sábado, julho 13, 2024

O arquiteto Raul Lino morreu há cinquenta anos...


Raul Lino da Silva melhor conhecido como Raul Lino (Lisboa, Lapa, 21 de novembro de 1879 - Lisboa, Penha de França, 13 de julho de 1974), foi um arquiteto português.

Foi uma personalidade única no que se refere ao panorama das artes em Portugal, muito devido ao facto de ter conseguido articular a tradição portuguesa com as inovadores correntes europeias do início do século XX. Com 70 anos de atividade profissional, Lino foi o autor de mais de 700 obras. Também é importante referir que apesar do seu leque de projetos, ele também foi um homem com uma vasta obra teórica ou escrita, o que se tornou muito determinante, para os seus seguidores, aos longo de décadas em Portugal.

Raul Lino fez os seus estudos na Grã-Bretanha e Irlanda, para onde se deslocou com 10 anos de idade, e depois de 1893 na Alemanha, onde trabalhou no atelier de Albrecht Haupt, com quem manteve uma amizade duradoura.

O encontro e a amizade que manteve com o arquiteto alemão foi um dos pontos marcantes da sua formação estética, arquitetónica e da conceção do cultural. Haupt era apaixonado pela arquitetura do renascimento e levou a cabo várias viagens de estudo na Itália, Espanha e Portugal, procurando o contacto direto com as obras, por mais recônditas que estivessem, desenhando-as e documentando-se abundantemente. Uma conceção da cultura como elemento vivo, que se pode experimentar no terreno e participar dela.

Raul Lino regressou a Portugal em 1897, onde continuou os seus estudos. Desempenhou cargos no Ministério das Obras Públicas e foi Superintendente dos Palácios Nacionais. Foi membro fundador da Academia Nacional de Belas Artes, sendo seu presidente no momento da sua morte. No setor da imprensa, foi colaborador artístico em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas: Atlantida (1915-1920), Homens Livres (1923), Ilustração (1926-) e na Revista Municipal de Lisboa (1939-1973).

Ao longo dos seus 70 anos de artista e arquiteto, defendeu a tradição na conceção das formas, afirmando que a arte e a arquitetura são elas também um produto do homem e para os homens, com história, genealogia, características e funcionalidades próprias do espaço e do tempo em que se inserem e da comunidade para que são produzidas. É, assim, um defensor da tradição versus modernismo ou um modernista da tradição.

A 4 de março de 1941 foi feito Comendador da Ordem Militar de Cristo.

 

Vida pessoal

Nasceu e foi batizado na Paróquia da Lapa, em Lisboa, filho de José Lino da Silva, negociante, e de D. Maria Margarida de La Salette Lino, ambos naturais de Lisboa.

Casou em Lisboa, na igreja de São Sebastião da Pedreira, a 29 de abril de 1907, com Alda Decken dos Santos, então ainda menor, de 19 anos, natural de Lisboa, filha de Joaquim Antunes dos Santos, natural de São Domingos de Rana (Cascais), e de D. Cristina Luísa Bernardina Gertrudes Hermínia Decken - de nome original, Christine Decken, por casamento dos Santos -, natural de Wesel, Alemanha. Viveu numa casa na Avenida António Augusto de Aguiar, 18, em Lisboa, propriedade da sogra. Do casamento, resultaram duas filhas: Isolda Lino e Maria Cristina Lino.

Morreu a 13 de julho de 1974, na freguesia da Penha de França, em Lisboa, onde residia na Rua Feio Terenas, n.º 1, 1.º andar. Foi sepultado no Cemitério de São Pedro de Sintra.

 

Carreira

No fundo podemos considerar Lino como um arquiteto de um paradigma consistente e inovador. Criando espaços voltados e organizados para pátios interiores, onde existe a criação de sombras e espaços de transição, em que valoriza os alpendres, uma pouco numa perspetiva anti-urbana. Designada romanticamente por Raul Lino como espírito do lugar, muito ao jeito de Frank Lloyd Wright (1876-1959), a sua arquitetura valorizava a articulação com a paisagem, segundo uma composição orgânica, sábia e intuitiva, com gosto pelo uso de materiais tradicionais, que apesar de terem um carácter decorativo são essencialmente funcionais, de acordo com os modos tradicionais do Arts and Crafts. Vai elaborar projetos a partir da planta, com uma interpretação das necessidades dos seus utilizadores com uma cuidado de quem entende a casa como um espaço de vivencia tanto individual como coletivo. Com uma aspiração de projetar uma obra de arte total, na qual vai envolver o seu mobiliário e o desenho do jardim.

Ao longo da sua vida, projetou mais de 700 obras, tais como a Casa dos Patudos, em Alpiarça, para José Relvas (1904), a Casa do Cipreste, em Sintra (1912), o Cinema Tivoli, em Lisboa, (1925), o Pavilhão do Brasil na Exposição do Mundo Português de 1940.

Foi ainda autor de numerosos textos teóricos sobre o problemática da arquitectura doméstica popular, como A casa portuguesa (1929), Casas portuguesas (1933) e L'évolution de l'architecture domestique au Portugal (1937).

Posteriormente, alguns textos foram reunidos num livro publicado pelo jornal O Independente, em 2004, de nome "Não é artista quem quer".

Destacam-se entre os seus projetos arquitetónicos, os seguintes:

  • Moradia na Rua Castilho, n.º 64 a 66 - Lisboa Prémio Valmor, 1930.
  • Casa dos Patudos, Alpiarça
  • Teatro Tivoli, Lisboa
  • Cine-Teatro Curvo Semedo, Montemor-o-Novo (maior sala de espetáculos a sul do Tejo)
  • Museu e Jardim-Escola João de Deus, Lisboa
  • Loja Gardénia, Lisboa
  • Torre de S. Patrício, Monte Estoril
  • Casa Monsalvat, Monte Estoril
  • Casa Silva Gomes, Monte Estoril
  • Cinema Avis, Lisboa
  • Pavilhão do Brasil na Exposição do Mundo Português, Lisboa
  • O edifício dos Paços do Concelho, Setúbal
  • Casa da Quinta da Comenda, Setúbal
  • Casa de Santa Maria, Cascais (1918)
  • Casa do Cipreste, Sintra (1907 - 1913)
  • Casa dos Penedos, Sintra
  • Casa Branca, Azenhas do Mar
  • Casa Branca, Oeiras
  • Sanatório de Sousa Martins, Guarda
  • Casa do Soar de Cima ou Casa de Almeida-Moreira, Viseu (1925)
  • Casa de São Bento, do Regueiro ou de Júlio de Lemos, Lousã
  • Quinta das Romeiras, Jardim da Serra, Câmara de Lobos (1933)
  • Pérgola Raul Lino, Penacova (1918)
  • Casa Roque Gameiro, Amadora (Projeto de Ampliação - 1900)
  • Casa da Cerca dos Marqueses, Gouveia - Projeto de Ampliação (1909)
  • Capela da Cerca dos Marqueses, Gouveia (1909)
  • Solar dos Caldeira Cabral, Paços da Serra (Gouveia) - Projeto de Ampliação

