terça-feira, dezembro 25, 2018

A música Stille Nacht (Noite Feliz) faz hoje dois séculos

"Stille Nacht", traduzida para o português como "Noite Feliz", é uma das canções natalícias mais populares de todas. Foi escrita pelo padre Joseph Mohr e a composição foi feita por Franz Xaver Gruber em 1818, na cidade de Oberndorf, Áustria, tendo sido executada pela primeira vez na Missa do Galo daquele ano na paróquia de São Nicolau. Tem versões em, pelo menos, 45 línguas. Foi considerada Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2011.
A música foi gravada por um incontável número de cantores, de todos os géneros musicais. A versão cantada por Bing Crosby aparece na terceira posição entre os singles mais vendido de todos os tempos, com cerca de 30 milhões de cópias comercializadas no mundo inteiro.
Peter Husty, curador da exposição "Silent Night 200 - The Story. The Message. The Present" ("Noite Feliz 200 - A História. A Mensagem. O Presente", em tradução livre), no Museu de Salzburgo, "Stille Nacht" transcende a religião. "Ela conta a história do nascimento de Jesus Cristo. Então é um cântico religioso ao mesmo tempo em que é para a paz no mundo".

História
A história da canção é controversa. O que se sabe é que, na vila de Oberndorf, o padre Joseph Mohr saiu atrás de seu amigo músico Franz Xaver Gruber para que transformasse em melodia um poema que ele havia escrito, a fim de que fosse tocada na missa de Natal que aconteceria horas depois. Algumas fontes dizem que Mohr havia criado a letra dois anos antes, em 1816; outras dizem que o padre escreveu-a no caminho até Gruber, pois, em verdade, Mohr não estava atrás do músico, mas atrás de um instrumento para ser tocado na Missa do Galo de 1818, já que o órgão de sua paróquia teria tido os foles roídos por ratos. Nessa versão, Mohr teria ficado deveras preocupado com a falta de um instrumento e teria inspirado a sua letra no humilde Natal de Jesus em Belém.
A canção foi originalmente composta para viola e flauta. Um arranjo vocal por Mohr surgiu em 1820. Novos arranjos por Gruber vieram pouco antes de sua morte (1863). Em 1845, o primeiro arranjo para orquestra aparece, e em 1855, um novo arranjo para órgão aparece. Em 1900, a música já era mundialmente conhecida.
A igreja de São Nicolau já não existe. Foi demolida no começo do século XX por sofrer com constantes alagamentos, estando perto do rio Salzach. Em seu lugar, foi construída, por volta de 1920-1930, num lugar 800 metros mais alto que o anterior, a Capela Memorial da Noite Silenciosa (Stille-Nacht-Gedächtniskapelle), que, apesar de acolher só 20 pessoas, recebe no fim do ano cerca de 7 mil peregrinos para a missa de Natal, e outros quase 2 mil turistas.


segunda-feira, dezembro 24, 2018

Valentim Loureiro faz hoje oitenta anos

(imagem daqui)

Valentim dos Santos de Loureiro (Calde, Viseu, 24 de dezembro de 1938) é um militar, empresário, político e dirigente desportivo português.
Biografia
Depois do Curso Geral do Comércio, na Escola Comercial e Industrial de Viseu, esteve matriculado no Instituto Comercial do Porto, acabando por ingressar na Academia Militar, onde terminou o Curso Superior de Administração Militar, em 1959. Como oficial do Exército Português, fez duas comissões de serviço em Angola, onde em 1965 foi implicado no Caso das Batatas. Assim, no tempo da Guerra do Ultramar, Valentim ficou responsável pelo Depósito Avançado de Viveres nº 823, em São Salvador, Angola e com poder para adjudicar o fornecimento das batatas a um comerciante, Manuel Cabral, ficando a aquisição pelo preço de quatro escudos, mais 50 centavos do que o preço real do quilo.
Afastado da vida militar, entre 1967 e 1980, foi reintegrado em 1980, passando à situação de reserva, com a patente de Major.
Entre 1982 e 1999 foi Cônsul da Guiné-Bissau no Porto.
Dedicado à atividade empresarial, nos sectores do comércio, indústria e agricultura, distinguiu-se como dirigente desportivo, tendo sido presidente da direção do Boavista Futebol Clube, entre 1978 e 1997, sendo atualmente sócio de mérito e presidente honorário do clube.
Foi igualmente o primeiro presidente da Direção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e, por inerência, vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, eleito a 10 de fevereiro de 1989, tendo tomado posse a 14 de abril de 1989 e até 11 de fevereiro de 1994, prorrogado em reunião de direção por um período de seis meses até 28 de outubro de 1994. Foi novamente eleito quarto presidente da direção, com respetivo o cargo inerente de vice-presidente da federação, a 13 de dezembro de 1996, tendo tomado posse a 23 de dezembro de 1996 e até 28 de agosto de 1998, reeleito a 24 de julho de 1998, tendo tomado posse a 28 de agosto de 1998 e até 5 de junho de 2002, e reeleito novamente a 5 de junho de 2002, tendo tomado posse a 5 de junho de 2002 e até 2 de outubro de 2006.
Militante do Partido Social Democrata desde 1974, ajudou na implementação do partido no norte do país. Em 1986 e 1991 resolveu apoiar Mário Soares, nas duas candidaturas a Presidente da República. Em 1993 assumiu um papel ativo, tendo sido eleito presidente da Câmara Municipal de Gondomar, renovando os mandatos em 1997 e 2001. Em 2005, na sequência do seu envolvimento no processo judicial Apito Dourado, o PSD recusa-lhe o apoio, invocando falta de credibilidade, mas Valentim Loureiro, acabaria por renovar o mandato em 2005 e 2009, com a lista independente Gondomar no Coração.
Nas eleições autárquicas de 2017 foi novamente candidato a presidente da Câmara de Gondomar, numa lista independente "Valentim Loureiro Coração de Ouro", que ficou em terceiro lugar com 19,9% dos votos.
Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, por Mário Soares, a 18 de setembro de 1989, e condecorado com a Medalha de Mérito Desportivo, por Cavaco Silva, em 1990.
É pai de João Loureiro.
No âmbito do Apito Dourado, foi condenado a quatro anos de pena suspensa, em julho de 2008. Valentim Loureiro exerceu ainda a presidência da Junta Metropolitana do Porto, entre 2001 e 2005, e do Conselho de Administração da Metro do Porto

