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domingo, março 10, 2024

Vasco de Lima Couto morreu há 44 anos...

(imagem daqui)
        
Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, ator, encenador, declamador e locutor de rádio português.
      

 


domingo, novembro 26, 2023

Hoje é dia de cantar a poesia de Vasco de Lima Couto...

 

Noite - Max

Poema de Vasco de Lima Couto

Música de Maximiano de Sousa (Max)

 

Sou da noite um filho noite
Trago rugas nos meus dedos
De contarem os segredos
Nas altas fontes do amor

E canto porque é preciso
Raiar a dor que me impele
E gravar na minha pele
As fontes da minha dor

Noite companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite céu dos meu casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei

Oh minha mãe de arvoredos
Que penteias a saudade
Com que vi a humanidade
A minha voz soluçar

Dei-te um copo de segredos
Onde risquei minha mágoa
E onde bebi essa água
Que se prendia no ar

Noite companheira dos meus gritos
Rio de sonhos aflitos
Das aves que abandonei
Noite céu dos meu casos perdidos
Vêm de longe os sentidos
Nas canções que eu entreguei

Poema, em forma de música, de aniversariante de hoje...

 

Pomba branca - Max

Poema de Vasco de Lima Couto




Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar
Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar

Fui criança e andei descalço
Porque a terra me aquecia
E eram longos os meus olhos
Quando a noite adormecia
Vinham barcos dos países
E eu sorria a deus, sonhei
Traziam roupas, felizes
As crianças dos países
Nesses barcos a chegar

Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar
Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar

Depois mais tarde ao perder-me
Por ruas de outras cidades
Cantei meu amor ao vento
Porque sentia saudades
Do primeiro amor da vida
Desse instante a aproximar
Dos campos, do meu lugar
À chegada e à partida

Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar

Vasco de Lima Couto cantado por Amália...

Vasco de Lima Couto nasceu há um século

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, ator, encenador, declamador e radialista português.
 
Percurso

Estreou-se como ator em 27 de Março de 1947. Em 13 de março de 1951 entrou para a Companhia de Amélia Rey Colaço - Robles Monteiro, a mais conceituada da época. Trabalhou também no Teatro Experimental do Porto, Teatro da Câmara - Estufa Fria, Teatro da Trindade e Teatro Experimental de Lisboa.

Foi para Angola onde colaborou em programas de rádio.

Regressou a Portugal em 1974. Trabalhou no Teatro da Cornucópia, na Companhia de Maria Matos, e no Teatro Monumental onde Trabalhou por duas vezes, em substituição de colegas, ao lado de Laura Alves, em "Aqui Quem Manda Sou Eu" (substituindo Luís Filipe) e em "Não Há Nada que me Escape" (substituindo Orlando Fernandes Luís Filipe).

Em 1975, gravou o seu segundo disco de poesia com poemas da sua autoria.

 
Homenagens

Em Constância existe um museu monográfico dedicado ao poeta, reunindo o seu espólio. A atual Casa Museu Vasco de Lima Couto é, desde os anos 70, propriedade de José Ramoa Ferreira, o Zé Brasileiro, português de Braga dos versos de Vasco de Lima Couto.

Casa apalaçada dos finais do século XVIII, foi habitação de diversas figuras importantes da vida local e nacional, como o ministro setembrista Passos Manuel, Jacinto de Sousa Falcão e sua esposa, descendente de um da linhagem dos doze de Inglaterra, o doutor Francisco de Oliveira Moncada, governador-geral de Angola e o professor pintor José Campas.

O poeta viveu nesta casa os últimos quatro anos da sua vida. Após o seu falecimento, foi transformada em Casa-Museu, inaugurada pelo presidente da República, general Ramalho Eanes em março de 1981.

Guarda objetos pessoais de Lima Couto e muitos originais, em especial correspondência trocada com amigos, bem como uma rica coleção de arte constituída por mobiliário e pintura. 

 

Obras publicadas

  • Arrebol - 1943
  • Romance - 1947
  • Recado Invisivel - 1950
  • Os olhos e o silêncio - 1952
  • O Silêncio Quebrado - 1959
  • Esta continua saudade... - 1974
  • Bom Dia Meu Amor... - 1974
  • Canto de Vida e de Morte - 1981
  • Deixando discorrer os rios - 1991

 

Discografia

O single "Erotica" inclui os poemas "A voz perto de Mim", "O Futuro é Hoje", "Para ver se te Desprezo", "Pois", "Adolescente", "Felatio", "Posse" e "Realmente não". Os poemas são ditos pelo próprio autor e com música e acompanhamento de Duarte Costa. 


