sexta-feira, outubro 25, 2024

Richard Harris morreu há 22 anos


Richard St. John Harris (Limerick, 1 de outubro de 1930 - Londres 25 de outubro de 2002), foi um ator, diretor teatral, cantor, compositor e escritor irlandês, que ficou popular entre o público adolescente por interpretar o Professor Albus Dumbledore em Harry Potter e a Pedra Filosofal e na sua continuação, Harry Potter e a Câmara Secreta.

Antes disso, teve atuações marcantes em filmes como Um Homem Chamado Cavalo, Terra da Discórdia, Camelot, Cromwell, Os Imperdoáveis e Gladiador.

Nascido no sul da Irlanda, Harris teve tuberculose na adolescência, algo que os amigos dizem ter contribuído para seu estilo introspectivo de atuar. Ainda estudante, iniciou a sua carreira artística como diretor teatral. A sua estreia no cinema, no entanto, só aconteceu em 1958, quando fez uma pequena participação na comédia Alive and Kicking, em Londres. Depois, retornou à Irlanda e estrelou Shake Hands With Devil.

A partir da década de 60, Harris despontou como ator de cinema, chamando a atenção em Os Canhões de Navarone e O Grande Motim (ambos de 1961). Em 1963, o trabalho de Harris foi reconhecido internacionalmente e ele venceu o prémio de melhor ator em Cannes por This Sporting Life, além de conseguir a sua primeira indicação para o Óscar. Em seguida, atuou em Deserto Vermelho (64), Juramento de Vingança (65), viveu Caim em A Bíblia e o Rei Arthur em Camelot e venceu o prémio de melhor ator no Globo de Ouro.

Em 1970, com o faroeste Um Homem Chamado Cavalo, obteve mais um sucesso, que gerou duas continuações (O Retorno do Homem Chamado Cavalo, 1976, e Triunfos de Um Homem Chamado Cavalo, 1983), mas nenhuma obteve a mesma apreciação do original pelo público. Foi também nos anos 70 que Harris estreou atrás das câmaras, co-escrevendo o roteiro de The Lady in the Car With Glasses and a Gun, além de dirigir e atuar em The Hero.

As décadas de 70 e 80 não foram muito boas para a carreira de Harris. Ele participou de produções pouco elogiadas como A Travessia de Cassandra, Orca, a Baleia Assassina (ambos em 77), Selvagens Cães de Guerra (78), Tarzan, O Filho das Selvas (1981), entre outras. Seu retorno ao estrelato deu-se somente em 1990, quando foi indicado novamente para o Óscar por Terra da Discórdia. Antes de aceitar o papel do professor Dumbledore nos filmes de Harry Potter, Harris ainda fez os Jogos Patrióticos, Os Imperdoáveis (ambos em 92), Recordações (93), O Espírito do Silêncio (94), Gladiador (2000), Apocalipse (2000) e por último, O Conde de Monte Cristo, em 2002, lançado logo após Harry Potter e a Câmara Secreta.

Richard faleceu aos 72 anos, após ser internado para tratamento de um cancro linfático.

 

in Wikipédia

Gregory Isaacs morreu há 14 anos...

   
Gregory Anthony Isaacs, mais conhecido como Gregory Isaacs (Kingston, 15 de julho de 1951 – Londres, 25 de outubro de 2010) foi um cantor de reggae jamaicano, considerado uma das vozes mais sofisticadas do género.
As suas músicas tornaram-se clássicos do reggae romântico e, numa lista com mais de 500 discos gravados, destacam-se alguns dos mais conhecidos álbuns da história da música jamaicana, entre eles: Mr. Isaacs, de 1977, Slum in Dub, de 1978, Soon Forward, de 1979, e Night Nurse, lançado em 1982.

O cantor morreu de cancro, aos 59 anos, em 25 de outubro de 2010, deixando a esposa, Linda, bem como vários filhos.
 
 

O baixista Jack Bruce morreu há dez anos...

   
John Symon Asher "Jack" Bruce (Bishopbriggs, 14 de maio de 1943 - Suffolk, 25 de outubro de 2014) foi um baixista, cantor e compositor britânico, nascido na Escócia.
Ele começou a sua carreira tocando com a banda de Graham Bond, no começo dos anos 60. O grupo fazia versões de variados estilos musicais, desde bebop a rhythm and blues, passando pelos blues. Entre os seus integrantes estava Ginger Baker.
Ele tocou com John Mayall e com Manfred Mann antes de iniciar a sua participação mais célebre, como baixista, no power trio Cream ( grupo de blues-rock do Reino Unido e supergrupo formado por iniciativa do baterista Ginger Baker com o baixista Jack Bruce e o guitarrista Eric Clapton). Ele desenvolveu a maioria das músicas da banda, juntamente com o compositor Pete Brown.
Depois dos Cream terminarem, Jack tocou com inúmeros músicos e colaborou com grandes nomes do jazz como Carla Bley e participou na banda Frank Zappa & Mothers of Invention. Ele continuou gravando durante os anos 90 e no começo do ano 2000 passou a sofrer problemas de saúde. Em 2003 foi-lhe diagnosticado um cancro no fígado e, em setembro do mesmo ano, passou por um transplante quase fatal, depois de seu organismo rejeitar o novo órgão.

(...)
  