 

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Teatro Tivoli


Casa da Quinta da Comenda, construída em 1903


Casa dos Patudos, construída em 1905

 

Miguel Araújo - 46 anos

 
Miguel Araújo
, de nome completo Miguel Costa Pinheiro de Araújo Jorge (Maia, 13 de julho de 1978), é um músico português

  

Carreira

Miguel Araújo começou a gostar de música em 1989, influência dos seus tios que tinham uma banda de covers dos anos 60/70 (Bob Dylan, Beatles, Rolling Stones, etc.), e nesse ano recebeu de presente o seu primeiro baixo. Fez parte dos Yellow Lello (onde também estava Marlon com quem tocou n' Os Azeitonas). Depois vieram os Tsé Tsé que lançaram um álbum pela BMG mas que terminaram logo a seguir.

Ficou conhecido como integrante da banda Os Azeitonas, sobre o seu pseudónimo Miguel AJ (ou Miguel Araújo Jorge). Os Azeitonas formaram-se em 2002 aquando de uma viagem de faculdade. Decide trocar o baixo pela guitarra para poder cantar ao mesmo tempo. É neste grupo que começa a compor. O álbum de estreia é editado em 2007, pela Maria Records de Rui Veloso.

Em dezembro de 2007, cria o Blogue do Mendes. Com o seu alter ego Mendes estreia-se ao vivo em 18 de Junho de 2009. A partir de fevereiro de 2010, começa a colaborar com João Só e lançam o EP "Não Entres Nesse Comboio Amor" pela Optimus Discos.

Entretanto, António Zambujo grava o tema "Reader's Digest" escrito por Araújo, no seu disco Guia.

Além do disco com João Só participou nos espetáculos "Como Desenhar Mulheres, Motas e Cavalos" de Nuno Markl.

Em maio de 2012, lançou o seu primeiro álbum a solo, Cinco dias e meio. Este álbum conta com sucessos como "Os Maridos das Outras", "Reader's Digest", "Autopsicodiagnose", "Fizz Limão" e "Capitão Fantástico". A música Os Maridos das Outras ganhou bastante notoriedade pela melodia simples e original e pela letra divertida, brincando com preconceitos sobre o casamento e as diferenças dos sexos. O single chegou à quarta posição do top português, enquanto o álbum entrou no Top 3 das vendas em Portugal. Como segundo single do álbum foi divulgado a música Fizz Limão. Na letra, o músico fala de maneira irónica das saudades e nostalgias portuguesas e especialmente da sua geração.

António Zambujo ("O Que é Feito Dela") e Ana Moura ("E Tu Gostavas de Mim") gravam músicas da sua autoria nos discos que lançam em 2012.

Continua entretanto a dar prioridade ao seu trabalho nos Azeitonas, enquanto desenvolve atividades musicais paralelas. Nessa altura estava a trabalhar num disco de canções para crianças com António Zambujo, Pedro Silva Martins (Deolinda) e Luísa Sobral e mantinha um outro projeto paralelo, Os da Cidade, com António Zambujo, João Salcedo (teclista de Os Azeitonas) e Ricardo Cruz.

O sucessor de "Cinco Dias e Meio" saiu no dia 21 de abril de 2014, e tem como nome "Crónicas da Cidade Grande". É composto, segundo Miguel Araújo, por "cantigas simples, que contam pequenas histórias, nada de muito chique". Neste disco colabora com João Martins, que fez os arranjos para algumas músicas. Músicas como "Contamina-me", "Balada Astral" (com a então desconhecida Inês Viterbo), "Cartório", "José", "Romaria das Festas de Santa Eufémia" (com António Zambujo), "Recantiga" e "Valsa Redonda" (com Marcelo Camelo) estão incluídas neste novo trabalho. O álbum entrou diretamente para o número 1 do top de discos do Itunes e para o top 3 oficial.

A 11 de outubro de 2016 Os Azeitonas anunciam a novidade nas redes sociais de que Miguel Araújo abandonou a banda portuense para se dedicar à sua carreira a solo.

"Giesta", o terceiro álbum de originais de Miguel Araújo, foi editado a 19 de maio de 2017. Dele fazem parte os singles "1987" - em dueto com Catarina Salinas (Best Youth) - "Axl Rose" e "Meio Conto".

Em 2018 editou o livro de crónicas "Penas de Pato", pela editora Companhia das Letras.

Em 2020 foi editado o seu sucessor, "Seja o que for". Luísa Mellid-Franco, do Expresso, atribuiu ao livro 4 estrelas em 5: "Um livro belíssimo, a não perder. (...) um livro de excepção".

Em 2021 foi editado o álbum "Peixe Azul", gravado durante o confinamento de 2020. Nele, Miguel Araújo assina a autoria da totalidade das músicas, a produção, o grafismo e a execução da totalidade dos instrumentos. "Um tesouro nacional", de acordo com Luís Guerra do Expresso, que também destaca a "escrita cada vais mais apurada e transparente". Manuel Falcão (Blitz, Se7e, o Independente, Expresso, etc), a propósito de "Peixe Azul", escreveu na sua coluna semanal do Jornal de Negócios que "Miguel Araújo é quem melhores canções escreve e interpreta hoje em dia em Portugal".

Em julho de 2021 a cidade da Maia condecorou Miguel Araújo com a Medalha de Mérito (Grau Ouro), numa cerimónia no Salão Nobre do Paços do Concelho da Câmara Municipal da Maia. 

O nome de Miguel Araújo nem sempre esteve livre de controvérsia: o músico deu um concerto na cidade de Alcobaça no dia 2 de agosto de 2023, espetáculo esse que foi anunciado como sendo de "acolhimento" aos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude de 2023, que se estava a realizar então em Lisboa, sendo que o concerto se deu no segundo dia do evento.


 

   


O Live Aid foi há trinta e nove anos...

