domingo, março 24, 2019

Monsenhor Romero foi assassinado há 39 anos

 
Óscar Arnulfo Romero Galdámez, conhecido como Monsenhor Romero, (Ciudad Barrios, San Miguel, 15 de agosto de 1917 - San Salvador, 24 de março de 1980) foi um sacerdote católico salvadorenho, quarto arcebispo metropolitano de San Salvador (1977-1980).
Galeria dos mártires do séc. XX de Westminster: Madre Elisabeth da Rússia, Martin Luther King, Óscar Romero e Dietrich Bonhoeffer
  
Em 3 de fevereiro de 1977 foi nomeado Arcebispo de San Salvador. Escolhido como arcebispo pelo seu aparente conservadorismo, uma vez nomeado aderiu aos ideais da não-violência, posição que o levou a ser comparado ao Mahatma Gandhi e a Martin Luther King. Por isso, Óscar Romero passou a denunciar, nas suas homilias dominicais, as numerosas violações de direitos humanos em El Salvador e manifestou publicamente sua solidariedade com as vítimas da violência política, no contexto da Guerra Civil de El Salvador.
Dentro da Igreja Católica, defendia a "opção preferencial pelos pobres".
Na homilia de 11 de novembro de 1977, Monsenhor Romero afirmou: "a missão da Igreja é identificar-se com os pobres. Assim a Igreja encontra sua salvação."
Óscar Romero foi assassinado quando celebrava a missa, em 24 de março de 1980, por um atirador de elite do exército salvadorenho, treinado nas Escola das Américas. A sua morte provocou uma onda de protestos em todo o mundo e pressões internacionais por reformas em El Salvador.
Em 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 24 de março como o Dia Internacional pelo Direito à Verdade acerca das Graves Violações dos Direitos Humanos e à Dignidade das Vítimas em reconhecimento da atuação de D. Romero em defesa dos direitos humanos.
 
Em 1997 D. Romero foi declarado "Servo de Deus" pelo papa João Paulo II. Em fevereiro de 2015 o papa Francisco aprovou o decreto de beatificação do arcebispo salvadorenho, reconhecendo-o como mártir.
A solenidade de beatificação foi realizada no dia 23 de maio de 2015 na capital salvadorenha e presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Estima-se que cerca de 300 mil pessoas estiveram presentes na cerimónia.
Durante a cerimónia, Amato firmou que a memória de Romero ainda estaria viva dando conforto aos pobres e marginalizados, e que Romero foi a luz do mundo e o sal da terra, pois seus perseguidores desapareceram e foram esquecidos, mas Romero continuaria a lançar luz sobre os pobres e marginalizados.
O Papa Francisco, enviou uma mensagem pessoal que foi lida no início da cerimónia, na qual afirmou que: "Em tempos de coexistência difícil, Romero soube como guiar, defender e proteger o seu rebanho. [...] Damos graças a Deus porque concedeu ao bispo mártir a capacidade de ver e ouvir o sofrimento de seu povo. [...] Quando se entende bem e se assume até as últimas consequências, a fé em Jesus Cristo cria comunidades artífices de paz e solidariedade".
 

Um desastre chamado Exxon Valdez ocorreu há trinta anos...

Exxon Valdez (também chamado Dong Fang Ocean e anteriormente conhecido também como Exxon Mediterranean, SeaRiver Mediterranean, S/R Mediterranean e Mediterranean) foi um navio petroleiro que ganhou notoriedade a 24 de março de 1989, quando 50.000 a 150.000 m³ (aproximadamente 257.000 barris) do petróleo que transportava foram lançadas ao mar, na costa do Alasca, depois de o navio encalhar na Enseada do Príncipe Guilherme (Prince William Sound). Como consequência, houve um grande desastre ambiental e centenas de milhares de animais morreram nos meses seguintes. De acordo com as estimativas, morreram 250.000 pássaros marinhos, 2.800 lontras marinhas, 250 águias e 22 orcas, além da perda de milhares de milhões de ovos de salmão. Foi o segundo maior derramamento de petróleo da história dos Estados Unidos. Na época, o navio pertencia à ExxonMobil.
Em 2002, a União Europeia proibiu a utilização de navios petroleiros de casco simples e o “Valdez”, renomeado “Mediterranean”, foi enviado para as águas da Ásia.
Em 2007, o Valdez foi convertido num transportador de minérios e renomeado como “Dong Fang Ocean”.
Em 2011, com o nome de “Oriental Nicety,” o navio foi vendido a uma companhia de demolições indiana, as Priya Blue Industries, a mesma empresa que em 2006 tinha atraído má fama após terem afundado um navio que continha amianto.
Em 2012 o “Oriental Nicety” foi desmantelado na Índia.

sábado, março 23, 2019

Chaka Khan - 66 anos

Chaka Khan (Chicago, 23 de março de 1953) é o pseudónimo da cantora norte-americana Yvette Marie Stevens.
Khan chamou atenção do mundo da música pela primeira vez como cantora, na banda funk Rufus, em meados dos anos 70. Com a ajuda de Stevie Wonder, despontou nas tops de sucesso pop e R&B em 1974, com a canção "Tell Me Something Good".
Em 1978 teve grande sucesso interpretando "I'm Every Woman", canção disco composta pela dupla Ashford & Simpson. Outras músicas de sucesso suas incluem "Do you love what you feel" (1979) e "Feel for you" (1984).
A carreira de Chaka Khan tem sido irregular em termos de vendas de discos, porém tem continuado a gravar e sua marca como ícone da música negra norte-americana, especialmente do soul, é indiscutível. A sua versatilidade permitiu-lhe ainda fazer música de disco', hip hop, jazz, R&B e funk.
  
