terça-feira, novembro 26, 2013

Fausto - 65 anos!

  
(imagem daqui)

Fausto, nome artístico de Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias (Vila Franca das Naves, 26 de novembro de 1948) é um compositor e cantor português.

Biografia
Nascido em Vila Franca das Naves, onde a mãe era professora primária, foi ainda bebé no navio Pátria, que o levou de Portugal a Angola. Foi naquela então colónia portuguesa que formou a sua primeira banda, "Os Rebeldes". Veio para Lisboa com vinte anos, onde se licenciou em Ciências Políticas e Sociais, no então Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (actual ISCSP).
Estudava ainda quando lançou o primeiro álbum, Fausto. No âmbito do movimento associativo em Lisboa, aproximou-se de nomes como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, juntamente com José Mário Branco ou Luís Cília, que viviam no exílio.
Autor de doze discos, gravados entre 1970 e 2011 (dez de originais, uma coletânea regravada e um disco ao vivo), é presentemente um importante nome da música portuguesa e da música popular em particular.
A sua obra tem sido revisitada por nomes como, entre outros, Mafalda Arnauth, Né Ladeiras, Teresa Salgueiro, Cristina Branco ou Ana Moura.
  
Discografia

Álbuns de originais
Singles e EPs
Coletâneas
Ligações externas

    Poema-fado de aniversariante de hoje

    Há cinco anos, um ataque terrorista em Bombaim chocou o Mundo

    Localização de alguns dos ataques

    A 26 de novembro de 2008 dez atentados terroristas sincronizados atingiram a cidade indiana de Bombaim, conhecida como capital financeira e maior cidade do país; alguns destes ataques só terminaram três dias, em 29 de novembro, depois que as forças de segurança indianas conseguiram ganhar o controle de todos os locais atacados. Pelo menos 195 pessoas, incluindo vinte e dois estrangeiros, foram mortos, e cerca de 327 pessoas ficaram feridas.
    Oito ataques ocorreram no sul da cidade: na estação ferroviária de Chhatrapati Shivaji Terminus (CST); dois hotéis de cinco estrelas, o Oberoi Trident, em Nariman Point, e o Taj Mahal Palace & Tower, próximo do Portão da Índia; no Leopold Café, um restaurante popular para turistas em Colaba; o Hospital Cama; na Casa Nariman, de propriedade de judeus ortodoxos; no cinema Metro Adlabs; no quartel-general da Polícia de Bombaim, onde pelo menos três oficias de alta patente, incluindo o chefe do Esquadrão Anti-Terrorismo de Maharashtra, foram mortos a tiros. O décimo incidente envolveu a explosão de um táxi em Vile Parle, próximo do aeroporto, porém ainda não é claro se este incidente foi ligado aos ataques do resto da cidade. Entre cinquenta e sessenta terroristas teriam participado dos ataques.
    Devido ao facto dos alvos aparentes terem sido cidadãos britânicos e americanos, e pelo padrão de ataques simultâneos e coordenados, acredita-se que terroristas islâmicos possam ter sido os responsáveis. Uma organização até então desconhecida, que se identificou como os 'Mujahidin do Decão', alegou a sua autoria, através de um e-mail enviado a diversas organizações jornalísticas. Algumas reportagens têm atribuído estes ataques ao Lashkar-e-Taiba, um grupo militante islâmico que opera a partir do Paquistão. De acordo com algumas versões um dos terroristas que manteve reféns no hotel Oberoi teriam afirmado o desejo de que todos os mujahidin em prisões indianas deveriam ser soltos em troca dos reféns; o número de terroristas ainda armados dentro do edifício seria de pelo menos sete. Outras reportagens indicaram que esta exigência teria sido feita através de um dos reféns na Casa Chabad de Bombaim, numa ligação para o consulado israelita em Nova Delhi. Alguns especialistas já expressaram visões conflituantes sobre uma possível autoria da Al-Qaeda nestes atentados.
    Depois de dois dias de tiroteios e explosões, o ataque aparentemente havia cessado na manhã do dia 28 de novembro; incêndios estavam sendo apagados e soldados carregavam reféns e feridos para a segurança, além dos cadáveres dos que não haviam sobrevivido ao confronto.
    A Casa Nariman e o Oberoi Trident eventualmente foram libertados foram forças especiais indianas. Cinco reféns teriam sido mortos no centro judaico. A situação no hotel Hotel Taj Mahal também seria considerada encerrada, apesar dos incêndios que ainda tomam conta de partes do edifício; a ação da Guarda Nacional de Segurança teria resultado na morte de mais dois terroristas.
    (imagem daqui)

    (imagem daqui)

    Há 46 anos, as cheias de 25/26 de novembro de 1967 mataram cerca de 500 pessoas na região de Lisboa

    Cheia no concelho de Odivelas

    Na noite de 25 para 26 de novembro de 1967 registou-se, na região de Lisboa, precipitação intensa e concentrada, tendo atingido, na estação de São Julião do Tojal, no concelho de Loures, 111 mm em apenas 5 horas (entre as 19.00 e as 24.00 horas do dia 25). As estações da região de Lisboa registaram, nesta data, cerca de um quinto do total da precipitação anual.

    Tal precipitação excepcional, cujo período de retorno está estimado em de 500 anos, provocaram a ocorrência de uma cheia repentina com duração inferior a 12 horas.