O palco do evento, no JFK Stadium, em Filadélfia
         
O Live Aid foi um concerto de rock realizado em 13 de julho de 1985. O evento foi organizado por Bob Geldof e Midge Ure com o objetivo de arrecadar fundos em prol dos famintos da Etiópia. Os concertos foram realizados no Estádio de Wembley, em Londres (com a presença de aproximadamente 82.000 pessoas) e no Estádio de John F. Kennedy, em Filadélfia (com aproximadamente 99.000 pessoas). Alguns artistas apresentaram-se também em Sydney, Moscovo e no Japão. Foi uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e de televisão de todos os tempos - estima-se que quase dois mil milhões de espetadores, em mais de 100 países, tenham assistido à apresentação ao vivo, na televisão.
 
Origens
O concerto foi concebido como a continuação de outro projeto de Geldof e Ure, o bem-sucedido compacto "Do They Know It's Christmas?", gravado por uma conjunção de músicos britânicos e irlandeses sob o nome "Band Aid".
A participação do promotor de eventos musicais Harvey Goldsmith foi primordial para transformar os planos de Geldof e Ure em realidade, e o evento foi crescendo e ganhando visibilidade enquanto vários artistas ingleses e norte-americanos concordavam em participar. Quanto ao montante final arrecadado, superou em muito as expectativas iniciais de 1 milhão de libras: estima-se que tenha ultrapassado os 150 milhões de libras (aproximadamente 283,6 milhões de dólares). Em reconhecimento a seus esforços, Geldof seria posteriormente condecorado com o título de "Cavaleiro do Império Britânico".
  
Esforço participativo
O concerto começou às 12.00 horas (horário local) em Wembley, Inglaterra, e continuou no JFK Stadium (nos Estados Unidos) às 13:51 horas. As apresentações no Reino Unido terminaram às 22:00, enquanto que no JFK a conclusão deu-se às 04:05 da madrugada. Conclui-se então que o concerto teve 16 horas, mas uma vez que as apresentações de muitos artistas aconteceram simultaneamente no Wembley e no JFK, a soma final é bem maior.
Nenhum concerto antes havia reunido tantos artistas famosos do passado e do presente. Entretanto, à última hora, alguns músicos já anunciados acabaram não aparecendo, como os Tears For Fears, Julian Lennon e Cat Stevens, enquanto Prince mandou em seu lugar um videoclipe da canção "4 The Tears In Your Eyes". Stevens compôs uma canção especialmente para o evento, que nunca chegou a apresentar - se o tivesse feito, seria o seu primeiro concerto público após a sua conversão ao islamismo. Os Deep Purple também deveriam se reunir para o evento, mas Ritchie Blackmore recusou-se a participar.
Mick Jagger pretendia originalmente apresentar-se nos EUA num dueto intercontinental com David Bowie em Londres, mas problemas de sincronismo impossibilitaram a tarefa. Ao invés disso, Jagger e Bowie criaram um videoclipe da canção que apresentariam juntos, uma versão de "Dancing In The Street". Jagger ainda se apresentou com Tina Turner na secção norte-americana do concerto.
Ambos os eventos principais do concerto terminaram com seus respetivos hinos antifome, o "Do They Know It's Christmas?" da Band Aid no Reino Unido e "We Are The World" do USA For Africa, fechando o show nos EUA.
Desde então vários discos e vídeos piratas com os concertos do Live Aid têm circulado livremente. O evento nunca foi planeado para ser lançado comercialmente, mas em novembro de 2004 a Warner Music Group lançou um DVD quádruplo do concerto para tentar dar um fim à pirataria.
  
As transmissões 
O concerto foi a transmissão televisiva por satélite mais ambiciosa já tentada até então.
Na Europa o sinal foi transmitido pela BBC, apresentado por Richard Skinner e Andy Kershaw e trazendo várias entrevistas e reportagens entre os shows. O sinal da BBC foi transmitido em mono, mas o sinal da BBC Radio 1 saiu em estéreo e em sincronia com as imagens da TV. Devido às constantes atividades tanto em Londres quanto na Filadélfia, os produtores da BBC omitiram a performance de Crosby, Stills, Nash & Young da sua exibição. Vários canais da Europa retransmitiram o evento a partir do sinal da BBC.
A ABC foi a principal responsável pela transmissão nos EUA (embora a própria ABC só tenha exibido as últimas três horas do evento, apresentadas por Dick Clark, com o resto sendo mostrada em parceria com a Orbis Communications). Uma transmissão simultânea em separado foi exibida em estéreo pelo canal a cabo MTV, mas uma vez que existiam poucos aparelhos de TV desse tipo na época e a maioria dos canais de TV não tinham sinal estéreo, grande parte do público assistiu mesmo foi a versão em mono. Enquanto a transmissão da BBC foi ininterrupta, tanto a MTV quanto a ABC incluíram comerciais entre os shows, cortando muitas das sequências do concerto.
Em certo ponto da concerto o apresentador Billy Conolly anunciou que acabara de ser informado que 95% dos aparelhos de TV em todo o mundo estavam sintonizados no evento.
Em 1995 o canal VH1 e o MuchMusic transmitiram uma versão editada do Live Aid no seu 10º aniversário. Em 19 de novembro de 2005 a transmissão original completa da BBC foi exibida em streaming pela Internet através de um site não-oficial.
  
    

 

 


O Espírito de Ermua brotou, do sangue de Miguel Ángel Blanco, há vinte e sete anos...


«Espíritu de Ermua» es un término que hace referencia al carácter del movimiento cívico espontáneo surgido tras el secuestro y posterior asesinato a manos de ETA de Miguel Ángel Blanco entre los días 10 y 12 de julio de 1997, concejal por el Partido Popular de la localidad vizcaína de Ermua en España. Dicho carácter se materializó en manifestaciones espontáneas en toda España como expresión de la solidaridad con el secuestrado en un principio y, por extensión, con todas las víctimas del terrorismo de ETA en más tarde. El movimiento supuso un punto de inflexión en la percepción que la sociedad española tenía del grupo terrorista, ya que si bien no encontraba mayor apoyo en la sociedad, esta no mostraba un rechazo tajante como sucedió a partir de entonces.
Las manifestaciones cívicas que se sucediron durante esos días fueron de las más multitudinarias de la historia reciente de España, como también lo fueron las exequias de los abogados de Atocha de 1977, las congregaciones durante el intento de golpe de Estado de 1981 o las manifestaciones contra la invasión de Irak de 2003.
El término, sin embargo, fue acuñado antes del suceso por el periódico ABC, para referirse a la unidad de todos los partidos democráticos contra ETA y su entorno y, concretamente, a la moción de censura presentada en el ayuntamiento de Mondragón por PNV, PSE-EE y EA con el objetivo obligar a Herri Batasuna a dejar la alcaldía de esa localidad.
  