AUTO - RETRATO

O que me atormenta
é não saber ver
o que está por dentro
de todas as coisas
de todos os seres
(só crio caixilhos
para os meus prazeres!);
é não ter palavras
para a natureza
que é sempre essa alma
lavrada em silêncio;
é estar sempre certo
de falar demais
cometendo crimes
de imaginação;
é não ter amigos
- por desatenção,
e não ter amor
- por pedir de mais!
É chegar à noite
com dia na alma
a fazer da lua
o sol que apetece...

e, principalmente,
o que me atormenta
é o que me esquece.



in O Silêncio Quebrado - Vasco de Lima Couto

sexta-feira, março 10, 2023

Vasco de Lima Couto morreu há 43 anos

(imagem daqui)
      
Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, ator, encenador, declamador e locutor de rádio português.
      

 


sábado, novembro 26, 2022

Vasco de Lima Couto nasceu há 99 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, ator, encenador, declamador e radialista português.


AUTO - RETRATO

O que me atormenta
é não saber ver
o que está por dentro
de todas as coisas
de todos os seres
(só crio caixilhos
para os meus prazeres!);
é não ter palavras
para a natureza
que é sempre essa alma
lavrada em silêncio;
é estar sempre certo
de falar demais
cometendo crimes
de imaginação;
é não ter amigos
- por desatenção,
e não ter amor
- por pedir de mais!
É chegar à noite
com dia na alma
a fazer da lua
o sol que apetece...

e, principalmente,
o que me atormenta
é o que me esquece.



in O Silêncio Quebrado - Vasco de Lima Couto

quinta-feira, março 10, 2022

Vasco de Lima Couto morreu há 42 anos

(imagem daqui)
      
Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, ator, encenador, declamador e locutor de rádio português.
      

 


sexta-feira, novembro 26, 2021

Vasco de Lima Couto nasceu há 98 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.


AUTO - RETRATO

O que me atormenta
é não saber ver
o que está por dentro
de todas as coisas
de todos os seres
(só crio caixilhos
para os meus prazeres!);
é não ter palavras
para a natureza
que é sempre essa alma
lavrada em silêncio;
é estar sempre certo
de falar demais
cometendo crimes
de imaginação;
é não ter amigos
- por desatenção,
e não ter amor
- por pedir de mais!
É chegar à noite
com dia na alma
a fazer da lua
o sol que apetece...

e, principalmente,
o que me atormenta
é o que me esquece.


in O Silêncio Quebrado - Vasco de Lima Couto

quarta-feira, março 10, 2021

Vasco de Lima Couto morreu há 41 anos

(imagem daqui)
   
Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e locutor de rádio português.
   

 

quinta-feira, novembro 26, 2020

Poema, em forma de música, de aniversariante de hoje...

Pomba branca - Max

Poema de Vasco de Lima Couto


Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar
Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar

Fui criança e andei descalço
Porque a terra me aquecia
E eram longos os meus olhos
Quando a noite adormecia
Vinham barcos dos países
E eu sorria a deus, sonhei
Traziam roupas, felizes
As crianças dos países
Nesses barcos a chegar

Pomba branca, pomba branca
... ... ...

Depois mais tarde ao perder-me
Por ruas de outras cidades
Cantei meu amor ao vento
Porque sentia saudades
Do primeiro amor da vida
Desse instante a aproximar
Dos campos, do meu lugar
À chegada e à partida

Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar
... ... ...

Vasco de Lima Couto nasceu há 97 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.


AUTO - RETRATO

O que me atormenta
é não saber ver
o que está por dentro
de todas as coisas
de todos os seres
(só crio caixilhos
para os meus prazeres!);
é não ter palavras
para a natureza
que é sempre essa alma
lavrada em silêncio;
é estar sempre certo
de falar demais
cometendo crimes
de imaginação;
é não ter amigos
- por desatenção,
e não ter amor
- por pedir de mais!
É chegar à noite
com dia na alma
a fazer da lua
o sol que apetece...

e, principalmente,
o que me atormenta
é o que me esquece.


in O Silêncio Quebrado - Vasco de Lima Couto

segunda-feira, novembro 26, 2018

Poema-fado de aniversariante de hoje...