    A cheia foi amplificada por vários factores, designadamente:
    • na região de Lisboa as bacias hidrográficas têm áreas reduzidas e tempos de resposta muito curtos (2 horas);
    • vastas zonas da região estão intensamente urbanizadas e impermeabilizadas;
    • grande parte do coberto vegetal tinha sido destruído;
    • ao longo do tempo tinham sido construídas estruturas transversais nos cursos de água, que dificultavam ou impediam a drenagem natural;
    • os rios e ribeiras da região careciam de limpeza, havendo locais onde existia vegetação muito densa que dificultava a escorrência, e outros onde, ao longo do tempo, se tinha acumulado lixo variado, inclusivamente mobiliário velho e electrodomésticos;
    • em muitos pontos a rede fluvial tinha sido canalizada, correndo, nalguns locais, de forma subterrânea (através de manilhas);
    • o sistema de drenagem pluvial estava mal dimensionado com limpeza deficiente;
    • a precipitação concentrada coincidiu com a preia-mar do Tejo, que ocorreu às 22.50 horas.
    Acresce que os fortes caudais da escorrência superficial tinham grande carga sólida, arrastando quantidade muito grande de detritos de dimensões muito variadas (de micra a metros), designadamente solo erodido, árvores, fragmentos de muros e blocos de edificações destruídas. Nalguns pontos a corrente de cheia revelou características de corrente de densidade. Muitas vezes os danos foram provocados pelo impacte de detritos de grandes dimensões, que fragilizaram as estruturas, as quais acabariam por ceder perante a força da corrente.

    A situação na região de Lisboa tornou-se completamente caótica. As cheias destrutivas causaram a morte de 462 pessoas e desalojaram ou afectaram cerca de 1.100, submergindo centenas de casas e infra-estruturas num rio de lamas e pedras. Todavia, permanecem muitas dúvidas sobre a dimensão deste evento, designadamente no que se refere ao número de vítimas mortais, pois que o regime político da altura nunca permitiu apurar as verdadeiras consequências desta catástrofe. Algumas estimativas apontam para prejuízos da ordem dos 3 milhões de dólares, a preços da época.

    No dia seguinte as estruturas oficiais revelaram-se incapazes de ministrar o apoio necessário às vítimas, tendo-se, para tal, verificado mobilização da sociedade civil. Como recorda Mariano Gago "... com as cheias de 1967 e com a participação na movimentação dos estudantes de Lisboa no apoio às populações (morreram centenas de pessoas na área de Lisboa e isso era proibido dizer-se). Só as Associações de Estudantes e a Juventude Universitária Católica é que estavam no terreno a ajudar as pessoas a tirar a lama, a salvar-lhes os pertences, juntamente com alguns raros corpos de bombeiros e militares. Talvez isso, tenha sido um dos primeiros momentos de mobilização política da minha geração."

    Consequências das cheias na Pontinha

    Vasco de Lima Couto nasceu há 90 anos

    (imagem daqui)

    Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de Novembro de 1923 - Lisboa, 10 de Março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.


    AUTO - RETRATO

    O que me atormenta
    é não saber ver
    o que está por dentro
    de todas as coisas
    de todos os seres
    (só crio caixilhos
    para os meus prazeres!);
    é não ter palavras
    para a natureza
    que é sempre essa alma
    lavrada em silêncio;
    é estar sempre certo
    de falar demais
    cometendo crimes
    de imaginação;
    é não ter amigos
    - por desatenção,
    e não ter amor
    - por pedir de mais!
    É chegar à noite
    com dia na alma
    a fazer da lua
    o sol que apetece...

    e, principalmente,
    o que me atormenta
    é o que me esquece.

    in O Silêncio Quebrado - Vasco de Lima Couto

    Mário Cesariny morreu há 7 anos

    Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa, 9 de agosto de 1923 - Lisboa, 26 de novembro de 2006) foi pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal.