  
Consecuencias
El "espíritu de Ermua" fue un punto de inflexión en la historia reciente vasca. El secuestro y asesinato de Miguel Ángel provocaría un sentimiento social multitudinario de rechazo hacia el terrorismo, que ya habían iniciado anteriormente movimientos cívicos como Gesto por la Paz (1996) y que se unía a la repulsa por las masacres de Hipercor o la casa cuartel de Zaragoza del año anterior. A partir de entonces las organizaciones y las expresiones en contra de la violencia de ETA aumentaron exponencialmente.
Posteriormente, también fue utilizado como arma electoral arrojadiza entre los principales partidos del Gobierno, pero también inspiró organizaciones cívicas como Foro Ermua.
  
  

Carlos Eurico da Costa morreu há 26 anos

(imagem daqui)

 

Carlos Eurico da Costa (Viana do Castelo, 26 de julho de 1928 - Amadora, Lisboa, 13 de julho de 1998) foi um escritor surrealista português, com atividade destacada na área do jornalismo e na indústria da publicidade.

Era filho do escritor e jornalista Severino Costa. Trabalhou nos jornais "Diário de Lisboa" e Diário Ilustrado, do qual viria a ser afastado num processo político que ficou famoso na história do jornalismo português. Colaborou em publicações como a Seara Nova, Árvore, Serpente, Diário de Notícias, etc. Teve intensa atividade como crítico cinematográfico e foi dirigente cineblubista.

O seu nome ficou ligado à história do Surrealismo português. Integrou, em 1949, com os desenhos "Grafoautografias" a primeira Exposição dos Surrealistas portugueses, com nomes como Henrique Risques Pereira, Mário Cesariny de Vasconcelos, Oom, F. J. Francisco, A. M. Lisboa, Mário Henrique Leiria, Fernando Alves dos Santos, Artur do Cruzeiro Seixas, Artur da Silva, A. P. Tomaz e Calvet. Em 1951, foi um dos protagonistas da rutura dentro do movimento surrealista português, ao subscrever a resposta a Alexandre O'Neill no panfleto coletivo Do Capítulo da Probidade.

Oposicionista do Estado Novo, chegou a estar preso por motivos políticos enquanto cumpria serviço militar obrigatório. Manteve uma constante atitude de intervenção cívica, ligado aos meios oposicionistas à ditadura portuguesa. Foi membro da direção da Sociedade Portuguesa de Escritores e Secretário-Geral da Associação da Imprensa Diária. Entre muitas atividades na área do associativismo, foi fundador, em 1979, da Associação de Cooperação com as Nações Unidas em Portugal.

Desenvolveu destacada atividade profissional na área das relações públicas e da publicidade, com responsabilidades de direção na empresa CIESA-NCK e no grupo empresarial "Sociedade Nacional de Sabões".

 

in Wikipédia

  

II


Eis-nos não porque houvesse necessidade de estar
Mas porque temos connosco a maturidade lúcida do espaço
E se quero dizer-vos que há uma paragem
Para pressentir a minha nublada redoma
Chega do mais profundo das montanhas
Um ruído de passos agitando-se um ruído que cresce
E com frascos de sombras ladeia-nos a garganta
E vozes dizendo eles passam eles passam.
Recordo-me da jornada das mais inacessíveis
Uma mulher que até à porta me persegue
Deixando na rua o último sangue.
Vejo-me afagando-lhe os cabelos
Dominando-a do mais alto quando diz maldito.




Carlos Eurico da Costa

Fernando Mauricio morreu há vinte e um anos...

  

Fernando Maurício nasceu em Lisboa, na Rua do Capelão, no Bairro da Mouraria, a 21 de novembro de 1933 e faleceu, também em Lisboa, a 13 de julho de 2003.

Voz genuína, espírito livre e homem arreigado nas sua raízes de lisboeta, foi também um grande intérprete do Fado. A sua autenticidade, o seu apego a uma forma popular de estar e sentir a vida da cidade, o seu enorme talento fizeram dele um fadista admirado e principalmente o orgulho do seu bairro, «A Mouraria».
Como profissional atuou em diversas casas típicas, como o Café Luso, Adega Machado, Adega Mesquita, O Faia, Nau Catrineta e outras.
Em junho de 1989, com a presença de Amália Rodrigues, são descerradas duas lápides, evocando a sua figura e a de A Severa.
A 31 de outubro de 1994 a Câmara Municipal de Lisboa organiza, no S. Luiz, a sua festa das "Bodas de Ouro Artísticas".
Em 12 de maio de 2001 foi agraciado, pelo Presidente da República, com a Comenda da Ordem de Mérito.
Foi ainda agraciado com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa.

 


Bana deixou-nos há onze anos...

(imagem daqui)
     
Adriano Gonçalves, mais conhecido por Bana (Nossa Senhora da Luz, Mindelo, Cabo Verde, 5 de março de 1932Loures, 13 de julho de 2013), foi um intérprete, cantor e baladeiro de Cabo Verde.
     

 


Frieda Kahlo morreu há setenta anos...

  
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón (Coyoacán, 6 de julho de 1907 - Coyoacán, 13 de julho de 1954) foi uma pintora mexicana.
  