Em 25 de outubro de 2014 foi anunciado que Jack havia falecido, aos 71 anos, por causa de uma doença no fígado. É com grande tristeza que nós, a família de Jack, anunciamos a morte de nosso querido Jack: o marido, o pai, o avô e a lenda. O mundo da música será um lugar mais pobre sem ele, mas ele vive na sua música e eternamente nos nossos corações, escreveu a sua família, no site do músico. Claire Singers, a sua assessora de imprensa, também confirmou a morte. Ele faleceu hoje no seu domicílio em Suffolk, cercado pela sua família. Jack Bruce e a sua mulher Magrit tiveram três filhos.
  
 

Alfonsina Storni morreu há 86 anos...

  

Filha de pais argentinos, nascida na Suíça, imigrou com os seus pais para a província de San Juan na Argentina em 1896. Em 1901, muda-se para Rosario, (Santa Fé), onde tem uma vida com muitas dificuldades financeiras. Trabalhou para o sustento da família como costureira, operária, atriz e professora.
Descobre-se portadora de cancro da mama em 1935. O suicídio de um amigo, o também escritor Horacio Quiroga, em 1937, abala-a profundamente.
Em 1938, três dias antes de se suicidar, envia, de um hotel de Mar del Plata para um jornal, o soneto “Voy a Dormir”.
Consta que suicidou-se andando para dentro do mar - o que foi poeticamente registado na canção "Alfonsina y el mar", gravada por Mercedes Sosa; o seu corpo foi resgatado do oceano no dia 25 de outubro de 1938. Alfonsina tinha 46 anos.
  
  
¡Adiós!

Las cosas que mueren jamás resucitan,
las cosas que mueren no tornan jamás.
¡Se quiebran los vasos y el vidrio que queda
es polvo por siempre y por siempre será!

Cuando los capullos caen de la rama
dos veces seguidas no florecerán...
¡Las flores tronchadas por el viento impío
se agotan por siempre, por siempre jamás!

¡Los días que fueron, los días perdidos,
los días inertes ya no volverán!
¡Qué tristes las horas que se desgranaron
bajo el aletazo de la soledad!

¡Qué tristes las sombras, las sombras nefastas,
las sombras creadas por nuestra maldad!
¡Oh, las cosas idas, las cosas marchitas,
las cosas celestes que así se nos van!

¡Corazón... silencia!... ¡Cúbrete de llagas!...
-de llagas infectas- ¡cúbrete de mal!...
¡Que todo el que llegue se muera al tocarte,
corazón maldito que inquietas mi afán!

¡Adiós para siempre mis dulzuras todas!
¡Adiós mi alegría llena de bondad!
¡Oh, las cosas muertas, las cosas marchitas,
las cosas celestes que no vuelven más! ...

 

Alfonsina Storni

Jon Anderson, o vocalista dos Yes, celebra hoje oitenta anos...!

  
John Roy Anderson, born John Roy Anderson (Accrington, Lancashire,  25 October 1944) is an English singer, songwriter and musician, best known as the former lead singer of the progressive rock band Yes, which he formed in 1968 with bassist Chris Squire. He was a member of the band across three tenures until 2008. Anderson was also a member of ARW along with former Yes bandmates Rick Wakeman and Trevor Rabin from 2016 to 2020. Together with bassist Lee Pomeroy and drummer Lou Molino III, they toured under the name Yes Featuring Jon Anderson, Trevor Rabin, Rick Wakeman

 


 


Música para recordar Alfonsina...

 

Alfonsina y el mar - Rosalía
Letra de Félix Luna e música de Ariel Ramírez (original de Mercedes Sosa)

 

Por la blanda arena que lame el mar
su pequeña huella no vuelve más,
un sendero solo de pena y silencio llegó
hasta el agua profunda.
Un sendero solo de penas mudas llegó
hasta la espuma.

Sabe Dios qué angustia te acompañó
qué dolores viejos, calló tu voz
para recostarte arrullada en el canto
de las caracolas marinas.
La canción que canta en el fondo oscuro del mar
la caracola.

Te vas Alfonsina con tu soledad,
¿qué poemas nuevos fuiste a buscar?
Una voz antigua de viento y de sal
te requiebra el alma y la está llevando
y te vas hacia allá como en sueños,
dormida, Alfonsina, vestida de mar.

Cinco sirenitas te llevarán
por caminos de algas y de coral
y fosforescentes caballos marinos harán
una ronda a tu lado.
Y los habitantes del agua van a jugar
pronto a tu lado.

Bájame la lámpara un poco más,
déjame que duerma nodriza en paz
y si llama él no le digas que estoy
dile que Alfonsina no vuelve.
Y si llama él no le digas nunca que estoy,
di que me he ido.

Te vas Alfonsina con tu soledad,
¿qué poemas nuevos fuiste a buscar?
Una voz antigua de viento y de sal
te requiebra el alma y la está llevando
y te vas hacia allá como en sueños,
dormida, Alfonsina, vestida de mar.

Música adequada à data...!

quinta-feira, outubro 24, 2024

Ramalho Ortigão nasceu há 188 anos

  

José Duarte Ramalho Ortigão (Porto, 24 de outubro de 1836 - Lisboa, 27 de setembro de 1915) foi um escritor português.
  