    Biografia
    Mário Cesariny de Vasconcelos nasceu, por acaso, na Vila Edith, na Estrada da Damaia, em Benfica, onde os pais estavam a passar férias. Último filho (três irmãs mais velhas) de Viriato de Vasconcelos, natural de Tondela, e da sua mulher, María de las Mercedes Cesariny (de ascendência paterna corsa e materna espanhola), natural de Paris. O pai, com uma personalidade dominadora e pragmática, era empresário e ourives, com loja e oficina na Rua da Palma, na freguesia de Santa Justa, em plena baixa lisboeta.
    Depois da escola primária, o jovem Mário frequentou durante um ano o Liceu Gil Vicente, após o que o pai (que o queria ourives) o mudou para um curso de cinzelagem na Escola de Artes Decorativas António Arroio (onde conheceu Artur do Cruzeiro Seixas e Fernando José Francisco), que completou. Depois, como não lhe agradasse o trabalho de ourives, frequentou um curso de habilitação às Belas-Artes. Também estudou música, gratuitamente, com o compositor Fernando Lopes Graça. Cesariny era um talentoso pianista, mas o pai, enfurecido, proibiu-o de continuar esses estudos. Entretanto, no final da adolescência, Cesariny e os amigos frequentam várias tertúlias nos cafés de Lisboa e descobrem o neo-realismo e depois o surrealismo.
    Em 1947, Cesariny viaja até Paris onde frequenta a Académie de la Grande Chaumière e conhece André Breton, cuja influência o leva a participar na criação, no mesmo ano, do Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com figuras como António Pedro, José Augusto França, Cândido Costa Pinto, Vespeira, João Moniz Pereira e Alexandre O´Neill, que reuniam na Pastelaria Mexicana. Este grupo surgiu como forma de protesto libertário contra o regime salazarista e contra o neo-realismo, dominado pelo Partido Comunista Português, de tendência estalinista. Mais tarde, funda o antigrupo (dissidente) Os Surrealistas do qual fazem parte entre outros os seguintes autores: António Maria Lisboa, Risques Pereira, Artur do Cruzeiro Seixas, Pedro Oom, Fernando José Francisco e Mário-Henrique Leiria.
    É nesta altura também que Viriato, seu pai, abandona a família para se fixar no Brasil com uma amante. Isto faz com que Mário se aproxime mais de sua mãe e, da sua irmã Henriette.
    Na década de 1950, Cesariny dedica-se à pintura, mas também, e sobretudo, à poesia, que escreve nos cafés. Tem colaboração na revista Pirâmide (1959-1960). O seu editor é Luiz Pacheco, com quem mais tarde (nos anos 1970) se incompatibilizaria por completo. É também durante esse período que começa a ser incomodado e a ser vigiado pela Polícia Judiciária, por "suspeita de vagabundagem", obrigado a humilhantes apresentações e interrogatórios regulares, devido à sua homossexualidade, que vivencia diariamente, de modo franco e destemido. Só a partir do 25 de abril de 1974 deixará de ser perseguido e atormentado pela polícia.
    Cesariny vivia com dificuldades financeiras, ajudado pela família. Apesar da excelência da sua escrita, esta não o sustentava financeiramente e Cesariny, a partir de meados dos anos 1960, acabaria por se dedicar por inteiro à pintura, como modo de subsistência.
    A partir da década de 1980, a obra poética de Cesariny é reeditada pelo editor Manuel Hermínio Monteiro e redescoberta por uma nova geração de leitores.
    Nos últimos anos da sua vida, Cesariny viveu com a sua irmã mais velha, Henriette (falecida em 2004). Ao contrário do que acontecia anteriormente, abriu-se aos meios de comunicação, dando frequentes entrevistas e falando sobre a sua vida íntima. Em 2004, Miguel Gonçalves Mendes realizou o documentário Autografia, filme intenso e comovente onde Cesariny se expõe e revela de modo total.
    Mário Cesariny morreu a 26 de novembro de 2006, às 22.30 horas, de cancro da próstata, de que sofria havia anos. Doou em vida o seu espólio à Fundação Cupertino de Miranda e, por testamento, deixou um milhão de euros à Casa Pia.

    Figuras de Sopro, 1947, óleo sobre cartão

    Obra
    Mário Cesariny adopta uma atitude estética de constante experimentação nas suas obras e pratica uma técnica de escrita e de (des)pintura amplamente divulgada entre os surrealistas. A sua poesia é animada por um sentido de contestação a comportamentos e princípios institucionalizados ou considerados normais nos campos do pensamento e dos costumes. Ao recorrer a processos tipicamente surrealistas (enumerações caóticas, utilização sistemática do sem-sentido ou do humor negro, formas paródicas, trocadilhos e outros jogos verbais, automatismo, etc.) alcança uma linguagem que sabe encontrar o equilíbrio entre o quotidiano e o insólito. Introduz também a técnica designada “cadáver esquisito”, que consiste na construção de uma obra por três ou quatro pessoas, num trabalho em cadeia criativa em que cada um dá continuidade, em tempo real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas parte do que este fez.
    Nos últimos anos de vida, desenvolveu uma frenética actividade de transformação e reabilitação do real quotidiano, da qual nasceram muitas colagens com pinturas, objectos, instalações e outras fantasias materiais.
    Sobre as sessões para que o convidavam e em que o aplaudiam, o poeta comentava: Estou num pedestal muito alto, batem palmas e depois deixam-me ir sozinho para casa. Isto é a glória literária à portuguesa.


    You are welcome to Elsinore

    Entre nós e as palavras há metal fundente
    entre nós e as palavras há hélices que andam
    e podem dar-nos morte......violar-nos.....tirar
    do mais fundo de nós o mais útil segredo
    entre nós e as palavras há perfis ardentes
    espaços cheios de gente de costas
    altas flores venenosas.....portas por abrir
    e escadas e ponteiros e crianças sentadas
    à espera do seu tempo e do seu precipício

    Ao longo da muralha que habitamos
    há palavras de vida......há palavras de morte
    há palavras imensas, que esperam por nós
    e outras, frágeis, que deixaram de esperar
    há palavras acesas como barcos
    há palavras homens, palavras que guardam
    o seu segredo e a sua posição

    Entre nós e as palavras, surdamente,
    as mãos e as paredes de Elsenor
    E há palavras e nocturnas palavras gemidos
    palavras que nos sobem ilegíveis à boca
    palavras diamantes palavras nunca escritas
    palavras impossíveis de escrever
    por não termos connosco cordas de violinos
    nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
    e os braços dos amantes escrevem muito alto
    muito além do azul onde oxidados morrem
    palavras maternais só sombra só soluço
    só espasmo só amor só solidão desfeita

    Entre nós e as palavras, os emparedados
    e entre nós e as palavras, o nosso dever falar


    in
    Pena Capital (1957) - Mário de Cesariny de Vasconcelos

    segunda-feira, novembro 25, 2013

    Hoje é o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher - as irmãs Mirabal foram assassinadas há 53 anos