Biografia
Frida Kahlo nasceu a 6 de julho de 1907 na casa dos seus pais, conhecida como La Casa Azul (A Casa Azul), em Coyoacán, na época uma pequena cidade nos arredores da Cidade do México e hoje um distrito.
O seu pai, Guillermo Kahlo (1871-1941), nasceu Carl Wilhelm Kahlo, em Pforzheim Alemanha, filho de Henriette Kaufmann e Jakob Heinrich Kahlo. A própria Frida afirmava que seu pai era de descendência judaico-húngara, mas pesquisadores demonstraram que os pais dele não eram judeus, mas luteranos alemães. Guillermo Kahlo chegou ao México em 1891, aos 19 anos de idade, e logo mudou seu nome alemão, Wilhelm, para o equivalente em espanhol, "Guillermo".
A mãe de Frida, Matilde Gonzalez y Calderón, era uma católica devota de origem indígena e espanhola. Os pais de Frida casaram logo após a morte da primeira esposa de Guillermo, durante o nascimento do seu segundo filho. Embora o casamento tenha sido muito infeliz, Guillermo e Matilde tiveram quatro filhas, sendo Frida a terceira. Ela tinha duas meias-irmãs mais velhas. Frida ressaltava que ela cresceu em um mundo cheio de mulheres. Durante a maior parte de sua vida, no entanto, Frida se manteve próxima do pai.
Em 1913, com seis anos, Frida contrai poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida. A poliomielite deixou uma lesão no seu pé direito, pelo que ganhou o apelido de Frida pata de palo (ou seja, Frida perna de pau). Passou a usar calças, depois longas e exóticas saias, que se tornaram uma das suas marcas pessoais.
Ao contrário de muitos artistas, Kahlo não começou a pintar cedo. Embora o seu pai tivesse a pintura como um passatempo, Frida não estava particularmente interessada na arte como uma carreira.
Entre 1922 e 1925 frequenta a Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México e assiste a aulas de desenho e modelagem.
Em 1925, aos 18 anos, aprende a técnica da gravura com Fernando Fernandez. Então sofreu um grave acidente. Um elétrico, no qual viajava, chocou-se com um comboio. O pára-choques de um dos veículos perfurou-lhe as costas, atravessou a sua pélvis e saiu pela vagina, causando uma grave hemorragia. Frida ficou muitos meses entre a vida e a morte no hospital, teve que ser  operar diversas vezes e reconstruir por inteiro o seu corpo, que estava todo perfurado. Tal acidente obrigou-a a usar coletes ortopédicos de diversos materiais, e ela chegou a pintar alguns deles (como o colete de gesso da tela intitulada A Coluna Partida'). Durante a sua longa convalescença, começou a pintar, usando a caixa de tintas de seu pai e um cavalete adaptado à cama.
Em 1928, entrou para o Partido Comunista Mexicano e conheceu o muralista Diego Rivera, com quem se casa no ano seguinte. Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de zonas de cor amplas e simples, num estilo propositadamente reconhecido como ingénuo. Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, por isso adotava com muita frequência temas do folclore e da arte popular do México.
Entre 1930 e 1933 passa a maior parte do tempo em Nova Iorque e Detroit, com Rivera. Entre 1937 e 1939, recebeu Leon Trotski em sua casa de Coyoacán.
Em 1938 André Breton qualifica sua obra de surrealista em um ensaio que escreveu para a exposição de Kahlo na galeria Julien Levy de Nova Iorque. Não obstante, ela mesma declarou mais tarde: Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade.
Em 1939 expõe em Paris na galeria Renón et Colle. A partir de 1943 dá aulas na escola La Esmeralda, no D.F. (México).
Em 1953 a Galeria de Arte Contemporânea desta mesma cidade organiza uma importante exposição em sua honra.
Alguns de seus primeiros trabalhos incluem o Auto-retrato em um vestido de veludo (1926), Retrato de Miguel N. Lira (1927), Retrato de Alicia Galant (1927) e Retrato de minha irmã Cristina (1928).
 

Frieda y Diego Rivera, 1931
    
Vida pessoal
Casa-se aos 22 anos com Diego Rivera, em 1929, um casamento tumultuado, visto que ambos tinham temperamentos fortes e casos extraconjugais. Kahlo, que era bissexual, teve um caso com Leon Trotski depois de separar-se de Diego. Rivera aceitava abertamente os relacionamentos de Kahlo com mulheres, mesmo eles sendo casados, mas não aceitava os casos da esposa com homens. Frida descobre que Rivera mantinha um relacionamento com a sua irmã mais nova, Cristina, há muitos anos, o que revoltou Frida. Ela apanhou-os na cama e num ato de fúria cortou todo o seu cabelo, que era grande, de frente ao espelho. Ela fez isso pois seu amor era tão grande por ele e tomou tanta raiva do marido que não conseguiu se vingar atacando ele e sim atacando a si mesma. Sua irmã teve 6 filhos com seu ex-marido e Frida nunca a perdoou. Após essa outra tragédia de sua vida, separa-se dele e vive novos amores com homens e mulheres, mas em 1940 une-se novamente a Diego e o segundo casamento foi tão tempestuoso quanto o primeiro, marcado por lutas violentas. Uma curiosidade é que ao voltar para o marido, ela construiu uma casa igual a dele do lado da que eles tinham vivido. Essa casa era ligada por uma ponte e eles viviam como marido e mulher mas sem morarem juntos de novo, e se encontravam ou na casa dela ou na dele nas madrugadas. Durante o casamento, embora tenha engravidado mais de uma vez, nunca teve filhos, pois o acidente que a perfurou toda, comprometeu seu útero e deixou graves sequelas, que a impossibilitaram de levar uma gestação até o final, tendo tido diversos abortos.
Tentou diversas vezes o suicídio com facas e martelos, devido sua vida extremamente infeliz, já que ela vinha sendo traída pelo marido e viviam brigando, mas não tinha coragem de se separar de vez dele, e também queria poder dar um filho a ele e nunca conseguiu. Mantinha seus casos por fora do casamento mas sentia falta era dele, e tinha que suportar outras mulheres armando confusão com ela por causa de Diego, que tinha muitas amantes.
Em 13 de julho de 1954, Frida Kahlo, que havia contraído uma forte pneumonia, foi encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte. Mas não se descarta que ela tenha morrido de overdose, devido ao grande número de remédios que tomava, que pode ter sido acidental ou não. A última anotação em seu diário, que diz "Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida", permite a hipótese de suicídio.
Pesquisadores com base na autópsia de Frida acreditam que ela pode ter sido envenenada por uma das amantes de seu marido, que tinham raiva dela por ela ser a esposa.
Diego Rivera descreveu em sua auto-biografia que o dia da morte de Frida foi o mais trágico de sua vida.
  
"A Casa Azul", residência de Frida e de seus familiares
  
Casa Azul - o Museu
Quatro anos após a sua morte, sua casa familiar conhecida como "Casa Azul" transforma-se no Museu Frida Kahlo. Esta, reconhecida tanto por sua obra quanto por sua vida pessoal, ganha retrospetiva de suas obras, com objetos e documentos inéditos, além de fotografias, desenhos, vestidos e livros.
 
   
Frida Kahlo, Self-portrait with Thorn Necklace and Hummingbird, Nikolas Muray Collection
  

sexta-feira, julho 12, 2024

O Japão prepara-se para explorar depósitos minerais nos fundos oceânicos...

Jackpot de minerais raros no Japão: 234 milhões de toneladas para mudar a economia mundial

 

Minami-Torishima, Japão

 

Foi descoberto um “jackpot” de minerais raros no Japão. Foram encontrados 234 milhões de toneladas prontas para dar resposta à necessidade de metais raros - utilizados em tecnologias avançadas, como baterias de iões de lítio.

Mais de 230 milhões de toneladas de minerais raros foram encontrados no fundo do mar perto da ilha triangular de Minami-Torishima, no Japão.

A pesquisa, liderada pelo professor Yasuhiro Kato, da Universidade Tóquio, revelou uma grande concentração de minerais essenciais, como cobalto e níquel, numa área de 100 quilómetros quadrados a uma profundidade de cerca de 5.000 metros na zona económica exclusiva do Japão.