Ramalho Ortigão nasceu no Porto, na Casa de Germalde, freguesia de Santo Ildefonso. Era o mais velho de nove irmãos, filhos do primeiro-tenente de artilharia Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão.
Viveu a sua infância numa quinta do Porto com a avó materna, com a educação a cargo de um tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Em Coimbra, frequentou brevemente o curso de Direito, começando a trabalhar como professor de francês no colégio da Lapa, no Porto, de que seu pai era diretor, e onde ensinou, entre outros, Eça de Queirós e Ricardo Jorge. Por essa altura, iniciou-se no jornalismo colaborando no Jornal do Porto.
Em 24 de Outubro de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, de quem veio a ter três filhos: Vasco, Berta e Maria Feliciana.
Ainda no Porto, envolveu-se na Questão Coimbrã com o folheto "Literatura de hoje", acabando por enfrentar Antero de Quental num duelo de espadas, a quem apodou de cobarde por ter insultado o velho António Feliciano de Castilho. Ramalho ficou fisicamente ferido no duelo travado, em 6 de fevereiro de 1866, no Jardim de Arca d'Água.
No ano seguinte, em 1867, visita a Exposição Universal em Paris, de que resulta o livro Em Paris, primeiro de uma série de livros de viagens. Insatisfeito com a sua situação no Porto, muda-se para Lisboa com a família, agarrando uma vaga para oficial da Academia das Ciências de Lisboa.
Reencontra em Lisboa o seu ex-aluno Eça de Queirós e com ele escreve um "romance execrável" (classificação dos autores no prefácio de 1884): O mistério da estrada de Sintra (1870). No mesmo ano, Ramalho Ortigão publica ainda Histórias cor-de-rosa e inicia a publicação de Correio de Hoje (1870-71). Em parceria com Eça de Queirós, surgem em 1871 os primeiros folhetos de As Farpas, de que vem a resultar a compilação em dois volumes sob o título Uma Campanha Alegre. Em finais de 1872, o seu amigo Eça de Queirós parte para Havana exercer o seu primeiro cargo consular no estrangeiro, continuando Ramalho Ortigão a redigir sozinho As Farpas.
Entretanto, Ramalho Ortigão tornara-se uma das principais figuras da chamada Geração de 70. Vai acontecer com ele o que aconteceu com quase todos os membros dessa geração. Numa primeira fase, pretendiam aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, cosmopolitas e anticlericais. Desiludidos com as Luzes europeias do progresso material, porém, numa segunda fase voltaram-se para as raízes de Portugal e para o programa de um "reaportuguesamento de Portugal". É dessa segunda fase a constituição do grupo "Os Vencidos da Vida", do qual fizeram parte, além de Ramalho Ortigão, o Conde de Sabugosa, o Conde de Ficalho, Marquês de Soveral, Conde de Arnoso, Antero de Quental, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer e António Cândido. À intelectualidade proeminente da época juntava-se agora a nobreza, num último esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo o Rei D. Carlos I sido significativamente eleito por unanimidade "confrade suplente do grupo".
Na sequência do assassínio do Rei, em 1908, escreve D. Carlos o Martirizado. Com a implantação da República, em 1910, pede imediatamente a Teófilo Braga a demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, escrevendo-lhe que se recusava a aderir à República "engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação". Saiu em seguida para um exílio voluntário em Paris, onde vai começar a escrever as Últimas Farpas (1911-1914) contra o regime republicano. O conjunto de As Farpas, mais tarde reunidas em quinze volumes, a que há que acrescentar os dois volumes das Farpas Esquecidas, e o referido volume das Últimas Farpas, foi a obra que mais o notabilizou por estar escrita num português muito rico, com intuitos pedagógicos, sempre muito crítico e revelando fina capacidade de observação. Eça de Queirós escreveu que Ramalho Ortigão, em As Farpas, "estudou e pintou o seu país na alma e no corpo".
Regressa a Portugal em 1912 e, em 1914 dirige a célebre Carta de um velho a um novo, a João do Amaral, onde saúda o lançamento do movimento de ideias políticas denominado Integralismo Lusitano:
"A orientação mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu tempo estabelece entre as nossas respetivas cerebrações uma diferença de nível que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos".
Padecendo de um cancro, recolheu-se na casa de saúde do Dr. Henrique de Barros, na então Praça do Rio de Janeiro, em Lisboa, vindo a falecer em 27 de setembro de 1915, na sua casa, na Calçada dos Caetanos, freguesia da Lapa.
Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.


NOTA: um grande português e um grande escritor, um homem digno e de palavra, com ideais e que sobrepunha os seus ideais ao seu bolso. Para entenderem o que eu digo, aqui fica citada, na íntegra, a carta de demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda, dirigida ao Presidente da República:

Quinta de S. José, em Linda-a Pastora, 16 de outubro de 1910


Meu caro Teófilo Braga:



O carácter inalteravelmente afetuoso das nossas relações, através de uma íntima convivência de mais de quarenta anos, me anima a dirigir esta carta ao chefe do atual governo da Nação. Sabe muito bem V., conhecendo a minha orientação mental, que, indiferente às formas de governo, nada em política me é mais profundamente antipático do que o votismo e o parlamentarismo, que eu considero os mais destrutivos agentes da capacidade administrativa em democracias insuficientemente educadas para a liberdade. O governo a que V. preside provém da intervenção fortuita de uma elite que distribuiu o exercício das funções pela especialização das capacidades. Esta génese torna para mim particularmente interessante e atraente o seu governo. Não vá porém julgar, meu caro Teófilo, que por meio desta sincera confissão eu venho formular a minha adesão à República, engrossando assim o abjeto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação. Não; pela minha parte eu não presto esse tributo à República. Nunca também o prestei aos políticos monárquicos, de cujos partidos nunca fiz parte, a cujo funcionalismo nunca pertenci, aos quais nunca absolutamente pedinchei o que quer que fosse.