Caso da Quinta do Ambrósio
A Quinta do Ambrósio, um imóvel localizado em Fânzeres, foi vendida a 15 de março de 2001 por Ludovina Silva Prata (dona do terreno) a Laureano Gonçalves (advogado e amigo do major), por 1.072 mil euros. No espaço de seis dias o imóvel deixou de ser do domínio da Reserva Agrícola Nacional e, a 21 de março de 2001, foi celebrado um contrato-promessa de compra e venda com a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, que, menos de um ano depois, viria a comprar o terreno por quatro milhões de euros.
Em 2011 Valentim Loureiro começou a ser julgado no Tribunal de Gondomar, acusado de um crime de burla qualificada, em co-autoria, no caso da Quinta do Ambrósio. Além do presidente da Câmara de Gondomar, foram também pronunciados José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, e o advogado Laureano Gonçalves, que respondem pela alegada prática, em concurso efectivo, de um crime de burla qualificada e de outro de branqueamento de capitais. Foram ainda pronunciados por co-autoria de branqueamento de capitais Jorge Loureiro, um dos filhos do presidente da Câmara Municipal de Gondomar, e o advogado António Ramos Neves. O negócio, segundo a acusação, terá rendido aos arguidos cerca de três milhões de euros.
Em 2 de fevereiro de 2012, o Tribunal de Gondomar absolveu Valentim Loureiro no âmbito do processo relacionado com o negócio milionário da Quinta do Ambrósio. O Tribunal considerou não estarem reunidas todas as provas desse crime. Já os restantes arguidos, José Luís Oliveira, vice-presidente da autarquia, Jorge Loureiro, filho do Major e Laureano Gonçalves, advogado fiscalista, foram condenados a uma pena de um ano e dez meses de prisão suspensa na sua execução por branqueamento de capitais.
   

Lemmy Kilmister, o vocalista dos Motorhead, nasceu há 73 anos

Ian Fraser Kilmister (Stoke-on-Trent, 24 de dezembro de 1945 - Los Angeles, 28 de dezembro de 2015), conhecido como Lemmy, foi um cantor, baixista e compositor inglês, conhecido por ser o fundador da banda de rock inglesa Motörhead. Era adorado pelos seus fãs pela sua postura autêntica, estilo de tocar, timbre, e voz marcante. A alcunha "Lemmy" teria sido origimada na época que Lemmy era roadie e sempre pedia £5 emprestado (em inglês: - lemmy a fiver (lend me a fiver)), embora o próprio músico tenha dito na sua autobiografia que já era chamado assim desde os 10 anos de idade.
Antes de ser músico, foi roadie do cantor e guitarrista Jimi Hendrix, tocou nas bandas Rockin' Vickers e Sam Gopal, sendo roadie da banda Hawkwind, onde ocupou o lugar do baixista que havia faltado no show - e deixado o instrumento na carrinha da banda. Expulso da Hawkwind por ter sido detido no Canadá com anfetaminas, montou a sua banda, originalmente chamada de Bastards, mais tarde renomeada como Motörhead; o nome vem da última música de Lemmy escrita para os Hawkwind. A sua autobiografia, White Line Fever, narra a sua carreira e os principais altos e baixos enfrentados pela banda.
No dia 28 de dezembro de 2015, foi anunciado na página oficial do facebook da banda que Lemmy havia falecido, devido a problemas de saúde. Ele tinha completado 70 anos quatro dias antes.

domingo, dezembro 23, 2018

O Imperador Akihito faz hoje 85 anos!