A descoberta inicial aconteceu em 2016, durante uma pesquisa na mesma área, e deu conta de uma grande quantidade de nódulos de manganês ricos em metais raros na área estudada

Entre abril e junho deste ano, foi realizado um estudo detalhado de amostragem para determinar as estimativas do depósito.

Estima-se que existam 234 milhões de toneladas de nódulos de manganês, com quantidade de níquel suficiente para sustentar o consumo do Japão por 75 anos; e cobalto por 11 anos.

Além disso, podem mexer significativamente com economia mundial. Estes volumes são considerados viáveis para exploração comercial, incluindo os custos de extração e refinação.

No relatório mais recente, a equipa de investigação revela que planeia iniciar uma extração experimental de 2.500 toneladas diárias, até março de 2026.

Os nódulos de manganês, que medem até dezenas de centímetros de diâmetro, formam-se quando os óxidos de ferro e manganês precipitam em torno dos seus núcleos.

Estes nódulos esféricos, que medem até dezenas de centímetros de diâmetro, crescem quando os óxidos de ferro e de manganês dissolvidos na água do mar se precipitam em torno dos seus núcleos, como pedras e dentes de tubarão.

Além de cobalto e níquel, os nódulos também contêm cobre.

 

Revolução na indústria japonesa e global

Yohei Sasakawa, presidente da Fundação Nippon (envolvida na investigação), destaca a importância de extrair estes recursos, num país “pobre em recursos”.

“A Universidade de Tóquio encontrou um veio mineral maravilhoso na ZEE do Japão, um país pobre em recursos. É necessário extraí-los o mais rapidamente possível para os fornecer à indústria”, explicou o especialista, ao The Japan Times.

O mesmo jornal refere que a descoberta destes nódulos de manganês representa uma potencial revolução para a indústria japonesa e global.

Esta “lotaria” de minerais raros é crucial de metais raros utilizados em tecnologias avançadas, especialmente baterias de iões de lítio.

 

in ZAP

Poema para alguns Professores que mudaram de escola...

 Um professor também chora

 

Sôbolos rios que vão

 

1

Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.

2

Ali, lembranças contentes
n'alma se representaram,
e minhas cousas ausentes
se fizeram tão presentes
como se nunca passaram.
Ali, depois de acordado,
co rosto banhado em água,
deste sonho imaginado,
vi que todo o bem passado
não é gosto, mas é mágoa.

3

E vi que todos os danos
se causavam das mudanças
e as mudanças dos anos;
onde vi quantos enganos
faz o tempo às esperanças.
Ali vi o maior bem
quão pouco espaço que dura,
o mal quão depressa vem,
e quão triste estado tem
quem se fia da ventura.

4

Vi aquilo que mais val,
que então se entende milhor
quanto mais perdido for;
vi o bem suceder o mal,
e o mal, muito pior,
E vi com muito trabalho
comprar arrependimento;
vi nenhum contentamento,
e vejo-me a mim, que espalho
tristes palavras ao vento.

5

Bem são rios estas águas,
com que banho este papel;
bem parece ser cruel
variedade de mágoas
e confusão de Babel.
Como homem que, por exemplo
dos transes em que se achou,
despois que a guerra deixou,
pelas paredes do templo
suas armas pendurou:

6

Assi, despois que assentei
que tudo o tempo gastava,
da tristeza que tomei
nos salgueiros pendurei
os órgãos com que cantava.
Aquele instrumento ledo
deixei da vida passada,
dizendo: -- Música amada,
deixo-vos neste arvoredo
à memória consagrada.

7

Frauta minha que, tangendo,
os montes fazíeis vir
para onde estáveis, correndo,
e as águas, que iam decendo,
tornavam logo a subir:
jamais vos não ouvirão
os tigres que se amansavam,
e as ovelhas, que pastavam,
das ervas se fartarão
que por vos ouvir deixavam.

8

Já não fareis docemente
em rosas tornar abrolhos
na ribeira florecente;
nem poreis freio à corrente,
e mais, se for dos meus olhos.
Não movereis a espessura,
nem podereis já trazer
atrás vós a fonte pura,
pois não pudeste mover
desconcertos da ventura.

9

Ficareis oferecida
à Fama, que sempre vela,
frauta de mim tão querida;
porque, mudando-se a vida,
se mudam os gostos dela.
Acha a tenra mocidade
prazeres acomodados,
e logo a maior idade
já sente por pouquidade
aqueles gostos passados.

10

Um gosto que hoje se alcança,
amanhã já o não vejo;
assi nos traz a mudança
de esperança em esperança,
e de desejo em desejo.
Mas em vida tão escassa
que esperança será forte?
Fraqueza da humana sorte,
que, quanto da vida passa,
está receitando a morte?

11

Mas deixar nesta espessura
o canto da mocidade,
não cuide a gente futura
que será obra da idade
o que é força da ventura.
Que idade, tempo, o espanto
de ver quão ligeiro passe,
nunca em mim puderam tanto
que, posto que deixe o canto,
a causa dele deixasse.

12

Mas, em tristezas e nojos,
em gosto e contentamento,
por sol, por neve, por vento,
tendré presente á los ojos
por quien muero tan contento.
Órgãos e frauta deixava,
despojo meu tão querido,
no salgueiro que ali estava
que para troféu ficava
de quem me tinha vencido.

13

Mas lembranças da afeição
que ali cativo me tinha,
me perguntaram então:
que era da música minha
que eu cantava em Sião?
Que foi daquele cantar
das gentes tão celebrado?
Porque o deixava de usar?
Pois sempre ajuda a passar
qualquer trabalho passado.

14

Canta o caminhante ledo
no caminho trabalhoso,
por entre o espesso arvoredo;
e, de noite, o temeroso,
cantando, refreia o medo.
Canta o preso docemente
os duros grilhões tocando;
canta o sagador contente;
e o trabalhor, cantando,
o trabalho menos sente.

15

Eu, que estas cousas senti
n'alma, de mágoas tão cheia,
- Como dirá, respondi,
quem alheio está de si
doce canto em terra alheia?
Como poderá cantar
quem em choro banha o peito?
Porque, se quem trabalhar
canta por menos cansar,
eu, só, descansos enjeito.

16

Que não parece razão
nem seria cousa idónea,
por abrandar a paixão,
que cantasse em Babilónia
as cantigas de Sião.
Que, quando a muita graveza
de saudade quebrante
esta vital fortaleza,
antes moura de tristeza
que, por abrandá-la, cante.