    Museo donde descansan sus restos

    Las hermanas Mirabal, también conocidas como Las Mirabal (Patria Mirabal, Minerva Mirabal y María Teresa Mirabal), fueron tres hermanas dominicanas que se opusieron fervientemente a la dictadura de Rafael Leónidas Trujillo. Una cuarta hermana, Bélgica Adela "Dedé" Mirabal, no tuvo un papel activo en las actividades realizadas en contra del dictador. La hermana mayor, Patria, no tenía el mismo nivel de actividad política que sus otras hermanas, pero las apoyaba, incluso prestaba su casa para guardar armamentos y herramientas de los insurgentes. El 25 de noviembre de 1960, Patria, Minerva y María Teresa fueron asesinadas en una emboscada. En 1999 recibieron el reconocimiento de la Asamblea General de la Organización de las Naciones Unidas, que designó, en su memoria, el 25 de noviembre como el Día Internacional de la Eliminación de la Violencia contra la Mujer.
      
    Primeros años, estudios y activismo antitrujillista
    Las hermanas Mirabal crecieron en un hogar rural acomodado de la sección Ojo de Agua en el municipio Salcedo. El padre de las hermanas Enrique Mirabal fue un exitoso hombre de negocios.
    Estudiaron como internas en el Colegio Inmaculada Concepción de La Vega, dirigido por monjas españolas de la Orden Terciarias Franciscanas de Jesús y María donde, tanto Minerva como María Teresa, se destacaron por su inteligencia e interés en el estudio.
    Cuando Trujillo llegó al poder, su familia perdió casi toda su fortuna. Las Mirabal creían que Trujillo llevaría al país al caos y por ello entraron a formar parte de un grupo de oposición al régimen, conocido como la Agrupación política 14 de junio. Dentro de este grupo eran conocidas como Las Mariposas, se les conocía así, porque ese era el nombre con que Minerva se identificaba en las relaciones políticas. Dos de las hermanas, Minerva y María Teresa, fueron encarceladas, violadas y torturadas en varias ocasiones por Trujillo y sus cómplices . A pesar de estas situaciones, continuaron en su lucha por terminar con la dictadura. Después de varios encarcelamientos, Trujillo decidió terminar con las hermanas.
    En 1949, el dictador Trujllo quiso tener un amorío con Minerva al quedar impactado por su belleza, pero ella se le negó, algo que Trujillo nunca le pudo perdonar.
      
    Trama de Trujillo, emboscada y posterior asesinato
    El 18 de mayo de 1960, las hermanas Minerva y María Teresa habían sido juzgadas en Santo Domingo, al igual que sus esposos, por atentar contra la seguridad del estado dominicano. Se les declaró culpables y fueron condenadas a tres años de prisión, inmediatamente todos comenzaron a purgar sus penas, pero ellas no durarían mucho en la cárcel. En un gesto extraño el 9 de agosto y por disposición expresa de Trujillo, Minerva y María Teresa Mirabal fueron puestas en libertad, sus maridos sin embargo continuaron en prisión. Estas disposiciones de Trujillo tenían doble propósito, por un lado pretendía demostrar su "generosidad", por el otro les daba la libertad a aquellas personas a quien él quería seguir hostilizando, este último era el caso de las Mirabal. No bien habían pasado un par de semanas de la libertad y ya existían informes sobre reuniones secretas contra el régimen encabezadas de nuevo por las Hermanas Mirabal esto, sumado a las presiones internacionales entre muchas cosas por el atentado en Venezuela contra el Presidente Rómulo Betancourt, por el que la OEA sancionó al estado dominicano con rompimiento de relaciones diplomáticas y económicas y la creciente caída de los diferentes regímenes dictatoriales en América Latina y en medio de un informe que inició de nuevo con los pasos que daban estas mujeres rebosó la copa de la tolerancia de Trujillo quien le ordenó al General Pupo Román un plan para hacer desaparecer definitivamente a las Hermanas Mirabal. Recomendándole usar al SIM para su ejecución. La primera medida que tomó Pupo Román fue el traslado de los presos a la cárcel de Salcedo, al parecer aparentando benevolencia, pues de este modo no tendrían que realizar largos viajes a la cárcel de La Victoria, que era donde cumplían sus penas los esposos, en verdad esto era el inicio de la capitalización del plan para la eliminación de las hermanas Mirabal. El General Pupo Román, cumpliendo las orientaciones del Generalísimo dejó en manos del SIM (Servicio de Inteligencia Militar) a la sazón dirigida por el Capitán de Corbeta de la Marina de Guerra Mayor Cándido Torres Tejada, quien había sustituido al siniestro Johnny Abbes, que se encargaba en ese momento de dirigir la campaña contra la Iglesia y a la emisora Radio Caribe, pero en verdad Abbes seguía dirigiendo con sus ideas y tras bastidores al organismo opresor, para dar cumplimiento a la orden, Torres Tejada se dirigió a Santiago y le dio las instrucciones al jefe del SIM en la zona norte, el entonces Teniente Víctor Alicinio Peña Rivera y según escribe en su libro el propio Peña Rivera, éste le expuso el plan de la siguiente manera: "Vengo de parte del ministro de las Fuerzas Armadas, General Román, para que dispongas el traslado a Puerto Plata de los esposos de las Hermanas Mirabal, la justificación del traslado será el descubrimiento de armas clandestinas dirigidas al movimiento que ellos encabezan, la idea es que ellos nos ayuden a determinar si las personas apresadas las pueden identificar como miembros del movimiento, una vez terminado esto les puedes decir que serán regresados a Salcedo de nuevo. Una vez trasladados les prepararás una emboscada en la carretera a las Hermanas Mirabal, deben morir y se simulará un accidente automovilístico, ese es el deseo del jefe". Al día siguiente el cabo de la Policía Nacional Ciriaco de La Rosa llegó a los cuarteles del SIM en Santiago para cumplir con el plan, solicitó cuatro agentes y un vehículo para conformar el escuadrón de acción, Peña Rivera asignó a Alfonso Cruz Valerio, Emilio estrada Malleta, Néstor Antonio Pérez Terrero, y Ramón Emilio Rojas Lora. El 18 de noviembre el escuadrón regresó sin cumplir la orden alegando que las hermanas Mirabal viajaban con niños, el 22 de noviembre regresaron de nuevo alegando las mismas causas, pero el 25 de noviembre se pudo comprobar que en esa visita no andaban con niños sino con un chofer (Rufino de la Cruz) y otra de sus hermanas (Patria), se decidió entonces ejecutar el macabro plan. Tras despedirse de sus respectivos maridos, en el patio de la fortaleza, las tres mujeres y el chofer, salieron rumbo a Salcedo. Ya fuera de Puerto Plata, el jeep se desplazaba por la serpenteante carretera y al llegar al puente de Marapica, fueron detenidos por cuatro hombres que iban en un cepillo el cual atravesaron en medio del puente. Las tres mujeres fueron obligadas, a punta de pistola, a subirse al asiento trasero del vehículo de sus verdugos, mientras tres de éstos se montaban con el chofer en el jeep, dirigiéndose hacia La Cumbre donde estaba la casa, en la que les esperaba el capitán Peña Rivera para darles las instrucciones finales.
    Los dos vehículos entraron al patio de la casa. Las hermanas y el chofer fueron llevados a la fuerza por los sicarios dentro de la casa. De inmediato Peña Rivera hizo una seña a de la Rosa para que actuaran, retirándose hacia una lejana habitación de la casa. Entró a la casa y los repartió entre sus otros tres compañeros que debían ejecutar el plan al igual que pañuelos para ahorcar las víctimas. Fue así entonces que durante varios minutos unos quejidos y alaridos que no pudieron escucharse fuera de la estructura de la vivienda construida de adobe y forradas de caoba fueron emitidos, y con la respiración entrecortada, los sicarios dieron por teminada su labor de exterminio. Los cuerpos de las mujeres y el hombre ya no hacían ningún movimiento convulsivo, las apalearon hasta morir para luego introducir los cuerpos en el coche y simular un accidente de tráfico.El sargento de la Rosa se dirigió entonces al aposento donde estaba Peña Rivera y le dijo: "Señor, misión cumplida".