Sabe V. que o meu tão modesto lugar na Academia foi Tomás de Carvalho quem numa noite, no Grémio, há 42 anos, mo ofereceu, indo eu três dias depois ocupá-lo sem nenhuma outra espécie de intrometimento da minha parte. AS minhas relações com a família real datam da minha entrada na Academia. Latino Coelho, secretário, não querendo pessoalmente levar à assinatura do Rei D. Fernando e mais tarde do Rei D. Luís os diplomas académicos, delegou em mim, chefe da secretaria, esse serviço, e assim tiveram princípios os contactos de recíproco afeto que certamente determinaram o Rei D. Carlos a nomear-me seu bibliotecário. Seria monstruoso que a essa família, à qual na prosperidade eu devi as mais expressivas demonstrações de estima, eu regateasse na desgraça o preito da minha mais saudosa e mais profunda gratidão.

Pode pois V., Teófilo, continuar a olhar direito para mim, porque eu continuo orgulhosamente a ser tão coerente com os meus princípios como V. o tem sido sempre com os seus. O fim desta minha carta é simplesmente felicitá-lo primeiro que tudo, e dar-lhe em seguida daquilo que me diz respeito algumas notícias e informações que — julgo eu — o interessarão talvez.

Domingo passado — faz hoje oito dias — encontrando-me eu e a minha mulher nesta quinta de uma das minhas filhas, a força pública invadiu a nossa casa, que V. conhece, nos Caetanos. As nossas vizinhas de prédio, vendo sentinelas na escada e dizendo-lhe os agentes da autoridade que iam arrombar a minha porta, deram-lhes a chave de que eram depositárias, o que obstou ao arrombamento. Depois de rebuscados todos os apartamentos e telhados do meu domicílio esses senhores fizeram-me o favor de constatar que eu nem tinha padres escondidos nem munições de guerra depositadas entre os móveis, livros e objetos de arte que no meu lar representam a economia de 50 anos da mais correta existência e do mais imaculado trabalho. Parece que essa busca tivera por causa a denúncia de que de cima do meu telhado se haviam disparado tiros sobre as tropas da República! Note, meu querido Teófilo, que eu nem peço explicações da caluniosa delação de que fui objeto nem requeiro satisfação do agravo que se me fez. Desejo apenas informá-lo deste episódio familiar.


Passarei agora a um ponto de mais importância. Refiro-me à Biblioteca de que fui diretor no Paço da Ajuda. É claro que, bibliotecário do Rei, pelo seu bolso remunerado como o haviam sido os meus antecessores Alexandre Herculano e Magalhães Coutinho, eu nenhum compromisso tenho com o governo, qualquer que ele seja, sendo à administração da Fazenda da Casa Real que legalmente cabe intervir na negociação das bibliotecas encorporadas nos bens da Coroa. Eu nem sequer tenho a quem entregar a demissão do meu cargo, o qual de facto cessou de existir desde que não há Rei.

A consideração que todavia me merecem os interesses da civilização e o enternecido amor de velho que me prendia ao tesouro de que fui guarda levam-me a prestar-lhe a V., chefe do governo vigente, toda a informação que possa esclarecê-lo acerca da história, do estado e do destino daquela livraria. Ao ministro do Interior foram já entregues pelos meus empregados as chaves da casa. Em meu poder ficou a chave de meu uso assim como das gavetas da minha secretária, que entregarei a quem me for indicado mediante as formalidades que se considerem oportunas. Regressei da Suiça, onde passei mês e meio de férias, no dia 2 do corrente mês; no dia 3 fui convidado a almoçar em Belém com o presidente eleito da República do Brasil; a seguir rebentou a revolução, intercetando-me a entrada na Ajuda. De modo que nunca mais ali voltei depois do meu regresso. A coleção da Ajuda acha-se porém ordenada de maneira que dispensa preparos de exposição para qualquer efeito que seja. Todas as estantes, todas as prateleiras e todos os volumes estão integralmente etiquetados. Há em cada estante, na divisória mais ao alcance da mão, ao lado direito, um cartão in-fólio, de debrum verde, contendo a relação numérica dos livros dispostos em cada estante. O catálogo, quase completo, e todo ele feito sob a minha direcção, distingue os livros que pertencem à Coroa e os que são propriedade individual do Rei por virem das livrarias particulares dos Reis D. Luís e D. Pedro V e haverem sido adquiridos pelo Rei D. Carlos por meio de tornas aos co-herdeiros por ocasião do inventário feito por morte de D. Luís.