17

Que se o fino pensamento
só na tristeza consiste,
não tenho medo ao tormento:
que morrer de puro triste,
que maior contentamento?
Nem na frauta cantarei
o que passo, e passei já,
nem menos o escreverei,
porque a pena cansará,
e eu não descansarei.

18

Que, se a vida tão pequena
se acrescenta em terra estranha,
e se amor assi o ordena,
razão é que canse a pena
de escrever pena tamanha.
Porém se, para assentar
o que sente o coração,
a pena já me cansar,
não canse para voar
a memória em Sião.

19

Terra bem-aventurada,
se, por algum movimento,
d'alma me fores mudada,
minha pena seja dada
a perpétuo esquecimento.
A pena deste desterro,
que eu mais desejo esculpida
em pedra, ou em duro ferro,
essa nunca seja ouvida,
em castigo de meu erro.

20

E se eu cantar quiser,
em Babilónia sujeito,
Hierusalém, sem te ver,
a voz, quando a mover,
se me congele no peito.
A minha língua se apegue
às fauces, pois te perdi,
se, enquanto viver assi,
houver tempo em que te negue
ou que me esqueça de ti.

21

Mas ó tu, terra de Glória,
se eu nunca vi tua essência,
como me lembras na ausência?
Não me lembras na memória,
senão na reminiscência.
Que a alma é tábua rasa,
que, com a escrita doutrina
celeste, tanto imagina,
que voa da própria casa
e sobe à pátria divina.

22

Não é, logo, a saudade
das terras onde nasceu
a carne, mas é do Céu,
daquela santa Cidade,
donde esta alma descendeu.
E aquela humana figura,
que cá me pode alterar,
não é quem se há-de buscar:
é raio da Fermosura,
que só se deve de amar.

23

Que os olhos e a luz que ateia
o fogo que cá sujeita,
não do sol, mas da candeia,
é sombra daquela Ideia
que em Deus está mais perfeita.
E os que cá me cativaram
são poderosos afeitos
que os corações têm sujeitos;
sofistas que me ensinaram
maus caminhos por direitos.

24

Destes o mando tirano
me obriga, com desatino,
a cantar ao som do dano
cantares de amor profano
por versos de amor divino.
Mas eu, lustrado co santo
Raio, na terra de dor,
de confusão e de espanto,
como hei-de cantar o canto
que só se deve ao Senhor?

25

Tanto pode o benefício
da Graça, que dá saúde,
que ordena que a vida mude;
e o que tomei por vício
me faz grau para a virtude;
e faz que este natural
amor, que tanto se preza,
suba da sombra ao Real,
da particular beleza
para a Beleza geral.

26

Fique logo pendurada
a frauta com que tangi,
ó Hierusalém sagrada,
e tome a lira dourada,
para só cantar de ti.
Não cativo e ferrolhado
na Babilónia infernal,
mas dos vícios desatado,
e cá desta a ti levado,
Pátria minha natural.

27

E se eu mais der a cerviz
a mundanos acidentes,
duros, tiranos e urgentes,
risque-se quanto já fiz
do grão livro dos viventes.
E tomando já na mão
a lira santa e capaz
doutra mais alta invenção,
cale-se esta confusão,
cante-se a visão da paz.

28

Ouça-me o pastor e o Rei,
retumbe este acento santo,
mova-se no mundo espanto,
que do que já mal cantei
a palinódia já canto.
A vós só me quero ir,
Senhor e grão Capitão
da alta torre de Sião,
à qual não posso subir,
se me vós não dais a mão.

29

No grão dia singular
que na lira o douto som
Hierusalém celebrar,
lembrai-vos de castigar
os ruins filhos de Edom.
Aqueles que tintos vão
no pobre sangue inocente,
soberbos co poder vão,
arrasai-os igualmente,
conheçam que humanos são.

30

E aquele poder tão duro
dos afeitos com que venho,
que encendem alma e engenho,
que já me entraram o muro
do livre alvídrio que tenho;
estes, que tão furiosos
gritando vêm a escalar-me,
maus espíritos danosos,
que querem, como forçosos,
do alicerce derrubar-me;

31

Derrubai-os, fiquem sós,
de forças fracos, imbeles,
porque não podemos nós
nem com eles ir a Vós
nem sem Vós tirar-nos deles.
Não basta minha fraqueza
para me dar defensão,
se vós, santo Capitão,
nesta minha fortaleza
não puserdes guarnição.

32

E tu, ó carne que encantas,
filha de Babel tão feia,
toda de misérias cheia,
que mil vezes te levantas,
contra quem te senhoreia:
beato só pode ser
quem, co a ajuda celeste,
contra ti prevalecer,
e te vier a fazer
o mal que lhe tu fizeste.

33

Quem, com disciplina crua,
se fere que ua vez,
cuja alma, de vícios nua,
faz nódoas na carne sua,
que já a carne n'alma fez.
E beato quem tomar
seus pensamentos recentes
e em nacendo os afogar,
por não virem a parar
em vícios graves e urgentes.

34

Quem com eles logo der
na pedra do furor santo,
e, batendo, os desfizer
na Pedra, que veio a ser
enfim cabeça do Canto;
quem logo, quando imagina
nos vícios da carne má,
os pensamentos declina
àquela Carne divina
que na Cruz esteve já;

35

Quem do vil contentamento
cá deste mundo visível,
quanto ao homem for possível,
passar logo o entendimento
para o mundo inteligível:
ali achará alegria
em tudo perfeita e cheia
de tão suave harmonia,
que, nem por pouca, recreia,
nem, por sobeja, enfastia.

36

Ali verá tão profundo
mistério na suma Alteza,
que, vencida a natureza,
os mores faustos do mundo
julgue por maior baixeza.
Ó tu, divino aposento,
minha pátria singular!
Se só com te imaginar
tanto sobe o entendimento,
que fará se em ti se achar?

37

Ditoso quem se partir
para ti, terra excelente,
tão justo e tão penitente
que, depois de a ti subir
lá descanse eternamente.

 

Luís Vaz de Camões

Hoje é dia de ouvir canções desesperadas...

 



LA CANCIÓN DESESPERADA

 

EMERGE tu recuerdo de la noche en que estoy.
El río anuda al mar su lamento obstinado.

Abandonado como los muelles en el alba.
Es la hora de partir, oh abandonado!

Sobre mi corazón llueven frías corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cueva de náufragos!

En ti se acumularon las guerras y los vuelos.
De ti alzaron las alas los pájaros del canto.

Todo te lo tragaste, como la lejanía.
Como el mar, como el tiempo. Todo en ti fue
           naufragio!

Era la alegre hora del asalto y el beso.
La hora del estupor que ardía como un faro.