    Yukio Mishima morreu há 43 anos

    Yukio Mishima é o nome artístico utilizado por Kimitake Hiraoka, novelista e dramaturgo japonês mundialmente conhecido por romances como O Templo do Pavilhão Dourado e Cores Proibidas. Escreveu mais de 40 novelas, poemas, ensaios e peças modernas de teatro Kabuki e Nô.
      
    Origens
    Kimitake Hiraoka nasceu no dia 14 de janeiro de 1925, em Tóquio. Teve uma infância problemática marcada por eventos que mais tarde influenciariam fortemente a sua literatura. Ainda criança foi separado dos seus pais e passou a viver com a avó paterna, uma aristocrata ainda ligada à Era Tokugawa. A avó mal o deixava sair da sua vista, de forma que Kimitake teve uma infância isolada. Muitos biógrafos de Mishima acreditam emergir desta época seu interesse pelo Kabuki e sua obsessão pelo tema da morte.
    Aos doze anos Kimitake voltou a viver com os pais e começou a escrever as suas primeiras histórias. Matriculou-se num colégio de elite em Tóquio. Seis anos depois, publicou numa revista literária um conto que posteriormente foi editado em livro. O seu pai, um funcionário burocrático do governo, era totalmente contra as suas pretensões literárias. Nessa época adoptou o pseudónimo Yukio Mishima, em parte para ocultar seus trabalhos literários do conhecimento paterno. Foi recrutado pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, porém ficou fora das linhas de frente, por motivos físicos e de saúde. Este facto tornou-se depois factor de grande remorso para Mishima que testemunhou a morte dos seus compatriotas e perdeu a oportunidade de ter uma morte heróica. Forçado pelo pai, matriculou-se na Universidade de Tóquio, onde se formou em Direito. Após a graduação conseguiu um emprego promissor no Ministério das Finanças. No entanto, tornou-se tão desgostoso que, por fim, convenceu o pai a aceitar a sua carreira literária. O seu pai, um sujeito rude e disciplinador, teria dito que, já que era para ser escritor, era melhor ele se tornar o melhor escritor que o Japão já viu.