Akihito (Tóquio, 23 de dezembro de 1933) é o 125° e o atual Imperador do Japão.
Ele ascendeu ao trono em 1989, ocupando a 17° posição na lista de monarcas e líderes que reinam ou que governam há mais tempo. Akihito é o único monarca reinante do mundo que detém o título de Imperador.
Apesar de não possuir poderes diretos sobre a política japonesa, Akihito diferenciou-se de seu pai por demonstrar uma atitude pacífica e conciliadora para com os antigos rivais do Japão, tais como a Rússia e a China.
Brasão do Imperador do Japão
Nome e título
No Japão, o Imperador nunca é referido pelo seu nome, mas simplesmente pelo título Sua Majestade o Imperador, que pode ser abreviado como Sua Majestade. Na escrita, o Imperador também é referido formalmente como "O Reinante Imperador".
A era do reinado de Akihito possui o nome de Heisei. Ele será nomeado após a sua morte como Imperador Heisei, uma espécie de nome póstumo. Consequentemente, uma nova Era surgirá no Japão com a ascensão do seu sucessor.
Vida
Akihito é o filho de sexo masculino mais velho e o quinto filho do Imperador Hirohito e da Imperatriz Kōjun. Chamado de Príncipe Tsugu enquanto criança, foi educado por professores particulares e estudou na escola primária e secundária Peers (Gakushuin), de 1940 a 1952. Diferente dos seus antecessores, não recebeu uma comissão como oficial do Exército, a pedido de seu pai, Hirohito.
Durante os bombardeamentos americanos a Tóquio, em março de 1945, ele e o seu irmão mais novo, Príncipe Masahito, foram evacuados da cidade. Durante a ocupação do Japão, na sequência da Segunda Guerra Mundial, o Príncipe Akihito aprendeu inglês e costumes ocidentais com Elizabeth Gray Vinin. Estudou no Departamento de Ciências Políticas na Universidade de Gakushuin em Tóquio, mas nunca recebeu qualquer grau académico. Embora fosse o herdeiro aparente do Trono de Crisântemo desde o momento do seu nascimento, o título de Príncipe Herdeiro só lhe foi outorgado a 10 de novembro de 1952, no Palácio Imperial de Tóquio. Em junho de 1953, o Príncipe Herdeiro representou o Japão na coroação da Rainha Elizabeth II, em Londres.
O então Príncipe Herdeiro Akihito e a Princesa Michiko fizeram visitas oficiais a trinta e sete países. Como Príncipe, Akihito comparou o papel da realeza Japonesa aos robôs e expressou sua vontade e esperança de trazer a família Imperial mais perto do povo japonês.
Casamento e família
Em 10 de abril de 1959, casou-se com Michiko Shōda (24 de outubro de 1934), a filha mais velha de Hidesaburo Shōda, o presidente e último executivo honorário da Companhia Nisshin Flour Milling. A Imperatriz Michiko Shōda foi a primeira plebeia a casar com um membro da família imperial.
Nome Nascimento Casamento e filhos Observações
Príncipe Herdeiro Naruhito 23 de fevereiro de 1960 É casado com Masako Owada desde 9 de junho de 1993; com uma filha: Aiko, Princesa Toshi. É o 1.º na linha de sucessão
Príncipe Akishino 30 de novembro de 1965 É casado com Kiko Kawashima desde 29 de junho de 1990; com três filhos: a Princesa Mako, a Princesa Kako e o Príncipe Hisahito. É o 2.º na linha de sucessão e pai do 3.° na linha de sucessão
Sayako Kuroda 18 de abril de 1969 É casada com Yoshiki Kuroda desde 15 de novembro de 2005. Eles não têm filhos, ainda. Renunciou ao título de Princesa para casar
Entronização
Quando ainda eram o casal herdeiro do Japão, Akihito e Michiko realizaram visitas oficiais a pelo menos trinta e sete países.
Em 7 de janeiro de 1989, o Príncipe Herdeiro assumiu o Trono do Crisântemo, com a morte de seu pai, tornando-se o 125.° monarca do Japão. O Imperador Akihito foi formalmente entronizado como Imperador do Japão no dia 12 de novembro de 1990.
Desde que sucedeu ao trono, o Imperador Akihito, ao lado de sua esposa, aproximou a família imperial do povo japonês, visitando as quarenta e sete províncias do Japão. Além disso, o Imperador e a Imperatriz já viajaram para mais outros oitenta países. A 2 de dezembro de 1993 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e em 1998, durante uma visita oficial ao Reino Unido, ele foi investido Cavaleiro da Ordem da Jarreteira, tendo sido agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique a 12 de maio do mesmo ano.
No dia 23 de dezembro de 2001, durante o seu anual encontro de aniversário com jornalistas, Akihito, em resposta a uma pergunta, disse que sentia "uma certa afinidade com a Coreia" e explicou que o facto se devia à mãe do Imperador Kammu (736–806), que era uma descendente do Rei Muryeong de Baekje. O Imperador também disse que os coreanos que migravam para o Japão em tempos antigos trouxeram aspetos importantes de cultura e de tecnologia ao país e apelou para que os contemporâneos nunca esquecessem o lamentável facto de que nem todas as ações do Japão na Coreia foram amigáveis.
Em dezembro de 2002, foi revelado que o Imperador Akihito tinha sido diagnosticado com cancro da próstata. Ele foi submetido a uma imediata cirurgia, bem-sucedida.
Apesar de ser obrigado a manter sua posição constitucional, Akihito já divulgou seus sentimentos de remorso e de contrição a outros países da Ásia, porque eles sofreram durante a ocupação japonesa. Em abril de 1989, três meses depois da morte de seu pai, Hirohito, expressou remorso à China pelo que os soldades japoneses fizeram no seu território antes e durante a II Grande Guerra.
Em junho de 2005, o Imperador visitou um território dos Estados Unidos no Oceano Pacífico, Saipan, o local de uma das batalhas da Segunda Guerra mais importantes, de 15 de junho a 9 de julho de 1944. Acompanhado pela Imperatriz Michiko, ele rezou e colocou flores em diversos memoriais, honrando não apenas os japoneses que morreram, como também soldados americanos, que lutaram contra os japoneses, os coreanos, que foram forçados a lutar pelo Japão, e os nativos da ilha. Foi a primeira viagem de um monarca japonês a um campo de batalha da Segunda Guerra. A jornada em Saipan foi bastante elogiada pelos japoneses, assim como as visitas do Imperador aos memoriais de guerra em Tóquio, Hiroshima, Nagasaki e Okinawa, no ano de 1995.
No dia 6 de setembro de 2006, o Imperador celebrou o nascimento do seu primeiro neto de sexo masculino, o Príncipe Hisahito, filho do Príncipe Akishino. Hisahito é o primeiro menino que nasceu na família imperial japonesa em quarenta e um anos; o seu nascimento pode acabar com a crise de sucessão ao trono, uma vez que o filho mais velho do Imperador, Naruhito, tem apenas uma filha, a Princesa Aiko. Sob a atual lei de sucessão japonesa, Aiko é incapaz de herdar o trono, por ser do sexo feminino.
No dia 17 de fevereiro de 2012, o imperador Akihito passou por uma cirurgia cardíaca, para a implantação de pontes de safena.
Em 13 de julho de 2016 anunciou a intenção de abdicar do trono do Crisântemo nos próximos anos, delegando ainda em vida a posição ao seu filho mais velho, o príncipe Naruhito. Em mensagem exibida na televisão no dia 8 de agosto de 2016, Akihito afirmou que já não é mais capaz de cumprir com os seus compromissos, em virtude da saúde frágil e idade avançada Para que pudesse se afastar das suas funções, o parlamento japonês teve que alterar legislação, que até então não previa a renuncia do Imperador. A 1 de dezembro de 2017, foi confirmado que Akihito irá renunciar a 30 de abril de 2019.