 

Damon Albarn, vocalista dos Blur, faz hoje 51 anos

Damon Albarn (Londres, 23 de março de 1968) é um cantor britânico.
Na juventude participou nas bandas Circus, Real Lives e The Aftermath. Nos anos 90 ganhou notoriedade como líder e vocalista dos Blur, uma das mais importantes e emblemáticas bandas inglesas do chamado Britpop. Formado por Graham Coxon (guitarra e voz), Alex James (baixo) e Dave Rowntree (bateria) e Damon Albarn (voz e teclado), a banda Blur lançou sete álbuns e inúmeros hits no topo das paradas de sucesso entre eles "There's no other way", "Girls And Boys", "Song 2" e "Coffee And TV".
Damon estava a dedicar-se desde 2003 a outros projetos de sucesso comercial e/ou de crítica. O primeiro deles foi os Gorillaz, banda virtual onde os músicos são desenhos animados. Os Gorillaz já lançaram, desde 2000, três discos de estúdio e contou com a participação de diversos artistas como Miho Hatori, De La Soul, Neneh Cherry e Shaun Ryder.
Em 2002, Damon lançou Mali Music, álbum gravado durante uma viagem que fez em apoio a ONG Oxfam, em 2000. O projeto contou com a participação de músicos locais e tem a sua sonoridade baseada na música do Mali e no Britpop.
O seu mais recente trabalho é o The Good, the Bad and the Queen, banda que tem na sua formação, além do Damon (voz e piano), o baixista Paul Simonon (The Clash), o guitarrista Simon Tong (The Verve) e o baterista Tony Allen (Fela Kuti). O grupo lançou o disco homónimo que estreou em janeiro de 2007.
Mais recentemente, em 2008, formou o supergrupo Rocket Juice and The Moon, em conjunto com o baixista dos Red Hot Chili Peppers, Flea e o baterista Tony Allen.
Em 2012, ainda lançou, pelos Blur, o single EP "Under the Westway".
Mesmo com os Blur reunidos, e realizando concertos por todo o mundo em turnês, Damon Albarn ainda se dedica a outros projetos como os Gorillaz, além da sua carreira individual. Ele lançou o seu primeiro álbum a solo, "Everyday Robots", em abril de 2014.
Em abril de 2015 foi lançado um novo álbum de inéditas com os Blur, o The Magic Whip, o primeiro álbum lançado pelo grupo em 12 anos, e também o primeiro após o retorno da banda, em 2009.


Poe faz hoje 51 anos

Poe (Annie Decatur Danielewski, Nova Iorque, 23 de março de 1968) é uma cantora e compositora americana, filha do diretor cinematográfico polaco Tad Danielewski e irmã do escritor Mark Z. Danielewski.
  
 

sexta-feira, março 22, 2019

Poema para celebrar os Dias da Água e da Poesia...

(imagem daqui)
 
Água

Água, feita de volubilidade
mãe das nuvens e do barro.
posso senti-la discreta
transparente inevitável.


Prisioneira gelada
dos refrigeradores,
vago itinerário dos peixes,
húmido túmulo dos detritos
que os homens repudiaram.


Feita de angústia,
saíste dos olhos
para a estrada áspera
das rugas.


Ergues tua bandeira vermelha
no peito dos apunhalados.


Água,
hei-de beber-te comovido
na inodora volúpia
da tua acomodada transparência.
Embebes de esquecimento
os suicidas.


Tuas mãos rudes
agarram os continentes,
dissolvem os náufragos,
projectam no céu
os velames e as quilhas.
Bojo surdo e verde
cofre de algas e flibusteiros,
bactérias e diamantes.


Quero-te agora
inerte de presságios,
mera adolescente
nascida na terra,
filha perdida do azul. 

  
  
André Carneiro

A poetisa Branca de Gonta Colaço morreu há 74 anos

(imagem daqui)
   
Branca Eva de Gonta Syder Ribeiro Colaço (Lisboa, 8 de julho de 1880 - Lisboa, 22 de março de 1945), mais conhecida por Branca de Gonta Colaço, foi uma escritora e recitalista portuguesa, erudita e poliglota, que ficou sobretudo conhecida como poetisa, dramaturga e conferencista. Era filha da inglesa Ann Charlotte Syder e do político e escritor português Tomás Ribeiro. Casou com Jorge Rey Colaço, um ceramista de renome, tendo publicado a sua obra sob o nome de Branca de Gonta Colaço.
   