    Início da carreira literária
    Mishima tinha 24 anos quando publicou Confissões de Uma Máscara, uma história com sabores autobiográficos de um jovem talento homossexual que precisa esconder-se por  de trás de uma máscara para evitar a sociedade. O romance acabou alcançando um sucesso literário tremendo, o que levou Mishima a um estado de celebridade e seguiu a outras publicações e traduções, de forma a ficar internacionalmente conhecido. Yukio Mishima concorreu a três Prémios Nobel de literatura, sendo o último deles concedido ao seu amigo, Yasunari Kawabata, que o introduziu aos círculos literários de Tóquio nos anos 40.
    Depois da publicação de Confissões de Uma Máscara, Mishima adquire uma postura mais realista e activa, tentando deixar para trás o jovem frágil e obsessivo. Começa a praticar artes marciais e alista-se no Exército de Auto-Defesa japonês, onde, um ano depois, forma o Tatenokai (Sociedade da Armadura), uma entidade de extrema direita composta de jovens estudantes de artes marciais que estudavam o Bushido sob a disciplina e tutela de Mishima. Casou-se em 1958 com Yoko Sugiyama, tendo com ela um filho e uma filha. Nos últimos dez anos de sua vida, actuou como actor em filmes e co-dirigiu uma adaptação de uma de suas histórias.

    Tentativa de golpe de estado e seppuku
    Em 25 de novembro de 1970, Yukio Mishima, acompanhado de 4 membros do Tatenokai, prenderam o comandante do quartel general das Forças de Auto-Defesa japonesas em Tóquio. Ele realizou um discurso patriótico na tentativa de persuadir os soldados do quartel a restituírem ao Imperador os seus poderes. Notando a indiferença dos soldados, Yukio Mishima cometeu seppuku, sendo assistido por Hiroyasu Koga, uma vez que Masakatsu Morita, seu amante, falhou no momento final.
    “A vida humana é finita mas eu gostaria de viver para sempre”, escreveu Mishima na manhã antes da sua morte.
    Acredita-se que Mishima tenha preparado o seu suicídio durante um ano. Segundo John Nathan, seu biógrafo, tradutor e amigo, ele teria criado este cenário apenas como pretexto para o suicídio ritual com o qual sempre sonhou. Quando morreu, Mishima tinha acabado de escrever O Mar da Fertilidade.

    O Papa João XXIII nasceu há 132 anos

    O Beato Papa João XXIII, nascido Angelo Giuseppe Roncalli (Sotto Il Monte, 25 de novembro de 1881 - Vaticano, 3 de junho de 1963) foi Papa de 28 de outubro de 1958 até à data da sua morte. Pertencia à Ordem Franciscana Secular (OFS) e escolheu como lema papal: Obediência e Paz.
    Sendo um sacerdote católico desde 1904, ele iniciou a sua vida sacerdotal em Itália, onde foi secretário particular do bispo de Bérgamo, D. Giacomo Radini-Tedeschi (1905-1914), professor do Seminário de Bérgamo e estudioso da vida e obra de São Carlos Borromeu, capelão militar do Exército italiano durante a Primeira Guerra Mundial e presidente italiano do "Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé" (1921-1925). Em 1925, sendo já um arcebispo-titular, iniciou-se a sua longa carreira diplomática, onde o levou à Bulgária como visitador apostólico (1925-1935), à Grécia e Turquia, como delegado apostólico (1935-1944) e à França, como núncio apostólico (1944-1953). Em todos estes países, ele destacou-se pela sua enorme capacidade conciliadora, pela sua maneira simples e sincera de diálogo, pelo seu empenho ecuménico e pela sua bondade corajosa em salvar judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1953, foi nomeado cardeal e Patriarca de Veneza.
    Foi eleito Papa no dia 28 de outubro de 1958. Considerado inicialmente um Papa de transição, depois do longo pontificado de Pio XII, ele convocou, para surpresa de muitos, o Concílio Vaticano II, que visava à renovação da Igreja e à formulação de uma nova forma de explicar pastoralmente a doutrina católica ao mundo moderno. No seu curto pontificado de cinco anos escreveu oito encíclicas, sendo as principais a Mater et Magistra (Mãe e Mestra) e a Pacem in Terris (Paz na Terra).
    Devido à sua bondade, simpatia, sorriso, jovialidade e simplicidade, João XXIII era aclamado e elogiado mundialmente como o "Papa bom" ou o "Papa da bondade". Mas, mesmo assim, vários grupos minoritários de católicos tradicionalistas acusavam-no de ser da maçonaria, radical esquerdista e herege modernista, por ter convocado o Concílio Vaticano II e promovido a liberdade religiosa e o ecumenismo. Ele foi declarado Beato pelo Papa João Paulo II, no dia 3 de setembro de 2000. É considerado o patrono dos delegados pontifícios e a sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de outubro.

    Há 38 anos, os militares acabaram com o PREC

    (imagem daqui)

    O 25 de novembro de 1975 foi o golpe militar que pôs fim à influência da esquerda radical iniciada em Portugal com o 25 de Abril de 1974.
    "Após um Verão Quente de disputa entre forças revolucionárias e forças moderadas, pela ocupação do poder do Conselho da Revolução, civis e militares começaram a contar espingardas para um possível confronto armado. Este, tantas vezes anunciado pareceu por fim inevitável, quando, na madrugada de 25 de novembro de 1975, tropas pára-quedistas ocupam diversas bases aéreas, na expectativa de receber apoio do COPCON. Mas opondo-se-lhes eficazmente um grupo operacional de militares, chefiado por Ramalho Eanes, liquidou a revolta substituindo o PREC - "Processo Revolucionário em Curso" pelo "Processo Constitucional em Curso".
     