Há oitenta anos o Celacanto foi (re)descoberto

Os celacantos são uma classe de peixes sarcopterígios aparentados com os dipnóicos e com várias espécies extintas no período Devónico, como os Osteolepiformes, Porolepiformes, Rhizodontiformes e Panderichthys.
Acreditava-se que os celacantos teriam sido extintos no Cretácico Superior, porém, foram redescobertos em 1938 no litoral da África do Sul. Latimeria chalumnae e Latimeria menadoensis são as duas únicas espécies vivas do celacanto, encontradas ao longo da costa do Oceano Índico. Foi apelidado de "fóssil vivo", porque os fósseis destas espécies haviam sido encontrados muito antes da descoberta de um espécime vivo. Acredita-se que o celacanto tenha evoluído até ao seu estado atual há aproximadamente 400 milhões de anos.
A sua característica mais importante é a presença de barbatanas pares (peitorais e pélvicas) cujas bases são pedúnculos musculados que se assemelham aos membros dos vertebrados terrestres e se movem da mesma maneira. São os únicos representantes vivos da ordem Coelacanthiformes.
Quando o primeiro espécime vivo foi encontrado, em 23 de dezembro de 1938, já se conheciam cerca de 120 espécies de celacantiformes (Coelacanthiformes) que eram considerados fósseis indicadores, ou seja, indicando a idade da rocha onde tinham sido encontrados. Todos esses peixes encontravam-se extintos desde o período Cretácico.
Hoje são conhecidas populações destes peixes na costa oriental da África do Sul, ilhas Comores (no Canal de Moçambique, também no Oceano Índico ocidental) e na Indonésia e decorre um programa de investigação internacional com o objectivo de aumentar o conhecimento sobre os celacantos, o South African Coelacanth Conservation and Genome Resource Programme (Programa Sul-Africano para a Conservação e Conhecimento do Genoma do Celacanto).
Antes da descoberta de um exemplar vivo, acreditava-se que o celacanto era um parente próximo do primeiro vertebrado a sair das águas, dando origem a um novo grupo de vertebrados conhecidos como tetrápodes, que inclui os humanos.
Novas descobertas apontam para que o genoma do Celacanto tem informações que podem ajudar a entender melhor a evolução dos tetrápodes. (Nature, 2013 vol.496, pp. 311-316).
  
(...)
  
Undina penicillata
 
De acordo com a análise genética de espécies atuais, a divergência entre celacantos, peixes pulmonados e tetrápodes pode ter ocorrido há cerca de 390 milhões de anos. Os celacantos foram considerados ​​extintos há cerca de 65 milhões de anos, durante a extinção do Cretácico-Terciário. O primeiro registo de um fóssil de celacanto era proveniente da Austrália, uma mandíbula com cerca de 360 ​​milhões de anos, pertencente a uma espécie que foi nomeada Eoachtinistia foreyi. As espécies mais recentes de celacanto no registo fóssil pertencem ao género Macropoma, mais recentes que Latimeria chalumnae em cerca de 80 milhões de anos. O registo fóssil do celacanto é único porque os fósseis de celacantos foram encontrados 100 anos antes do primeiro espécime vivo ter sido identificado. Em 1938, Courtenay-Latimer redescobriu o primeiro espécime vivo, L. chalumnae, que foi capturado ao largo de East London, África do Sul. Em 1997, um biólogo marinho que estava em lua de mel descobriu a segunda espécie viva, Latimeria menadoensis num mercado indonésio. Em julho de 1998, o primeiro espécime vivo de L. menadoensis foi capturado na Indonésia. Cerca de 80 espécies foram descritas. Antes da descoberta de um espécime vivo de celacanto, pensava-se que estas espécies teriam surgido no Devónico Médio ou Cretácico Superior. Exceto para um ou dois espécimes, todos os fósseis encontrados mostram uma morfologia semelhante.
  

A Rainha Sílvia da Suécia faz hoje 75 anos!

Rainha Sílvia da Suécia, nascida Silvia Renate Sommerlath (Heidelberg, 23 de dezembro de 1943) é a rainha consorte do rei Carlos XVI Gustavo da Suécia. Chamada de Sua Majestade A Rainha, Silvia é a mãe da herdeira ao trono da Suécia, Princesa Herdeira, Vitória.
Silvia Renate Sommerlath nasceu em Heidelberg, Alemanha, no dia 23 de dezembro de 1943. É a mais nova de três crianças, filha do empresário alemão Walther Sommerlath (que se tornou presidente da subsidiária brasileira da metalúrgica Uddeholm) e da brasileira Alice Soares de Toledo. O seu avô materno foi Artur Floriano de Toledo (1873-1935), um descendente do Rei Afonso III de Portugal e da sua amante, Maria Peres de Enxara. A rainha tem dois irmãos: Ralf e Walther Sommerlath e o seu terceiro irmão, Jörg Sommerlath, faleceu em 2006. A família Sommerlath viveu em São Paulo, Brasil, entre 1947 e 1957, onde Silvia estudou no tradicional colégio alemão do Visconde de Porto Seguro. A família regressou à Alemanha Ocidental em 1957.
Em 1963 completou seus estudos secundários em Düsseldorf. Em 1969 graduou-se em interpretação em Munique, especializada em língua espanhola.
No início dos anos 1970 trabalhou no consulado argentino em Munique, durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1972. Trabalhou como diretora de protocolo dos Jogos de Inverno em Innsbruck, na Áustria, e, brevemente, como comissária de bordo.
Intérprete, Sílvia fala seis línguas: sueco, alemão, francês, espanhol, português e inglês. Além disso, é fluente na língua de sinais para deficientes auditivos.
Durante os Jogos Olímpicos de Munique em 1972, Sílvia Sommerlath conheceu o então Príncipe Herdeiro, Carlos Gustavo da Suécia. Numa entrevista seguinte, o futuro rei lhe disse que eles combinavam bem.
Com a morte do rei Gustavo VI Adolfo da Suécia em 14 de setembro de 1973, Carlos Gustavo foi coroado Rei, cinco dias depois. Ele e Sílvia anunciaram o seu noivado em 12 de março de 1976.
Casaram-se três meses mais tarde, em 19 de junho, na Catedral Storkyrkan, Estocolmo. Foi o primeiro casamento de um monarca sueco reinante desde 1797. Se eles tivessem casado durante o reinado do Rei Gustavo VI Adolfo da Suécia, ele perderia o direito ao trono sueco.
Em celebração ao casamento, foi realizado um baile de gala no dia 18 de junho de 1976, com a presença do rei Carlos XVI Gustavo da Suécia, a futura rainha Sílvia e seus pais, Walther e Alice. O famoso grupo pop ABBA executou a música Dancing Queen na televisão sueca uma noite antes da cerimónia. A música não foi composta em homenagem à futura rainha, segundo os integrantes, mas foi um dos pontos altos da festa.