Biografia
Branca Eva de Gonta Syder Ribeiro nasceu em Lisboa a 8 de julho de 1880, filha do político e poeta Tomás Ribeiro e da poetisa inglesa Ann Charlotte Syder. Nascida numa das famílias mais ligadas à actividade intelectual da época, na sua juventude convive com nomes de relevo das letras e das artes portuguesas.
Com apenas 18 anos de idade, casou em 1898 com o pintor e azulejista Jorge Rey Colaço, adoptando o nome de Branca de Gonta Colaço. O apelido Gonta, na realidade um sobrenome, deriva de Parada de Gonta, a aldeia natal de seu pai.
Cedo revelando talento para as letras, inicia-se como poetisa e como colaboradora de publicações literárias, contribuindo activamente para um grande número de jornais e revistas. Deixou colaboração dispersa por múltiplos peródicos, com destaque para os jornais O Dia, de José Augusto Moreira de Almeida, e O Talassa, um periódico humorístico que foi dirigido pelo seu marido.
Por iniciativa sua, a Academia das Ciências de Lisboa promoveu em 1918 uma homenagem a Maria Amália Vaz de Carvalho. Nessa ocasião distinguiu-se também como conferencista e recitalista.
Era poliglota, escrevendo correntemente em inglês, sendo-lhe devidas algumas traduções de grande mérito.
A sua obra multifacetada abrange géneros tão diversos como a poesia, o drama e as memórias. Nela dá um valioso retrato das elites sociais e intelectuais portuguesas do seu tempo, com as quais conviveu e de que fez parte.
Com uma obra reconhecida em Portugal e no Brasil, França e Espanha, foi distinguida por várias sociedades científicas e literárias portuguesas e estrangeiras. O Estado português agraciou-a com a Ordem de Santiago da Espada.
Branca Colaço foi mãe do escritor Tomás Ribeiro Colaço e da escultora Ana de Gonta Colaço.
Faleceu em Lisboa, a 22 de março de 1945. Em Lisboa e em Parada de Gonta existem ruas com o seu nome.
   
   
De Profundis

… E silenciosamente

morri, de morte humilde, humildemente,
numa longínqua torre,
num triste anoitecer ...

…………………………..

Não é quando se acaba que se morre;
é quando acaba o gosto de viver.


Branca de Gonta Colaço

O pintor flamengo Antoon van Dyck nasceu há 420 anos

Auto-retrato com um girassol

Sir Antoon van Dyck (Antuérpia, 22 de março de 1599Londres, 9 de dezembro de 1641) foi um retratista flamengo que se tornou o principal pintor da corte real de Carlos I da Inglaterra.
Discípulo de Rubens, ele influenciou os artistas seus contemporâneos.
Na Inglaterra, ficou conhecido como Sir Anthony van Dyck.
Autorretrato, 1613-1614
Vida e educação
Antoon van Dyck era o filho mais jovem de Frans van Dyck, um próspero comerciante de sedas e de especiarias, e da sua segunda esposa, Maria Cuypers. A sua mãe faleceu quando ele tinha apenas oito anos. Em 1609, aos dez anos, Anton tornou-se aprendiz do pintor de figuras de Hendrik van Balen, que só lhe deixara uma pálida impressão. Aos quinze anos, depois de pintar quadros admiráveis, ele já era um artista altamente aperfeiçoado; o seu auto-retrato de 1613 e 1614 (em cima) comprova isso.
Instalou-se em um estúdio próprio aos dezasseis anos, ainda na Antuérpia, tendo trabalhado com Jan Brueghel, o jovem. Ele não poderia, entretanto, vender as suas obras antes de ser oficialmente qualificado como mestre.
  
Início da fama
Em 18 de fevereiro de 1618, Van Dyck registou-se como mestre na Guilda dos Pintores de Antuérpia.
Ambicioso, Van Dyck tornou-se discípulo de Rubens, cujo estilo ele assimilou com uma facilidade espantosa. Rubens predominava o cenário artístico da Antuérpia, e Van Dyck, a exemplo deste, dispôs-se a adotar maneiras aristocráticas e a cultivar a imagem de homem refinado. Rubens referiu-se ao jovem pintor, então com dezanove anos, como "o melhor de seus discípulos".
Aos vinte e um anos, ele foi nomeado assistente-chefe de Rubens e recebeu a tarefa de pintar o teto (atualmente destruído) da Igreja Jesuíta de Antuérpia, passando a ser mais um auxiliar do que discípulo de Rubens.
Aparentemente, Rubens não se sentiu ameaçado por Van Dyck, embora, como se alega, ele tivesse encorajado-o a especializar-se em retratos, campo que Van Dyck demonstrava pouco interesse. Rubens elogiava-o abertamente, tendo inclusive adquirido alguns trabalhos seus.
  