    Contexto histórico
    O golpe de estado de 25 de Abril de 1974, conhecido por a Revolução dos Cravos, teve como objectivo principal a solução política da guerra colonial, e em segundo plano a implantação em Portugal de um regime democrático. A definição desse regime não foi consensual entre as diversas facções partidárias e movimentos sociais e políticos que surgiram então. Com a adesão espontânea de grande parte da população das principais cidades do País, o Golpe de Estado transformou-se em processo revolucionário (PREC). Na noite de 25 de Abril de 1974 o MFA deu a conhecer à população portuguesa o seu programa político e militar, o qual comportava diversas medidas de carácter político, jurídico, social e económico. O Programa do MFA não apontava para qualquer tipo específico de regime democrático mas, em contrapartida, no seu ponto 6 apontava para uma reorganização e social do País de tipo socialista (ou no mínimo socializante), anti-monopolista e favorável às classes e camadas sociais mais desfavorecidas. Foi sobretudo a favor ou contra estas provisões do Programa do MFA que a luta política, social, ideológica, económica e militar - a luta de classes - se iria desencadear. E ainda permanece entre nós... ao nível de historiadores, politólogos, especialistas de relações internacionais, políticos profissionais.
    As forças mais identificadas com o modelo económico e social dito de 'economia de mercado', ou de 'livre iniciativa', ou 'capitalista' na acepção científica, como o PS, o PPD, o CDS, o PPM e as facções militares suas aliadas (spinolistas, Direita Militar mais conservadora, meloantunistas/moderados mais ou menos aliados à ala direita do PS, soarista) iriam tudo fazer para inviabilizar a implementação do ponto 6 a) e b) do Programa do MFA. Aliar-se-iam inclusive a potências estrangeiras e às respectivas agências de espionagem (EUA, RU/GB, RFA).
    Algumas forças agarram-se ao referido PREC - "Processo Revolucionário em Curso", nomeadamente as coladas à extrema-esquerda parlamentar e constitucional, formada pelo MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral e a UDP União Democrática Popular e de vez em quando aliadas ao PCP - Partido Comunista Português. Constituíam o que se chamou Frente de Unidade Revolucionária e todas visavam a implantação de uma República popular. Todas elas detinham, em conjunto com o PCP, 36 dos 250 Deputados Constituintes.
    Por oposição outras facções mais moderadas que um ano depois, em 1975, detinham uma ampla maioria dentro da Assembleia Constituinte, (214 dos 250 Deputados Constituintes), constituída por PS - Partido Socialista, PPD - Partido Popular Democrata e CDS - Centro Democrático Social, defendem a implantação de uma Democracia constitucional de cariz semi-presidencialista.

    Antecedentes
    O Partido Socialista ganha as eleições de 1975 para a Assembleia Constituinte, as primeiras eleições livres dos últimos 50 anos e com uma participação eleitoral excepcional e sem incidentes de maior, dando a este 38% e 116 eleitos, o Partido Popular Democrata - PPD obtém 26,5% e 81 eleitos, o Partido Comunista Português obtém 12,5% e 30 eleitos, o CDS - Centro Democrático Social obtêm 7,6% e e 16 eleitos, MDP/CDE - Movimento Democrático Português - Comissão Democrática Eleitoral obtêm 4,14% e 5 eleitos, UDP União Democrática Popular obtém 0,79% e 1 eleito e a Associação para a Defesa dos Interesses de Macau (ADIM; representava os interesses de Macau e estava conotada com o CDS) obtém 0,3% e 1 eleito.
    Uma manifestação de trabalhadores da construção civil, realizada a 11 de novembro cerca a Assembleia Constituinte, impedindo a saída dos deputados constituintes e do Primeiro-Ministro do Palácio de S. Bento, após 36 horas e no dia 13 de novembro o almirante Pinheiro de Azevedo é obrigado a ceder às reivindicações dos operários que exigiam aumentos salariais.
    Em 16 de novembro é realizada uma manifestação de trabalhadores da cintura industrial de Lisboa e das Unidades Colectivas de Produção alentejanas no Terreiro do Paço, em Lisboa, de apoio ao "Poder Popular", nesse dia vários dirigentes e deputados do PS, PPD e CDS estão no Porto, correndo rumores que a Assembleia Constituinte pode vir a ser transferida para aquela cidade.
    O VI Governo Provisório, no dia 20 de novembro, auto-suspende-se enquanto não lhe forem dadas garantias para poder governar, nesse dia é realizada uma manifestação em frente ao Palácio de Belém a favor do "Poder Popular", Costa Gomes fala com os manifestantes, afirmando ser indispensável evitar uma guerra civil.
    No dia 21 de novembro, o Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capitão Vasco Lourenço ligado à linha moderada, dois dias depois é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provisório, na Alameda D. Afonso Henriques, o mesmo conta com milhares de pessoas. No dia seguinte, em 24 de novembro, os populares de Rio Maior e os agricultores associados da CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal), na altura conotados com a direita tradicional e patriótica, cortam as estradas de acesso a Lisboa, separando o Norte de Portugal e o Sul.