Descendência
O Rei e a Rainha da Suécia têm três filhos:
O Príncipe Carlos Filipe nasceu Príncipe Herdeiro, mas, com a reforma constitucional, a sua irmã mais velha passou a ser a primeira na linha de sucessão.
Segundo Sílvia, os filhos foram educados como crianças comuns, apesar dos títulos de Alteza Real e dos compromissos com o trono sueco. Até a educação secundária, os príncipes estudaram em escolas públicas. A educação da Princesa Victoria foi mais intensa, em função da responsabilidade que terá como futura monarca, mas a base psicológica repassada por Sílvia a todos os filhos foi fundamental para a princesa herdeira.
Por ter morado aproximadamente dez anos no interior de São Paulo, Brasil, a Rainha Sílvia e o Rei Carlos Gustavo promoveram aos filhos uma vida mais próxima ao campo. Assim, deram-lhes o respeito à natureza e à vida simples.
Culta, elegante, educada e reconhecida pela simplicidade e simpatia, a Rainha Sílvia é admirada não apenas pelo cumprimento das suas atribuições, mas também pelo empenhamento em projetos sociais importantes. Em 1999, Sílvia da Suécia fundou a World Childhood Foundation, com o objetivo de promover melhores condições de vida e de defesa do direito das crianças contra a pobreza e o abuso sexual. A instituição está presente em quatorze países e realiza mais de cem programas.
A 13 de janeiro de 1987 recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a 2 de maio de 2008 recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Brasão da Rainha Sílvia

O astrónomo Gerard Kuiper morreu há 45 anos

Gerard Peter Kuiper, batizado como Gerrit Pieter Kuiper (Harenkarspel, 7 de dezembro de 1905 - Cidade do México, 23 de dezembro de 1973) foi um astrónomo neerlandês, onde nasceu e cresceu, naturalizado nos Estados Unidos em 1933.
Gerard Kuiper descobriu duas luas de planetas no nosso Sistema Solar: uma lua de Urano, Miranda, e uma de Neptuno, Nereida. Sugeriu a existência de um cinturão de asteroides além da órbita de Neptuno, hoje designada como Cintura de Kuiper já que se conseguiu confirmar a sua existência (veja Objectos trans-neptunianos). Kuiper foi também pioneiro na observação aérea por infravermelhos utilizado o avião Convair 990 nos anos 60.
Em 1959 recebeu a Henry Norris Russell Lectureship da Sociedade Astrónoma Americana e, na década de 1960, Kuiper ajudou na identificação dos locais de pouso na Lua para o projeto Apollo.
O asteroide 1776 Kuiper e crateras de impacto na Lua, Marte e Mercúrio foram batizadas com o seu nome, em sua homenagem.

Known objects in the Kuiper belt, derived from data from the Minor Planet Center. Objects in the main belt are colored green, whereas scattered objects are colored orange. The four outer planets are blue. Neptune's few known trojans are yellow, whereas Jupiter's are pink. The scattered objects between Jupiter's orbit and the Kuiper belt are known as centaurs. The scale is in astronomical units. The pronounced gap at the bottom is due to difficulties in detection against the background of the plane of the Milky Way.

A Cintura de Kuiper, também chamada Cintura de Edgeworth ou Cintura de Edgeworth-Kuiper, é uma área do sistema solar que se estende desde a órbita de Neptuno (a 30 UA do Sol) até 50 UA do Sol. Os objetos do cinturão de Kuiper são comummente chamados de KBO (Kuiper Belt Object).
A sua existência foi sugerida por Gerard Kuiper (1905-1973) em 1951. Em 1993, Miles Standish reanalisou os dados, e descobriu que a anomalia era menor. No entanto, desde a descoberta de 1992 QB1 - o primeiro objeto nesta região - já foram catalogados mais de mil outros pequenos objetos transneptunianos. Acredita-se que nesta região existam mais de 100 mil pequenos corpos celestes.
Este cinturão possui milhares de pequenos corpos, estes com formação semelhante à dos cometas. A diferença é que estes pequenos corpos nunca volatizaram os seus gelos, de maneira que não possuem nem coma nem cauda, isso se dá por eles estarem orbitando longe do calor do Sol.
Destes, são conhecidos doze com diâmetro de quase ou mais de 1000 km inclusive um que é definitivamente maior que Plutão (embora haja incertezas de 10-15%):
Natureza dos KBO's
A origem da cintura de Kuiper é incerta, mas acredita-se que seus objetos são remanescentes da nebulosa protossolar que deu origem aos planetas. Os KBO's são rochas congeladas contendo metano, amónia e água, com tamanhos que podem variar de 100 a 1000 km, com alguns maiores que isto. Estima-se que no passado eram maiores e mais numerosos, mas interacções com os planetas (principalmente Neptuno) e colisões mútuas acabaram por expulsar boa parte deles, seja em direção ao Sol ou planetas internos, como Júpiter, seja para regiões externas do Sistema Solar, para região da nuvem de Oort.
Classificação dos KBO's
Existem 3 categorias de KBO's:
  • Clássicos: cerca de 2/3 do total de KBO's. Possuem órbitas mais estáveis com baixa excentricidade orbital e localizados entre 42 e 47 u.a.
  • Plutinos: cerca de 1/3 do total. Apresentam ressonância 3:2 com o planeta Neptuno
  • Espalhados: apresentam órbitas altamente inclinadas e excêntricas e são a possível origem dos cometas de curto período
Representação artística da Nuvem de Oort e da cintura de Kuiper
 

sábado, dezembro 22, 2018

Puccini nasceu há 160 anos

Giacomo Antonio Domenico Michele Secondo Maria Puccini ou apenas Giacomo Puccini (Lucca, 22 de dezembro de 1858 - Bruxelas, 29 de novembro de 1924) foi um compositor de óperas italiano. As suas óperas estão atualmente entre as mais interpretadas, entre as quais estão La Bohème, Tosca, Madame Butterfly e Turandot. Algumas das árias das suas óperas, como "O mio babbino caro" de Gianni Schicchi, "Che gelida manina" de La Bohème e "Nessun dorma" de Turandot tornaram-se parte da cultura popular.
Descrito pela Encyclopædia Britannica como "um dos maiores expoentes das óperas realistas", ele é lembrado como um dos últimos maiores compositores operísticos italianos. O seu reportório é essencialmente feito pelo verismo, ou pela tradição operística pós-romântica e estilo literário. Enquanto o seu trabalho é essencialmente baseado nas óperas italianas tradicionais do fim do século XIX, a sua música mostra algumas influências dos compositores contemporâneos e do movimento impressionista e de Igor Stravinsky. Os temas mais comuns nas suas óperas incluem um fim trágico, heroínas e o amor.
   