Primeira ida à Londres
Por volta de 1620, a reputação de Van Dyck estava firmemente estabelecida em Antuérpia. Em julho daquele ano, de passagem pela cidade, a caminho da Itália, a Condessa de Arundel posou para Rubens. O seu secretário, Francesco Vercellini, escreveu ao Conde de Arundel, em Londres, sobre o processo da obra e uma nota a respeito de Van Dyck:
"Van Dyck ainda está com o Senhor Rubens, e dificilmente as suas obras são menos apreciadas que as de seu mestre; ele é um jovem de vinte e um anos, e o seu pai, que é muito rico, vive na cidade; assim, será difícil para ele deixar este quinhão, tanto mais ao ver a boa sorte de Rubens".
Tal carta sugere que o Conde de Arundel tinha interesse em Van Dyck. Tentado pela perspectiva de visitar a Inglaterra, o pintor chegou em Londres em novembro daquele mesmo ano, onde ficou por apenas três meses. Nessa curta temporada, Van Dyck pôde estabelecer contato com dois dos maiores colecionadores de arte ingleses: o próprio Conde de Arundel e o Duque de Buckingham. Apesar da rivalidade entre os nobres, o pintor flamengo realizou pinturas para ambos e teve acesso às notáveis coleções deles: o Conde de Arundel possuía trinta e seis pinturas de Ticiano e o Duque de Buckingham, uma vasta coleção de obras de Veronese. Van Dyck admirava as obras desses velhos mestres venezianos.
Entretanto, Van Dyck, quando veio à Inglaterra pela primeira vez, não foi bem-sucedido ao ser apresentado ao Rei Jaime I.
  
Período italiano
Tendo regressado a Antuérpia em 1621, Van Dyck, no outono desse mesmo ano, partiu para Itália, instalando-se em Génova, onde ficaria durante seis anos. Era uma cidade perfeita para qualquer pintor: rica, elegante e com senhores poderosos. O biógrafo Bellori descreveu sua chegada assim:
"Suas maneiras eram as de um cavalheiro e não as de um homem comum, pois formara os seus hábitos no estúdio de Rubens, no meio de nobres. Era também orgulhoso por natureza e ávido pela fama. Usava vestes luxuosas, trazia plumas em seu chapéu, correntes de ouro ao longo do peito e fazia-se acompanhar de servos."
Van Dyck era um viajante seletivo da Itália; aparentemente já tinha decido de antemão o que queria ver. Foi em Génova que ele se definiu como retratista da aristocracia. Sob a influência renovadora da arte italiana e tendo diante de si o exemplo dos retratos genoveses executados por Rubens, o seu estilo expandiu-se intensamente.
As genovesas, mais que outras mulheres italianas, eram devotadas ao lar e à reclusão, sendo recatadas e tímidas por temperamento. Tais características Van Dyck captou e registou magistralmente nos seus retratos. Nos retratos que pintara em Antuérpia, Van Dyck já estava distanciado da rígida formalidade do tradicional retratismo flamengo.
Em 1627, depois de uma longa e bem-sucedida temporada italiana, Van Dyck resolveu regressar a Antuérpia, por causa da morte de uma irmã, Cornelia.
  
Regresso a Antuérpia
De volta a Antuérpia, Van Dyck trabalhou continuamente para a Igreja e era sempre muito solicitado como retratista. Também executou obras mitológicas, tais como Rinaldo e Armida, adquirida por Carlos I em 1629. Na tela, ecoavam os mestres venezianos, causando grande entusiasmo em Londres, já que as pinturas italianas dominavam o gosto de colecionadores ingleses. Em maio de 1630, ele foi indicado como pintor da corte, tendo feito numerosos retratos da Arquiduquesa Isabella, governante Habsburgo de Flandres.
  
Pintor da corte real inglesa
Em 1632, Carlos I, encorajado pelo Conde de Arundel, convidou Van Dyck para a sua corte. Carlos I, que se tinha tornado Rei em 1625, tinha a reputação de generoso patrono das artes, tendo sido descrito por Rubens como "o maior apreciador da pintura entre os príncipes do mundo". Rubens pintou o teto de Whitehall Banqueting House. Van Dyck, que sentia uma atração pela vida na corte, aceitou. Passou a viver em uma casa de Blackfriars, com as despesas pagas por Carlos I, e a ter acesso a uma residência de verão em Eltham, recebendo uma pensão anual de duzentas libras esterlinas.
Em 5 de julho de 1632, Anthony van Dyck foi investido cavaleiro. Bellori fornece uma rica descrição do estilo de vida que Van Dyck teve em Londres. De acordo com o biógrafo, a casa do pintor era frequentada pela mais alta nobreza da época. "Van Dyck mantinha servos, músicos, cantores e bobos; com essas diversões entretinha os grandes homens que diariamente vinham posar para os retratos", escreveu Bellori. Na casa de Blackfriars, foi construída uma plataforma flutuante que facilitava o acesso dos visitantes nobres que vinham pelo rio Tâmisa.
Durante os nove anos em que viveu na Inglaterra, Van Dyck pintou cerca de trinta retratos de grandes dimensões para Carlos I, além de receber uma infindável sucessão de encomendas da aristocracia. A sua produção de retratos foi verdadeiramente prodigiosa.
  