    O Golpe

     
    (imagem daqui)
     
    No dia 25 de novembro:
    • na sequência de uma decisão do General Morais da Silva, Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, que dias antes tinha mandado passar à disponibilidade cerca de 1000 camaradas de armas de Tancos, pára-quedistas da Base Escola de Tancos ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e mais cinco bases aéreas e detêm o tenente-coronel Aníbal Pinho Freire e exigem a demissão de Morais da Silva;
    • este actos são considerados pelos militares ligados ao Grupo dos Nove como o indício de que poderia estar em preparação um golpe de estado vindo de sectores mais radicais, da esquerda. Esses militares apoiados pelos partidos políticos moderados como PS e o PPD e depois do Presidente da República, General Francisco da Costa Gomes ter obtido por parte do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes e apoiantes para qualquer acção de rua, decidem então intervir militarmente para controlar o país;
    • o Regimento de Artilharia de Lisboa (RALIS), conotado com a Esquerda Militar, toma posições no aeroporto de Lisboa, portagem de Lisboa A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas;
    • forças da Escola Prática de Administração Militar ocupam a RTP e a PM controla a Emissora Nacional, as duas Unidades militares eram conotados respectivamente com a esquerda revolucionária e com a referida Esquerda Militar ('gonçalvistas') e com a Esquerda Militar Radical ('otelistas').
    • O Regimento de Comandos da Amadora, conotada com os moderados, com a Direita Militar ('spinolistas' e outros sectores conservadores e ultra-conservadores militares, e identificados com os partidos da Direita política parlamentar, a Igreja e sectores da Extrema-Direita) e com o Centro Militar ('melo-antunistas' ou 'moderados', identificados com o PS e o 'grupo do Florida'), cerca o Emissor de Monsanto, ocupado pelos para-quedistas, e a emissão da RTP é transferida para o Porto;
    • Mário Soares, Jorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS, no seguimento de um plano contra-revolucionário previamente estabelecido, saem clandestinamente de Lisboa, na tarde do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam ao moderado Pires Veloso, no Quartel da Região Militar Norte, através do General piloto-aviador José Lemos Ferreira, que teria oferecido resistência ao seu comandante, o brigadeiro graduado Eurico de Deus Corvacho;
    • O Presidente da República decreta o estado de sitio na área da Região Militar de Lisboa, e teve um papel determinante na contenção dos extremos;
    • o Tenente-Coronel António Ramalho Eanes, adjunto de Vasco Lourenço e futuro presidente da republica, ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades;
    • Vasco Lourenço dá voz de prisão a Diniz de Almeida, Campos Andrada, Cuco Rosa e Mário Tomé, todos militares conotados forças políticas de esquerda revolucionária, sendo o último inclusivamente filiado na UDP; diversos oficiais ditos 'moderados' estavam então conotados com o PS (com o qual conspiraram na preparação do plano e das operações que desembocaram no '25 de Novembro de 1975') e o PPD;
    • o "Grupo dos Nove", vanguarda de todas as forças políticas e militares do Centro e da Direita (parlamentar e extra-parlamentar) e os seus aliados controlam a situação.
    • Jaime Neves com uma sua força dos Comandos da Amadora, ligados aos moderados, atacam o Regimento da Polícia Militar da Ajuda, unidade militar tida como próxima das forças políticas de esquerda revolucionária, após a rendição o resultado são 3 mortos;
    • prisões dos militares revoltosos;
    • forças das Regiões Militares do Norte e Centro deslocam-se para Lisboa;
    • Melo Antunes declara na RTP que o PCP: "é indispensável à democracia", afastando as veleidades da direita saudosista, que tendo um plano de tomada de poder, se colou ao "Grupo dos Nove".
    • os Generais Carlos Fabião e Otelo Saraiva de Carvalho são destituídos, respectivamente, dos cargos de Chefe de Estado Maior do Exército e de Comandante do COPCON;
    • Ramalho Eanes é nomeado Chefe de Estado Maior do Exército em substituição de Carlos Fabião e graduado em General. O COPCON é integrado no Estado Maior Geral das Forças Armadas.
    • por decisão do Conselho de Ministros a Rádio Renascença é devolvida à Igreja Católica;
    • são enviadas para a prisão de Custóias algumas dezenas de militares detidos na sequência dos acontecimentos do 25 de novembro;
    • Costa Gomes, Presidente da República, decreta o estado de sítio parcial na região abrangida pela Região Militar de Lisboa.
    Acalmia
    A 28 de novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados; no dia seguinte, em conferência de imprensa, Sá Carneiro acusa o PCP de ser responsável pela insubordinação militar verificada e o PS tem idêntica atitude.
    É levantado o estado de sítio em Lisboa a 1 de dezembro e, no dia seguinte, na Assembleia Constituinte, o PS, PPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acontecimentos de 25 de novembro.
    Em conferência de imprensa, a 4 de dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado activamente no 25 de novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por "anti-comunismo retrógrado" ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo, nesse mesmo dia o PS, a par do PPD e CDS defendem a revisão do "Pacto MFA-Partidos".
    O PCP realiza, em 7 de dezembro, um comício no Campo Pequeno, Álvaro Cunhal reconhece a derrota sofrida pela esquerda revolucionária, e apela à "unidade das forças interessadas na salvaguarda das liberdades, da democracia e da revolução".
    A 1 de janeiro de 1976 a GNR intervém, junto à prisão de Custóias, para dispersar a manifestação de solidariedade com os militares presos após o 25 de novembro, de que resultam quatro mortos e seis feridos.
    É preso, em 19 de janeiro, Otelo Saraiva de Carvalho após a divulgação do Relatório Preliminar dos acontecimentos de 25 de novembro, porque alegadamente este estaria implicado no possível golpe militar de esquerda.
    É realizada uma grande manifestação popular, no dia 20 de fevereiro, em Lisboa, pela libertação dos militares presos em consequência dos acontecimentos de 25 de Novembro.
    No dia 3 de março de 1976, Otelo Saraiva de Carvalho, é libertado e passa ao regime de residência fixa.