Biografia
Giacomo Puccini nasceu em Lucca, na Toscânia, numa família de cinco gerações com ligações à música, incluindo o seu familiar Domenico Puccini. Filho de Michele Puccini (1813-1864) e Albina Magi (1830-1884), o seu pai morreu quando Giacomo tinha apenas cinco anos de idade e ele foi enviado para estudar com seu tio Fortunato Magi, que o considerava um estudante pobre e indisciplinado. Magi sempre prejudicava o seu sobrinho no seu contrato como maestro do coral de Lucca, pois Puccini iria substituir o seu tio quando tivesse idade. Puccini nunca assumiu o lugar do seu tio como organista da igreja e maestro do coral de Lucca. Quando ele tinha dezassete anos pode assistir a uma apresentação da ópera Aida, de Giuseppe Verdi e viu-se inspirado a compor óperas. Ele e seu irmão, Michele, caminharam 30 km para ver a performance em Pisa.
Em 1880, com a ajuda de um familiar e uma doação, Puccini ingressou no Conservatório de Milão para estudar composição com Stefano Ronchetti-Monteviti, Amilcare Ponchielli e Antonoi Bazzini. No mesmo ano, aos 21 anos, ele compôs a Messa, que marcou a grande associação de sua família com a música gospel. Apesar do título da obra se referir a uma Missa Ordinária Católica, atualmente o trabalho é popularmente conhecido como Messa di Gloria, um nome que, tecnicamente, refere-se apenas a duas orações da missa: o Kyrie e o Gloria, enquanto omite o Credo, o Sanctus e o Agnus Dei.
O trabalho antecipa a carreira de Puccini como um compositor de óperas, mostrando na Messa vislumbres do poder dramático que ele viria a trazer aos palcos; as poderosas "árias" para tenor e baixo são certamente mais operísticas que as músicas normalmente vistas nas igrejas e a orquestração e o poder dramático compara a sua Messa com o Requiem de Verdi.
Enquanto estudava no Conservatório, Puccini obreve um libretto de Ferdinando Fontana e entrou  numa competição de óperas em um ato, em 1882. Embora que não tivesse ganho, Le Villi foi apresentada no Teatro Dal Verme em 1884 e chamou a atenção de Giulio Ricordi, chefe da G. Ricordi & Co., que pediu ao compositor para compor a sua segunda ópera, Edgar, em 1889. Edgar tinha uma péssima história, com um pobre libretto de Fontana. Este pode ter tido um efeito sobre os pensamentos de Puccini, pois quando ele começou a compor a sua terceira ópera, Manon Lescaut, anunciou que seria escrita com um próprio libretto e não "de um tolo libretista". Ricordi persuadiu Puccini a aceitar Ruggiero Leoncavallo como seu libretista, mas Puccini pediu para Ricordi removê-lo do projeto. Quatro outros libretistas foram envolvidos com a ópera, pelo facto de Giacomo mudar de ideia constantemente sobre a estrutura da ópera. Foi quase que por acaso que no final do segundo ato, Illica e Giacosa, reuniram-se para completar a ópera. Eles permaneceram juntos com Puccini nas três seguintes óperas do compositor e provavelmente, nos maiores sucessos deles: La Bohème, Tosca e Madame Butterfly.
Pode ter sido o fracasso de Edgar que fez Puccini mudar tantas vezes de ideia, Edgar quase lhe custou a carreira. Puccini envolveu-se com a casada Elvira Gemignani e os associados de Ricordi fizeram vistas grossas ao estilo de vida, desde que ele fosse bem sucedido. Quando Edgar foi um fracasso, sugeriram a Ricordi que deveriam tirar Puccini, mas Ricordi disse que ele permaneceria com Puccini e pagou ao compositor com seu próprio dinheiro até à sua ópera seguinte. Manon Lescaut foi um grande sucesso e Puccini tornou-se o líder operístico da época.
   
Puccini na Torre del Lago
A partir de 1891, Puccini passou a maior parte do seu tempo em Torre del Lago, uma pequena comunidade a quinze milhas de Lucca, situada entre o Mar Tirreno e o Lago Massaciuccoli, ao sul de Viareggio. Enquanto alugava uma casa lá, ele passava o seu tempo a caçar, mas regularmente visitava Lucca.
Em 1900 ele adquiriu uma propriedade e construiu uma vila no lago, atualmente conhecida como "Villa Museo Puccini". Ele viveu lá até 1921, quando a poluição forçou a sua mudança para Viareggio, poucos quilómetros ao norte. Após a sua morte, um mausoléu foi criado na Villa Puccini e o compositor foi enterrado na capela, ao lado da sua esposa e filho, que morreram depois.
  
 Óperas escritas na Torre del Lago
  • Manon Lescaut (1893), sua terceira ópera, foi seu primeiro grande sucesso. Foi o início de sua memorável relação com os libretistas Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, que colaboraram com ele em suas três óperas seguintes, que tornaram-se suas três óperas de maior sucesso e mais interpretadas. São elas:
  • La Bohème (1896), é considerada um dos melhores trabalhos como também uma das óperas mais românticas já compostas. Juntamente com Tosca, é uma das óperas mais populares da história.
  • Tosca (1900), foi sem dúvida a primeira ópera de Puccini ingressando no verismo, uma representação realista de fatos da vida real, incluindo violência. A ópera foi considerada de maior importância na história da ópera, por causa de muitas características significantes.
  • Madame Butterfly (1904) foi inicialmente recebida com hostilidade (organizada pelos seus rivais) mas, após alguns melhoramentos, tornou-se outro grande sucesso.
Após 1904, composições foram menos frequentes. Seguindo a sua paixão por carros rápidos, Puccini envolveu-se num acidente em 1903. Em 1906 Giacosa morreu e em 1909 houve um grande escândalo, pois a esposa do compositor, Elvira, acusou falsamente Puccini de ter tido um caso com a sua empregada, Doria Manfredi. A empregada cometeu suicídio logo depois da acusação. Elvira foi processada pelos Manfredis e Giacomo teve que pagar uma quantia em dinheiro. Finalmente em 1912 a morte de Giulio Ricordi, editor de Puccini, terminou o período produtivo de sua carreira.
Entretanto, Puccini completou La fanciulla del West em 1910 e finalmente a partitura de La rondine em 1916. Em 1918, Il trittico foi apresentada em Nova Iorque. Tratava-se de uma ópera em três atos: um episódio horroroso (Il tabarro), no estilo parisiense Grand Guignol, uma tragédia sentimental (Suor Angelica) e uma comédia (Gianni Schicchi). Das três, Gianni Schicchi é a parte mais popular, tendo uma ária conhecida popularmente: "O mio babbino caro".
  