Ansiedad de piloto, furia de buzo ciego,
turbia embriaguez de amor, todo en ti fue naufragio!

En la infancia de niebla mi alma alada y herida.
Descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Te ceñiste al dolor, te agarraste al deseo.
Te tumbó la tristeza, todo en ti fue naufragio!

Hice retroceder la muralla de sombra,
anduve más allá del deseo y del acto.

Oh carne, carne mía, mujer que amé y perdí,
a ti en esta hora húmeda, evoco y hago canto.

Como un vaso albergaste la infinita ternura,
y el infinito olvido te trizó como a un vaso.

Era la negra, negra soledad de las islas,
y allí, mujer de amor, me acogieron tus brazos.

Era la sed y el hambre, y tú fuiste la fruta.
Era el duelo y las ruinas, y tú fuiste el milagro.

Ah mujer, no sé cómo pudiste contenerme
en la tierra de tu alma, y en la cruz de tus brazos!

Mi deseo de ti fue el más terrible y corto,
el más revuelto y ebrio, el más tirante y ávido.

Cementerio de besos, aún hay fuego en tus tumbas,
aún los racimos arden picoteados de pájaros.

Oh la boca mordida, oh los besados miembros,
oh los hambrientos dientes, oh los cuerpos trenzados.

Oh la cópula loca de esperanza y esfuerzo
en que nos anudamos y nos desesperamos.

Y la ternura, leve como el agua y la harina.
Y la palabra apenas comenzada en los labios.

Ése fue mi destino y en él viajó mi anhelo,
y en él cayó mi anhelo, todo en ti fue naufragio!

Oh sentina de escombros, en ti todo caía,
qué dolor no exprimiste, qué olas no te ahogaron.

De tumbo en tumbo aún llameaste y cantaste
de pie como un marino en la proa de un barco.

Aún floreciste en cantos, aún rompiste en corrientes.
Oh sentina de escombros, pozo abierto y amargo.

Pálido buzo ciego, desventurado hondero,
descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Es la hora de partir, la dura y fría hora
que la noche sujeta a todo horario.

El cinturón ruidoso del mar ciñe la costa.
Surgen frías estrellas, emigran negros pájaros.

Abandonado como los muelles en el alba.
Sólo la sombra trémula se retuerce en mis manos.

Ah más allá de todo. Ah más allá de todo.

Es la hora de partir. Oh abandonado!

 

 

Christine McVie, uma das vocalistas dos Fleetwood Mac, nasceu há 81 anos...


Christine Anne McVienée Perfect (Greenodd, 12 July 1943 – London, 30 November 2022) was an English musician, singer and songwriter. She was best known as keyboardist and one of the vocalists of Fleetwood Mac.

McVie was a member of several bands, notably Chicken Shack, in the mid-1960s British Blues scene. She began working with Fleetwood Mac in 1968, initially as a session player, before joining the band in 1970. Her first compositions with Fleetwood Mac appeared on their fifth album, Future Games. She remained with the band through many changes of line-up, writing songs and performing lead vocals before partially retiring in 1998. McVie was described as "the prime mover behind some of Fleetwood Mac's biggest hits" and eight songs she wrote or co-wrote, including "Don't Stop", "Everywhere" and "Little Lies", appeared on Fleetwood Mac's 1988 Greatest Hits album. She appeared as a session musician on the band's last studio album, Say You Will. She also released three solo studio albums.

As a member of Fleetwood Mac, McVie was inducted into the Rock and Roll Hall of Fame and in 1998 received the Brit Award for Outstanding Contribution to Music. In the same year, after almost 30 years with Fleetwood Mac, she left the band and lived in semi-retirement, releasing a solo album in 2004. She appeared on stage with Fleetwood Mac at the O2 Arena in London in September 2013 and rejoined the band in 2014 prior to their On with the Show tour.

McVie received a Gold Badge of Merit Award from BASCA, now The Ivors Academy, in 2006. She received the Ivor Novello Award for Lifetime Achievement from the British Academy of Songwriters, Composers and Authors in 2014 and was honoured with the Trailblazer Award at the UK Americana Awards in 2021. She was also the recipient of two Grammy Awards.

     

(...)

    

McVie married John McVie in 1968, with Peter Green as best man. Instead of a honeymoon, they celebrated at a hotel in Birmingham with Joe Cocker, who happened to be staying there, before going on the road with their own bands. The couple divorced in 1976, but remained friends and maintained a professional partnership. During the production of Rumours, Christine had an affair with Fleetwood Mac's lighting engineer, Curry Grant, which inspired the song "You Make Loving Fun". From 1979 to 1982, she dated Dennis Wilson of the Beach Boys. McVie married Portuguese keyboardist and songwriter Eddy Quintela on 18 October 1986. Quintela and McVie collaborated on a number of songs together, including "Little Lies". They divorced in 2003, and Quintela died in 2020.

During the height of Fleetwood Mac's success in the 1970s, McVie resided in Los Angeles in a house that had previously been owned by Joan Collins and by Elton John. In 1990, she moved to a Grade II-listed Tudor manor house in Wickhambreaux, near Canterbury in Kent, to which she retired after leaving Fleetwood Mac in 1998, and worked on her solo material. For years McVie found inspiration in the home's country setting, not only writing songs there, but also restoring the house. After rejoining Fleetwood Mac in 2014, she began spending more time in London, and put the house on the market in 2015.

   

(...)  

    

McVie died in hospital on 30 November 2022, at the age of 79. Her death was announced by her family through social media. In a statement following her death, Fleetwood Mac said that she was "the best musician anyone could have in their band and the best friend anyone could have in their life". Fellow band member Stevie Nicks said McVie had been her "best friend in the whole world". According to her death certificate revealed in April 2023, McVie died of a stroke and suffered from metastatic cancer of unknown primary origin.

 

in Wikipédia

 


Bill Cosby faz hoje 87 anos

 
William Henry Cosby, Jr. (Filadélfia, 12 de julho de 1937) mais conhecido como Bill Cosby, é um ex-ator e comediante norte-americano. 
Cosby foi acusado por inúmeras mulheres por crimes como estupro, agressão, distribuição de Boa noite, Cinderela, assédio sexual e abuso sexual de menores. As datas das acusações variam entre 1965 e 2018. Foi considerado culpado por pelo menos três incidentes de assédio sexual gravíssimo, condenado a 10 anos de prisão, iniciada em 2018 numa penitenciaria estadual na Pensilvânia. Em julho de 2021, o Supremo Tribunal da Pensilvânia anulou a sentença, por vários erros na validação das acusações pela promotoria. O comediante foi libertado assim que oficializada a nova sentença do supremo tribunal.