Vasco de Lima Couto nasceu há 95 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1923 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.
 
 
RETRATO

Fui só eu que estraguei as alvoradas
- presas suaves nos plúmbeos céus!,
e dei água aos ribeiros da minha alma
e fiz preces de amor e sangue, a Deus...

Fui só eu que, sabendo da tormenta
que o vento da nortada me dizia,
puz meus lábios no sonho incompleto
e rasguei o meu corpo na poesia.

Vieram dar-me abraços e contentes
viram que me afundava sem remédio
- nem um grito subia do horizonte
há mil anos deitado sobre o tédio!

Quando chamaram por mim do imenso rio
que a noite veste para se entreter
vi que os barcos andavam cheios de almas
buscando sonhos para não sofrer.

Cantavam doidas como a dor e a morte
parando, a espaços, para ver montanhas
e eram luzes mordidas pelas sombras,
corajosas, infelizes - mas tamanhas!

Eu fugi de as ouvir (que ardentes vozes...)
de navegar nas mesmas ansiedades
e fui sozinho semear as luas
e a natureza inculta das idades.

Parti, negando à vida o seu direito,
recalcando os meus sonhos e os meus medos...

sei agora que matei o meu destino
e quebrei o futuro nos meus dedos.

in Os Olhos e o Silêncio (1952) - Vasco de Lima Couto

terça-feira, novembro 26, 2013

Poema-fado de aniversariante de hoje

Vasco de Lima Couto nasceu há 90 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de Novembro de 1923 - Lisboa, 10 de Março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.


AUTO - RETRATO

O que me atormenta
é não saber ver
o que está por dentro
de todas as coisas
de todos os seres
(só crio caixilhos
para os meus prazeres!);
é não ter palavras
para a natureza
que é sempre essa alma
lavrada em silêncio;
é estar sempre certo
de falar demais
cometendo crimes
de imaginação;
é não ter amigos
- por desatenção,
e não ter amor
- por pedir de mais!
É chegar à noite
com dia na alma
a fazer da lua
o sol que apetece...

e, principalmente,
o que me atormenta
é o que me esquece.

in O Silêncio Quebrado - Vasco de Lima Couto

sábado, março 10, 2012

Amália cantando Vasco de Lima Couto

Vasco de Lima Couto morreu há 32 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de Novembro de 1923 - Lisboa, 10 de Março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.



Amalia Rodrigues "Meu Nome Sabe-Me a Areia"
Alfredo Duarte/Vasco de Lima Couto

sábado, novembro 26, 2011

Poema-fado de aniversariante de hoje

Vasco de Lima Couto nasceu há 88 anos

(imagem daqui)

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de Novembro de 1923 - Lisboa, 10 de Março de 1980) foi um poeta, actor, encenador, declamador e radialista português.


RETRATO

Fui só eu que estraguei as alvoradas
- presas suaves nos plúmbeos céus!,
e dei água aos ribeiros da minha alma
e fiz preces de amor e sangue, a Deus...

Fui só eu que, sabendo da tormenta
que o vento da nortada me dizia,
puz meus lábios no sonho incompleto
e rasguei o meu corpo na poesia.

Vieram dar-me abraços e contentes
viram que me afundava sem remédio
- nem um grito subia do horizonte
há mil anos deitado sobre o tédio!

Quando chamaram por mim do imenso rio
que a noite veste para se entreter
vi que os barcos andavam cheios de almas
buscando sonhos para não sofrer.

Cantavam doidas como a dor e a morte
parando, a espaços, para ver montanhas
e eram luzes mordidas pelas sombras,
corajosas, infelizes - mas tamanhas!

Eu fugi de as ouvir (que ardentes vozes...)
de navegar nas mesmas ansiedades
e fui sozinho semear as luas
e a natureza inculta das idades.

Parti, negando à vida o seu direito,
recalcando os meus sonhos e os meus medos...

sei agora que matei o meu destino
e quebrei o futuro nos meus dedos.

in Os Olhos e o Silêncio (1952) - Vasco de Lima Couto