seria mantido à espera de confirmação e, possivelmente, acabaria sendo incorporado. Cada pessoa seria, simultaneamente, um professor e um aprendiz. |
Isaac Asimov - 1979
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Asimov e o Futuro
Asimov não se mostrou visionário apenas em relação à existência de uma
Biblioteca Global, como visto acima. Em 1964, aceitou uma proposta do jornal
The New York Times e fez uma série de previsões acerca do mundo do futuro, projetando-o como seria dali a 50 anos, isto é, em 2014.
Embora não utilizasse, à época, os termos de hoje, por seus escritos podemos notar que previu a existência dos micro-ondas em nossas cozinhas, da fibra ótica, da internet, dos microchips, das TVs de tela plana e até de pessoas acometidas de depressão. Mas também errou, como ao prever carros voadores e centrais nucleares de fusão atómica.
Leis da Robótica
Apresentadas no livro
Eu, Robô, as 3
Leis da Robótica foram criadas, como condição de coexistência dos robôs com os seres humanos, como prevenção de qualquer perigo que a inteligência artificial pudesse representar à humanidade. São elas:
- 1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal;
- 2ª Lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei;
- 3ª Lei: Um robô deve proteger a sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.
Mais tarde, no livro
Os Robôs do Amanhecer, o robô Daneel viria a instituir uma quarta lei: a 'Lei Zero':
- 'Lei Zero': Um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por inação, permitir que ela sofra algum mal.