O catálogo dos manuscritos não está ainda completamente redigido, mas todos eles se encontram inventariados, correspondendo a cada peça um correlativo verbete. O inventário, assaz desenvolvido, dos incunábulos acha-se igualmente redigido e em via de impressão na tipografia da Academia. Está igualmente impresso (à minha custa) o catálogo dos manuscritos que figuraram na Exposição da Guerra Peninsular. Nos quartos de El- Rei D Manuel deve achar-se uma cópia da correspondência de Junot feita em grande parte por minha própria mão. A aplicação da modesta receita da Biblioteca — 10$00 rs. mensais — consta de um livro de caixa, encontrando-se numa das gavetas de que tenho a chave o saldo do último balanço feito no mês de agosto passado, e na mão do oficial Jordão de Freitas a importância e o saldo das duas últimas mensalidades recebidas, agosto e setembro. Situada em lugar tão distante dos centros de estudo, parece naturalmente destinada esta biblioteca a vir a ser encorporada, como de fundo especial, na Biblioteca Nacional, enquanto se não proceda à indispensável e urgente reforma das bibliotecas e dos arquivos da Nação, com especialização dos depósitos e sistematização geral por um regime comum de catalogação e de compras. Como quer porém que seja permita-me, caro amigo, que muito vivamente eu recomende à sua proteção os meus empregados. Jordão é seu conhecido. O praticante Guilherme de Almeida é mais do que simples praticante, é um excelente amanuense. O contínuo Ferreira tem preciosas habilitações para empregado de qualquer grande livraria: é cumulativamente um tanto tipógrafo um tanto encadernador e um tanto desenhador e calígrafo. A reprodução linear das filigranas do papel dos nossos manuscritos, que o incumbi de fazer, é de grande valor, está executada com muito esmero e constitui uma coleção única na bibliografia portuguesa. Encarecidamente Ihe rogo que patrocine o destino destes meus antigos colaboradores, todos eles com família e sem outros recursos além dos provenientes do seu emprego na Biblioteca Real. Pela parte que pessoalmente me toca nada solicito e nada aceitaria se alguma coisa me oferecesse. Emigro sem armas e quase que sem bagagens para o interior da minha velhice, sendo minha única ambição acabar recolhidamente no meu canto sem empachar o caminho nem estorvar ninguém. Afetuoso abraço do seu velho camarada e amigo,
  
Ramalho Ortigão

The Big Bopper nasceu há 94 anos...

      
The Big Bopper era o nome artístico de Jiles Perry Richardsonaka JP Richardson (Sabine Pass, 24 de outubro de 1930 - Clear Lake, 3 de fevereiro de 1959), que foi um músico dos Estados Unidos e um dos pioneiros do rock and roll, sendo conhecido principalmente pela sua canção "Chantilly Lace". Morreu num trágico acidente de avião, que também vitimou Buddy Holly e Ritchie Valens.
   

Ziraldo fazia hoje 92 anos...

  

Ziraldo Alves Pinto (Caratinga, 24 de outubro de 1932Rio de Janeiro, 6 de abril de 2024) foi um cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista, advogado e jornalista brasileiro.

Foi o criador de personagens famosos, como o Menino Maluquinho, e foi um dos mais conhecidos e aclamados escritores infantis de seu tempo. Ziraldo foi pai de três filhos, a cineasta Daniela Thomas, o compositor Antonio Pinto e a diretora de teatro Fabrízia Alves Pinto. Faleceu em sua residência no estado do Rio de Janeiro, Lagoa Rodrigo de Freitas em 6 de abril de 2024 aos 91 anos.

 
 
Carreira

Começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), em 1954, com uma coluna dedicada ao humor. Ganhou notoriedade nacional ao se estabelecer na revista O Cruzeiro em 1957 e posteriormente no Jornal do Brasil, em 1963. Os seus personagens (entre eles Jeremias, o Bom; a Supermãe e o Mirinho) conquistaram os leitores.

Em 1960 lançou a primeira revista em quadradinhos brasileira feita por um só autor, Turma do Pererê, que também foi a primeira história em quadradinhos a cores totalmente produzida no Brasil. Embora tenha alcançado uma das maiores tiragens da época, Turma do Pererê foi cancelada em 1964, logo após o início do regime militar no Brasil. Nos anos 70, a Editora Abril relançou a revista, desta vez, porém, sem o sucesso inicial. A revista da Turma do Pererê, teve outras passagens pelas bancas, numa edição encadernada pela Editora Primor no ano de 1986 e em formato de almanaque pela Editora Abril na década de 90.

Em 1960 recebeu o "Nobel" Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prémio Merghantealler, principal prémio da imprensa livre da América Latina.

Foi fundador e posteriormente diretor do periódico O Pasquim, tabloide de oposição ao regime militar, uma das prováveis razões de sua prisão, ocorrida um dia após a promulgação do AI-5.

Em 1980, lançou o livro "O Menino Maluquinho", o seu maior sucesso editorial, o qual foi mais tarde adaptado na televisão e no cinema. Para televisão, foi adaptado em 2006 pela TV Brasil, chamada Um Menino muito Maluquinho, que durou uma temporada com vinte e seis episódios sob a direção de Anna Muylaert e Cao Hamburger. No cinema, foi adaptado três vezes, a primeira em Menino Maluquinho - O Filme em 1995 e uma sequência em 1998 dirigida por Fernando Meirelles, Menino Maluquinho 2 - A Aventura. A adaptação mais recente da série é Uma Professora Muito Maluquinha de 2010, estrelado por Paolla Oliveira.

Incansável, Ziraldo ainda hoje colabora em diversas publicações, e está sempre envolvido em novas iniciativas. Uma das mais recentes foi a "Revista Bundas", uma publicação de humor sobre o quotidiano que faz uma brincadeira com a revista "Caras", esta, voltada para o dia a dia de festas e ostentação da elite brasileira. Ziraldo foi também o fundador da revista "A Palavra" em 1999.