Últimos anos
Um fumador inveterado de charutos e cigarros de Toscano, Puccini começou a queixar-se de dor de garganta crónica em finais de 1923. Um diagnóstico de cancro da garganta levou os médicos a recomendar um tratamento novo e experimental: radioterapia, que estava sendo oferecido em Bruxelas. Puccini e sua esposa nunca souberam o quão sério era o cancro, sendo que a notícia só foi revelada ao filho do compositor.
Puccini morreu dia 29 de novembro de 1924, por complicações no tratamento: uma hemorragia descontrolada levou-o a um ataque cardíaco, apenas um dia após a sua cirurgia. Notícias sobre sua morte chegaram a Roma durante uma performance de La Bohème. A ópera foi imediatamente interrompida e a orquestra tocou a Marcha Fúnebre de Frédéric Chopin. Ele foi enterrado em Milão, no túmulo da família Toscanini, temporariamente. Em 1926 o seu filho transferiu o corpo do pai para a capela recém terminada na Torre del Lago.
Turandot, a sua última ópera, foi deixada inacabada e as duas últimas cenas foram acabadas por Franco Alfano, baseado nos apontamentos do compositor.
Quando Arturo Toscanini conduziu a performance de estreia, em abril de 1926 (num teatro lotado e com a presença do ditador italiano Benito Mussolini), ele decidiu não interpretar a parte de Alfano. A performance foi parada na parte em que Puccini compôs. O maestro virou para o público e disse: "Aqui a ópera terminou, porque nesse ponto o maestro morreu". (Alguns dizem que ele foi mais poeta e disse: Aqui o maestro abaixou sua caneta). Alguns jornalistas interpretaram a atitude de Toscanini como um gesto de desaprovação da contribuição de Alfano. Em 2009, William Hartson, no Daily Express disse a seus leitores com grande autoridade que "Toscanini nunca conduziu Turandot novamente". De facto, ele conduziu novamente nas duas noites seguintes, inclusive a parte de Alfano, em um total de três performances.
Em 2002, um novo oficial final foi composto por Luciano Berio, a partir dos rascunhos originais, mas essa versão é raramente interpretada.
  
Política
Ao contrário de Richard Wagner e Giuseppe Verdi, Puccini não parecia ser ativo na política da sua época. No entanto, Mussolini, ditador fascista da Itália na época, alegou que Puccini havia pedido para ser admitido no Partido Nacional Fascista. Embora tenha sido comprovado que Puccini estava de facto entre os primeiros apoiantes do partido fascista, na época da campanha eleitoral de 1919 (na qual os candidatos fascistas foram completamente derrotados, onde os mesmos ficaram furiosos, ganhando parcos 4 mil votos), não parece haver nenhum registo ou prova de qualquer dedicação de Puccini ao partido. Além disso, caso Puccini tivesse sido um fascista ativo, o seu grande amigo Toscanini (um anti-fascista radical) provavelmente teria cortado todas as ligações de amizade com ele e deixado de reger as suas óperas.
Não obstante, a propaganda fascista apropriou-se da figura de Puccini e uma das marchas mais difundidas durante as paradas de rua e cerimónias públicas fascistas era o "Inno a Roma" (Hino a Roma), composto em 1919 por Puccini para a letra de Fausto Salvatori, com base nestes versos de Carmen saeculare, de Horácio:
Alme Sol, curru nitido diem qui / Promis et celas alius que et idem / Nasceris, possis nihil urbe Roma / Visere maius. (O Sol, que não muda, mas sempre novo, / Rege todo o dia e vai para casa, / Nada pode estar presente para tu vires / Superior a Roma!)
  
Estilo
Puccini claramente ocupou um lugar na tradição popular de Verdi, o seu estilo de orquestração mostrava a forte influência de Wagner, com ligações específicas de timbres orquestrais para diferentes momentos dramáticos. A música de Puccini era baseada nas tradicionais melodias diatónicas das óperas italianas da época, influências que podem ser ouvidas em músicas de Igor Stravinsky e no impressionismo. Ele foi descrito pela Encyclopædia Britannica como "Um artista típico de fim de século".
As estruturas dos trabalhos de Puccini são também notáveis. Embora seja, de certa forma, possível dividir as suas óperas em árias ou números (como as de Verdi), as suas partituras são geralmente compostas apresentando um forte sentido de fluxo contínuo e conectividade, talvez sendo esse outro sinal da influência de Wagner. Como o alemão, Puccini usou leitmotivs para conotar as características e sentimentos. Isso é mais aparente em Tosca, onde os três acordes que iniciam a ópera são usados em toda obra para anunciar Scarpia; o descendente motivo de bronze está ligado ao regime repressivo que governou Roma no cenário da ópera e mais claramente a Angelotti, uma das vítimas do regime; o arpejo da harpa que figura a aparição da entrada de Tosca e a ária Vissi d'arte simbolizando o fervor religioso de Tosca; o clarinete ascendente-descendente indica o sofrimento de Mario por ser condenado e pelo seu amor por Tosca. Ao contrário de Wagner, os motivos de Puccini são, em alguns casos, estáticos, eles têm a intenção de direcionar a atenção do público para uma ideia particular. No entanto, ao longo de suas óperas, por exemplo o amor em La Bohème, as melodias desenvolvem-se para sinalizar uma mudança de personagem.
Outra qualidade distintiva nas obras de Puccini é o uso da voz no estilo da fala, ou seja, canto parlando; personagens cantam frases curtas, um após o outro, como se estivessem numa conversa. Puccini é também celebrado pelo seu dom melódico e muitas das suas melodias são memoráveis e populares. As suas mais simples melodias são compostas de sequências de escala, por exemplo, Quando m'en vo (Valsa de Musetta) de La Bohème e E lucevan le stelle de Tosca.
As óperas de Puccini incluem vários temas, um dos mais comuns incluem as heroínas, que são "dedicadas de corpo e alma ao seus amantes"; um fim trágico muitas vezes. Exemplos de líderes mulheres que morreram em suas óperas incluem Cio-Ci San em Madame Butterfly, Mimi em La Bohème e Tosca. De acordo com a Encyclopædia Britannica: "combina compaixão e piedade por suas heroínas com um forte traço de sadismo". Além disso, excepcionalmente para óperas escritas por compositores italianos, até essa altura, muitas das óperas de Puccini estão definidas fora da Itália, como no Japão, prospeção de ouro na Califórnia, Paris e Riviera e ainda na China.
  