Rei Carlos I, circa 1635 (Louvre)
  

Hoje é o Dia Mundial da Água

 
Canhão da Ribeira dos Amiais - Olhos de Água do Alviela (foto pessoal)
 
O Dia Mundial da Água foi criado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas através da resolução A/RES/47/193 de 21 de fevereiro de 1993, declarando todo o dia 22 de março de cada ano como sendo o Dia Mundial das Águas (DMA), para ser observado a partir de 1993, de acordo com as recomendações da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento contidas no capítulo 18 (Recursos Hídricos) da Agenda 21.
Nesse período vários estados foram convidados, como se fosse mais apropriado no contexto nacional, a realizar no Dia, atividades concretas que promovam a conscientização pública através de publicações e difusão de documentários e a organização de conferências, mesas redondas, seminários e exposições relacionadas à conservação e desenvolvimento dos recursos hídricos e/ou a implementação das recomendações proposta pela Agenda 21. A cada ano, uma agência diferente das Nações Unidas produz um kit para imprensa sobre o DMA que é distribuído nas redes de agências contatadas. Este kit tem como objetivos, além de focar a atenção nas necessidades, entre outras, de:
  • Tocar assuntos relacionados a problemas de abastecimento de água potável;
  • Aumentar a consciência pública sobre a importância de conservação, preservação e proteção da água, fontes e suprimentos de água potável;
  • Aumentar a consciência dos governos, de agências internacionais, organizações não-governamentais e setor privado;
 

Ofelia, 1891, Georg Pauli (1855-1935 - imagem daqui)
  
Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

 

in
Linhas de Força (1967) - António Gedeão

quinta-feira, março 21, 2019

O álbum Like a Prayer foi lançado há trinta anos

Like a Prayer é o quarto álbum de estúdio da cantora e compositora norte-americana Madonna, lançado a 21 de março de 1989 pela Sire Records, três anos após o seu antecessor, True Blue (1986). Madonna trabalhou com o cantor americano Prince, e com os produtores Patrick Leonard e Stephen Bray, co-escrevendo e co-produzindo todas as canções do álbum. Considerado o lançamento mais introspectivo de Madonna na época, Like a Prayer tem sido descrito como um álbum confessional. Ela descreveu o álbum como "uma coleção de canções sobre a minha mãe, o meu pai e os laços com a minha família". O álbum foi dedicado à sua mãe, que morreu quando a cantora ainda era jovem.
O álbum usa instrumentos ao vivo e incorpora elementos de dance, funk, gospel e soul num estilo pop mais geral. Madonna chamou atenção à sua educação católica, como pode ser visto na faixa-título. As letras do álbum tratam de temas da infância de adolescência de Madonna, tais como a morte de sua mãe em "Promise to Try", a importância da família em "Keep It Together" e a relação com seu pai em "Oh Father". Madonna também prega o poder feminino em "Express Yourself". Logo após o seu lançamento, Like a Prayer recebeu aclamação geral da crítica musical. A revista Rolling Stone citou que o álbum "é o mais perto que o pop já chegou da arte".
Comercialmente, Like a Prayer tornou-se um sucesso internacional, assim como os seus antecessores, alcançado o topo das paradas em vários países. O álbum foi certificado com quatro discos de platina nos Estados Unidos pela Recording Industry Association of America (RIAA). Seis singles foram lançados a partir do álbum: "Like a Prayer", "Express Yourself", "Cherish", "Oh Father", "Dear Jessie" e "Keep It Together". "Like a Prayer" tornou-se o sétimo single número um de Madonna na Billboard Hot 100, enquanto "Express Yourself" e "Cherish" atingiram o segundo lugar. Em todo mundo, o álbum já vendeu cerca de 15 milhões de cópias, 4 milhões apenas nos EUA, onde recebeu o certificado de 5× Platina pela RIAA.
Com os videoclipes que acompanharam os singles, Madonna promoveu sua criatividade, tornando-se uma figura de liderança no formato. O vídeo de "Like a Prayer" foi um "para-raios" para a controvérsia religiosa, usando iconografia religiosa e queimando cruzes, além de ter promovido um beijo em um "santo negro". Tal vídeo foi condenado pelo Vaticano, que condenou a parceria da Pepsi com a cantora, levando a empresa a cancelar o contrato de promoção do videoclipe de Madonna. "Express Yourself" tornou-se o vídeo mais caro feito na época. O álbum foi precedido pela aclamada turnê Blond Ambition Tour. No final da década de 1980, após o lançamento de Like a Prayer, Madonna foi nomeada como a Artista da década pelos diversas media da especialidade, entre elas a Billboard e a MTV.
 