Ilustrações de Ziraldo já figuraram em publicações internacionais como as revistas "Private Eye" da Inglaterra, "Plexus" da França e "Mad", dos Estados Unidos.

Desde o ano de 2000 participa da "Oficina do Texto", maior iniciativa de coautoria de livros do Mundo, Criada por Samuel Ferrari Lago então diretor do Portal Educacional, onde já ilustrou histórias que ganharam textos de alunos de escolas do Brasil todo, totalizando aproximadamente um milhão de diferentes obras editadas em coautoria com igual número de crianças.

No dia 3 de outubro de 2016 recebeu a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais em cerimónia presidia pelo reitor Jaime Arturo Ramírez no auditório da reitoria da universidade.

 
Problemas de saúde e morte

Em 2013, durante uma viagem a Alemanha, Ziraldo teve um enfarte leve, necessitando fazer um cateterismo. Em 2018, sofreu um AVC e chegou a ficar internado em estado grave. Nos quatro anos seguintes, sofreu outros dois AVCs, o que o fez ficar com a saúde debilitada. Por causa disso, passou a aparecer em público em poucas ocasiões. Nos últimos meses, Ziraldo passava a maior parte do tempo acamado e se alimentando por sonda.

Na tarde do dia 6 de abril de 2024, em torno das 15.00 horas, aos 91 anos, Ziraldo morreu na sua casa enquanto dormia, segundo a sua família. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Ziraldo e afirmou que "O Brasil perdeu neste sábado, 6/4, um de seus maiores expoentes da cultura, da imprensa, da literatura infantil e do imaginário do país." Várias instituições prestaram homenagens ao cartunista, como os clubes de futebol Flamengo, Atlético Mineiro e Corinthians. Mais tarde, no mesmo dia, uma de suas filhas revelou que a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. No dia seguinte, o corpo de Ziraldo foi velado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e sepultado no Cemitério de São João Batista.

  
  
       

Madalena Iglésias nasceu há 85 anos...

      

Madalena Iglésias, de nome completo Madalena Lucília Iglésias do Vale de Oliveira Portugal (Lisboa, 24 de outubro de 1939Barcelona, 16 de janeiro de 2018), foi uma cantora portuguesa.
Venceu o Festival RTP da Canção de 1966 com "Ele e Ela". A par de Simone de Oliveira, tornou-se numa das vozes mais importantes do chamado nacional-cançonetismo, que dominou a música nacional na década de 60.

     

 

Música adequada para celebrar um aniversário...

 

In Another Land - The Rolling Stones

   

In another land
 
Where the breeze and the trees and flowers were blue
I stood and held your hand
And the grass grew high and the feathers floated by
I stood and held your hand
And nobody else's hand will ever do
Nobody else will do
Then I awoke
Was this some kind of joke
Much to my surprise
I opened my eyes
 
We walked across the sand
And the sea and the sky and the castles were blue
I stood and held your hand
And the spray flew high and the feathers floated by
I stood and held your hand
And nobody else's hand will ever do
Nobody else will do
Then I awoke
Was this some kind of joke
 
Much to my surprise
 
When I opened my eyes
We heard the trumpets blow
And the sky turned red when I accidently said
That I didn't know how I came to be here
Not fast asleep in bed
I stood and held your hand
And nobody else's hand will ever do
Nobody else's hand
Then I awoke
Was this some kind of joke
I opened my eyes
Much to my surprise

 

A ONU (Organização das Nações Unidas) celebra hoje 79 anos

          
A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização internacional cujo objetivo declarado é facilitar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvolvimento económico, progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial.
A ONU foi fundada em 24 de outubro de 1945, após a Segunda Guerra Mundial, para substituir a Liga das Nações (dissolvida em abril de 1946), com o objetivo de impedir as guerras entre países e para fornecer uma plataforma para o diálogo e contém várias organizações subsidiárias para realizar as suas missões.
     
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Seis órgãos principais compõem as Nações Unidas: a Assembleia Geral (assembleia deliberativa principal); o Conselho de Segurança (para decidir determinadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Económico e Social (para auxiliar na promoção da cooperação económica e social internacional e desenvolvimento); o Conselho de Direitos Humanos (para promover e fiscalizar a proteção dos direitos humanos e propor tratados internacionais sobre esse tema); o Secretariado (para fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU) e o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além desses, há órgãos complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O cargo mais alto na ONU é o de secretário-geral, ocupado por António Guterres desde 2017.
 

Kevin Kline faz hoje 77 anos

   
Kevin Delaney Kline (St. Louis, 24 de outubro de 1947) é um ator norte-americano.

Biografia
Estudou na Universidade de Indiana, e a seguir na prestigiosa academia de interpretação Juilliard School, de Nova York.
Em 1972, Kline entrou numa companhia teatral em Nova York, com a que também realizou turnês por todo o país, interpretando obras de Shakespeare. Teve sucesso nos palcos e mais adiante ganhou dois prémios Tony, equivalentes aos Óscar, por sua atuação em dois musicais. Também participou numa produção para a televisão. Em 1981, Kline decidiu provar sorte em Hollywood, onde conseguiu um papel na película Sophie's Choice. A sua interpretação valeu-lhe uma nomeação para um Golden Globe Awards (Globo de Ouro). Em 1989 ganhou o Óscar de Melhor Ator Secundário com o filme Um Peixe Chamado Wanda.
Kevin Kline é casado, desde 1989, com a atriz Phoebe Cates, com quem tem dois filhos.
   