Música
Embora Puccini seja conhecido por suas óperas, ele também escreveu algumas peças orquestrais, música sacra, música de câmara e canções para voz e piano.

Óperas
  • Le Villi, libretto de Ferdinando Fontana (em um ato - estreada no Teatro Dal Verme, 31 de maio de 1884)
  • segunda versão (em dois atos - estreada no Teatro Regio de Torino, 26 de dezembro de 1884)
  • terceira versão (em dois atos - estreada no Teatro alla Scala, 24 de janeiro de 1885)
  • quarta versão (em dois atos - estreada no Teatro dal Verme, 7 de novembro de 1889)
  • Edgar, libretto de Ferdinando Fontana (em quatro atos - estreada no La Scala, 21 de abril de 1889)
  • segunda versão (em quatro atos - estreada no Teatro del Giglio, 5 de setembro de 1891)
  • terceira versão (em três atos - estreada no Teatro Comunale, 28 de janeiro de 1892)
  • quarta versão (em três atos - estreada no Teatro Colón, 8 de julho de 1905)
  • Manon Lescaut, libretto de Luigi Illica, Marco Praga e Domenico Oliva (estreada no Teatro Regio, 1 de fevereiro de 1893)
  • segunda versão (estreada no Teatro Coccia, 21 de dezembro de 1983)
  • La Bohème', libretto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa (estreada no Teatro Regio, 1 de fevereiro de 1896)
  • Tosca, libretto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa (estreada no Teatro Costanzi, 14 de janeiro de 1900)
  • Madame Butterfly, libretto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa (em dois atos - estreada no La Scala, 17 de fevereiro de 1904)
  • segunda versão (em dois atos - estreada no Teatro Grande di Brescia, 28 de maio de 1904)
  • terceira versão (estreada no Covent Garden, 10 de julho de 1905)
  • quarta versão (estreada no Opéra-Comique, 28 de dezembro de 1906)
  • quinta versão (estreada no Teatro Carcano, 9 de dezembro de 1920)
  • La fanciulla del West, libretto de Guelfo Civinini e Carlo Zangarini (estreada no Metropolitan Opera House, 10 de dezembro de 1910)
  • segunda versão (estreada no La Scala, 29 de dezembro de 1912)
  • La rondine, libretto de Giuseppe Adami (estreado na Ópera de Monte Carlo, 27 de março de 1917)
  • segunda versão (estreada no Ópera de Monte Carlo, 10 de abril de 1920)
  • terceira versão (estreada no Teatro Verdi, 11 de abril de 1924 e Teatro Regio em 22 de março de 1994)
  • Il trittico (estreada no Metropolitan Opera, 14 de dezembro de 1918)
  • Il tabarro, libretto de Giuseppe Adami
  • Suor Angelica, libretto de Giovacchino Forzano
  • Gianni Schicchi, libretto de Giovacchino Forzano
  • Turandot, libretto de Renato Simioni e Giuseppe Adami (estreada no La Scala, a 25 de abril de 1926) 
Outros trabalhos
  • A te (1875)
  • Preludio para orquestra (1876)
  • Plaudite populi (Lucca, 1877)
  • Credo (Lucca, 1878)
  • Vexilla Regis (1878)
  • Missa a Quatro Vozes com Orquestra (Lucca, 1880)
  • Adagio in A major (1881)
  • Largo Adagetto em F maior (1881–83)
  • Salve del ciel Regina (1882)
  • Mentìa l’avviso (1882)
  • Preludio Sinfónico em A maior (Milão, 1882)
  • Fugues (1883)
  • Scherzo em D (1883)
  • Storiella d’amore (1883)
  • Capriccio Sinfonico (Milão, 1883)
  • Sole ed amore (1888)
  • Crisantemi (1890)
  • Minuetto n.1 (1892)
  • Minuetto n.2 (1892)
  • Minuetto n.3 (1892)
  • Piccolo valzer (1894)
  • Avanti Urania! (1896)
  • Scossa elettrica (1896)
  • Inno a Diana (1897)
  • E l'uccellino (1899)
  • Terra e mare (1902)
  • Canto d’anime (1904)
  • Requiem (1905)
  • Casa mia, casa mia (1908)
  • Sogno d'or (1913)
  • Pezzo per pianoforte (1916)
  • Morire? (1917)
  • Inno a Roma (1 de junho de 1919)
  
   

Joe Strummer morreu há dezasseis anos

Joe Strummer, nascido John Grahan Mellor (Ankara, 21 de agosto de 1952 - Somerset, 22 de dezembro de 2002) mais conhecido por seu trabalho como vocalista e guitarrista da banda The Clash. Antes era integrante da banda The 101ers. Foi ainda membro dos The Mescaleros e temporariamente dos The Pogues.
Strummer nasceu em Ankara na Turquia. A sua mãe, Anna Mackenzie, era enfermeira de origem escocesa. O seu pai, Ronald Mellor, um indiano que trabalhava como diplomata dos serviços estrangeiros das ilhas britânicas. A sua família gastava muito tempo mudando-se de um lugar para outro e Joe passou partes de sua infância no Cairo, Cidade do México e Bona. Aos 9 anos, juntamente com o seu irmão David (10 anos), começou a estudar na "City of London Freemen's School" em Surrey. Joe poucas vezes viu os seus pais durante os seguintes sete anos após a sua entrada na escola. Ele desenvolveu o seu amor pelo Rock ouvindo gravações de Little Richard, Beach Boys e Woody Guthrie (Joe inclusive assumiu a alcunha de "Woody" alguns anos).
Em 1970 o seu irmão, David, afastou-se da família e entrou para o British National Front. O seu suicídio, em julho do mesmo ano, afetou profundamente Joe, que precisou identificar o corpo, após 3 dias de desaparecimento.
Em 22 de dezembro de 2002 morreu, vítima de defeito cardíaco congénito, conforme foi publicado no seu site oficial. Morreu tranquilamente, em sua casa, em Somerset, deixando esposa, duas filhas e uma neta.