Informação
Incorporando elementos de rock, dance, pop, soul e funk, Like a Prayer é considerado o melhor álbum de Madonna por críticos de todo o mundo. J.D. Considine, crítico da revista Rolling Stone, afirmou que este álbum representa "o mais perto que o pop chega da arte". Produzido em 1988, com os colaboradores de longa data, Patrick Leonard e Stephen Bray, o álbum também inclui um dueto co-produzido com Prince. No álbum está presente "Promise to Try", a primeira canção na qual Madonna fala abertamente da morte da mãe quando ela tinha apenas cinco anos de idade; a cantora até lhe dedicou o álbum. Está presente também "Till Death Do Us Part", canção que fala do fim do tumultuoso casamento com o ator Sean Penn.
Antes do lançamento comercial do primeiro compacto simples, a faixa-título, Madonna fez um acordo com a Pepsi, que usou a canção num comercial que contava com a participação da cantora. A companhia também afirmou que iria patrocinar a turnê Blond Ambition de 1990. O comercial foi ao ar duas vezes antes do lançamento oficial do videoclipe na MTV. Este, por sua vez, apresentava um conteúdo um tanto quanto controverso: Madonna testemunhando um assassinato, beijando um santo negro (interpretado como sendo uma versão negra de Jesus Cristo), sofrendo estigmata ao tocar numa faca e dançando num campo de cruzes pegando fogo. Grupos religiosos ameaçaram boicotar a Pepsi, que acabou cancelando a exibição do comercial e o patrocíno à futura turnê. No entanto, Madonna ficou com os cinco milhões de dólares do contrato.
Devido à publicidade que Madonna recebeu pela controvérsia, o primeiro compacto foi parar ao primeiro lugar da Billboard Hot 100. O álbum estreou em décimo primeiro lugar na Billboard 200, mas apenas três semanas depois já estava em primeiro lugar, posição que ocupou por mais de um mês. Os dois próximos compactos, "Express Yourself" e "Cherish" (que possui um lado B chamado "Supernatural"), conseguiram chegar à segunda posição da Hot 100. O quarto, "Oh Father", foi o de menor sucesso da cantora na lista desde 1984, conseguindo atingir a posição de número vinte. O quinto, "Dear Jessie", fez sucesso moderado na Europa, o sexto "Keep It Together", atingiu a oitava posição, e o último, "Spanish Eyes", foi lançado apenas no Brasil.
Este álbum apareceu na posição de número 237 na lista da revista Rolling Stone dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, publicada a 18 de novembro de 2003. Já de acordo com a lista lançada pela revista Time em 13 de novembro de 2006, este é um dos cem melhores álbuns de todos os tempos. O álbum talvez seja um dos mais autobiográficos da carreira de Madonna, "Like A Prayer" e "Act of Contrition" envolvem a religiosidade da cantora, "Like A Prayer" é uma mistura de gospel, dance e rock, já "Act of Contrition" possuí um som "maligno" e pesado. "Express Yourself" é uma das melhores músicas de Madonna, é um hino neofeminista extremamente sofisticado e dançante possuindo sons de saxofone. "Cherish" e "Dear Jessie" são canções calmas e inocentes, porém são muito bem feitas (principalmente Dear Jessie, que nos lembra uma canção de ninar). "Oh Father" é extremamente dramática, mas não deixa de ser uma canção bonita, onde fala sobre o seu pai, principalmente na época que ele era contra o que Madonna fazia. "Promise To Try" é sobre a morte de sua mãe, é melancólica, algo extremamente paradoxo comparado com as outras canções dos outros álbuns. "Keep It Together" é o primeiro namoro de Madonna, nas músicas de R&B (que seriam trabalhados por Madonna e Dallas Austin no Bedtime Stories), a letra fala sobre o prazer de ter uma família, ganhou uma performance na Blond Ambition Tour (com a introdução de Family Affair). "Till Death Do Us Part" fala sobre a separação de Madonna com Sean Penn, narra na música, na 3° pessoa, e diz que "ele não ama mais ela", a canção tem uma batida forte de teclado. "Spanish Eyes" é uma balada inspirada nas músicas espanholas. Há ainda uma canção, que ficou de fora do álbum, "Supernatural", que é uma mistura de rock e pop. 
   
Faixas
Todas as canções escritas e produzidas por Madonna e Patrick Leonard (exceto onde referido)
N.º Título Duração
1. Like A Prayer 5:39
2. Express Yourself (escrito e produzido por: Madonna, Stephen Bray)  4:37
3. Love Song (escrito e produzido por: Madonna, Prince)  4:52
4. Till Death Do Us Part  5:16
5. Promise to Try  3:36
6. Cherish  5:03
7. Dear Jessie  4:20
8. Oh Father  4:57
9. Keep It Together (escrito e produzido por: Madonna, Stephen Bray)  5:03
10. Spanish Eyes  5:15
11. Act of Contrition  2:19
Duração total:
51:13

    
    

Mussorgsky nasceu há 180 anos!