Christian Dior morreu há 67 anos

    

Christian Dior (Granville, 21 de janeiro de 1905 - Montecatini Val di Cecina, 24 de outubro de 1957) foi um importante estilista francês. É o fundador da empresa de vestuário Christian Dior S.A., uma das mais famosas da moda mundial.
Filho de um comerciante de fertilizantes da região do Canal da Mancha, desejou ser artista plástico, mas foi enviado para Paris a fim de estudar Relações Internacionais, uma vez que o seu pai queria que o filho seguisse a carreira diplomática.
Ainda jovem começou a frequentar ateliês de pintura e de desenho, chegando mesmo a pintar alguns quadros. Mas foi a sua habilidade para desenhar roupas que lhe proporcionou uma carreira internacional. O seu círculo de amigos expandiu-se e conheceu um importante empresário da indústria têxtil que lhe garantiu patrocínio para a produção de algumas peças. O investimento que foi bem sucedido: os seus traços e a visão que tinha do corpo feminino causaram fascínio e delírio e, em 1947 inaugurou a Mansão Dior de que o mundo pós-guerra necessitava. Além de causar fascínio pela sua elegância e luxo, o conceito do New Look vinha carregado de extravagância e exagero: vestidos tradicionalmente feitos com 5 metros de tecido, agora usavam até 40 metros. Isso também ajudou a repercussão do conceito, permitindo encerrar a mentalidade de racionamento no pós-guerra. Durante a guerra, Dior vestia desde as esposas dos generais nazis até às mulheres francesas.
Ao longo da sua carreira fez a própria tradução física dos sonhos e da fantasia humana através de seus vestidos. Morreu, durante umas suas férias em Montecatini Val di Cecina, Itália, no dia 23 de outubro de 1957, vítima de ataque cardíaco.

Isabel de Portugal, imperatriz do Sacro Império e infanta real portuguesa, nasceu há 521 anos...

Isabel de Portugal - Ticiano (Museu do Prado)

 

D. Isabel de Portugal (Lisboa, 24 de outubro de 1503 - Toledo, 1 de maio de 1539) foi filha do rei D. Manuel I e da rainha D. Maria de Aragão e Castela. Diziam-na belíssima, como prova o retrato pintado por Ticiano. Morreu, de complicações no parto, no Palácio de Fuensalida, em Toledo, estando sepultada no Panteão do Escorial.
Era irmã de El-Rei D. João III e do Cardeal-Rei D. Henrique, reis de Portugal. Inteligente e culta, criada no esplendor da mais rica corte europeia do seu tempo, em Lisboa, na educação da imperatriz participaram também, por influência de sua mãe, os castelhanos Beatriz Galindo, la Latina e o humanista Luís Vives. Foi longamente regente, em nome de Carlos V, entre 1528 e 1533, primeiro, e de 1535 a 1538, novamente, enquanto o marido se ausentou, em guerra.
Além disso, teve muita importância em relação à educação do seu primogénito, que viria a ser Filipe II de Espanha, e I de Portugal, de língua materna portuguesa, criado e educado pelas damas lusitanas de sua mãe durante a infância.

Casamento
O casamento fora negociado por seu pai, D. Manuel I, que morrendo antes de o concluir o deixou recomendado em testamento ao seu sucessor no codicilo de 11.12.1521. Assim, a 06.10.1525 firmou-se em Torres Novas o contrato. A noiva levou por dote a exorbitante quantia de 900 mil cruzados portugueses, ou dobras castelhanas. Carlos V, seu noivo e seu primo direito, era então ainda apenas Carlos I, rei de Aragão e Castela, duque da Borgonha e vários outros feudos: só quatro anos depois será eleito imperador do Sacro Império, tornando-se hierarquicamente o mais alto soberano da Cristandade, com jurisdição sobre a Alemanha e vários reinos e senhorios da Espanha, Itália, França e Flandres, estendendo ao mundo a sua influência política e o poder das suas armas; porém, como todos os soberanos da Renascença, foi várias vezes obrigado a recorrer a grandes famílias de banqueiros, como os Fugger, não só para financiar a sua acessão à coroa imperial, como também os seus projetos político-militares. Por isso mesmo Carlos havia prometido, anteriormente, a Henrique VIII casar-se com sua filha, Maria, de quem igualmente era primo direito, em 1522 (quando esta tinha apenas seis anos) - mas preferiu aceitar a consorte lusitana, cuja aliança e cujo dote imediato eram bem mais significativos na Europa do tempo, e lhe traziam a liquidez necessária para a compra do trono imperial.
Assim, a princesa casou-se em Almeirim por procuração, em 1 de novembro de 1525, com o seu primo Carlos, representado pelo embaixador Carlos Popeto; e partiu em janeiro de 1526 rumo a Elvas com grande e rica comitiva, dai prosseguindo a viagem em liteira até a fronteira do Caia. Aí, montada em linda égua branca esplendorosamente ajaezada, e com luzido e fidalgo acompanhamento, foi ao encontro da embaixada castelhana que a vinha buscar, encabeçada pelos duques de Calábria e de Béjar e pelo arcebispo de Toledo. Passada a fronteira, seguiu para Sevilha aonde se encontrava o marido, ali se repetindo solenemente as bodas imperiais nos paços chamados de Reales Alcázares, em Março de 1526. Foi um casamento feliz, pois os noivos se apaixonaram apenas se conheceram, e se isolaram do mundo prolongando uma lua-de-mel que não parecia querer acabar, e apenas terminaria quatorze anos depois, de facto, pela morte da imperatriz.
Deslumbrado com a sua beleza, Carlos V deu-lhe, ao casar por nova divisa as três graças, tendo a primeira delas a rosa, símbolo da formosura; a segunda o ramo de murta, símbolo do amor; e a terceira, a coroa de carvalho, símbolo da fecundidade, além do mote: Has habet et superat.
Na corte castelhana em Toledo, a imperatriz D. Isabel preferiu viver sem se ocupar com política, quase sempre no seu oratório ou convivendo com as numerosas damas portuguesas que a haviam acompanhado até Castela, vigiando as amas dos seus numerosos filhos. Ao morrer de parto, catorze anos depois de casada, Carlos V tanto se comoveu com a sua perda que, no convento de S. Justo, onde se recolheu durante o luto pesado da viuvez, passava horas a contemplar o seu retrato mais emblemático, pintado por Ticiano.
 