Retrato de Mussorgsky de Ilya Repin (1881), pintado dias antes da morte do compositor
  
Modest Petrovich Mussorgsky (Karevo, Pskov, 21 de março de 1839São Petersburgo, 28 de março de 1881), compositor e militar russo conhecido por suas composições sobre a história da Rússia medieval. Foi membro do nacionalista Grupo dos Cinco, ao lado dos músicos Mily Balakirev, Aleksandr Borodin, César Cui e Nikolai Rimsky-Korsakov.
  
Biografia
Modest Mussorgsky nasceu em Karevo, na província de Pskov, em 21 de março de 1839. Aos seis anos de idade começou a ter aulas de piano com a sua mãe, que era professora. Aos dez, ingressou na escola de cadetes da Guarda de São Petersburgo.
Em 1856, no regimento de Preobrazhensky, conhece Balakirev, com quem aprende técnica musical. Nos dois anos seguintes, trava contato com intelectuais russos como César Cui, Aleksandr Dargomyzhsky e Vladimir Stasov. Deixou a vida militar em 1858, após sofrer uma crise nervosa.
Inicialmente, a música de Mussorgsky estava muito ligada à de Balakirev e à música estrangeira, como pode ser visto na ópera Édipo em Atenas. Essa influência foi-se desfazendo aos poucos, conforme se tornava autodidata. Entre 1863 e 1866 trabalhou na ópera Salammbô, mas abandonou-a pois perdeu o interesse.
Com a morte de sua mãe, em 1865, o alcoolismo passou a fazer parte de sua vida. Em 1867 compõe a peça orquestral Uma noite no monte Calvo, que Balakirev se recusa a reger.
Aos 29 anos de idade começa a compor Boris Godunov, a sua ópera mais conhecida e uma das peças mais importantes da história da música russa, baseada na obra de Pushkin e na história de Karamzin. Utilizando o ritmo da fala dos mujiques ao invés de melodias líricas; harmonias excêntricas porém expressivas, como a harmonia sacra eslava; e coros e personagens populares com papéis importantes, Boris Godunov causou grande polémica, sendo a versão original de 1870 recusada. A estreia ocorreu no Teatro Maryinsky em 1873, após diversas alterações feitas por Mussorgsky e Rimsky-Korsakov, embora ainda tenha causado controvérsia. Após uma nova apresentação, de apenas alguns trechos, em 1878, a ópera deixou de ser encenada.
Após 1874, a qualidade de suas músicas começa a decair, embora algumas peças dessa época sejam notáveis. Khovanshchina (1872-81) é uma ópera em que predominam os motivos líricos. A suíte para piano Quadros de uma Exposição foi composta em junho de 1874 inspirada em uma mostra de desenhos do arquiteto e pintor Viktor Hartmann, amigo de Mussorgsky falecido no ano anterior.
Nos anos que se seguiram, o alcoolismo passa a se intensificar conforme vai perdendo amigos e parentes. É dessa época o ciclo Canções e danças da morte (1875-77), de sabor exótico e oriental.
Em 1880 é demitido de seu posto no serviço governamental. Internado em um hospital em 1881, Modest Mussorgsky morreu de excessos alcoólicos uma semana após completar 42 anos. Está enterrado no Cemitério Tikhvin do Mosteiro Aleksandr Nevsky em São Petersburgo.
  
  

Bach nasceu há 334 anos

Nascido numa família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo se tornou um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia da sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs, mas as suas funções mais destacadas foram a de Kantor da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e mais importante da sua carreira. Absorvendo inicialmente o grande reportório de música contrapontística germânica como base de seu estilo, recebeu mais tarde a influência italiana e francesa, através das quais sua obra se enriqueceu e transformou, realizando uma síntese original de uma multiplicidade de tendências. Praticou quase todos os géneros musicais conhecidos em seu tempo, com a notável excepção da ópera, embora as suas cantatas mais maduras revelem bastante influência deste género artístico teatral que foi uma das formas musicais mais populares do período Barroco.
A sua técnica no órgão e cravo foi amplamente reconhecida enquanto viveu e tornou-se lendária, sendo considerado o maior virtuoso da sua geração e um especialista na construção de órgãos. Também tinha grandes qualidades como maestro, cantor, professor e violinista, mas como compositor o seu mérito só recebeu aprovação limitada e nunca foi muito popular, ainda que vários críticos que o conheceram o louvassem como grande músico. A maior parte da sua música caiu no esquecimento após a sua morte, mas a sua recuperação iniciou-se no século XIX e, desde então, o seu prestígio não cessou de crescer. Numa visão contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca, e muitos o vêem como o maior compositor de todos os tempos, deixando muitas obras que constituem a consumação de seu género. Entre as suas peças mais conhecidas e importantes estão os Concertos de Brandenburgo, o Cravo Bem-Temperado, as Sonatas e Partitas para violino solo, a Missa em Si Menor, a Tocata e Fuga em Ré Menor, a Paixão segundo São Mateus, a Oferenda Musical, a Arte da Fuga e várias das suas cantatas.
  
 

Para celebrar o Dia da Árvore e da Poesia...

(imagem daqui)
  
Sabes, leitor

Sabes, leitor, que estamos ambos na mesma página
E aproveito o facto de teres chegado agora
Para te explicar como vejo o crescer de uma magnólia.
A magnólia cresce na terra que pisas – podes pensar
Que te digo alguma coisa não necessária, mas podia ter-te dito, acredita,
Que a magnólia te cresce como um livro entre as mãos. Ou melhor,
Que a magnólia – e essa é a verdade – cresce sempre
Apesar de nós.
Esta raiz para a palavra que ela lançou no poema
Pode bem significar que no ramo que ficar desse lado
A flor que se abrir é já um pouco de ti. E a flor que te estendo,
Mesmo que a recuses
Nunca a poderei conhecer, nem jamais, por muito que a ame,
A colherei.

A magnólia estende contra a minha escrita a tua sombra
E eu toco na sombra da magnólia como se pegasse na tua mão

 

in Poesia (2012) - Daniel Faria

quarta-feira, março 20, 2019

Porque já é, oficialmente, primavera...

(imagem daqui)
  
Equinócio da Primavera


Da noite a aragem tépida refrescando vem
surpreender as luzes que, interiores, se apagam
lentamente, uma após outra, como em madrugada
ao longe as luzes de outra margem - rio
descido pelas águas tenuemente crespas,
sombras passando, e escorre matutina,
ainda sem brilho, a vibração das águas,
enquanto rósea apenas de uma aurora ausente,
a crista das montanhas reverdece.

Por sobre a plácida e pensante aragem física
das vibrações diurnas, de amarguras,
vilezas vistas e traições sonhadas,
notícias de jornal e desafios,
guerra eminente ou, mais que dolorosa,
cravada nas imagens de uma paz sombria,
perpassa a noite véus de primavera,
glicínias que amanhã estarão floridas,
e folhas verdes, muito frágeis, tenras,
e o azular-se o mar, o distanciar-se o céu
na crua luz que juvenis sorrisos,
braços ligeiros de alegria funda,
devora lentamente, e as rugas ficam...
- ao longe as luzes de outra margem, rio
onde a noite se esconde até à morte.

 

in Pedra Filosofal (1950) - Jorge de Sena

Hoje é o Equinócio da Primavera

Iluminação da Terra pelo Sol no momento do equinócio
   
Na astronomia, equinócio é definido como o instante em que o Sol, na sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste), mais precisamente é o ponto no qual a eclíptica cruza o equador celeste. Este ano é no dia 20 de março, às 21.58 horas.
A palavra equinócio vem do latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa "noites iguais", ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo (12 horas). Ao medir a duração do dia, considera-se que o nascer do Sol (alvorada ou dilúculo) é o instante em que metade do círculo solar está acima do horizonte, e o pôr do Sol (crepúsculo ou ocaso) o instante em que o círculo solar está metade abaixo do horizonte. Com esta definição, o dia e a noite durante os equinócios têm igualmente 12 horas de duração.
Os equinócios ocorrem nos meses de março e setembro quando definem mudanças de estação. Em março, o equinócio marca o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hemisfério sul. Em setembro ocorre o inverso, quando o equinócio marca o início do outono no hemisfério norte e da primavera no hemisfério sul.
As datas dos equinócios variam de um ano para o outro, devido aos anos trópicos (o período entre dois equinócios de março) não terem exatamente 365 dias, fazendo com que a hora precisa do equinócio varie ao longo de um período de dezoito horas, que não se encaixa necessariamente no mesmo dia. O ano trópico é um pouco menor que 365 dias e 6 horas. Assim num ano comum, tendo 365 dias e - portanto - mais curto, a hora do equinócio é cerca de seis horas mais tarde que no ano anterior. Ao longo de cada sequência de três anos comuns as datas tendem a se adiantar um pouco menos de seis horas a cada ano. Entre um ano comum e o ano bissexto seguinte há um aparente atraso, devido à intercalação do dia 29 de fevereiro.
Também se verifica que a cada ciclo de quatro anos os equinócios tendem a atrasar-se. Isto implica que, ao longo do mesmo século, as datas dos equinócios tendam a ocorrer cada vez mais cedo. Dessa forma, no século XXI só houve dois anos em que o equinócio de março aconteceu no dia 21 (2003 e 2007); nos demais, o equinócio tem ocorrido em 20 de março. Prevê-se que, a partir de 2044, passe a haver anos em que o equinócio aconteça no dia 19. Esta tendência só irá desfazer-se no fim do século, quando houver uma sequência de sete anos comuns consecutivos (2097 a 2103), em vez dos habituais três.
Devido à órbita da Terra, as datas em que ocorrem os equinócios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque, quando a Terra está mais próxima do Sol, no periélio, viaja mais depressa do que quando está mais longe, no afélio.
  
Em várias culturas nórdicas ancestrais, o equinócio da primavera era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com a Páscoa da religião cristã.