A morte a lenda
Tendo a imperatriz falecido em Toledo, e estando nessa época o soberano em Granada, encarregou este o futuro S. Francisco de Borja, um dos muitos apaixonados platónicos da bela imperatriz, de a conduzir até si a fim de a sepultar. Chegados lá, ao abrirem cerimonialmente o caixão de D. Isabel, a fim de verificarem a identidade do régio cadáver, a sua decomposição ia já avançada, destruindo a formosura da mais bela mulher daquele tempo, segundo rezavam os literatos de então. Segundo a lenda, perante a hedionda visão do seu cadáver descomposto o ainda Duque de Gândia, casado com a portuguesa D. Leonor de Castro, uma das suas damas, e que tanto e tão longamente amara a linda imperatriz à distância, jurou nunca mais servir a senhor humano algum, virando-se unicamente para o serviço divino; e, ao enviuvar de D. Leonor, alguns anos depois, optará pela vida religiosa, ingressando na Companhia de Jesus. O novo padre Francisco de Borja foi o terceiro Geral da Companhia, sendo depois canonizado como São Francisco de Borja. No entanto, sabemos agora que a famosa frase depois atribuída ao duque, e que deu o mote ao célebre poema de Sophia de Mello Breyner intitulado "Meditação do Duque de Gândia sobre a morte de Isabel de Portugal", sobre a sua alegada decisão de nunca mais servir a senhor mortal algum, foi sim pronunciada por São João de Ávila na oração fúnebre da imperatriz que proferiu durante as suas exéquias. É ainda no entanto possível que S. João de Ávila tenha utilizado nas exéquias imperiais a frase do humilde S. Francisco de Borja, ao ser obrigado a contemplar decomposta a mulher que amara, e que a tradição oral o soubesse, ao atribuir a autoria desta a ele e não a S. João de Ávila.
 
 
Brasão da Imperatriz Isabel de Avis
 




A conversão do duque de Gândía, por José Moreno Carbonero (1884), Museu do Prado
   
  
Meditação do Duque de Gândia sobre a morte de Isabel de Portugal
  
  
Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
 
  
  
in Mar Novo (1958) - Sophia de Mello Breyner Andresen

Tycho Brahe morreu há 423 anos

            
Tycho Brahe (Skåne, Dinamarca, 14 de dezembro de 1546 - Praga, 24 de outubro de 1601) nascido Tyge Ottesen Brahe, foi um astrónomo dinamarquês. Teve um observatório chamado Uranienborg na ilha de Ven, no Öresund, entre a Dinamarca e a Suécia.
Tycho esteve ao serviço de Frederico II da Dinamarca e, mais tarde, do imperador Rodolfo II da Germânia, tendo sido um dos representantes mais prestigiosos da ciência nova - a ciência renascentista, que abrira uma brecha no sólido edifício construído na Idade Média, baseado na síntese da tradição bíblica e da ciência de Aristóteles. Continuando o trabalho iniciado por Copérnico, foi acolhido pelos sábios ocidentais com alguma relutância. Estudou detalhadamente as fases da lua e compilou muitos dados que serviriam, mais tarde, para Johannes Kepler descobrir uma harmonia celestial existente no movimento dos planetas, padrão esse conhecido como leis de Kepler.
A adesão de Tycho à ciência nova levou-o a abandonar a tradição ptolomaica, a fim de chegar a novas conclusões pela observação direta. Baseando-se nesta, construiu um sistema no qual, sem pretender descobrir os mistérios do cosmos, chega a uma síntese eclética entre os sistemas que poderíamos chamar de tradicionais e o de Copérnico.
Tycho foi um astrónomo observacional da era que precedeu a invenção do telescópio e as suas observações da posição das estrelas e dos planetas alcançaram uma precisão sem paralelo para a sua época. Após a sua morte, os seus registos dos movimentos de Marte permitiram a Johannes Kepler descobrir as leis dos movimentos dos planetas, que deram suporte à teoria heliocêntrica de Copérnico. Tycho não defendia o sistema de Copérnico mas propôs um sistema em que os planetas giram à volta do Sol e este orbitava em torno da Terra.
Em 1599, por discordar do novo rei do seu país, mudou-se para Praga e construiu um novo observatório, onde trabalhou, até morrer, em 1601.